terça-feira, 7 de outubro de 2014

Controvérsia em Relação as Escrituras Sagradas.



Oi! Nelson. Essa questão da autenticidade e fidedignidade das Escrituras Sagradas Cristãs é um assunto que temos pensado em vários momentos de nossas ponderações. Bom que questionamos pressupostos milenares que duvidosamente causam divergências e desentendimentos doutrinários nos dogmas dos vários movimentos católicos, protestantes e grupos livres. Lembra do livro do Frank viola, Cristianismo Pagão (2002), onde é discutido alguns temas controversos nas Escrituras e dentre estes a cronologia bíblica, onde é mostrado que os livros Sagrados não estão disposto em ordem sucessiva de acontecimentos dificultando a compreensão e entendimento daquilo que precisa ser revelado. Segue o prólogo desse livro. "Este livro deveria ter sido escrito a trezentos anos atrás. Se isso estivesse ocorrido, a direção da história cristã seria totalmente distinta daquela que tomou. Se cada ministro (pastor ou padre) lesse esse livro hoje, ele deixaria o ministério amanhã ou viveria uma vida de hipocrisia. A maioria de nossas práticas de fé cristã não tem nada absolutamente a ver com o Novo Testamento. Praticamente tudo o que fazemos hoje enquanto cristãos, chegou até nós incidentalmente. Virtualmente, todas as nossas principais práticas chegaram até nós durante os 50 anos do imperador Constantino (324 DC), ou durante os 50 anos após o começo da Reforma Protestante. O senhor Viola nos prestou um grande serviço traçando a origem de todas as nossas práticas protestante. Meu único pesar é que este livro será apenas um entre os 100 mil livros impressos este ano sobre a temática cristã. Trezentos anos atrás - ou mesmo duzentos - Cristianismo Pagão seria um entre poucas centenas de livros ( ... ), e portanto, lido por uma grande porção de cristãos. Você pode ajudar a remediar isso falando desse livro para todos os seus amigos. A propósito você enfrentará uma crise de consciência após você ler esse livro. Você tomará conhecimento das origens pagãs e não bíblicas de tudo o que fazemos hoje, você nunca poderá voltar a dizer: "nos baseamos da Bíblia. Fazemos tudo conforme o Novo Testamento. Praticamente não fazemos nada que seja neo testamentário como veremos. Mas há uma tragédia maior aqui. Tomamos o Novo Testamento e o torcemos, fazendo-o endossar o que fazemos hoje. Esta mentalidade que é universal, foi absolvida, tanto pelo leigo quanto pelo clero ( ... ). Está mentalidade vem e continua destruindo a fé cristã. Herdamos uma situação tal que não temos absolutamente ideia de como nossa fé deveria ser praticada. O que é que precisamos fazer? No que se refere a prática de nossa fé hoje, necessitamos começar tudo da estaca zero, deixando de lado tudo o que praticamos hoje. Em segundo lugar necessitamos aprender a história do século I, e depois prosseguir em nossas próprias práticas. Mais uma vez recomendo não apenas a leitura desse livro, mas também falar sobre ele com outros cristãos que você conhece para que também o leiam. E depois? Siga sua consciência. Faça isso verá o ressurgimento daquelas simples e primitivas práticas do século I (1-100). Amigos leitores me permitam também incluir nessa temática o prefácio de Cristianismo Pagão, assim vocês terão uma ideia do percurso que o autor (Frank Viola) fará para argumentar uma tese. Fundamentando os principais e secundários pressupostos que embasam sua obra. Perceberão que foi um trabalho de investigação acadêmica, passando por importantes bibliotecas cristãs de seminários e institutos teológicos protestantes e católicos. Segue o prefácio. "Quando o Senhor Jesus andou nessa terra seus principais opositores, vieram das duas facções religiosas daquele tempo os fariseus e os saduceus.  A facção farisaica aumentava as Sagradas Escrituras Eles agregavam a Palavra de Deus um punhado de leis humanas, e as passavam as gerações subsequentes. Este conjunto de costumes consagrados, muitos deles chamados de "tradições dos anciãos", passaram a ser considerados iguais as Sagradas Escrituras. O erro dos saduceus estava no outro extremo. Eles subtraíram blocos inteiros das Sagradas Escrituras, considerando apenas a lei de Moisés como digna de observância. Os saduceus negavam a existência dos espíritos, anjos, alma, vida após a morte e ressurreição. O efeito imediato foi que quando o Senhor Jesus entrou no drama da história humana, sua autoridade foi arduamente desafiada. A razão era simples ele não se enquadrava nos moldes religiosos de nenhum dos dois campos. Jesus era visto com suspeitas tanto pelos fariseus quanto pelos saduceus. Não demorou muito para que essa suspeita se transformasse em hostilidade. Logo os fariseus e saduceus começaram a planejar a morte do Filho de Deus. Vivemos um tempo em que a história se repete. A moderna cristandade caiu nos mesmos erros dos fariseus e dos saduceus. Na tradução dos saduceus, a grande maioria das práticas do século I já havia sido retirada da paisagem cristã. Meu (Frank Viola) livro Repensando o Odre, revela algumas práticas esquecidas que caracterizavam a vida da igreja do século I. Mas o cristianismo moderno é culpado de cometer o erro dos fariseus. Ou seja, o cristianismo moderno agregou um monte de tradições humanas concebidas que acabaram suprimindo a direção funcional, real e vivificante de Jesus Cristo enquanto cabeça da sua igreja. Dessa forma, tanto os fariseus como os saduceus nos ensinaram uma lição muitas vezes esquecida. É tão nocivo diluir a autoridade da Palavra de Deus por adição como por supressão. Violamos as Escrituras Sagradas tanto ao enterrá-las sobre uma montanha de tradições humanas, como ao ignorar seus princípios. Este livro dedicasse a expor as tradições adotas com relação a Deus e sua igreja. Ao fazê-lo produz uma série de conclusões. A igreja institucional moderna não tem qualquer direito bíblico nem histórico para continuar existindo! Isto não é obra para pesquisadores. Tão pouco é uma obra completa. uma abordagem exaustiva das origens de nossas práticas na igreja moderna encheria volumes e mais volumes e seria lido por poucas pessoas. Embora esse livro seja de apenas um volume, traz consigo um grande quantidade da história em um pequeno espaço. De fato, pode-se dizer corretamente que, o que está contido é o resumo de toda uma biblioteca".  Frank Viola nesse livro discute a questão dos títulos, e divisão de capítulos e versículos da Bíblia como sugerido por você em seu comentário. Infere parecer um arranjo arbitrário e sem critério de semântica linguística realizado no passado, sendo a primeira Bíblia dividida em capítulos confeccionada  no século XIII pelo teólogo inglês Stephen Langton (1150-1248) entre os anos 1234 e 1242. A primeira Bíblia a ser publicada incluindo integralmente a divisão de capítulos e versículos foi a Bíblia de Genebra, lançada em 1560, na Suíça. Os primeiros editores da Bíblia de Genebra optaram pela sua divisão em capítulos e versículos, porque chegaram a um consenso de que isso seria muito útil para a memorização, a localização, e a comparação de assuntos bíblicos. Esqueceram de perceber as desvantagens advindas dessa metodologia, como a que você tematizou pois até os títulos dos capítulos, são vistos como “sagrados” e seguidos como ortodoxia (regra ou dogma) de credos no cristianismo, um absurdo desmedido. As diferentes versões existentes hoje das Escrituras mostram, que em todas as épocas os cristãos tiveram dificuldades em afirmar seus dogmas e doutrinas. Isso vem de antes de Cristo quando no século III, setenta rabino (tradução Septuaginta) judeus na cidade de Alexandria no Egito reunidos compilaram as Escrituras do Velho Testamento em língua hebraica. Os estudiosos em pesquisas mais depuradas das Escrituras, feitas com o recurso da religião comparada reconhecem peremptoriamente que, os eruditos rabinos usaram muitas tradições de outras culturas principalmente orientais para compilar a versão hebraica da Bíblia. Histórias e alegorias de povos como egípcios, caldeus, babilônios, persas, assírios, budistas e brâmanes, são comparativamente vistos nos relatos dos livros da lei de Moisés, nos Profetas maiores e menores, nos Salmos, nos livros escatológicos de Daniel e Ezequiel como exemplos.   Essa versão em papiros e pergaminhos já tinha problemas, pois alguns conceitos do judaísmo foram alterados devido terem origem em tradições orientais, que na época eram consideradas “pagãs”. Hoje o estudo da antropologia sociológica discute o termo paganismo, reconhecendo que o estereótipo do passado quanto a ele, já não tem valor na historiografia como conceito de pertinência negativa. Assim para efeito de estudo sistemática das religiões o paganismo é hoje considerado tradição incorporada positivamente pelos povos ocidentais, contribuindo para a formação do caráter sócio comportamental do espírito do homem do ocidente. As diferenças e distâncias de tradições e culturas pelo menos na investigação acadêmica tem diminuído, isso possibilita a valorização do homem em sua completude mente e corpo, alma e espírito. Posteriormente veio um personagem muito conhecido no Catolicismo, isso no século IV depois de Cristo, chamado Jerônimo (347-420). São Jerônimo um erudito, teólogo e intelectual conhecedor das línguas originais hebraico, grego e latim, a pedido de um bispo do alto clero romano, foi convidado para traduzir a Bíblia do hebraico (Antigo Testamento) e grego (Novo Testamento), que a época era a língua mais usado no (universidade, conventos e mosteiros) mundo acadêmico. Jerônimo também teve o prazer de traduzir para o latim (do povo) corrente, os oitenta e dois livros apócrifos que à época eram considerados canônicos. Um trabalho realizado pelo que consta apenas por ele (comumente chamado de Tradução Vulgata), nos últimos dez anos de sua vida. Penso que logicamente há mais autenticidade acadêmica na tradução do Antigo Testamento realizada por um grupo de pessoas, do que o Novo Testamento feita por um único indivíduo. Tendo um material maior para seu manuseio e complexidade de temas que envolvia a filosofia gnóstica, impregnada de seus conceitos nas epístolas Paulinas. O gnosticismo era aceito e praticado pelos cristãos primitivos que conheciam seu fundamento, aplicando-se ao conhecimento de mundo, ser e coisas dentro de uma espiritualidade eclética e diversificada. Assim, gnosis é uma palavra grega que significa conhecimento. Diferente do conhecimento teórico e conceitual, o conhecimento gnóstico é aquele adquirido pela experiência individual, direta e transcendente. É um conhecimento intuitivo a respeito da natureza de Deus e de seus Mistérios, de ordem totalmente diferente daquele conhecimento sobre os aspectos do mundo material, obtidos e elaborados através de processos racionais e especulativos. Uma vez que todo ser humano é capaz de adquirir esta gnosis mediante determinados processos e princípios fundamentais, ela é universal e eterna, tendo sido alcançada por indivíduos iluminados de todas as épocas e culturas. Em todas as civilizações, os princípios fundamentais tem sido estudado e praticado por círculo esotérico e Escolas de Mistério, bem como difundida de maneira simbólica e ritualística através das formas religiosas populares ou exotéricas. O estudo das religiões comparadas demonstra que, todas as formas religiosas em seus aspectos exotéricos e esotéricos derivam da experiência da gnosi. O conhecimento dos Mistérios Divinos foi buscado nas pirâmides do Egito, nos ensinamentos metafísicos e psicológicos da Índia e China, nos templos da Roma antiga e da Grécia clássica, entre as ricas mitologias dos povos Celtas, Nórdicos e Germânicos. Nos pátios empedrados dos Maias, Astecas, Incas e no Hermetismo Clássico e Medieval, expresso através da astrologia, alquimia e Cabala. Historicamente a gnosis tem sido considerada um fenômeno exclusivo do movimento religioso surgido acerca de dois mil anos chamado de Gnosticismo. Esta atitude conceitual impôs limites à compreensão tanto da Gnosis quanto do Gnosticismo, já que confinou tais termos a uma determinada latitude e a uma época específica. Além disso, a visão do Gnosticismo como heresia cristã,obstruí a clareza de percepção da Gnosi eterna e universal. Nos dias atuais, a Gnosis se manifesta através de um novo gnosticismo, uma nova forma gnóstica dotada de uma linguagem renovada e atual, ao mesmo tempo em que preserva os fundamentos das tradições antigas. Este Gnosticismo Contemporâneo foi estruturado pelo grande mestre gnóstico do século XX Samael Aun Weor (1917-1977), quem constituiu um poderoso Movimento Gnóstico, hoje espalhado por todas as partes do planeta. Não que subestimemos a erudição de São Jerônimo, mas historicamente a Tradução Vulgata foi  mais alterada em seus textos originais (omissão e acréscimo), pois houve a necessidade de adequar o texto Sagrado aos novos conceitos que eram praticados pelo Cristianismo Primitivo emergente. Nossa Bíblia Sagrada era para ser bem mais volumosa. Outro episódio marcante foi a castração dos livros apócrifos (Concílio de Calcedônia realizado entre os dias 8 de outubro a 1º de novembro de 451) feita com critério teológico, desprezando os costumes e usos que os cristãos primitivos já haviam incorporado em seus cotidianos. Isso causou grande frustração entre  os primeiros cristãos (séculos I a V) que esperavam pela aprovação da maioria dos livros que inclusive eram lidos nas comunidades e ensinados as crianças como literatura histórica e religiosas. Muitos deles eram o legado oriental de culturas e tradições (gnosi) mescladas aos costumes dos cristãos primitivos que não convinham aos interesses da Igreja Romana. Assim, muitas doutrinas cristãs foram excluídas do credo religioso e a grande maioria dos livros apócrifos foram banidos para sempre como literatura sacra. Apenas sete sobreviveram a esse extermínio literário (Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria, Baruque e Eclesiástico além de alguns acréscimos no livro de Daniel e Ester não aceitos, pelos Protestantes ou Evangélicos como livros inspirados). Agradecemos ao Catolicismo por esse pequeno ato benevolente de permitir em seu escopo Sagrado (versões católicas) esses sete livro de tradições milenares.  Esse foi um dos motivos do Cisma da Igreja Católica. Os apócrifos (alguns) existem hoje na clandestinidade e muito foram incorporados as facções (Copta, Armênia, Jerusalém, Alexandria e Constantinopla) da Igreja Católica do Oriente. O Catolicismo não é mais uma unidade institucional desde o ano de 1054, quando as referidas igrejas orientais se retiraram do comando de Roma por inúmeras divergências doutrinárias e políticas. Nelson, acho que distanciei-me do tema, mas é bom contextualizar os fatos com a historicidade, produz uma verossimilhança argumentativa. Abraço. Davi.       

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