quarta-feira, 27 de julho de 2016

UPANISHAD. KATHA III.

Hinduísmo. Upanishad. Katha. De acordo com a versão inglesa de Swami Prabhavananda e Frederick Manchester. “O que está dentro de nós também está fora de nós. O que está fora também está dentro. Aquele que vê diferença entre o que está dentro e o que está fora segue eternamente de morte para morte.Brahman só pode ser alcançado pela mente purificada. Apenas Brahman é, nada mais é. Aquele que vê o universo múltiplo, e não a única realidade, segue eternamente de morte para morte. Aquele ser, do tamanho de um polegar, habita profundamente dentro do coração (12). Ele é o senhor do tempo, do passado e do futuro. Quem o alcança nada mais teme. Verdadeiramente, ele é o Eu imortal. Aquele ser, do tamanho de um polegar, e como uma chama sem fumaça. Ele é o senhor do tempo, do passado e do futuro, o mesmo hoje e amanhã. Verdadeiramente, ele é o Eu imortal. Como a chuva que cai numa colina, com torrentes descendo pelo lado, assim corre aquele que depois de muitos nascimentos vê a multiplicidade do Eu. Como a água pura derramada dentro da água pura permanece pura, assim o Eu permanece puro, Oh! Nachiketa, ao se unir com Brahman. Ao Não Nascido, cuja luz da consciência brilha para sempre, pertence à cidade de onze portões (13). Aquele que medita sobre o governante dessa cidade não conhece mais sofrimento. Ele atinge a liberação, e para ele não pode mais haver nascimento ou morte. Pois o governante dessa cidade é o Eu imortal. O Eu imortal é o Sol que brilha no céu, é a brisa que sopra no espação, é o fogo que queima no altar, é o hóspede que habita a casa, ele está em todos os homens, está nos deuses, está no éter (14), está onde quer que esteja a verdade, ele é o peixe que nasce na água, á a planta que cresce no solo, é o rio que jorra da montanha, ele, a realidade imutável, o ilimitável! Ele, o adorável, instalado no coração, é o poder que dá o sopro vital. Todos os sentidos o homenageiam. O que pode permanecer quando o habitante desse corpo abandona a concha grande demais, já que ele é, verdadeiramente, o Eu imortal? O homem não vive apenas do sopro vital e, sim, daquele dentro do qual está o poder do sopro vital. E agora, O Nachiketa, eu lhe falarei a respeito do que não pode ser visto, o Brahman eterno, e do que acontece com o Eu depois da morte. Dentre aqueles que ignoram o Eu, alguns entram em seres que possuem ventre, outros entram em plantas, ade acordo com suas ações e com o crescimento de suas inteligências. Aquele que está desperto em nós mesmo enquanto dormimos, moldando em sonho os objetos do nosso desejo, esse é realmente puro, esse éBrahman, e esse verdadeiramente é chamado o Imortal. Tosos os mundos têm seus seres nele, e ninguém pode transcende-lo. Esse é o Eu. Assim como o fogo, apesar de ser único, toma a forma de todos os objetos que consome, também o Eu, embora único, toma a forma de todos os objetos que habita.  Assim como o Sol, que revela todos os objetos àquele que vê, não é atingido pelo olho pecador, nem pelas impurezas dos objetos que fita, também o Eu único, habitando em tudo, não é tocado pelos males do mundo. Pois ele transcende tudo. Ele é único, o senhor e o mais profundo Eu de tudo, a partir de uma forma ele faz de si mesmo muitas formas. Aquele que vê o Eu revelado em seu próprio coração pertence a eterna bem aventurança, a ninguém mais, a ninguém mais! Inteligência do inteligente, eterno entre o que é transitório, ele, embora único, torna possível os desejos de muitos. Àquele que vê o Eu revelado em seu próprio coração pertence a paz eterna, e a ninguém mais, a ninguém mais! Nachiketa. De que modo, O Rei, encontrarei esse bem aventurado Eu, supremo, inexprimível, que é alcançado pelos sábios? Ele brilha por si mesmo ou reflete a luz de outrem? O Rei da Morte. Ele não é iluminado pelo Sol, nem pela Lua, nem pelas estrelas, nem pelo relâmpago, nem, verdadeiramente, pelo fogo aceso na Terra. Ele é a única luz que fornece luz para tudo. Brilhando ele, tudo brilha. Este Universo é uma árvore que existe eternamente, com suas raízes voltadas para cima e seus galhos espalhados embaixo. A raiz pura da árvore é Brahman, o imortal, em quem os três mundos têm sua existência, a quem ninguém pode transcender, que é verdadeiramente o Eu (14). Todo o Universo veio de Brahman e se move em Brahman. Poderoso e terrível é ele, semelhante ao trovão que explode nos céus. Para os que o alcançam a morte não contém terror. Com medo dele o fogo queima, o Sol brilha, a chuva cai, os ventos sopram, e a morte mata. Se um homem falha em alcançar Brahman antes de abandonar o corpo, terá novamente de colocar um corpo no mundo das coisas criadas. Na alma de uma pessoa, Brahman é percebido claramente, como se fosse visto num espelho. Também no céu de Brahman,Brahman é claramente percebido, do mesmo modo como uma pessoa distingue a luz da escuridão. No mundo dos pais ele é contemplado como num sonho (15). No mundo dos anjos ele aparece como se estivesse refletido na água. Os sentidos têm origens separadas nos seus diversos objetos. Eles podem estar ativos, como no estado de vigília, ou podem estar inativos , como no sono. Aquele que sabe que eles são distintos do Eu imutável não sofre mais. Acima dos sentidos está a mente. Acima da mente está o intelecto. Acima do intelecto está o ego. Acima do ego está a semente não manifestada, a Causa Primordial! Verdadeiramente, além da semente não manifestada está Brahman, o espírito que tudo permeia, o incondicionado, e quem o conhece obtém a liberdade e alcança a imortalidade. Ninguém o contempla com os olhos, pois ele não tem forma visível. Porém, no coração, ele é revelado pelo autocontrole e pela meditação. Os que o conhecem se tornam imortais. Quando todos os sentidos estão imóveis, quando a mente está em repouso, quando o intelecto não treme, esse, dizem os sábios, é o estado mais elevado. Essa serenidade dos sentidos e da mente foi definida como YOGA. Aquele que a obtém liberta-se da ilusão. Naquele que não está livre da ilusão essa serenidade é incerta, irreal, ela vem e vai. As palavras não podem revelar Brahman, a mente não pode alcança-lo, os olhos não podem vê-lo. Como, então, a não ser através daqueles que o conhecem, pode ele ser conhecido? Existem dois eus, o Eu aparente e o Eu verdadeiro. Desses dois, é o Eu verdadeiro, e somente ele, que deve ser sentido como realmente existindo. Ao homem que o sentiu como realmente existindo ele revela sua mais profunda natureza. O mortal em cujo coração o desejo está morto torna-se imortal. O mortal em cujo coração os nós da ignorância são desatados torna-se imortal. Essas são as verdades mais elevadas ensinadas nas escrituras. Existem cento e um nervos que se irradiam do lótus do coração. Desses nervos ascende o lótus de mil pétalas do cérebro. Se, quando um homem morre, sua força vital subir e passar através desse nervo, ele atinge a imortalidade, porém, se sua força vital passar através de outro nervo, ele vai para outro plano de existência, e permanece sujeito ao nascimento e a morte. A Pessoa Suprema, do tamanho de um polegar, o Eu mais profundo, habita para sempre os corações de todos os seres. Como extraímos a seiva da cana, assim deve o aspirante a verdade, com grande perseverança, separar o Eu do corpo. Sabei que o Eu é puro e imortal, sim, puro e imortal! O Narrador. Tendo aprendido do deus esse conhecimento e todo o processo da YOGA, Nachiketa foi libertado das impurezas e da morte, e se uniu a Brahman. Assim também será com outro se ele conhecer o Eu mais profundo. Om (...). Paz – paz – paz”. (12). Os sábios atribuem ao Eu um tamanho definido, pequeno, de modo a auxiliar o discípulo na meditação. (13). O Não Nascido é o Eu, a cidade de onze portões é o corpo com suas aberturas, os olhos, os ouvidos, etc. (14). Os três mundos são o céu, a terra e o inferno (aqui não é o “inferno” que conhecemos pela teologia cristã). (15). Os pais são os espíritos dos mortos bem intencionados que habitam em outro mundo, colhendo os frutos das suas boas ações, porém sujeitos ao renascimento. Do Livro Upanishad. O Sopro Vital do Eterno. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário