terça-feira, 26 de julho de 2016

UPANISHAD. KATHA II.

Hinduísmo. Upanishad. Katha. De acordo com a versão inglesa de Swami Prabhavananda e Frederick Manchester. “O homem que aprendeu que o Eu está separado do corpo, dos sentidos e da mente, e que o conheceu por completo, a alma da verdade, o princípio sutil, tal homem verdadeiramente o alcança, e se torna extremamente satisfeito, pois encontrou a fonte e o local onde habita toda a felicidade. Verdadeiramente acredito, Oh! Nachiketa, que as portas da felicidade estão abertas pra vós. Nachiketa. Ensinai-me, O Rei, eu vos suplico, o que sabeis estar além do certo e do errado, além da causa e do efeito, além do passado, do presente e do futuro. O Rei da Morte. Do objetivo que todos os Vedas proclamam, o qual está implícito em todas as penitências, e em busca do qual homens levam vidas de continência e de serviço, dele falarei sucintamente. Ele - Om. Esta sílaba é Brahman. Esta silaba é de fato suprema. Aquele que a conhece realiza o seu desejo. Ela é o apoio mais forte. É o símbolo mais elevado. Aquele que a conhece é reverenciado como um conhecedor de Brahman. O Eu, cujo símbolo Om, é Deus onisciente. Ele não nasce. Ele não morre. Ele não é nem causa nem efeito. Esse Ser Antigo não nasceu, é eterno, imperecível, embora o corpo seja destruído, ele não é aniquilado. Se o assassino pensa que ele mata, se o assassinado crê que ele é morto, nenhum dos dois conhece a verdade. O Eu não mata nem é morto. Menor do que o menor, maior do que o maior, esse Eu habita para sempre dentro dos corações de todos. Quando um homem está livre de desejos, com sua mente e seus sentidos purificados, ele contempla a glória do Eu e está sem sofrimento. Apesar de sentado, ele viaja para longe, embora descansando, ele move todas as coisas. Quem, a não ser o mais puro dos puros, pode perceber esse Ser Fulgurante, que é a felicidade e que está além da felicidade? Ele não possui forma, embora habite a forma. No meio do transitório, ele permanece perene. O Eu é supremo e tudo permeia. O homem sábio, conhecendo-o em sua verdadeira natureza, transcende toda dor. O Eu não é conhecido através do estudo das escrituras, nem através da sutileza do intelecto, nem através de muito aprendizado. Mas é conhecido por aquele que anseia por ele. O Eu revela verdadeiramente a ele o seu genuíno ser. Um homem não poderá conhece-lo através do aprendizado, se não desistir do mal, se não controlar seus sentidos, se não acalmar sua mente, e se não praticar a meditação. Para ele os Brahmins e osKshatriyas são apenas alimento, e a morte é em si um condimento. Tanto o eu individual como o Eu Universal penetraram na caverna do coração, o domicílio do Mais Alto, porém os conhecedores de Brahman e os chefes de família que realizam os sacrifícios do fogo enxergam a diferença entre eles como entre a luz do Sol e a sombra. Possamos realizar o Sacrifício Nachaketa, que transpõe o mundo do sofrimento. Possamos conhecer o imperecível Brahman, que nada teme, e que é o objetivo e o refúgio daqueles que procuram a liberação. Sabei que o Eu é o cavaleiro, e que o corpo é a carruagem, que o intelecto é o cocheiro, e que a mente são as rédeas. Os sentidos, dizem os sábios, são os cavalos, as estradas por onde passam são os labirintos do desejo. Os sábios consideram o Eu como aquele que se deleita quando está unido ao corpo, aos sentidos e à mente. Quando um homem não possui discernimento e sua mente está desgovernada, seus sentidos são incontroláveis, como os cavalos rebeldes de um cocheiro. Porém, quando um home possui discernimento e sua mente está controlada, seus sentidos, como os cavalos bem domados de um cocheiro, obedecem alegremente às rédeas. Aquele que não possui discernimento, cuja mente está instável e cujo coração está impuro, nunca alcança o objetivo, e nasce sempre de novo. Mas aquele que possui discernimento, cuja mente está firme e cujo coração é puro, atinge a meta e, após tê-la alcançado, não nasce nunca mais. O homem que possui um entendimento sólido como cocheiro, uma mente controlada como rédeas, ele é que atinge o final da jornada, a morada suprema de Vishnu, o que tudo permeia (9). O sentidos originam-se dos objetos físicos, os objetos físicos, da mente, a mente do intelecto, o intelecto, do ego, o ego, da semente não manifestada, e a semente não manifestada, de Brahman, a Causa sem Causa. Brahman é o fim da jornada. Brahman é a meta suprema. Esse Brahman, esse Eu, profundamente oculto em todos os seres, não é revelado a todos, mas àqueles que veem, puros de coração, de mente concentrada, a eles é revelado. Os sentidos do homem sábio obedecem à sua mente, sua mente obedece ao seu intelecto, seu intelecto obedece ao seu ego, e seu ego obedece ao Eu. Acordai! Acordai! Aproximai-vos dos pés do Mestre e conhecei AQUELE. O caminho é como a lâmina afiada de uma navalha, dizem os sábios. É estreito e difícil de trilhar! Sem som, sem forma, intangível, imperecível, sem gosto, sem cheiro, eterno, sem começo, sem fim, imutável, além da Natureza, assim é o Eu. Quem o conhece como tal está livre da morte. O Narrador. O homem sábio, tendo escutado e aprendido a verdade eterna revelada a Nachiketa pelo Rei da Morte, é glorificado no céu de Brahman. Aquele que canta com devoção esse segredo supremo na assembleia dosBrahmins é recompensado com dádivas imensuráveis! O Rei da Morte. O Ato existente fez com que os sentidos se voltassem para fora. Consequentemente, o homem olha para o exterior, e não vê o que está no interior. Raro é aquele que, ansiando pela imortalidade, fecha os para o exterior e contempla o Eu. Os tolos seguem os desejos da carne e caem na armadilha da morte que tudo abrange, porém os sábios, sabendo que o Eu é eterno, não procuram as coisas transitórias. Aquele através de quem o homem vivência os estados de sono ou de vigília é o Eu que tudo permeia. Quem o conhece não sofre mais. Aquele que sabe que a alma individual, que aproveita os frutos da ação, é o Eu, que está sempre presente interiormente, senhor do tempo, do passado e do futuro, expulsa de si todo o medo. Pois esse Eu é o Eu imortal. Aquele que vê o Que Nasceu Primeiro, nascido da mente de Brahman, nascido antes da criação das águas, e o vê habitando o lótus do coração, vivendo entre elementos físicos, efetivamente vê Brahman. Pois esse Que Nasceu Primeiro é o Eu imortal (10). Aquele ser que é o poder de todos os poderes, e que nasceu como tal, que se incorpora nos elementos e existe nestes, e que penetrou no lótus do coração, é o Eu imortal. Agni, o que tudo vê, o que se esconde nos gravetos, como uma criança bem protegida no útero, que é venerado diariamente por almas despertas, e por aqueles que oferecem oblações no fogo do sacrifício, ele é o Eu imortal (11). Aquele no qual o Sol se levanta e no qual se põe, aquele que é a fonte de todos os poderes da Natureza e dos sentidos, aquele que não pode ser transcendido por nada, esse é o Eu imortal”. (9). Vishnu aqui equivale a Brahman. (10). Brahman, a existência absoluta, impessoal, quando associado com o poder denominado Maya, o poder de evoluir como universo empírico, é conhecido como Hiranyagarbha, o Que Nasceu Primeiro. (11). A referência diz respeito ao sacrifício védico. Agni, cujo nome significa fogo, é considerado como podendo ver tudo, a fogo simbolizando Brahman, o Revelador, os dois gravetos, que quando esfregados produzem o fogo, representam o coração e a mente do homem”. Do Livro Upanishad. O Sopro Vital do Eterno. Abraço. Davi.

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