segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A Parousia de Cristo e o Advento do Messias.


Amigos leitores esta é uma visão eminentemente da cristandade (Catolicismo Romano) sobre o tema A Segunda Vinda de Cristo. Em grande parte essa doutrina escatológica é endossada pelos (Protestantismo) chamados Evangélicos no Brasil. O texto foi retirado do site Permanência.org.br. Essa matéria abordada aqui não é necessariamente minha opinião particular, mas após essa dissertação trago minhas ponderações sobre esse assunto, focalizando numa perspectiva diferente o advento do Messias para o povo Judeus. É uma reflexão baseada no argumento do filósofo judeu Franz Kafka (1883-1924). Assim, penso, que os leitores terão mais elementos para discutirem esse ensinamento cristão, contrastando o num panorama diferente, também incluindo o aspecto filosófico da espiritualidade. "A Bíblia Sagrada e os Sinais da Parousia (essa palavra vem do grego, que significa presença, chegada ou visita. Designa no Novo Testamento, a volta gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao fim do mundo para julgar os vivos e os mortos.. A Parousia, verdade de fé. Nosso Senhor Jesus Cristo voltará. Anunciaram-no os anjos no próprio dia da Ascensão: “Este Jesus que, separando-se de vós, foi arrebatado ao céu, virá do mesmo modo que o vistes ir para o céu”. À diferença de sua primeira vinda, humilde e desconhecida, a segunda vinda do Verbo Incarnado será solene e gloriosa. Virá “na glória de seu Pai com os santos anjos”, “com todos os seus santos”, “com grande poder e majestade”, “em uma chama de fogo”, “no trono da sua majestade”. Também se sabe que “aparecerá o sinal do Filho do Homem no céu”, em que a maioria dos Padres da Igreja vê a Cruz, cuja imagem gloriosa se formará no céu. O Tempo da Parousia. Embora a segunda vinda do Messias seja dogma de fé, o momento de sua realização é muito menos evidente, para não dizer incognoscível (que não pode ser conhecido pelo uso da razão ou da inteligência). Várias passagens da Sagrada Escritura Cristãs. dissuadem quem queira determiná-lo: “Mas, quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas só o Pai”. Será um acontecimento súbito e imprevisível: “Assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem”; “como um ladrão virá o dia do Senhor”. Por isso Nosso Senhor Jesus Cristo convida todos os homens, presentes e futuros, à vigilância: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor. Mas sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa. Por isso estai vós também preparados, porque não sabeis a que hora virá o Filho do Homem”. O próprio Santo Tomás de Aquino (1225-1274), doutor comum da Igreja, não deixa lugar a dúvida quando fala do tempo do juízo final: “Como diz Santo Agostinho (354-430), não se pode determinar o tempo que falta [antes do juízo], quanto ao mês, ano, século ou milênio”. Portanto, não será supérfluo, e inclusive contra a vontade divina, discorrer sobre os possíveis sinais da Parousia? Poderia ser assim, se a própria Sagrada Escritura não nos proporcionasse certos sinais, por onde se pode conjecturar de algum modo a maior ou menor proximidade do desenlace final. Por conseguinte, não nos é proibido examinar esses sinais, porém, é preciso ter em conta que são muito vagos e abstratos, e prestam-se a grandes confusões, sobretudo pelo caráter evidentemente metafórico e ponderativo de muitos deles. Reunamos, pois, esses sinais, guardando-nos bastante de chegar a conclusões demasiado concretas e simplistas, recordando estas palavras do Padre Antônio Royo Marín (1913-2005): “A única coisa certa nesta matéria tão difícil e obscura é que ninguém absolutamente sabe nada: é um mistério de Deus”. Os Principais Sinais precursores do fim do mundo. 1. A pregação do evangelho em todo o mundo.  Anunciou-o o próprio Jesus Cristo ao dizer a seus Apóstolos: “Será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim”. E também: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura”. E em outro lugar: “Me sereis testemunhas em Jerusalém, e em toda a Judéia, e na Samaria, e até às extremidades da terra”. O que se não deve entender no sentido de que todos os povos se converterão ao cristianismo, senão unicamente que o Evangelho se propagará suficientemente por todas as regiões do mundo, de maneira que todos os homens que queiram possam converter-se a ele. Tampouco se pode dizer que o fim do mundo virá imediatamente depois que o Evangelho haja chegado aos confins da terra, mas apenas que não sobrevirá antes disso. 2. A apostasia (ação de renegar uma religião ou renegar a fé, abjuração. Ação de desistir ou abandonar qualquer vínculo religioso ou sacerdotal) universal da fé cristã. Anunciou-o Nosso Senhor Jesus Cristo e repetiu-o São Paulo: “E levantar-se-ão muitos falsos profetas, e seduzirão muitos. E, por causa de se multiplicar a iniquidade, se resfriará a caridade de muitos”. “Mas, quando vier o Filho do homem, julgais vós que encontrará fé sobre a terra?”. “Ninguém de modo algum vos engane: porque isto não será sem que antes venha a apostasia quase geral dos fiéis, e sem que tenha aparecido o homem do pecado, o filho da perdição”. Essa apostasia da fé não será total e absoluta em todo o gênero humano, já que a Igreja não pode perecer. Contudo, é difícil precisar seu verdadeiro alcance e significação. Alguns teólogos interpretam-na no sentido de que a maioria das nações e povos, como sociedades políticas, renunciarão ao cristianismo, de forma que os princípios, leis, escolas, organização familiar e, em geral, toda a vida pública, serão contrários às normas da fé. Ao mesmo tempo, a vida individual da maior parte dos homens será levada por vias contrárias ao cristianismo, conquanto nunca faltarão de todo almas sinceras que conservarão sem mácula o espírito cristão até o fim dos séculos. Essa perda generalizada da fé será, então, a preparação e a obra da vinda do Anticristo. 3. A conversão dos Judeus. Em contraste com essa apostasia quase geral verificar-se-á a conversão de Israel anunciada por São Paulo: “Eu não quero, irmãos, que vós ignoreis este mistério, isto é que uma parte de Israel caiu na cegueira até que tenha entrado na Igreja a plenitude dos Gentios, e assim todo o Israel se salve, como está escrito: Virá de Sião o libertador, e afastará a impiedade de Jacó”. Também  profetizou-a Oséias: “Os filhos de Israel estarão durante muitos dias sem rei e sem príncipe, sem sacrifício e sem altar (...); e, depois disto, os filhos de Israel voltarão, e buscarão o Senhor seu Deus, e Davi, seu rei; e, no fim dos tempos, olharão com respeitoso temor para o Senhor e para os bens que ele lhes terá feito”. Quando se realizará essa volta de Israel à verdadeira fé, em que medida e proporção e com quais manifestações externas? Eis outros tantos mistérios que absolutamente ninguém pode aclarar. 4. A vinda do Anticristo. A palavra “Anticristo” tem duas acepções distintas na Sagrada Escritura. Pode designar qualquer manifestação do espírito anticristão, adverso a Nosso Senhor Jesus Cristo: o pecado, a heresia, perseguição etc. Neste sentido fala São João quando diz: “Já agora há muitos Anticristos”. Mas, em seu sentido próprio, a palavra “Anticristo” designa uma pessoa sumamente inimiga de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Igreja, que aparecerá ao fim do mundo. Segundo esta acepção, falam os apóstolos São João e São Paulo nos textos seguintes: “Ouvistes dizer que o Anticristo vem (...) Este é um Anticristo, que nega o Pai e o Filho”, “Ninguém de modo algum vos engane: porque isto não será sem que antes venha a apostasia quase geral dos fiéis, e sem que tenha aparecido o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se oporá a Deus, e se elevará sobre tudo o que se chama Deus, ou que é adorado, de sorte que se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus. (...). E vós agora sabeis o que é que o retém, a fim de que seja manifestado a seu tempo. Porque o mistério da iniqüidade já se opera, somente que aquele que agora o retém, retenha-o até que seja tirado do meio. E então se manifestará esse iníquo (a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da sua boca, e destruirá com o resplendor da sua vinda); a vinda dele é por obra de Satanás com todo o poder e com sinais e prodígios mentirosos, e com todas as seduções da iniqüidade para aqueles que se perdem, porque por sua culpa não abraçaram o amor da verdade para serem salvos”. Destas e de outras citações, interpretadas à luz dos comentários dos Padres e teólogos da Igreja, pode chegar-se às seguintes conclusões: I. O Anticristo virá nos últimos tempos. II. Será uma pessoa real, não um demônio encarnado ou um homem aparente. III. Será um indivíduo (o homem da iniquidade, o filho da perdição) e não uma coletividade ou série de pessoas, apesar de que terá muitos seguidores. IV. Seduzirá muitos pela sua pregação, prodígios e mentiras. V. Será morto pelo sopro da boca de Nosso Senhor Jesus Cristo VI. Sua vinda postergar-se-á (retardará) até que desapareça o obstáculo que o detém. Fora dessas conclusões, não se pode saber nada com certeza a respeito do Anticristo e do tempo que o detém. 5. A aparição de Elias e Enoque. Aqui a tradição é católica, os protestantes preferem Elias e Moisés. "É outro sinal misterioso, que só de uma maneira muito confusa pode apoiar-se sobre a Sagrada Escritura”. A respeito de Elias, a Sagrada Escritura diz o seguinte: “Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e horrível do Senhor. E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para não suceder que venha e fira a terra com anátema”. E em outro lugar: “Tu [Elias], de quem está escrito que no tempo dos julgamentos virás para abrandar a ira do Senhor, para reconciliar o coração dos pais com os filhos, e para restabelecer as tribos de Jacó”. Também, ao descer do monte Tabor no dia da Transfiguração: “E os dicípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem, pois, os escribas que Elias deve vir primeiro? E ele, respondendo, disse-lhes: Elias certamente há de vir, e restabelecerá todas as coisas”. De Enoque diz a Sagrada Escritura: “E [Henoc] andou com Deus e desapareceu, porque Deus o levou”. E no livro do Eclesiástico: “Henoc agradou a Deus, e foi transportado ao paraíso, para exortar no fim do mundo as nações à penitência”. E o próprio São Paulo diz: “Pela fé foi arrebatado Henoc deste mundo, para que não visse a morte, e não foi encontrado, visto que Deus o arrebatou”. Muitos Santos Padres – entre os quais se contam São Jerônimo (347-420) e Santo Agostinho (354-430) – aplicam a Elias e Enoque o misterioso episódio das duas testemunhas que lutarão contra o Anticristo e serão mortos, para depois ressuscitar gloriosamente: “E darei às minhas duas testemunhas o poder de profetizar, revestidas de saco, durante mil, duzentos e sessenta dias. (...). E, depois que tiverem acabado de dar o seu testemunho, a fera, que sobe do abismo, fará guerra contra eles, e vencê-los-á, e matá-los-á”. Todavia, outros Padres e expositores sagrados dão outras interpretações muito diversas, pelo que é forçoso concluir que nada absolutamente se pode afirmar sobre esse particular. 6. Grandes calamidades naturais e públicas. Nosso Senhor fala de guerras e catástrofes: “Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis; porque importa que estas coisas aconteçam, mas não é ainda o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá pestilências, e fomes, e terremotos em diversos lugares. E todas estas coisas são o princípio das dores”. Alude também a fenômenos no céu: “E, logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o sol, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potestades dos céus serão abaladas. E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu”. Em outro lugar indica “E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, e na terra consternação dos povos pela confusão do bramido do mar e das ondas”, recordando assim as palavras do profeta Joel: “E farei aparecer prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e turbilhões de fumo. O sol converter-se-á em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”. Porém, os Santos Padres e exegetas concordam todos em dizer que a interpretação dessas palavras está cheia de dificuldade e mistérios. Escutemos a Santo Tomás: “Quais são esses sinais, não é fácil saber. Porque os sinais que lemos no Evangelho, como diz Santo Agostinho, não pertencem unicamente à vinda de Cristo para o juízo, mas também ao tempo da destruição de Jerusalém, e ao advento com que Cristo visita continuamente sua Igreja. De tal modo que, se se adverte cuidadosamente, nenhum deles se pode ter como pertencente ao futuro advento, como diz Ele mesmo; porque os sinais que se listam no Evangelho, como guerras, terrores e coisas semelhantes, já existiram desde o princípio do gênero humano; a não ser que se diga que então se agravarão mais e mais. Entretanto, até que ponto seu crescimento anuncia a proximidade de sua vinda, é coisa completamente incerta”. Já chegou o fim do mundo? Tratemos de aplicar o dito, na medida em que possamos, à situação do mundo de hoje. Parece claro que já se pregou o Evangelho no mundo inteiro, especialmente com os meios de comunicação atuais, através dos quais se pode chegar a informar-se desde qualquer lugar do orbe (globo, mundo, corpo celeste). Tampouco se pode negar que a apostasia geral da fé cristã é uma realidade, tanto no nível das sociedades como dos indivíduos. Já não existem países católicos e poucos são os que continuam professando a fé católica em sua integralidade. Os próprios homens da Igreja, inspirados por um espírito neomodernista, fizeram-se colaboradores de uma “apostasia silenciosa”, reconhecida pelo próprio João Paulo II (Karol Józef Wojtyla 1920-2005). Quanto aos quatro outros sinais da Parusia, por outro lado, não se pode afirmar que já se cumpriram, embora pareça indiscutível que os tempos atuais são propícios para a vinda do Anticristo. Portanto, ainda em nossos dias, se verifica o que Nosso Senhor dizia a seus Apóstolos: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”. Como esperar o fim do mundo. A modo de conclusão, citemos uma palavras de São Paulo aos Tessalonicenses. Convencidos falsamente da iminência da Parusia, os habitantes de Tessalônica estavam cheios de terror e abatimento. Ao invés de estimulá-los ao bem, o pensamento do fim do mundo turbava-os e paralisava sua vida espiritual. Alguns descuidavam de seu dever de estado, deixavam levar-se pela indiferença, com a mesma apatia com a que o condenado à morte espera, desconsolado, sua degolação. São Paulo escreveu sua segunda Epístola aos Tessalonicenses para lutar contra esse espírito destrutivo que leva ao desânimo: “Ouvimos dizer que alguns entre vós andam inquietos, nada fazendo, mas ocupando-se em coisas vãs”. “Permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservai as tradições que aprendestes”. “E o mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo (...) console os vossos corações, e os confirme em toda a boa obra e palavra”. “O Senhor, pois, dirija os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo”. “Não vos canseis nunca de fazer bem”. Atualmente, continua existindo a mesma tentação. Ao ver que se cumpriram alguns sinais da Parusia, poderíamos adotar uma atitude passiva, desesperada, nessa crise que sacode a Igreja, pensando mais ou menos conscientemente: “Salvemos o que possamos salvar. Salvemos nossas almas, nossas famílias. Já é muito. Mas não busquemos mais. Não busquemos restabelecer o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo nem a Cristandade. Tampouco faz falta manter contato com as autoridade romanas imbuídas de modernismo, para tratar de mostrar-lhes os erros que corroem a Igreja desde o Concílio Vaticano II (1962-1965). Não vale a pena, porque já está predito: a situação não vai mudar. É a grande apostasia profetizada pela Sagrada Escritura. Acerca-se o fim do mundo”. Pensar dessa maneira, seria esquecer que não temos ainda nenhuma certeza a respeito da iminência da Parusia. Seria “cansarmo-nos de fazer o bem”, o contrário do que nos pede São Paulo. A um soldado pede-se-lhe que lute por seu rei até a morte. O mesmo, com fervor e ânimo ainda maiores, se exige do católico, que pela confirmação foi feito soldado do Rei eterno. Não é tempo de se baixarem os braços. Confiemos na graça, e quando sejamos presa da tentação do desânimo ao ver a amplitude e dificuldade da obra, recordemos que, pela ajuda divina, David venceu Golias, e digamos com Santa Joana D'arc: “Lutemos, e Deus dará a vitória! Referências nas Sagradas Escrituras: At 1:1; Mc 8:38; I Ts 3:13; Mt 24:30; II Ts 1:8; Mt 19:28: Mt 24:30; Mt 24:36; Mt 24:27; Mt 24:11,12; II Pd 3:10; Mc 16:15; Lc 18:8; II Ts 2:3; I Jo 2:18. Começo minha reflexão sobre esse tema, como afirmei no início da narrativa.
Oi! Nelson, boa tarde. Franz Kakfa (1883-1924) foi um filósofo judeu que teve sérios problemas comportamentais em sua infância, relacionado a seu pai. Tem um livro chamado Carta ao Pai (1919) onde ele conta seu dilema. Como era de família judia com forte tradição ortodoxa não conseguiu assimilar muitos conceitos da Torá e do Talmud na adolescência. Isso trouxe indignação ao pai que sonhava quando ele aos 12 anos, no rito de iniciação da maturidade do jovem judeu chamado de Bar Mitzvah, lê-se à sinagoga na presença do rabino da comunidade um texto da Torah Escrita. Isso não aconteceu provocando grande decepção de seu pai. Assim o jovem Kafka entrou numa crise existência, e por fim abandonou sua família passando a ganhar a vida como vendedor. Talvez o relato acima ajude a compreender aquilo que colocarei agora escrito por ele anos após os incidentes familiares. Assim, leia o texto abaixo é desejando mostre suas impressões pessoais da leitura. O tema é o retorno do Messias ideia compartilhada por todos os judeus e similarmente a segunda vinda de Cristo partilhada por todos os cristãos. “O Messias virá a partir do instante em que o individualismo mais desregrado for possível na fé. Quando não houver ninguém para destruir essa possibilidade e ninguém para tolerar essa destruição, ou seja, quando os túmulos se abrirem. O Messias só virá quando não for mais necessário, só virá um dia depois de sua chegada, não virá no último, mas depois do último dia”. Analise a ideia de messianismo negativo em Kafka, relacionando os dois aforismos: Redenção messiânica será obra dos próprios homens, no momento em que, seguindo a lei interna de cada um, fizerem desabar as coerções e autoridades exteriores”. Nelson vou adiantar minha reflexão quanto a fala do filósofo. A palavra individualismo parece pressuposto da vida do filósofo, pois em sua infância e adolescência esteve “prisioneiro” a dogmas e crenças religiosas, que toldaram sua capacidade de liberdade e singularizar sua existência emocional e sentimental. Pra ele a fé tem como fundamento a liberdade de expressão, opinião e vontade. Uma clausura (confinamento) de qualquer espécie embota a realidade da fé criando um objetivismo direcionado para fora de nós, assim somos levados ao utilitarismo egoísta e centrista, onde promovemos as causas pra nosso benefício e pra mercê do grupo em que estamos instalados. O filósofo é cético pois parece não acreditar na vinda do Messias num tempo considerável, abrindo essa possibilidade para a ressurreição dos mortos, sendo que, segundo imagina o estado “ideal” da fé em seu conceito não seria alcançado por nenhum mortal comprometendo o tão esperado retorno do Messias. Assim seu negativismo no segundo argumento ao dizer que: O Messias só virá quando não for mais necessário. Esse período mostra a descrença do filósofo na promessa, principalmente quando percebe que seus (Judeus) párias desejam o Messias como um herói mito que vem para satisfazer seus egoísmos e desejos de serem uma nação de proeminência e liderança em toda a terra. Essa opinião o filósofo rejeita e a percebe como mesquinha e avarenta, fazendo de seu povo uma casta superior coisas que a Cabala Judaica em seus postulados esotéricos não faz menção. Assim existe um impasse ideológico onde a doutrina messiânica estaria sendo usada como um discurso vazio, para satisfazer não uma irmandade dos povos e religiões, mas um instrumento de sobre pujança para dominação e subordinação, coisas não vistas nas leis da Torah oculta e do Talmud oculto. O filósofo prefere pensar de forma independente ao propor a redenção messiânica feita pelos próprios humanos. Como se O Messias estive em cada pessoa, se mostrando em nossas palavras, pensamentos e atitudes, dentro de seu nível de busca e elevação da sua alma individual, alcançasse pela coerção (repressão) de atos viciosos e pecaminosos revelasse sua autoridade interna e externamente, baseada na beatitude e meritoriedade fraternal.  Poderíamos pensar aqui uma evolução espiritual da alma humana. Talvez uma saída para esse empasse da volta do Messias para os Judeus, mas ele não descarta essa possibilidade mesmo que o Misticismo Cabalístico seja impreciso quanto a esse evento (retorno do Messias) não dando uma garantia inequívoca que esse evento realmente ocorrerá. As famílias judaicas costumam estudar os princípios do misticismo, ensinamento esotérico (oculto) de sua religião. O Cristianismo teve sua Escola de Mistério o chamado Gnosticismo que foi considerado heresia no ano 431 no Concílio de Calcedônia. Assim, ficamos  em interpretações a nível de literalidade dos ensinos exotéricos, mas alguns poucos como você Nelson conseguem entrar no espírito (Logos) da Palavra.  Percebeu que não usei as Escrituras Sagradas em minha reflexão, poderia ter incluído alguns trechos delas para embasar minha fala, mas achei por bem não usar apenas mostrar minhas opiniões atuais. Mesmo que focadas no judaísmo correspondem em grande parte ao que estou tentando enxergar quanto a esse importante tema das tradições judaico cristã. Padre Antonio Royo Marin (1913-2005) "A única coisa certa nesta matéria (Parousia) tão difícil e obscura é que ninguém absolutamente sabe nada; é um mistério de Deus". Abraço. Davi.

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