Quem está acompanhando o desenrolar desse tema, percebeu que na parte II foi concluída a fala do pastor Caio Fábio. Agora estou ponderando algumas questões que foram levantadas no segundo texto e faço citação da fala do Caio Fábio que diz: "A única alternativa bíblica para a volta de um homem a este mundo é a chamada ressurreição". Então, vamos analisar essa premissa a luz de outros argumentos bíblicos referindo dois versículos, um no livro da Sabedoria de Salomão e outro nos Salmos. O texto da Sabedoria de Salomão 8:19,20 na versão católica da Editora Ave Maria diz; "Eu era um menino vigoroso, dotado de uma alma excelente, ou antes, como era bom, eu vim a um corpo intacto; mas, consciente de não poder possuir a sabedoria". O argumento mencionado aqui é o da pré existência da alma, popularmente conhecido como reencarnação ou renascimento, um ensinamento aceito pelas culturas orientais e visto aqui nesse versículo das Escrituras de forma inequívoca. O sábio rei Salomão é reconhecidamente o escritor dos livros canônicos de Cântico dos Cânticos, Provérbios, Eclesiastes e alguns Salmos, mas também entrou em contato com esse conceito da reencarnação. Suponho que ele tenha estudado com alguns rabinos e místicos judeus esse tão importante assunto relacionado a evolução espiritual da pessoa humana. A Sabedoria Divina tinha no misticismo antigo uma fonte que investigava os poderes latentes da alma e do espírito humano, bem como as forças misteriosas da natureza. Na Cabala Judaica, em seu principal livro chamado Zohar há alusões a esse princípio espiritual da reencarnação. O rabino Ytschac Luria Arizal (1534-1572) diz: "O estudo da reencarnação é um dos ramos da Cabala. A reencarnação é a oportunidade que o Tribunal Celestial dá a uma pessoa depois da sua morte para corrigir algumas coisas que ficou pendente em sua vida. Para a alma é dada a possibilidade de descer a este mundo por meio de um novo nascimento, como um bebê, e na nova vida, a alma tenta corrigir as máculas das vidas anteriores. As almas reencarnam e voltam a vir ao mundo em diferentes formas, segundo as máculas que causaram. Nos livros dos Sábios de Israel está escrito que aqueles que cometeram um pecado relacionado à idolatria reencarnam em um animal ora cães, porcos e gatos. Os que fizeram beatitudes e méritos em vida reencarnam em peixe, folhas ou pequenos galhos de árvores. Uma forma de retornar logo para o gozo das entre vidas. Expandindo o tema agora vejamos um entendimento do misticismo judaico em um livro canônico das Sagradas Escrituras. Em Salmos 19:7 usando a versão protestante Almeida corrigida e revisada diz: "A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma". Mas o mesmo texto no livro Cabalista Taamei Hamin Haguim diz: "A Torá do Eterno é perfeita, faz voltar a alma". A Torá (são os cinco primeiros livros da lei chamados pentateucos) do Eterno é perfeita, completa e quem a cumpre em sua totalidade consegue ser uma pessoa perfeita e completa. No entanto, quem não consegue fazer isso, quem não atinge esta perfeição e plenitude, faz voltar a alma. A Torá faz com que esta alma volte a este mundo, para completar aquilo que ficou faltando da Torá. Os místicos judaicos (estudiosos cabalistas) especialistas em reencarnação, explicam que "existe uma diferença entre as almas que vêm novamente ao mundo como seres humanos, e aquelas que reencarnam em um pedra, em um vegetal ou em um mineral; quando os homens nascem em sua nova encarnação, ele não se lembram de nada do que fizeram nas vidas passadas, e não sabem que eles são, na verdade uma reencarnação, mas quem volta ao mundo como um animal, um vegetal ou um pedra, sabe e reconhece o que aconteceu em vidas passadas. Durante todo o período de tempo em que ele fica nesse mundo ele sente pena e dor por ter cometido o erro e não ter conseguido alcançar a perfeição e plenitude em sua encarnação anterior e ele fica procurando por sua retificação ou correção". Todas as tradições místicas das religiões monoteístas tem na reencarnação o conceito do retorno da alma humana e não a ressurreição. Exemplo como vimos a Cabala no Judaísmo, temos o Sufismo no Islamismo e também o Gnosticismo no Cristianismo. Os cristãos conservadores e ortodoxos preferem evidenciar o dogma da ressurreição das almas no último dia. As Sagradas Escrituras na tradição do Novo Testamento escrito pelo apóstolo São Paulo em I Coríntios 15:17-20 diz: "Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem". A tradição espiritual oriental (hindus, budistas e outros) inclusive as Escolas de Mistérios, e o misticismo monoteísta como vimos preferem a referência abordada no livro da Saberia de Salomão e no Salmo 19. Como não concebem a pessoalidade do Eterno Deus, entendem um processo evolutivo da alma e do espírito humano pelos vários carmas e reencarnações, onde num longuíssimo tempo alcançarão o nirvana que é a completude e retorno ao ponto de origem de onde todos viemos que é o Nosso Pai Eterno. A perspectiva da diversidade nos pressupostos espirituais nos retira das crenças e dogmas, que tanto impedem que tenhamos concepções independentes e individualizadas de assuntos relacionados a vida após a morte. Como as Escrituras dizem: "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos". Hoje suponho a verdade como um prisma, quando recebe um feixe de luz sobre sua superfície reflete várias cores visíveis aos nossos olhos. O que dizer das cores infra vermelho e ultra violeta que não vemos com os sentidos físicos. Moshe Ben Maimônides (1135-1204) diz: "A reflexão eleva o indivíduo permitindo-lhe dominar, sendo senhor da própria dignidade". Abraço. Davi.
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