terça-feira, 21 de outubro de 2014

Livro Uma Palavra de Amor. Witness Lee (1905-1997). Parte II.

Continuamos com nossa exposição do livro Uma Palavra de Amor do irmão Witness Lee. "A igreja não é um banco ou uma empresa que precisa de um administrador. Por razões práticas temos um gerente no escritório do Living Stream Ministry, mas não há níveis hierárquicos nesse escritório". Comentamos esse aspecto na parte I, e falamos que o escalonamento de posições é claramente percebido não como titularidade explícita, mas as funções "designadas" por irmãos de serviço, irmãos responsáveis, cooperadores e presbíteros, assim aparentemente o argumento acima não procede. Os dois movimento igreja Árvore da Vida (Brasil) e os irmãos do Living Stream Ministry (USA) sendo os países referidos codificados como sedes específicas, afirmam que não existe hierarquia entre eles. "Se um irmão é desviado da verdade para ir as denominações ou ao cinema, nosso pequeno grupo pode sentir que não precisamos dele". Como esse livro foi publicado em 1996 parece que à época haviam sentimentos contrários a visitar os grupos cristãos e também assistir filmes no cinema. O adequado e sensato segundo o movimento da igreja local (uma referencia aos dois grupos) era apenas participar das reuniões junto com os demais congregados. Qualquer saída para outros ajuntamentos era vista como um desvio de conduta espiritual. "Toda raça humana tornou-se mundo, assim como toda a raça divina, a nova raça, tornar-se-á a Nova Jerusalém". O mundano e o espiritual é bem definido pela ortodoxia. O mundo é a representação de Satanás seu império e domínio que devemos rejeitar completamente. Assim coisas triviais que expressam nossa humanidade são confrontadas pelo "puritanismo" que precisa sobressair em nosso cotidiano. Um exagero para uma espiritualidade que sufoca nossa realidade existencial tendo por base uma nova raça para entra na Nova Jerusalém. Cria-se uma classe especial de pessoas que estão acima dos demais humanos que para esses estão destinadas as delícias e gozos celestiais. Ao passo que a grande maioria dos "perdidos" e incrédulos às chamas do inferno os aguardam. Não mais concebo um Deus assim, cruel e atroz que cobra juros eternos de pecadores que praticaram vícios e demérito no tempo de vida finito sendo isso ilógico e terminantemente irracional. Deus está além do bem e do mal, nós somos os responsáveis por tudo o que fazemos em nossa vida. "Porque como está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim. E toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus".  "Se virmos um bêbado tomando cerveja, certamente permaneceremos longe dele. Creiam-me na Nova Jerusalém ninguém mais beberá cerveja. Naquela ocasião todos os bebedores de cerveja estarão no lago de fogo". Como é ilógico e incompreensivo atitudes intolerantes e desprovidas de amor e misericórdia. Dizer que alguém vai pro inferno porque é bebedores de cerveja é um absurdo despropositado. Aqui é revelado o princípio do cidadão do reino dos céus e do reino do mundo; pro primeiro há clemência e compaixão mas pro segundo as agruras e sofrimentos eternos. Os sistemas exclusivistas têm discursos semelhantes, pois tentam criar uma uniformização dos associados santificando os "semelhantes". Assim os diferentes (demonizados) são vistos como ameaças e potencialmente perigosos para aqueles que estão envolvidos no grupo. "Dizemos que estamos na esfera divina e mística, mas na verdade não estamos". Apesar dos irmãos mencionados W. Lee, W. Nee e D. Y. Lan virem de país oriental (China), pouco é percebido dos elementos "místicos" que as religiões orientais trazem em seu escopo doutrinário. Parece que esses elementos "embutidos" foram adaptados ao cristianismo capitalista e consumista das nações ocidentais. Um aspecto bem patente é o mantra da Invocação do Nome do Senhor Jesus. Uma prática que considero atraente, e quando estava por lá produziu-me satisfação e bem estar espiritual. Mas com o tempo acabou se mecanizando e virando um produto (marca), instrumento "manivela" para erguer minha alma. Por fim já não mais trazia uma atitude interior positiva, apenas uma religiosidade vazia e ritualística. "Antes a igreja quer que todos os que estão adormecidos voltem". A ideia de trazer de volta os que estavam nas fileiras da agremiação, mas que por vários motivos deixaram a membresia da instituição. Esses acabam sendo taxados de rebeldes, indisciplinados, fora do mover, contaminados e outros termos perjorativos equivalentes. Como a centralização do poder clerical é distinta, os movimentos locais ou regionais quando sobressaem indivíduos que desejam mudanças, e tem opiniões contrárias são logo diferenciados e expurgados; passando por um processo implícito ou explícito de exclusão da instituição ou movimento espiritual. São situação que provocam conflitos interiores e exteriores, alvoroço, revolta, crise existencial. Um sofrimento pessoal que experimentei que levou certo tempo para que fosse digerido adequadamente, mas graças a Deus sobrevivi, e também todos os que saíram comigo. Como é dito na alegoria Bíblia "o choro pode durar uma noite mas a alegria vem pela manhã". Esses ambientes espirituais totalitários e exclusivista prendem os fieis de forma sutil e imperceptível; onde eventos excepcionais (situações de enfrentamento como a liderança de alguns destemidos e corajoso dentre eles, que acontecem vez ou outra são capazes de acordar a consciência adormecida pelo ativismo e conceitos auto sugestivos de pieguismo e puritanismo) proporcionam o despertar da interioridade manifestada na volta a individualidade buscando a evolução precípuo do ser rumo a Alma Divina. Pena que esses santos "motins" acontecem quando você estacionou nesses movimentos há dez ou vinte anos. É claro e evidente que nesse grupo a palavra "igreja" quando mencionada denota a chamada restauração do Senhor ou igrejas locais; não existindo pelo menos enquanto eu estava lá uma inclusão de todos os cristãos nesse termo bíblico tão apreciado, e de profundidade esotérica que precisa ser melhor entendido. "Deus quer que sejamos homens Deus no topo da escada celestial". Esse termo The God Men quando falado pela primeira vez por W. Less provocou um alvoroço e muitas críticas foram levantadas pelos cristãos não pertencentes a associação criada por ele. Pelo que entendo como o cristianismo é extremamente dogmático não concebia um homem com sua natureza corrompida e pecaminosa sendo insuflado pela Divindade Eterna. Nesse sentido a deificação humana é um argumento bíblico baseado nas Escrituras quando diz: "Sois deuses e sois todos filhos do Altíssimo". Assim é uma premissa correta tendo proposição verdadeiras. Mas mesmo na certeza lógica o termo (homem Deus) acabou causando problemas entre os agremiados das igrejas locais, pois rotulou os irmãos de uma espiritualidade acima da realidade, desumanizando os comportamentos e características particulares, estereótipando uma coletivização voltada para um mundo transcendente, inatingível pela nossa humanidade terrena. Assim no afã da conquista pela divindade "mística", castramos grande parte de nossa humanização (viver cotidiano normal) nos tornando indivíduos descontextualizados social, moral, espiritual e eticamente. Foi desse modo na minha experiência pessoal. "Vocês são  uma divisão, e tudo que vocês fizerem em seu local é uma divisão; além disso, vocês gostam de visitar os rebeldes e posicionar-se com eles". O conceito de divisão que esse livro (Uma Palavra de Amor) oferece baseado no texto das Escrituras de I Co 1: 12 "Quero dizer com isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está de Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?", é excludente resumindo-se ao espaço do movimento da igreja local, faltando legitimidade explicativa pois eles se consideram a unidade do corpo de Cristo sendo que todos os demais cristãos estão englobados no termo divisão. Assim esses irmãos "divisivos" são também denominados de rebeldes, em razão de terem a coragem e disposição de confrontar as únicas autoridades eclesiásticas constituída nos dois movimentos. Agora cada um deles tem sua autoridade espiritual máxima (quando vivo o irmão W. Lee e por outro lado o irmão D. Y. Lan), inquestionável e absoluta. "As verdades que temos são muito mais elevadas que as do cristianismo". Esse é um duvidoso e ambíguo argumento, dado que eles estão inseridos no cristianismo, mas se classificam como melhores que todos os cristãos em relação as verdades bíblicas. Penso ser uma pretensão ambiciosa esse tipo de juízo dogmático, onde o líder tem o poder de dizer que sua doutrina exotérica é superior as demais religiões cristãs. "As verdades elevadas" é um chavão (cliche) que se usa para impressionar aqueles que adentram as fileiras do movimento espiritual. "Será que treinamos os jovem para ganhar pessoas ou para regulá-las". Ganhar pessoas, essa é uma marca (sinal) das igrejas locais, pois através do proselitismo se auto afirmam no contexto do mundo cristão. Nelson, poderia falar mais, dissertando sobre esse livro Uma Palavra de Amor, mas acho melhor parar. Talvez tenha saído um pouco do propósito inicial de nossa conversa, incluindo algumas experiência pessoais que tive quando era filiado a agremiação igreja Árvore da Vida. Senti que devia fazê-lo principalmente porque esse mês faz quatro anos que abandonei o movimento espiritual liderado pelo irmão Dong Yu Lan. Não tenho mágoa de ninguém e não me arrependo do que fiz quando estive nessas fileiras. Mas esses anos me ensinaram que, preciso ser criterioso e estar atento para buscar a intimidade e a evolução pessoal com a Consciência Eterna. Devo primeiramente em todas as coisas ouvir a voz interior que sempre clama do íntimo do meu ser. Mostrando o caminho da Senda Espiritual que me aproxima da completude manifestada na Divina Providência. Se me perguntarem: você me aconselha a entrar nessa agremiação cristã igreja local, Árvore da Vida, Restauração do Senhor, Único Corpo de Cristo na Terra? Num primeiro momento não responderia, calando-me. Se a pergunta fosse repetida, eu diria: Irmão ou amigo, consulte sua própria consciência peça informações independente sobre as práticas e teorias espirituais que eles vivenciam e faça sua escolha, mas seja honesto consigo mesmo assumindo a total responsabilidade por ela. Concluo dizendo que achei estranho o título: Uma Palavra de Amor para esse livro. Uma designação que parece descontextualizada do propósito da obra, como se uma pessoa que não o autor o tivesse enunciado. Produz a impressão que não houve uma revisão pelo autor, e nesse âmbito se coloca em dúvida a argumentação aferida no texto impresso que lemos. Minha opinião nesse particular é apenas uma hipótese que poderia ser checada se é que existe essa possibilidade. As suspeitas são levantadas a partir do próprio título que oferecem margem para descredenciar a legitimidade da originalidade do que foi escrito. Espero que esses meus pensamentos estejam falseados e o livro tenha passado antes de sua publicação pelas mãos do irmão W. Lee. Mas se foi sua última obra escrita (como sabemos) faltou uma palavra de finalização. um resumo do que ele fez de relevante no movimento espiritual, e agradecimentos que nesses momentos são formalidades essenciais. A ideia que me vêm ao finalizar a leitura do livro é que faltou algo (havendo omissões e acréscimos do que o irmão W. Lee falou ou deixou de falar), e um vazio tomou conta dessa ausência. Abraço. Davi.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        

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