segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Livro Uma Palavra de Amor. Witness Lee (1905-1997). Parte I.

Oi! Nelson. Conclui a leitura do livro Uma Palavra de Amor. Teve um inconveniente e peço desculpas pelo fato pois fiz algumas notas apócrifas no pé das páginas e margens esquerdas e direitas de seu livro. Elas me ajudam nos comentários quando vou redigi-los. Witness Lee (1905-1997) foi um cristão proeminente em seus esboços teológicos. Apesar de muito criticado por sua doutrina centrada num sistema particular de conhecimento bíblico, com argumentos de João Calvino (1509-1564) que dizem respeito a predestinação e as ponderações de Jacó Armínio (1560-1609) sobre o livre arbítrio. Ele soube se impor dentro de um ambiente cristão voltado para um coletivismo planetário onde a igreja local representa a cobertura global de todas as pessoas que ingressam em suas fileiras. Sem dúvida a obra literária de W. Lee é gigantesca (publicação de centenas de livros), tendo como seu espelho o mestre  Watchman Lee (1903-1972), um piedoso cristão erudito no saber espiritual de vida casta e profunda consagração com a Divindade Suprema. Não quero passar a impressão de estar fazendo uma avaliação do arcabouço doutrinário da obra ministerial do irmão W. Lee. O Movimento Espiritual (igrejas locais) criado por ele, junto com seu mestre como sabemos continua firme e progredindo dentro do propósito que foi elaborado a talvez umas cinco décadas (1960) atrás, tomando como referencia as primeiras mensagens proferidas por W. Lee quando chegou ao Texas -  USA. Não estou entrando no mérito dos primórdios dos conceitos advindo do Watchman Nee, não sendo essa a intenção. Estive por lá aproximadamente duas décadas (1991-2010) uma experiência que balanceando os prós e contra considero positiva na minha jornada cristã. Também aqui não cabe explicar os propósitos por que me desliguei desse movimento religioso, mas cada um de nós em determinados momentos da vida faz suas escolhas deliberando aquilo que julga melhor para sua caminhada espiritual. Considero como estações (lembra que o povo de Israel no deserto fez quarenta paradas antes de chegar a terra prometida) que temos que passar para continuar evoluindo ou as vezes involuindo nesse nosso regresso para a Casa do Pai de onde todos nós saímos e inexoravelmente um dia retornaremos. Assim a ideia aqui não é colocar em julgamento a doutrina de Witness Lee mensurando o certo ou errado, mas dentro da nova perspectiva espiritual que estamos vivendo refletir "criticamente" alguns pontos que estão relatados no livro, sendo hipóteses e opiniões sem a pretensão de confirmação exegética ou hermenêutica. Colocarei os pontos do livro que desejo ponderar entre aspas, e a seguir farei alguns comentários. Assim começamos. "Se cada crente regenerado desse um fruto por ano, em menos de vinte anos todo o mundo estaria salvo". A ideia do proselitismo como instrumento de aumentar o número de membros do movimento, estendendo-se para todo o mundo. Uma pretensão universal de salvação onde só o grupo parece dispor dessa prerrogativa. Interessante que esse discipulado também inclui o cristianismo de um modo geral, como se eles não fossem convertidos a Cristo. "Isso é uma vergonha para os cristãos" É colocado nos ombros dos membros um insuportável peso (cobrança) que os enche de culpa e medo, pois esse "desse um fruto" age como fustigador, impondo o estereótipo do visionário. "Os evangelistas no cristianismo fazem grandes campanhas de evangelização". A preocupação com a quantidade de adeptos no movimentos. Quanto maior o número o Senhor Jesus está abençoando, do contrário perdemos a bênção. "Os grupos vitais visam dar frutos. Eles são para ganhar pessoas". Esses pequenos ajuntamentos (grupos familiares) quando entrei no movimento achei uma grande novidade, havendo um ambiente menos carregado do dogmatismo ideológico onde os irmãos compartilhavam as necessidade humanas, saindo da esfera rigidamente espiritual. Mas com o tempo tornou-se um instrumento de promoção das doutrinas para pescar pessoas para o aquário da igreja local. "Dois grandes grupos heréticos nos USA, os mórmons e os testemunhas de Jeová". Ao mesmo tempo que elogia os dois movimentos espirituais citados os considerada como heresia. O elogio é quanto a pregar o evangelho batendo as portas das pessoas levando-as a receber a fé. A crítica é condená-los dentro da órbita do cristianismo como heresia. Discordo desse ponto de vista do autor do livro, pois hoje essa palavra heresia é discutida nos seminários teológicos (protestantes e católicos), não tendo mais a antiga carga negativa do passado medieval. Sendo inclusive um termo inapropriado em muitos casos pois ele passa pelo crivo dogmática da doutrina exotérica do movimento que tenta se afirmar como verdade cristã ou ideologia teológica. Os estudiosos mais criteriosos não ousam julgar taxativamente aquilo que é heterodoxia. "A primeira divisão entre eles foi entre John Nelson Darby (1800-1882) e George Muller (1805-1898), por causa de uma diferença de opiniões. Darby dizia que todos os irmãos que permanecem nas denominações são parceiros do Mal". Esses foram dentre outros os fundadores dos chamados Irmãos Unidos. Imaginar que Darby tinha esse conceito excludente (cristãos denominacionais eram parceiros do mal), dói em nossa consciência. Mas o movimento das igrejas locais nos anos 90 quando ingressei tinham essa política de (discriminação) aversão aos grupos cristãos. Era enfatizado não participar da mesa (Ceia) do Senhor dos demais cristãos, pois era a mesa da divisão e por analogia a mesa dos demônios. Eles também não estavam situados na base da localidade (igreja na cidade) sendo divisivos e fora da unidade do corpo de Cristo. Assim todo um argumento filosófico teológico foi construído para blindar esses irmãos contra os grupos cristãos, levando-os a "cruzadas" espirituais, movimentos ativistas para trazê-los ás fileiras das igrejas locais também denominadas de a restauração do Senhor. "Há muitos crentes que não somente são salvos e regenerados, mas também amam o Senhor". Lembrando que estamos no universo do cristianismo, não existindo a possibilidade de crente de outras religiões (budistas, hinduístas, confuncionístas, xintoístas, bramanistas, islamismo e judaísmo) serem salvos, para isso sendo necessários aceitarem Jesus convertendo-se ao cristianismo. Hoje percebo que a salvação eterna está ao nível individual, disponível em todas as religiões e também fora delas, basta o discípulo tomar posição de evoluir em seu processo espiritual procurando desenvolver suas virtudes e mérito substituindo seus vícios e pecados por atitudes de abnegação e altruísmo, alcançando a elevação mística com a Alma Divina. A redenção da alma humana não se resume ao cristianismo, mas está presente em todas as espiritualidades e tradições religiosas, sendo universal em suas diferenças e idiossincrasias. "Minha mãe não era salva; ela era meramente uma cristã nominal". Difícil entender esse argumento de W. Lee; que critério foi usado para decidir se sua mãe era ou não salva. Esse é o problema quando temos apenas um método de receber a salvação. No cristianismo o referencial é aceitar a Jesus como seu suficiente salvador e redentor, dando um sinal com a mão, ou se ajoelhando reverentemente diante de um ministro do evangelho. No caso da igreja local, invocando o nome do Senhor Jesus. São vários modos, mas o princípio é o mesmo como visto. Parece que sua mãe não testemunhou publicamente sua fé cristã, por isso W. Lee diz que ela não foi salva. "Os arminianos dizem que podemos ser salvos pela manhã e perder a salvação a tarde". Essa questão de se perder a salvação ou não é uma confusão advinda das desencontradas doutrinas cristãs que na sua maioria não têm unanimidades, talvez por coincidir no aspecto do coletivismo universal onde pra ser salvo a pessoa tem que imprescindivelmente passar por outra pessoa. Não sendo assim diretamente o responsável pelo seu processo redentivo, criando o vácuo existencial de que não devo pagar (quitar) minhas próprias dívidas que contraí com as práticas de vícios e pecados em minha vida atual. "Somos gratos ao Senhor por termos as casas de irmãos e de irmãs como anzóis e porque alguns jovens foram fisgados". Um período que chega a ser hilariante, pois usasse as repúblicas universitárias criadas pelo movimento espiritual igreja local ou árvore da vida para fisgar ou pescar as pessoas para suas fileiras, introduzindo-as num processo inicial de discipulado. Mas o argumento é totalmente cristão pois é dito: "Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens". "Um dia o local três da igreja em Taipé - China Nacionalista (mais conhecida como Taiwuan) teve uma comunhão". A igreja local ou Árvore da vida procura esconder que não tem hierarquia clerical ou postos de lideranças entre seus membros. Mas quando somos agregados no movimento, com o tempo começamos a discernir os líderes locais, estaduais, regionais, nacionais e os internacionais. Também há lutas políticas, mesmo veladas entre os membros por posições de destaque e proeminência, coisas que se tentam esconder da maioria dos irmãos associados. "Precisamos de uma visão clara". A ideia do visionário foi sempre explorada desde o início do movimento. Quando eu frequentava era enfatizado a visão da igreja, o propósito eterno de Deus em ter um único corpo de Cristo em toda a terra, sendo necessário se desdobrar física e espiritualmente para se cumprir esse desejo precípuo e iminente. Acontece que o corpo de Cristo deveria ter como cabeça a igreja local ou Árvore da Vida que conduziria todos os cristão de todas as denominações, incluindo os católicos para reinarem com Cristo durante o reino milenar que segundo interpretações conservadoras das Escrituras Sagradas em "breve" será estabelecido na terra. "Até mesmo o treinamento para tempo integral de dois anos faz uma grande diferença". O movimento da igreja local em 2005 acabou se dividindo formando dois grupos. Primeiro é o chamado Living Stream Ministry considerados por eles mesmos como a autêntica vida da igreja tendo como instituidores os irmãos Watchman Nee e Witness Lee. Atualmente dirigidos por um corpo de presbíteros e cooperadores. O segundo grupo é a igreja Árvore da Vida considerado uma dissidência  pelos irmãos dos USA. É liderado pelo irmão Dong Yu Lan (1920-    ) que está em plena atividade espiritual, ministrando as palestras (mensagens do mover aual) nas chamadas conferências regionais nos Estados Brasileiros e internacionais na Estância Árvore da vida em Sumaré - SP. Esse irmão na época teve coragem de "enfrentar" questionando o  comando central em Anaheim - Califórnia, assumindo seu próprio movimento e quebrando um dos principais fundamentos espirituais que era a unidade do corpo de Cristo. Hoje a obra da igreja Árvore da vida tem-se consolidado a nível de Brasil e América do Sul para contrariedade dos irmãos americanos que acabaram perdendo o comando do "mover" em toda a terra. É triste estas situações que surgem, mas quando as ideologias teológicas assumem status de verdades absolutas começa-se um processo de deterioração de princípios que estavam alicerçados debaixo da moral e ética cristã, dando lugar ao ativismo, promoção de eventos e envolvimentos da grande massa dos agregados nos chamados "moveres" do Senhor para a propagação e expansão do evangelho do reino. Os chamados treinamentos de tempo integral tem o objetivo de formar os obreiros nas doutrinas básicas do movimento para que estes possam executar a tarefa de expandir as igrejas locais por todas as regiões da terra. Na igreja Árvore da Vida há os chamados CEAPES que são os centros de aperfeiçoamento para a propagação do evangelho do reino com os mesmos fundamentos de proselitismo para conquistas todas as cidades da terra estabelecendo a única base da unidade cristã. Continuamos na parte II. Abraço. Davi.

Um comentário:

  1. Em cidades imensas, com milhões de habitantes, como São Paulo e Rio de Janeiro, existe apenas uma única IGREJA LOCAL pra cada uma das cidades ou pode haver ramificações.

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