(C.003). Bom dia amigos. A partir deste texto, apresentarei um resumo
das palestras do Curso de Introdução ao Pensamento Teosófico. Os que
desejarem acompanhar (a visão exotérica das religiões, filosofias e
espiritualidades orientais e ocidentais) o pensamento das tradições e culturas Budistas, Hinduístas, Taoistas, Confucionistas, além do Cristianismo, Islamismo e Judaísmo) devem observar
no início das dissertações, os parênteses com a letra e os números. São
reflexão pessoais, desprovidas de interesse quanto a "verdades"
absolutas e descomprometidas com dogmas ou crenças. Começo este estudo
respondendo uma pergunta feita por uma amiga. Os hindus acreditam no
diabo?. Bem, vou tentar fazer uma breve exposição dentro desta premissa
que foi abordada. Adianto que meus argumentos são fracos e
inconsistentes, devido ao pouco conteúdo do assunto. Até onde compreendo
das leituras que tenho feito, os hinduístas e budistas tem (verdades)
opiniões diferentes das nossas quanto a muitos conceitos espirituais. Os
hindus tem aproximadamente 330 milhões (politeísmo) de divindades. Este
é um ponto importante pois, essas tradições veem "deuses" em tudo e em
todos. Um panteísmo (crença de que Deus e todo o universo são uma única
coisa e, que Deus não existe como um Espírito separado) onde uma força
cósmica rege, controla e harmoniza o universo. Uma ideia de que homens e
"deuses" coexistem neste mundo e, em outros possíveis. Perceba que
segundo este conceito não há um antropomorfismo (conceber atributos
humanos a divindades) que tutela e assemelha em graus de afinidades
homens e "deuses". Nossa tradição cristã para compreender a divindade
(Trindade Divina) os assemelha as qualidades humanas. Os Católicos
Ortodoxos imprimiram a figura da Virgem Maria (Mãe de Deus), a
Intercessora que "roga por nós na hora de nossa morte". Interessante
esse arquétipo, pois é corroborado pela maioria das religiões
universais, onde elas também têm suas divindades femininas. Isso a
insere no seio da família cristã (a mãe é um arquétipo fundamental na
harmonia e equilíbrio dos relacionamentos convivênciais saudáveis) como
um símbolo positivo, que nutre, cuida e aperfeiçoa os seus filhos. Os
orientais não entendem a Divindade assumindo vícios e virtudes humanas;
como se estivesse sob a influência do bem e do mal. A visão
heteromorfista (um Deus que se manifesta em tudo e em todos) é em sua
cultural mais lógica, plausível e melhor compreendida. Nesse ponto de
vista a partícula divina (Monada) estar em todo o ser vivente. Desde vegetais,
animais, minerais e os humanos, dando aos hindus uma volatilidade
(imaterial e incorpóreo) e flexibilidade em relação a assuntos como esse
que estamos abordando. Desde modo, eles não tem o diabo como opositor
de Deus; lutando em pé de igualdade com Ele, e até em alguns casos o vencendo;
ideia que é passada na cultura cristã. A divindade suprema dos hindus,
Brahma, que podemos chamar de outros nomes como: Consciência Cósmica,
Logos Divino, Espírito Eterno é o ponto de equilíbrio do universo; que
com sua infinitude e completude sustenta e rege, com poder e autoridade
todas as forças negativas e positivas que atuam no micro cosmo (homem) e
no macro cosmo (universo). Porém, a divindade do hinduísmo (Shiva,
Vishnu e Brahma) é composta de três deuses. Shiva é o deus destruidor e
regenerador. Uma força maligna superior intangível que age no universo.
Não aquela figura medonha idealizada com chifres, rabo pontiagudo e
tridente na mão. Shiva age em nosso quaternário inferior, impedindo que
nossa personalidade, que é apegada aos prazeres, desejos e vontades
terrenas, alcance pela virtude e bem aventurança, praticando atos
humanitários o estágio da individualidade; que segundo a filosofia
espiritual, evolui nosso ser produzindo emoção e sentimento de
fraternidade humana. O problema de personalizar o diabo é que, penso,
atribuímos a ele o que ele não tem e não é. Um casuísmo que chegamos ao
absurdo de confrontá-lo AO ETERNO. Oportuno lembrar que estes povos, não
tem conceito de inferno eterno onde, as pessoas más ou aquelas que não
aceitaram Jesus serão lançadas para sempre no Lago de Fogo. Marcos 9:
47, 48 " ... sereis lançados no fogo do inferno. Onde o seu bicho não
morre e, o fogo nunca se apaga". Um versículo terrível e desumano. Não
mais acredito num Deus cruel e impiedoso. Isso é ilógico e
incompreensível quando pensamos em seu amor e na sua graça. Vishinu é o
conservador, e Brahma o criador. Mas Brahma é também consciência
universal, o princípio de tudo. A razão do eterno ser e, onde tudo e
todos um dia convergirão para um Nirvana sendo no Budismo, última etapa
da contemplação, caracterizada pela ausência da dor e pela posse da
verdade, como decorrência da integração do espírito universal no seio da
divindade suprema de completude cósmica. A doutrina do inferno eterno é
substituída pela lei da retribuição ou carma. Mais justa pois, somos
cobrados pelos erros e pecados que praticamos na proporção das vidas que
teremos. Os vários renascimentos são para quitar os deméritos e os
vícios praticados. Não há uma punição eterna objetiva como no cristianismo.
O mérito e as virtudes pelas obras de amor e fraternidade executados,
serão recompensados post mortem, num lugar chamado Devachan (intervalo
entre nossos renascimentos de gozo e complacência divina). Algo parecido com o céu ou exemplificando
podemos comparar ao texto de Lucas 16: 22 "o mendigo morreu e, foi
levado pelos anjos para o seio de Abraão". Segundo os livros sagrados do
hinduísmo (Vedas, Upanishad e Mahabharata) o Devachan provavelmente
seria um tempo de 10 a 15 séculos de gozo e consolo na outra vida. Temos
a ideia de que somos redimidos, pois a morte de Cristo pagou o preço de
nossa dívida para com Deus através de um sacrifício exterior. Essa é
uma realidade inquestionável para você e eu como cristãos, mas eles, os
hindus, têm outra verdade. A redenção é num processo individual, cada um
sendo responsável por fazê-la praticando atos que a evoluirão ou a
involuirão. No primeiro caso o processo segue seu curso normal, mas no
segundo há um retardamento, atrasando o percurso do desenvolvimento da
vida consciente, valendo mais tempo para a completude junto a Mente
Universal. Começando do interior do homem, pois o princípio da
consciência universal Brahma está no homem. Sendo desenvolvido através
de boas atitudes morais e éticas vivendo um cooperativismo e
companheirismo. Neste contexto da redenção de dentro para fora está as
iniciativas de meditação, contemplação e oração. Também os estudos dos
livros sagrados e das tradições culturais. Esse assunto precisa ser mais
detalhado para que alcance uma compreensão lógica e racional, pois
ainda não estamos acostumados aos conceitos da filosofia oriental. Assim
os argumentos e suas premissas ficam obscurecidos pela pouca
experiência com a espiritualidade hindu. Concluindo entendo que o
confronto com outras verdades nos ajudam a entender o mundo e as pessoas.
Acho interessante um olhar através de outras janelas. Isso mostra que O
ETERNO, tem variadas maneiras de se apresentar e de se mostrar aos
homens. Precisamos aprender a respeitar os conceitos e as opiniões
daqueles que, não tem o mesmo ponto de vista que os nossos em questões
de espiritualidades. Abraço. Davi.
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