O judaísmo desde
seus primórdios aceita com naturalidade a doutrina da reencarnação. Os estudos
sobre esse tema envolvem a Toráh, os cinco primeiros livros da lei, e o Talmud,
os registros das discussões rabínicas pertencentes a lei, ética, costumes e história
do povo judeus. Também nas Yeshivas, academias rabínicas, o tema se aprofunda
no esoterismo da Cabala. As comunidades e sinagogas em Israel e as espalhadas
pelo mundo incorporaram essa abordagem em sua sociedade e
cultura. Do Livro O PORTAL DAS REENCARNAÇÕES. Introdução 8 e 9.
Escrito pelo famoso rabino Issac Luria, o Ari (1534-1572), páginas 73 a 77.
Tradução e comentário rabino Joseph Saltoun. Introdução 8. Nesta introdução o
Rabi Isaac Luria, o Ari, explica os motivos para a reencarnação. Além dos diferentes
motivos que têm a ver com a retificação dos pecados anteriores, cometidos em
vidas passadas, uma alma pode reencarnar por motivos ligados à sua alma gêmea.
Saiba, que existem diversos motivos para as almas reencarnarem. O primeiro é
porque a pessoa pecou, isto é, cometeu uma transgressão da Toráh e então ela
deve voltar para retificação. O segundo é para ela cumprir um preceito, uma
Mitsvá, que não tinha sido completado antes. Um terceiro motivo é quando a
pessoa volta por causa de outras pessoas, para guiá-las e corrigi-las. No
primeiro caso, a pessoa pode facilmente pecar novamente, já que originalmente
ela já havia cometido uma transgressão. No segundo caso, ela tem menos
probabilidade de pecar. No terceiro, certamente ela não peca. Existem ainda
outros motivos. As vezes uma pessoa reencarna para encontrar com sua alma
gêmea, já que ela não teve méritos para fazer isso na primeira encarnação. As
vezes pode ser que a pessoa já encontrou com sua alma gêmea, mas ela pecou e,
portanto, deve reencarnar para correção, como explicado anteriormente. Nesse
caso, a pessoa volta sozinha, como o Saba de Mishpatim disse no livro Zohar da
Cabala: Êxodo 21:3 “Se entrou só como o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se
ele era homem casado, sua mulher sairá com ele”. As vezes a pessoa tem mérito e
mesmo que a mulher não precise reencarnar, ela volta com ele. Esse é o segredo
do versículo “se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele”. As vezes a
pessoa não tem o mérito de receber sua alma gêmea na primeira vez, mas uma
mulher lhe é dada de acordo com seus atos. Assim, dentre as almas de todas as
mulheres do mundo, não há nenhuma que lhe seja tão próxima quanto a dessa
mulher escolhida, mesmo que ela não seja de fato sua alma gêmea. Quando o home
peca e reencarna, ele volta com essa mulher, mesmo que ela não precise
reencarnar por si mesma, e mesmo que ela não seja sua verdadeira alma gêmea.
Mais do que isso, saiba que existem algumas raízes de almas que caíram nas
Klipot, elas junto com suas almas gêmeas femininas. Pode ocorrer de o homem
conseguir sair das Klipot para este mundo, sendo que sua consorte feminina não
consegue sair de lá até o Messias chegar. Elas estão afundadas e sob influência
do aspecto feminino da Klipá. Eu esqueci se o nome do aspecto feminino da Klipá
é Igrit, filha de Machlat, ou Naamá, mãe dos demônios. Na verdade, todas as
almas femininas de todas a raiz de Hur, hebraico Chur, filho de Miriam, não
conseguem sair de lá até que o Messias venha. Eu acredito ter ouvido do meu
mestre, que Aarão, hebraico Aharon, o sacerdote, não se casou com sua alma
gêmea, já que ele era próximo da raiz de alma de Chur, filho de Miriam, sua
irmã, como é sabido entre nós. Introdução 9. Nesta introdução o Ari
discorre sobre o seguinte: A obrigação de reencarnar se aplica aos homens e não
as mulheres. Mulheres, ou almas femininas, podem reencarnar por livre-arbítrio
para ajudar a sua alma gêmea, ou pode ser que nem seja a alma gêmea do homem.
No entanto, ela reencarna por sua causa. O Guehinóm, purgatório, não é um
castigo. É um lugar de purificação. O estudo da Toráh isenta as almas
masculinas de entrar no Guehinóm. Almas masculinas podem reencarnar em corpos
femininos e vice-versa. Isso explica o caso de homossexuais masculinos e
femininos. Esta introdução tem a ver com uma das quatrocentas perguntas que
Doeg e Achitofel fizeram sobre a Torre flutuando no ar. No Talmud, este
conceito tornou-se um símbolo de perguntas ligadas a temas provocativos que
podem estar fora de contexto ou que não tem uma base factível. Doeg e Achitofel
eram gênios em seus estudos bíblicos, mas nem sempre eles usavam sua sabedoria
de forma ética, especialmente quando eles tentaram provar que a descendência do
rei David tinha sido contaminada por uma semente estranha e impura, referindo-se
Rute, a Moabita. Saiba que as reencarnações, na verdade, se aplicam somente aos
homens e não às mulheres. Esse é o significado secreto do versículo em
Eclesiastes 1:4 “Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre
permanece”. Uma geração vai, e outra geração vem refere-se aos homens, que
reencarnam. No entanto, as mulheres são chamadas de Terra, sendo que elas
perduram. Isto é, elas não voltam por meio da encarnação. A razão para isso é
que os homens cumprem o preceito do estudo da Toráh e, por conta disso, eles
não podem entrar no Guehinóm, já que o fogo do Guehinóm não os afeta é dito
sobre Elishá, filho de Abuia. Ele não foi julgado no Guehinóm porque tinha
aprendido toráh, mas também não lhe deram o Mundo Vindouro, pois ele tinha
pecado. Assim, os homens precisam reencarnar para apagar os seus pecados, em
vez de ir ao Guehinóm. As mulheres, por outro lado, que não tem obrigação de se
envolver com o estudo da Toráh, podem ir ao Guehinóm para apagar seus pecados,
e, portanto, não precisam reencarnar. Qual foi o pecado de Elishá ben Abuia?
Alguns dizem que ele viu a língua, do corpo, do justo Chtspit sendo arrastada
na rua pelos porcos. Ele lamentou e chorou: A boca que proferiu pérolas da
Toráh agora lambe o pó da terra. Depois disso, ele rejeitou a observância da
Toráh e se tornou um pecador; isso está dito no Tratado de Kidusin. Ele foi um
dos rabinos que entrou no Pardês, Poma; mas tornou-se um herege isso no Tratado
de Chaguigá. Apesar de as mulheres não precisarem reencarnar, as vezes elas
podem vir por meio do Ibur em uma mulher, junto com centelhas novas de almas
femininas. Saiba também que existe ainda outra possibilidade quando elas vem
por meio do Ibur em outra mulher. Se essa mulher conceber, engravidar e der à
luz uma menina, então a alma feminina que veio como Ibur pode reencarnar agora
como uma encarnação de fato na filha que acaba de nascer. Aqui o Ari está
antecipando um caso que deve ser explicado posteriormente. Saiba também, que as
vezes um homem pode reencarnar no corpo de uma mulher por causa de um pecado,
como o fato de ter relações homossexuais ou algo similar. Essa mulher que é uma
encarnação de alma de um homem não será capaz de conceber e de engravidar,
porque ela não tem a capacidade de elevar as Águas Femininas para receber a
gota das Águas Masculinas. Essa mulher, então, precisará de muito mérito para
poder engravidar e dar à luz. O único modo de fazer isto é se uma alma feminina
entrar nessa mulher pelo segredo do Ibur. E com a força da união dessa alma com
ela, ela vai conseguir elevar as Águas Femininas, conceber e dar à luz. No
entanto, ela não conseguirá dar à luz a filhos homens, por dois motivos, o
primeiro é que existe um versículo que diz em Levíticos 12:2 “Fala aos filhos
de Israel dizendo: Se uma mulher conceber e der a luz um menino, será imunda
sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda.
Enfermidade aqui lê-se menstruação. Porém, neste caso, a mulher está
funcionando como se fosse um homem, como se fosse seu marido, então ela não
poderá dar à luz meninos, mas somente meninas. O segundo motivo é que a alma
feminina que entrou nela só o fez por meio do Ibur, para ajudá-la a engravidar
e dar à luz. Uma vez que esta mulher der à luz, essa alma não precisa mais
ficar ali, pois não há mais motivo para isso. No momento em que ela der a luz,
aquela alma feminina do Ibur entra no feto como uma encarnação de fato, e não
como Ibur, como ocorreu antes. É por isso que a criança que vai nascer será
menina e não menino. Em resumo, qualquer mulher que tenha uma alma masculina
como explicado anteriormente, não poderá dar à luz meninos, mas apenas meninas.
A menina que nascer desta mulher terá a mesma alma feminina que originalmente
entrou na mulher por Ibur par ajudá-la. No entanto, se houver um grande mérito,
as vezes pode ser possível que no momento do nascimento da criança a alma
feminina que estava ali pelo segredo do Ibur vá embora e siga seu caminho e que
uma alma masculina entre no feto e a criança seja um menino. Se isso ocorrer,
depois será impossível a esta mulher dar à luz de novo, a não ser que a mesma
alma feminina volte como Ibur na mulher, como ocorreu de início. Portanto, se a
primeira criança que nasceu foi uma menina, essa menina terá que morrer, ela
morre, porque ela é a mesma alma que tem que voltar por Ibur na mãe mais uma
vez, e talvez a alma feminina consiga voltar como Ibur na mulher, como foi no
início. Ela então conceberá, engravidará, e dará a luz a uma filha cuja alma
será a alma feminina que estava ali como Ibur. Essa sequência, de Ibur e de
reencarnações, pode ocorrer diversas vezes. Essa é a lei que se aplica neste
caso sempre, No entanto, se a mulher deu à luz um menino, esta criança não
precisa morrer, porque a alma feminina que estava como Ibur na mãe se foi no momento
do nascimento, como mencionado anteriormente. Em seguida, essa alma feminina
deve voltar uma segunda vez como Ibur na mulher para que ela possa conceber e
dar a luz uma menina. Isso também exige grande mérito! As vezes também é
possível que, apesar de a primeira criança a nascer ser uma menina, ela não
precise morrer, pois é possível que uma alma feminina diferente entre no corpo
da mulher como Ibur, e ela conceberá e dará a luz uma menina. E essa alma
feminina, reencarnará no corpo dela, da menina, como se fosse uma encarnação de
fato. É possível que esses elementos sejam intercambiados desse modo gravidez
após gravidez, sempre que esta mulher conceber. No entanto, este fenômeno
também requer grande mérito e um poderoso milagre. Isso se dá por causa de uma
lição fundamental que nós sabemos no que diz respeito ao segredo do Ibur.
Nenhuma alma entra no corpo de um homem ou de uma mulher pelo segredo do Ibur
durante sua vida a não ser que haja uma grande afinidade entre ambos. Assim,
essa mulher que tem uma raiz de alma masculina precisa de um Ibur de uma alma
feminina. Essa alma feminina deve conter todas as qualidades que são
necessárias para este Ibur. Além, disso, ela deve ter uma afinidade ou
similaridade com a mulher. Consequentemente, isso exige um grande mérito e
ainda mais se for preciso que ela venha como Ibur várias vezes, como foi
explicado. E é um milagre ainda maior encontrar várias almas femininas com as
condições ideais para que possam vir como Ibur, cada uma separadamente e no
mesmo período, de vida da pessoa. Isso precisa, de fato, de muitos méritos e
grandes milagres! Livro O Portal das Reencarnações. Abraço. Davi.
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