segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Documentário Jiddu Krishnamurti.(1895-1986).



Uma visão geral sobre a vida e obras de Jiddu Krishnamurti. Jiddu Krishnamurti nasceu em 11 de maio de 1895 em Madanapele, uma pequena vila no sul da Índia. Ele e seu irmão foram adotados em sua juventude pela Dra. Annie Besant (1847-1933), então presidente da Sociedade Teosófica. Dra. Besant e outros proclamaram que Krishnamurti seria o instrutor do mundo, vindo como os Teosofistas haviam previsto. Para preparar o mundo à sua chegada, uma organização internacional chamada Ordem da Estrela do Oriente foi formada e o jovem Krishnamurti tornado seu líder. Em 1929, entretanto, Krishnamurti renunciou ao papel que lhe fora destinado, dissolveu a Ordem com seus inúmeros seguidores e devolveu todo o dinheiro e a propriedade doados para seu trabalho. A partir de então, por quase sessenta anos, até sua morte em 17 de fevereiro de 1986, ele viajou pelo mundo falando para grandes audiências e indivíduos sobre a necessidade de uma mudança radical na humanidade. Krishnamurti é tido mundialmente como um dos maiores pensadores e instrutores religiosos de todos os tempos. Ele não apresentava nenhuma filosofia ou religião, mas falava sobre coisas que preocupam a todos nós em nossa vida diária, dos problemas do viver numa sociedade moderna com sua violência e corrupção, da busca individual por segurança e felicidade e da necessidade da humanidade de se livrar do peso interior do medo, da dor e da tristeza. Ele explicou com grande precisão o funcionamento da mente humana e apontou a necessidade para trazer à nossa vida diária uma qualidade profundamente meditativa e espiritual. Krishnamurti não pertencia a nenhuma organização religiosa, seita ou país, nem estava associado a qualquer escola política ou pensamento ideológico. Pelo contrário, ele afirmou que estes são os verdadeiros fatores que dividem os seres humanos e que trazem o conflito e a guerra. Ele lembrava incessantemente aos seus ouvintes que antes de sermos hindus, muçulmanos, ou cristãos, somos seres humanos, que somos iguais ao resto da humanidade e que não somos diferentes uns dos outros. Ele pediu que andemos suavemente por esta terra sem nos destruir ou ao meio ambiente. Ele transmitiu aos seus ouvintes um profundo senso de respeito pela natureza. Seus ensinamentos transcendem os sistemas de crenças feitos pelo homem, o sentimento de nacionalismo e de sectarismo. Ao mesmo tempo, eles dão um novo sentido e direção à busca da humanidade pela verdade. Seus ensinamento, além de serem relevantes à idade moderna, são atemporais e universais. Krishnamurti não falava como um guru, mas como um amigo. Suas palestras e discussões não são baseadas num conhecimento tradicional, mas em seus próprios vislumbres sobre a mente humana e sua visão do sagrado, portanto, ele sempre transmite uma sensação de frescor e clareza, apesar da essência de sua mensagem ter se mantido inalterada através dos anos. Quando se dirigia a grandes audiências, as pessoas sentiam que Krishnamurti estava falando com cada uma delas pessoalmente, sobre seus problemas em particular. Em suas entrevistas privadas ele era um professor compassivo, ouvindo atentamente o homem ou mulher que vinha a ele em sofrimento, encorajando-o a curar a si mesmo através do seu próprio entendimento. Estudiosos de religião descobriram que suas palavras lançavam uma nova luz aos conceitos tradicionais. Krishnamurti aceitou desafios de cientistas modernos e psicólogos e os acompanhou passo a passo, discutiu suas teorias, eventualmente capacitando-os a enxergar os limites dessas teorias. Krishnamurti deixou um imenso acervo em forma de discursos públicos, escritos, discussões com professores e estudantes, com figuras religiosas e científicas, conversas com indivíduos, entrevistas em televisão e rádio e cartas. Muito deste material foi publicado como livros, áudio e vídeos. Algumas de suas obras: O mundo somos nós; O mistério da compreensão; Liberte-se do passado; Novo ente humano; O passo decisivo; A rede do pensamento; A questão do impossível; Reflexões sobre a vida; Sobre o amor e a solidão; Sobre a natureza e o meio ambiente; Sobre relacionamentos; o voo da águia, etc. No dia 20/04/14, na Sociedade Teosófica, foi apresentado o filme da biografia de Jiddu Krishnamurti. Ele nasceu em 1895 e morreu em 1986. Autor de mais de 40 livros destacando-se dentre eles: O despertar da sensibilidade; A essência da maturidade; Diário sobre a visão intuitiva; Aos Pés do Mestre; O futuro é agora. Fora da violência. O despertar da sensibilidade. De família pobre desde a infância mostrou ter uma capacidade intelectual, intuitiva e argumentativa acima do comum. O contexto histórico em que Krishnamurti nasceu era acentuado pela dominação inglesa (o Império Britânico que perdurou de 1788 a 1914) e uma Índia mergulha numa brutal desigualdade social e econômica. Pouco antes do final do século XIX alguns movimentos nacionalistas de libertação começavam a surgir. O povo hindu juntamente com algumas irmandades (inclusive alguns ingleses piedosos que por lá residiam) conscientes da fraternidade e filantropia ao outro se mobilizavam para romper aquele aprisionamento cultural, social e histórico. As castas sociais que eram ditas como mandamento religioso imutável começou a ser questionada. Reconhecendo-se grande parte da miséria social advinha desse truncado e injusto regime segregacionista. Movimentos nacionalistas emergentes, surgiam com propostas de mudanças sociais, inclusão da mulher no mercado de trabalho, mais autonomia feminina na família, proibição de casamentos de jovens com menoridade, interdição de prostituição infantil e outras situações que envergonhavam o contexto cultural hindu. Tempos de lutas e reflexões que produziram resultados positivos nos vários setores sociais, mas há muito a ser feito. A atual Constituição Hindu proibiu as castas no país, mas o mecanismo desse sistema é complexo e a extinção dessa discriminação sociais levará décadas para ser completado, sendo otimista, pensando que, isso será concluído ou pelo menos amenizado a longo prazo. A paixão por liberdade de expressão e valorização das tradições nacionais tomou conta da intelectualidade nativa. Ilustres personalidades como Annie Besant (1847-1933) e Mahatma Gandhi (1833-1944) foram fundamentais neste processo de mudanças social e independência política; libertação do colonialismo inglês. Annie Besant liderou movimentos feministas organizando greves de operárias femininas nas fábricas e questionando a rígida sociedade de castas. Trabalhava pelas minorias famintas e desfavorecidas da Índia. Foi indicada para assumir o governo local, mas sendo inglesa e devido as suas posições políticas liberais (foi perseguida) teve que voltar para o Reino Unido. Pouco depois retornaria para a Índia. Gandhi tornou-se o grande herói da independência Hindu. Com sua voz conciliadora e seu carisma impecável assumiu a responsabilidade de tornar em realidade o sonho de uma Índia livre e soberana. Sem organizar movimentos armados e nem milícias guerrilheiras, soube pela refinada diplomacia da compreensão e tolerância dialogar com os obtusos ingleses. Gandhi disse certa vez "a não violência e a covardia não combinam. posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não violência é uma impossibilidade, sem a posse de um destemor inflexível". Aprendeu a fazer concessões sem comprometer seus párias. Abriu mão da posição de superioridade entre seu povo, "encarnando" sua pobreza e seu espírito de coragem e determinação. Certa vez Gandhi encontrou-se com Helena P. Blavatsky (1831-1891) em Londres. Conta-se que foi presenteado com um exemplar do livro Cartas dos Mahatmas. Ele praticou com maestria e devoção a fraternidade universal. Essa foi sua principal "arma" para libertar seu pais do colonizador europeu. Também disse: a força não provem da capacidade física, mas da vontade férrea". Gandhi foi assassinado em 30 de janeiro de 1948. Sua morte comoveu o mundo inteiro. Annie Besant foi importantíssima na vida de Krishnamurti. Ela era alguém de refinada cultura (graduou-se na Universidade de Oxford, Londres) e teve acesso a todos os clássicos da literatura universal. Educada na rígida burguesia inglesa. Como teosofista adepta colaborou com o  trabalho da Senhora Helena Blavatsky desde o início da Sociedade Teosófica. Ela (Annie Besant) percebeu junto com outros da Sociedade os dons especiais do adolescente Krishnamurti e resolveu, patrocinar a educação e sustento dele até o final dos estudos universitários. Nas primeiras décadas do século XIX surgiu na Sociedade Teosófica  um "sentimento" inspirado no messianismo (Espera de um Messias. Nome dado a diversos movimentos religiosos de caráter teocrático, suscitados como consequência do contato com culturas tecnicamente superiores, consistindo na crença de um Messias capaz de organizar e estabelecer a ordem econômica que os mitos locais descrevem como originais). Pensou-se que o menino Krishnamurti poderia ser um "oráculo" para a humanidade. Uma forte impressão que um novo Buda poderia estar sendo encarnado ou quem sabe um novo Messias. O tempo mostrou que a tentativa de enfatizar um "carisma", particularizado em conceitos cristãos, ou uma "iluminação" conforme o surgimento de Sidharta Sakyamuni, não alcançaria uma consistência duradoura. Assim o sonho de um enviado divino libertador foi se esvaindo até a realidade da impossibilidade desse audacioso projeto espiritual. Os líderes desse empreendimento reconheceram a fracassada tentativa, rendendo-se a sabedoria do jovem Krishnamurti, que mostrou-lhes que sua encarnação nessa terra tinha outro propósito definido pelos Mestres de Sabedoria.  Krishnamurti concluiu seus estudos no Reino Unido e (contrariando todas as expectativas) tomou seu próprio caminho para a decepção da Sociedade Teosófica. Uma situação que causou mal estar entre os Teosofistas; reuniões foram feitas entre os membros para decidir sobre o caso. Cogitou-se a expulsão de Krishnamurti da Sociedade. Mas Krishnamurti veio ao mundo para fazer exatamente aquilo que fez. Como livre pensador criticou todo tipo de religiosidade, ressaltando em suas apologias que o homem era o seu próprio mestre. São dispensáveis todos os gurus, mestres e líderes espirituais. A adoração é feita sem nenhum ritual ou cerimonial religioso. Nada é suficiente para mediar minha relação com a divindade. Krishnamurti conceituava uma metafísica ceticista (o ceticismo é a ausência de qualquer tipo de crença. Característica daquele que é cético, ou comportamento daquele que duvida de tudo) que esvaziava qualquer sistema religioso. Quase um "ateísmo" que desagradava a maioria dos espiritualistas. Krishnamurti passou pelas duas (primeira 1914-1918 e segunda 1939-1945) grandes guerras mundiais, incluindo a guerra fria (USA 1946-1991 URSS), sem contudo mudar suas opiniões sobre o mundo e os homens. Por outro lado realizou uma memorável obra de fraternidade universal. Desenvolveu métodos inovadores de ensino e aprendizado. Fundou escolas no Reino Unido e nos Estados Unidos da América  baseadas nas virtudes (ética, moral) humanas. Foi um investigador do psiquismo humano e amou a natureza e todos os seus mistérios. Um filósofo inquietante e surpreendente em muitas de suas postulações. Sua obra literária é vasta, e mensura o homem como um micro cosmo e a natureza (incluindo o universo) como um macro cosmo. Segundo consta foi readmitido na Sociedade Teosófica antes de sua morte. Um gesto que merece louvor e consideração de ambas as partes. O perdão é tão nobre e digno quanto a reconciliação, principalmente vindo de um coração compungido e contrito. Como diz um aforismo oriental. "O homem que olha para traz pode furar um olho, mas o que não olha pode furar os dois". O passado sempre nos ensina lições para vivermos melhor o nosso presente. A memória do "messianismo" serviu de alerta (entre os Teosofistas) para que não se repita o mesmo erro. A ideia hoje é a daquele que leva a "tocha" em suas mãos. Parece que é uma "mão" sobreposta em outras. Uma responsabilidade compartilhada não apenas por um, mas por milhares de pessoas. A "tocha" é o símbolo da centelha divina. O fogo místico que ilumina toda escuridão produzindo a claridade suficiente para perscrutar todos os mistérios do homem e da natureza. Abraço. Davi.      

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