quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

INTRODUÇÃO I - Parte I

 

Judaísmo. Livro Portal das Reencarnações. Por Rabino Isaac Luria (1532-1572). Tradução do Rabino Joseph Saltoun. INTRODUÇÃO I – Parte I. A reencarnação é um estudo profundo da evolução espiritual da consciência humana. Como o Ari explica, citando partes do Talmud, existem cinco níveis básicos da inteligência humana, veja acima na tabela 1. A evolução e o desenvolvimento humano envolvem um crescimento gradual, espiritual e físico, passo a passo, de um nível para o outro. Este processo pode ser governado, por um lado, pelas leis da natureza, que são impostas sobre o homem ou, por outro lado, pelo livre-arbítrio. A principal intenção deste livro é expor essas leis, a fim de permitir que o homem pratique seu livre-arbítrio e participe conscientemente no processo de sua própria evolução. Todos conhecem a Teoria da Evolução de Darwin, que explica o processo de evolução do corpo físico do homem. Mas as questões são: Quais são as origens da inteligência humana? A lei da seleção natural pode ser controlada? O homem pode conscientemente navegar ao topo da escada da evolução ou ele só é regido pelas leis da natureza? A reencarnação não tem a ver somente com vidas passadas. É também sobre como conduzir-nos no presente e futuro. Estudar o processo de evolução humana através da reencarnação e compreender os níveis de inteligência humana e sua origem, não só melhora a nossa compreensão de nós mesmos, como também pode apressar este processo e oferecer controle sobre o nosso destino. Isso porque tudo o que acontece em nossa vida segue a lei básica de causa e efeito. Consequentemente, nada acontece por acaso. Reconhecer a causa principal dá a possibilidade de modificar o efeito. É assim que o ser humano exerce o seu livre-arbítrio. Evoluir sendo regido pelas leis da seleção natural envolve dor e sofrimento, morte e nascimento, e uma vida vivida sem consciência e sem livre-arbítrio. Uma profunda compreensão das leis espirituais, que regem a nossa alma-consciência, pode nos libertar do caminho da dor e levar-nos ao caminho do prazer. A justiça divina e a compreensão da Vontade do Divino têm sido um grande desafio para o homem, se não o maior deles. O versículo que aparece em Deuteronômio 29,28 diz: “As coisas ocultas pertencem a Adonai, nosso Elohim. Porém, as reveladas pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para cumprir todas as palavras desta Torá”. Isso pode nos dar ainda mais desânimo na tentativa de compreender a Vontade Divina, pois se as coisas ocultas pertencem apenas ao Santíssimo, como então podemos seguir todas as palavras desta Torá sem entendermos o motivo delas? A reencarnação explica as coisas ocultas, que se estendem para além das nossas expectativas lógicas, que são baseadas em nossa percepção física. Ela nos permite participar das “coisas ocultas’ e entender as leis cósmicas que regem a consciência da nossa alma. Nada é um mistério, tudo tem uma razão, mesmo que esteja oculto de nossa percepção atual. Nesta primeira introdução, o Ari apresenta os níveis da alma (Neshamá) e os seus nomes. Recomenda-se aprender os seus nomes em hebraico, por causa do significado preciso que cada nome representa em relação ao seu nível específico. Assim, de baixo para cima, a Néfesh, que pode ser traduzida como os poderes instintivos e impulsivos do ser humano, é a parte mais baixa da alma, e é como a Bíblia diz: “(...) porque o sangue é a Néfesh” Deuteronômio 12,23. Isto significa que o sangue é o elemento físico do corpo humano que conecta o mundo da matéria com o espírito. Tirar todo o sangue físico do corpo provoca a morte. O nível de consciência de Néfesh está relacionado com nossas necessidades básicas e instintivo de sobrevivência. Caçar e consumir outros seres vivos para sustentar o nosso corpo. Adquirir riquezas físicas e posses para se sentir seguro e protegido, satisfazer desejos luxuriosos, de sexo e de prazer etc. Moralmente, é, portanto, mais provável que a Néfesh leve uma pessoa a sucumbir a suas fraquezas e cometer pecados. Esses pecados podem ser vistos como atos que prejudicam a pessoa e seu companheiro. Poderíamos comparar o termo Néfesh com o termo anima descrito por Aristóteles, sendo a percepção do eu através dos sentidos, consciência de si, e a auto moção. Já para Jung, o anima e o animus, masculino e feminino, são descritos como elementos de sua teoria do inconsciente coletivo, um domínio do inconsciente que transcende a psique pessoal. Ela pode ser entendida como a consciência e o autoconhecimento que uma pessoa tem de ser e de se tornar uma parte do todo. Ela pode dormente ou desperta. Cabalisticamente falando, é o Ruach, Espírito, de cima, que desperta a Néfesh. O Rúach, traduzido como Espírito, é o próximo nível. É aqui que a pessoa se torna “espiritual”. A primeira centelha de consciência espiritual aparece quando o homem faz as perguntas mais básicas: Por que estou vivo? Qual é o sentido da vida? Há um propósito para eu viver? Há alguém lá fora olhando para mim? Estas questões levam o homem a pensar, contemplar e aspirar pelos estudos superiores de vida. Filosofia, astrologia, meditação, sabedoria esotérica, tudo em uma tentativa de desmistificar o mistério de sua própria existência. As respostas estão dentro de nós! O Rúach, Espírito, serve como um intermediário entre a Néfesh e a Neshamá, Alma. Em geral, o Rúach ajuda a Néfesh em sua constante luta para escolher entre o bem e o mal. A Neshamá, Alma, é um nível muito alto de consciência que reside no paraíso. Ele não passa pelos ciclos de reencarnação. Ela não sofre os altos e baixos que o corpo atravessa. Ela se conecta com a pessoa uma vez que ela corrigiu os dois primeiros níveis de Néfesh e Rúach. Os outros dois níveis, Chaiá, forma viva e Iechida, unidade, não participaram no pecado de Adão, em hebraico Adam, assim, as leis da reencarnação também não se aplicam a eles. Isto nos ensina que as leis da reencarnação surgiram no Universo para ajudar o homem corrigir o pecado de Adão. Esta é a origem da palavra Ticun em hebraico, que significa corrigir. Isso vale embora estas duas partes não estejam inclusas no processo geral do Tucun. Para uma compreensão mais simples e prática dos níveis da alma, por favor, consulte a Tabela n° 3. Rabino Isaac Luria (1534-1572), Há’ Ari Há-Cadosh: Vamos começar falando sobre o que os nossos Sábios, de abençoada memória, disseram, de que a alma, Neshamá, Chaiá e Iechida ou em resumo NaRaNCHal. Para ter uma visão mais clara disso, por favor, consulte a Tabela n°1. Nós podemos nos perguntar de onde é que os níveis da alma, conhecidos como “luzes”, surgiram? As origens dos níveis da alma vêm do infinito, conhecido como Ein Sof. Depois que o Tsimbsum ocorreu, o Receptáculo criado, receptor da Luz do Criador, rejeitou a abundância infinita do Ein Sof e voluntariamente saiu do Infinito. Esta ação causou a descida gradual tanto do Receptáculo como da Luz para a dimensão dos mundos. A descida do Receptáculo causou o aparecimento dos mundos, enquanto a da Luz, o aparecimento das “Luzes”. Para um estudo mais profundo sobre este assunto, consulte o Talmud Esser HaSefirot (Estudo das Dez Emanações), do Rabino Iehuda Ashlag. E não há dúvidas de que estas partes não possuem nomes por acaso. Saiba que a pessoa de fato é o elemento espiritual que fica dentro de um corpo, e o corpo nada mais é do que uma vestimenta para a pessoa real, e não a pessoa em si. É por isso que no Zohar se diz que o homem conecta e une todo os quatro mundos. Emanação, Atsiluf, Criação, Beriá, Formação, Ietsirá e Ação, Assiá, porque nele existem partes de todos estes quatro mundos. Sendo que cada uma dessas partes é designada por um dos cinco nomes mencionados anteriormente: NaRaNCHal, como será explicado. Uma pessoa não adquire todos os níveis de sua alma, Neshamá, de uma só vez,mas de acordo com o mérito. Então, primeiro a pessoa recebe o nível mais baixo deles, que é chamado Nésfesh. Depois, se merecer mais, ela também adquire o Rúach. Tudo isso é conforme o que está explicado em algumas partes do Zohar, como Porção Semanal de Vaiechi e, parcialmente, na Terumá. E especialmente no início da Porção Semanal de Mishpatim: “Quando a pessoa nasce, ela recebe uma Néfesh etc”. E agora que explicamos isso, é preciso falar um pouco, de maneira introdutória, sobre o assunto trazido aqui. O tema de Néfesh, Rúach e Neshamá, bem como a divisão da alma segundo os nosso Sábios, já foi explicado em detalhes no Shaar Hapessukim – Portão dos versículos, quando se falou do versículo: “E sua mãe fazia-lhe uma túnica pequena”. Isso também foi explicado no Shaar Hamitsvot – Portão dos Preceitos, na Porção Semanal de Vaiechi, quando se falou das leis do luto. E falaremos mais disso ... Saiba, que toda Néfesh é do mundo de Assià. Todo Rúach é do mundo de Ietsirá e toda Neshamá é do mundo de Beriá. No entanto, a maioria das pessoas não tem as cinco partes da alma, chamadas de NaRaNChal, mas apenas a Néfesh, que é de Assiá. No entanto, mesmo nela existem diversos níveis, pois o próprio mundo de Assiá também se divide em cinco Partsufim, chamados: Arich Anpin, Face Longa, Aba, Pai, Ima, Mãe, Zachar, Pequena Face, Aspecto Masculino e Nucvá, Aspecto Feminino. Antes de a pessoa ter mérito para poder adquirir seu Rúach, que é do mundo de Ietsirá. Ela precisa estar completa em todos os cinco Partsufim da Néfesh que é Assiá. E mesmo sabendo que existem pessoas cuja Néfesh é de Malchut de Assiá e outra cuja Néfesh é de Iessód de Assiá etc. Independente disso, cada pessoa tem o dever de corrigir todo o mundo de Assiá, e só depois disso a pessoa consegue receber o seu Rúach, que é de Ietsirá, já que o mundo de Ietsirá é maior do que todo o mundo de Assiá. Isso segue e, portanto, de modo similar, para poder adquirir a Neshamá, que é do mundo de Beriá, a pessoa precisa corrigir todas as partes do seu Rúach, em todo o mundo de Ietsirá. Depois, a pessoa pode receber a Neshamá, que é de Beria. Não basta retificar apenas o local específico que é a Raiz de sua alma. Mas a pessoa tem que corrigir as coisas da maneira mencionada, até ser digna de receber todo o mundo de Assiá. E aí, então, ela pode receber o Rúach de Ietsirá. E desse modo ela segue por todos os mundos. Abraço. Davi.

 

 

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