sábado, 15 de novembro de 2014

Introdução aos Provérbios. Parte I.

O Livro de Provérbios é um dos livros sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, vindo depois do Livro de Salmos e antes de Eclesiastes. Conforme declara a sua introdução, tem como propósito ensinar a alcançar a sabedoria, disciplina, e uma vida prudente fazendo o que é correto, justo, e digno. Em suma, ensina a aplicar e fornecer instrução moral. Provérbio é uma frase curta, bem construída, que expressa uma verdade adquirida através da experiência; impondo-se pela forma breve e pela agudez das observações. São ensinamentos deduzidos da experiência que o povo tem da vida, sendo sua finalidade a instrução, esclarecendo situações de perplexidade e fornecendo instruções para uma vida humana equilibrada, baseadas no bom senso e comedimento. Provérbios é um convite para valorizar não só a cultura popular, mas também, e principalmente, a percepção religiosa que o povo tem de uma Sabedoria Divina que é dom disponibilizado aos pequeninos. Sabedoria que nem sempre é captada pelos teólogos e doutores. O título do livro vem originalmente de sua forma hebraica Mishie Shelomoh (Provérbios de Salomão). Como é comum na Bíblia Hebraica, esse título é simplesmente um conjunto de palavras do primeiro verso do livro. Na Septuaginta esse livro era chamado Paroimiai, que significa provérbios, parábolas. O Livro de Provérbios ocupa o terceiro lugar na ordem dos Hagiógrafos (ciência que se relaciona com as coisas sagradas. Obra ou coleção das obras dos santos ou suas biografias) no Cânon Judaico, e foi um dos que foram discutidos no Sínodo de Jamnia (70 DC). A antiga cidade de Jamnia localizada na costa sudoeste da Palestina Romana, onde atualmente situa-se a cidade de Yavne. Depois que os romanos destruíram Jerusalém, tornou-se um importante centro de influência da Comunidade Judaica. É o nome dado a um Concílio que teria sido realizado no final do primeiro século sob a liderança do rabino Yochanan Ben Zackai (30-90). Seus participante foram alegadamente, segundo o historiador judeu Heinrich Graetz (1856-1941), mestres adeptos de um grupo de Hebreus, devotos a Torah, os fariseus, sendo eles fortes opositores do Cristianismo. A tendência não era excluí-lo (Provérbios) do Cânon, mas da leitura pública na sinagoga. A questão básica girava em torno de Provérbios 26:4,5 "Quem dá uma resposta séria  a uma pergunta tola é tão tolo como quem a fez. Responda ao tolo de acordo com a tolice dele para que ele não fique pensando que é sábio", pois alguns rabinos viam contradições nessas passagens; a conclusão deles é que o primeiro versículo diz respeito à lei e o segundo fala sobre a vida secular. A autoria do livro de Provérbios não é algo fácil de determinar. Contudo estudiosos apontam que foi Salomão aquele que escreveu a maior parte. Agur e Lemuel contribuíram nas últimas seções. Por outro lado, a Edição Pastoral da Bíblia sustenta que não foram escritos por um único autor e não pertencem a mesma época. A maioria deles nasceu da experiência popular, que foi depois coletada, burilada e editada por sábios profissionais desde o tempo de Salomão (950 AC) até dois séculos depois do exílio (400 AC). Foram atribuídos ao rei Salomão por causa de sua fama de sábio, mas quando se observa atentamente os vários subtítulos que aparecem no livro, pode-se facilmente distinguir nove coleções, provindas de tempos e mãos diferentes. A Bíblia de Jerusalém sustenta que se formou em torno de duas coleções principais "Provérbio de Salomão, com 375 sentenças, e Provérbios de Salomão transcritos pelos homens do rei Ezequias com 128 sentenças, precedidos por uma longa introdução. Além disso duas pequenas coleções foram juntadas como apêndices da primeira coleção principal, e três outras pequenas coleções (palavras de Agur, provérbios numéricos, as palavras de Lemuel e um poema alfabético que louva a mulher perfeita. Todas foram juntadas como apêndices da segunda coleção principal. Os nomes dos dois sábios árabes (Agur e Lemuel) supostamente são fictícios e não pertencem a personagens reais, mas atestam o valor que se dava à sabedoria estrangeira. Pode-se dizer com segurança que os capítulos de 10 a 29 são anteriores ao Exílio na Babilônia do povo judeu, enquanto que a introdução é posterior ao exílio, provavelmente escrita no século V AC. Nas duas coleções principais predomina uma sabedoria humana e profana que desconcerta o leitor cristão. Podemos encontrar diversas formas literárias no livro de Provérbios: poema, pequenas parábolas, lições de vida. Entre as figuras literárias mais comuns, podemos citar as antíteses, as comparações e personificações. O livro de Provérbios também é considerado um livro poético, assim como, filosófico, que juntamente com o livro de Jó e Eclesiastes formam os três livros filosóficos da Bíblia. Provérbios 13:16 "Todo homem prudente age com base no conhecimento". Provérbios 25:5 "O homem sábio é poderoso e quem tem conhecimento aumenta sua força ( ... )". Outra peculiaridade é o fato do seu conteúdo ser prático, baseado em conceitos da vida cotidiana. Salomão era muito observador, e transformou suas experiências pessoais em conceitos simples para ajudar as gerações futuras nas mais diversas situações da vida cotidiana. Não foi em vão, pois, quando lhe fora dado o direito de pedir qualquer coisa para Deus, pediu sabedoria. Amigos leitores, para a transcrição dos versos dos Provérbios usarem a versão Católica da Bíblia Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje da Paulinas Editora, 2005. 

"Provérbios de Salomão, filho de Davi e rei de Israel. Estes provérbios nos ajudam a dar valor a sabedoria e aos bons conselhos e a entender os pensamentos mais profundos.

Eles nos ensinam a vivermos de maneira inteligente e a sermos corretos, justos e honestos. Podem também tornar sábia uma pessoa sem experiência e ensinar os moços a serem ajuizados.

Estes provérbios aumentam a sabedoria dos sábios e orientam os instruídos, fazendo que entendam o significado escondido dos provérbios e dos ditados e compreendam os mistérios que os estudiosos procuram explicar.

Para ser sábio, é preciso primeiro temer a Deus o Senhor. Os tolos desprezam a sabedoria e não querem aprender.

Meu filho, escute o que o seu pai ensina e preste  atenção no que a sua mãe diz. Os ensinamentos deles vão aperfeiçoar o seu caráter, assim como um belo turbante ou um colar melhoram a sua aparência.

Filho, se homens perversos quiserem tentar você, não deixe. Eles poderão dizer: Venha, vamos matar alguém! Vamos nos divertir atacando pessoas inocentes!

Estarão vivas e com saúde quando as encontrarmos, mas nós acabaremos com elas. Acharemos todo tipo de riquezas e encheremos as nossas casas com as coisas roubadas. Venha com a gente, que nós repartiremos o que roubarmos.

Filho, não ande com gente dessa estirpe. Filho, longe deles. Eles têm pressa de fazer o mal e estão sempre prontos para matar. Não adiante arma uma arapuca enquanto o passarinho estiver olhando.

No entanto esses homens estão preparando uma armadilha onde eles mesmos morrerão. O que acontece com quem fica rico por meio da violência é isto: acaba sendo morto.

Escutem! A Sabedoria está gritando nas ruas e nas praças. Nos portões das cidades e em todos os lugares onde o povo se reúne; ela está gritando alto, assim:

Gente louca! Até quando vocês continuarão nesta loucura? Até quando terão prazer em zombar da Sabedora? Será que nunca aprenderão?

Escutem quando eu os corrijo. Eu darei bons conselhos e repartirei a minha sabedoria com você. Eu chamei e convidei, mas vocês não me ouviram e não me deram atenção.

Vocês rejeitaram todos os meus conselhos e não quiseram que eu os corrigisse. Assim, quando estiverem em dificuldades, eu rirei, e, quando o terror chegar, eu caçoarei de vocês.

Zombarei de vocês quando o terror vier como uma tempestade, trazendo fortes ventos de dificuldades. Eu rirei quando estiverem passando por sofrimentos e aflições.

Então vocês me chamarão, mas eu, a Sabedoria, não responderei. Vão procurar por toda a parte, porém não me encontrarão. Vocês não quiseram a Sabedoria e sempre se recusaram a temer a Deus, o Senhor.

Não aceitaram os meus conselhos, nem prestaram atenção quando eu os corrigi. Portanto, receberão o que merecem e ficarão aborrecidos com as coisas que fizeram. Os tolos morrem porque rejeitam a Sabedoria, os que não têm juízo são destruídos por estarem satisfeitos consigo mesmo.

Mas quem me ouvir terá segurança, viverá tranquilo e não terá motivo para ter medo de nada". Abraço. Davi.

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