Continuamos com nossa exposição do livro Uma Palavra de Amor do irmão
Witness Lee. "A igreja não é um banco ou uma empresa que precisa de um
administrador. Por razões práticas temos um gerente no escritório do
Living Stream Ministry, mas não há níveis hierárquicos nesse
escritório". Comentamos esse aspecto na parte I, e falamos que o
escalonamento de posições é claramente percebido não como titularidade
explícita, mas as funções "designadas" por irmãos de serviço, irmãos
responsáveis, cooperadores e presbíteros, assim aparentemente o argumento acima não procede. Os dois movimento igreja
Árvore da Vida (Brasil) e os irmãos do Living Stream Ministry (USA) sendo os países referidos codificados como sedes específicas, afirmam que não
existe hierarquia entre eles. "Se um irmão é desviado da verdade para ir
as denominações ou ao cinema, nosso pequeno grupo pode sentir que não
precisamos dele". Como esse livro foi publicado em 1996 parece que à
época haviam sentimentos contrários a visitar os grupos cristãos e
também assistir filmes no cinema. O adequado e sensato segundo o
movimento da igreja local (uma referencia aos dois grupos) era apenas
participar das reuniões junto com os demais congregados. Qualquer saída
para outros ajuntamentos era vista como um desvio de conduta espiritual.
"Toda raça humana tornou-se mundo, assim como toda a raça divina, a
nova raça, tornar-se-á a Nova Jerusalém". O mundano e o espiritual é bem
definido pela ortodoxia. O mundo é a representação de Satanás seu império e domínio
que devemos rejeitar completamente. Assim coisas triviais que expressam
nossa humanidade são confrontadas pelo "puritanismo" que precisa
sobressair em nosso cotidiano. Um exagero para uma espiritualidade que
sufoca nossa realidade existencial tendo por base uma nova raça para
entra na Nova Jerusalém. Cria-se uma classe especial de pessoas que
estão acima dos demais humanos que para esses estão destinadas as
delícias e gozos celestiais. Ao passo que a grande maioria dos
"perdidos" e incrédulos às chamas do inferno os aguardam. Não mais
concebo um Deus assim, cruel e atroz que cobra juros eternos de pecadores que
praticaram vícios e demérito no tempo de vida finito sendo isso ilógico e terminantemente irracional. Deus está além do
bem e do mal, nós somos os responsáveis por tudo o que fazemos em nossa
vida. "Porque como está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim. E toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus". "Se virmos um bêbado tomando cerveja, certamente permaneceremos
longe dele. Creiam-me na Nova Jerusalém ninguém mais beberá cerveja.
Naquela ocasião todos os bebedores de cerveja estarão no lago de fogo".
Como é ilógico e incompreensivo atitudes intolerantes e desprovidas de
amor e misericórdia. Dizer que alguém vai pro inferno porque é bebedores
de cerveja é um absurdo despropositado. Aqui é revelado o princípio do
cidadão do reino dos céus e do reino do mundo; pro primeiro há clemência
e compaixão mas pro segundo as agruras e sofrimentos eternos. Os
sistemas exclusivistas têm discursos semelhantes, pois tentam criar uma
uniformização dos associados santificando os "semelhantes". Assim os
diferentes (demonizados) são vistos como ameaças e potencialmente
perigosos para aqueles que estão envolvidos no grupo. "Dizemos que
estamos na esfera divina e mística, mas na verdade não estamos". Apesar
dos irmãos mencionados W. Lee, W. Nee e D. Y. Lan virem de país oriental
(China), pouco é percebido dos elementos "místicos" que as religiões
orientais trazem em seu escopo doutrinário. Parece que esses elementos
"embutidos" foram adaptados ao cristianismo capitalista e consumista das
nações ocidentais. Um aspecto bem patente é o mantra da Invocação do
Nome do Senhor Jesus. Uma prática que considero atraente, e quando
estava por lá produziu-me satisfação e bem estar espiritual. Mas com o
tempo acabou se mecanizando e virando um produto (marca), instrumento
"manivela" para erguer minha alma. Por fim já não mais trazia uma
atitude interior positiva, apenas uma religiosidade vazia e
ritualística. "Antes a igreja quer que todos os que estão adormecidos
voltem". A ideia de trazer de volta os que estavam nas fileiras da
agremiação, mas que por vários motivos deixaram a membresia da
instituição. Esses acabam sendo taxados de rebeldes, indisciplinados,
fora do mover, contaminados e outros termos perjorativos equivalentes. Como a
centralização do poder clerical é distinta, os movimentos locais ou
regionais quando sobressaem indivíduos que desejam mudanças, e tem
opiniões contrárias são logo diferenciados e expurgados; passando por um
processo implícito ou explícito de exclusão da instituição ou movimento
espiritual. São situação que provocam conflitos interiores e
exteriores, alvoroço, revolta, crise existencial. Um sofrimento pessoal que experimentei que levou certo tempo para que fosse digerido adequadamente, mas graças a Deus sobrevivi, e também todos os que saíram comigo. Como é dito na alegoria Bíblia "o choro pode durar uma
noite mas a alegria vem pela manhã". Esses ambientes espirituais
totalitários e exclusivista prendem os fieis de forma sutil e
imperceptível; onde eventos excepcionais (situações de enfrentamento
como a liderança de alguns destemidos e corajoso dentre eles, que
acontecem vez ou outra são capazes de acordar a consciência adormecida
pelo ativismo e conceitos auto sugestivos de pieguismo e puritanismo)
proporcionam o despertar da interioridade manifestada na volta a
individualidade buscando a evolução precípuo do ser rumo a Alma Divina. Pena que esses santos "motins" acontecem quando você estacionou nesses movimentos há dez ou vinte anos. É
claro e evidente que nesse grupo a palavra "igreja" quando mencionada
denota a chamada restauração do Senhor ou igrejas locais; não existindo
pelo menos enquanto eu estava lá uma inclusão de todos os cristãos nesse
termo bíblico tão apreciado, e de profundidade esotérica que precisa
ser melhor entendido. "Deus quer que sejamos homens Deus no topo da
escada celestial". Esse termo The God Men quando falado pela primeira
vez por W. Less provocou um alvoroço e muitas críticas foram levantadas
pelos cristãos não pertencentes a associação criada por ele. Pelo que
entendo como o cristianismo é extremamente dogmático não concebia um
homem com sua natureza corrompida e pecaminosa sendo insuflado pela
Divindade Eterna. Nesse sentido a deificação humana é um argumento
bíblico baseado nas Escrituras quando diz: "Sois deuses e sois todos
filhos do Altíssimo". Assim é uma premissa correta tendo proposição
verdadeiras. Mas mesmo na certeza lógica o termo (homem Deus) acabou
causando problemas entre os agremiados das igrejas locais, pois rotulou
os irmãos de uma espiritualidade acima da realidade, desumanizando os
comportamentos e características particulares, estereótipando uma
coletivização voltada para um mundo transcendente, inatingível pela
nossa humanidade terrena. Assim no afã da conquista pela divindade
"mística", castramos grande parte de nossa humanização (viver cotidiano
normal) nos tornando indivíduos descontextualizados social, moral,
espiritual e eticamente. Foi desse modo na minha experiência pessoal.
"Vocês são uma divisão, e tudo que vocês fizerem em seu local é uma
divisão; além disso, vocês gostam de visitar os rebeldes e posicionar-se
com eles". O conceito de divisão que esse livro (Uma Palavra de Amor)
oferece baseado no texto das Escrituras de I Co 1: 12 "Quero dizer com isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está de Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?", é excludente
resumindo-se ao espaço do movimento da igreja local, faltando
legitimidade explicativa pois eles se consideram a unidade do corpo de
Cristo sendo que todos os demais cristãos estão englobados no termo
divisão. Assim esses irmãos "divisivos" são também denominados de
rebeldes, em razão de terem a coragem e disposição de confrontar as únicas
autoridades eclesiásticas constituída nos dois movimentos. Agora cada um deles
tem sua autoridade espiritual máxima (quando vivo o irmão W. Lee e por outro lado o irmão D. Y. Lan), inquestionável e absoluta. "As
verdades que temos são muito mais elevadas que as do cristianismo". Esse
é um duvidoso e ambíguo argumento, dado que eles estão inseridos no
cristianismo, mas se classificam como melhores que todos os cristãos em
relação as verdades bíblicas. Penso ser uma pretensão ambiciosa esse
tipo de juízo dogmático, onde o líder tem o poder de dizer que sua doutrina
exotérica é superior as demais religiões cristãs. "As verdades elevadas" é um chavão
(cliche) que se usa para impressionar aqueles que adentram as fileiras
do movimento espiritual. "Será que treinamos os jovem para ganhar
pessoas ou para regulá-las". Ganhar pessoas, essa é uma marca (sinal)
das igrejas locais, pois através do proselitismo se auto afirmam no
contexto do mundo cristão. Nelson, poderia falar mais, dissertando sobre
esse livro Uma Palavra de Amor, mas acho melhor parar. Talvez tenha
saído um pouco do propósito inicial de nossa conversa, incluindo algumas
experiência pessoais que tive quando era filiado a agremiação igreja
Árvore da Vida. Senti que devia fazê-lo principalmente porque esse mês
faz quatro anos que abandonei o movimento espiritual liderado pelo irmão
Dong Yu Lan. Não tenho mágoa de ninguém e não me arrependo do que fiz
quando estive nessas fileiras. Mas esses anos me ensinaram que, preciso
ser criterioso e estar atento para buscar a intimidade e a evolução
pessoal com a Consciência Eterna. Devo primeiramente em todas as coisas
ouvir a voz interior que sempre clama do íntimo do meu ser. Mostrando o
caminho da Senda Espiritual que me aproxima da completude manifestada na
Divina Providência. Se me perguntarem: você me aconselha a entrar nessa
agremiação cristã igreja local, Árvore da Vida, Restauração do Senhor,
Único Corpo de Cristo na Terra? Num primeiro momento não responderia,
calando-me. Se a pergunta fosse repetida, eu diria: Irmão ou amigo,
consulte sua própria consciência peça informações independente sobre as
práticas e teorias espirituais que eles vivenciam e faça sua escolha, mas
seja honesto consigo mesmo assumindo a total responsabilidade por ela.
Concluo dizendo que achei estranho o título: Uma Palavra de Amor para
esse livro. Uma designação que parece descontextualizada do propósito da
obra, como se uma pessoa que não o autor o tivesse enunciado. Produz a
impressão que não houve uma revisão pelo autor, e nesse âmbito se coloca
em dúvida a argumentação aferida no texto impresso que lemos. Minha
opinião nesse particular é apenas uma hipótese que poderia ser checada
se é que existe essa possibilidade. As suspeitas são levantadas a partir
do próprio título que oferecem margem para descredenciar a legitimidade
da originalidade do que foi escrito. Espero que esses meus pensamentos
estejam falseados e o livro tenha passado antes de sua publicação pelas
mãos do irmão W. Lee. Mas se foi sua última obra escrita (como sabemos)
faltou uma palavra de finalização. um resumo do que ele fez de relevante
no movimento espiritual, e agradecimentos que nesses momentos são
formalidades essenciais. A ideia que me vêm ao finalizar a leitura do
livro é que faltou algo (havendo omissões e acréscimos do que o irmão W.
Lee falou ou deixou de falar), e um vazio tomou conta dessa ausência.
Abraço. Davi.
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