Teosofia.
Por Ricardo Lindemann. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios.
Capítulo 25. I. DECLÍNIO E REGENERAÇÃO DAS RELIGIÕES. 1. Introdução. Este
trabalho visa a investigar, inicialmente, se a Religião, enquanto fenômeno
humano verificável, fundamenta-se numa experiência real de percepção ampliada
da realidade, ou se, em verdade, é um meio de fuga projetado pela mente em
busca de segurança e consolo. Para tanto, logo após ser feita uma breve
introdução à temática com caracterização das correntes de pensamento, desenvolver-se-á
uma análise de pressupostos e doutrinas comuns das religiões mais conhecidas,
com ênfase particular no Cristianismo. O que facilitará a investigação
histórica, devido à proximidade cultural e facilidade de obtenção de dados e
evidências. A partir dessa análise histórica, tentar-se-á descobrir se há,
realmente, evidências capazes de sustentar que alguma das hipóteses acima seja
a mais provável. 2 Religião: Realidade ou Fuga? Podemos considerar que, do
ponto de vista lógico clássico, há somente duas possibilidades: ou a Religião
se refere a um fato ou a uma fantasia. As duas alternativas são mutuamente
excludentes, incompatíveis, pois uma é a negação da outra. A primeira, de
ênfase espiritualista, afirma que existe uma realidade maior referida nas diversas
religiões. A segunda, de ênfase materialista, nega que exista essa realidade
maior, afirmando que ela não existe de fato. Mas é uma criação mental, um
sonho, uma fantasia, uma projeção psicológica de expectativas, enfim, um meio
de fuga da realidade concreta que nos cerca, e que é frequentemente dolorosa.
Ninguém nega, evidentemente, o fato sociológico e histórico que é a Religião,
que assume proporções universais, pois todas as civilizações tiveram religiões,
por mais diversas que fossem. Contudo, existem diversas tentativas de se
explicar esse fato, esse fenômeno humano que é a Religião. Mesmo que existam
esses diversos pensamentos, eles também podem ser classificados,
sinteticamente, em duas correntes ou inclinações básicas, segundo sua ênfase. A
primeira, que é a tese das Religiões Comparadas, tem uma ênfase espiritualista.
A segunda, que é a tese das Mitologias Comparadas, tem uma ênfase materialista.
Essas duas correntes investigaram a história das Religiões, pois elas se
assemelham por seus grandes ensinamentos, pela nobreza de caráter dos seus
fundadores, pelos símbolos que utilizam etc. Esse núcleo comum, que
consideraremos a seguir, evidenciam mesmo uma origem comum. As duas correntes
não divergem quanto a esses pontos, mas quanto à natureza dessa origem comum. A
Mitologia Comparada afirma que a origem comum das religiões é a ignorância
humana. A superstição comum seria a causa original tanto das religiões dos
povos selvagens e bárbaros quanto das mais transcendentes e metafisicamente
elaboradas religiões do mundo, que seriam apenas uma expressão mais
aperfeiçoada daquelas. Segundo esse ponto de vista, as grandes religiões teriam
surgido ao longo da história pelo aperfeiçoamento do animismo, do fetichismo,
do culto da Natureza, do Sol etc. Os deuses são meras personificações das
forças da Natureza, sendo um Krishna, um Buda ou um Cristo meros curandeiros
sofisticados pela civilização. Que enganam o povo boquiaberto com exibições
fraudulentas e nutrem as fantasias humanas com doutrinas consoladoras, que não
passam de atraentes fugas da realidade dolorosa que nos cerca. Tudo se resume a
dizer que morrer é o nosso destino, e qualquer sentido que se queira dar à vida
é mera fantasia, elaboração mental consoladora. A Religião Comparada afirma, em
contrapartida, que todas as religiões têm sua origem no ensinamento de “homens
divinos”, de homens que tinham sua percepção aberta para uma realidade maior,
transcendente aos cinco sentidos. E que, por meio do êxtase, conheciam a
realidade dos mundos invisíveis, das leis condicionantes do destino da alma em
vida e após a morte, da essência espiritual de todas as coisas. A origem comum
das religiões seria, então, a sabedoria divina, sendo que as religiões
selvagens, o animismo, o culto da Natureza etc. Seriam meras degenerescências
que resultariam de um processo de declínio, “de uma longa decadência,
modalidades desfiguradas de crenças religiosas verdadeiras”, como afirma Annie
Wood Besant (1847-1933). Delimitado como está o problema nessa divergência
quanto à natureza da origem das religiões, precisamos apenas investigar qual
das duas hipóteses está mais bem fundada nos fatos históricos. 3 Pressupostos
da Religião. Antes de iniciarmos diretamente uma investigação na história das
religiões, parece importante que tenhamos em mente, com clareza, o que a
própria Religião pressupõe. A palavra Religião, derivada do latim religio, que
por sua vez é derivada do verbo ligare, significa, literalmente, reunião,
religação. Portanto, a palavra Religião já pressupõe pelo menos duas coisas ou
seres de certa forma separados, que são então reunidos, religados. É
interessante citar que a palavra Yoga é derivada do radical sânscrito yuj, que
significa unir, jungir, ligar por carga ou jugo (derivado do latim jugu, que
lembra a raiz sânscrita yuj, da qual é provavelmente derivada). Assim, Yoga
significa união, sendo definida como união ou reunião do Jivatma com o
Paramatma, ou seja, da alma individual com a alma universal. Por esses
exemplos, poderíamos talvez concluir que a Religião pressupõe uma religação ou
reintegração da parte com o todo, quer se denomine a esses entes da alma
individual e Deus, eu pessoal e Eu Universal, criatura e Criador etc. Conforme
a época, nação, cultura e linguagem em que essas ideias de apresentarem ou nas
quais forem revestidas. 3.1 Ensinamentos Comuns das Religiões. Como mencionamos
anteriormente, é considerado com fato evidente e indiscutível, nos estudos
antropológicos, históricos e psicológicos das religiões em geral, que estas
possuem um núcleo ou base comum. Sobre esse tema já foram escritos inúmeros
tratados, tanto na linha das Mitologias Comparadas quanto na das Religiões
Comparadas. Por esse motivo, não é nossa intenção nos alongarmos sobre esse
ponto. Porém, algumas deduções intuitivas poderão se mostrar interessantes. Se
entendermos Religião como a reunião da alma individual com a Universal, da
parte com o todo, isso pressupõe a existência de uma relação entre ambos, que
inicialmente estão separados e posteriormente se reúnem. Ou talvez seja melhor
dizer que eram inicialmente unidos, estão temporariamente separados, mas podem
voltar a se unir: daí reunião. A lei que rege e harmoniza essa relação das
partes com o todo e das partes entre si é conhecida no Oriente como lei do
karma, ou lei de ação e reação, ou lei de causa e efeito. Nas escrituras
cristãs, ela está muito bem sintetizada pelo apóstolo Paulo em Gálatas 6,7 “Não
vos iludais, Deus não se deixa escarnecer: porque tudo o que o homem semear,
isso também ele colherá”. Já temos, assim, três elementos básicos oriundos da
nossa reflexão sobre a palavra Religião, a saber: 1º A alma individual,
considerada imortal nas diversas religiões, porque não seria afetada pela
transitoriedade da matéria. 2º A alma Universal, totalidade ou Deus, da qual a
individual é uma parte e, por isso, persiste a possibilidade da reunião ou
religião. 3º A lei que harmoniza essa relação da parte com o todo. Talvez
encontremos esses três elementos básicos, mais poeticamente elaborados, no
livro Luz no Caminho de Mabel Collins (1851-1927). Há três verdades que são
absolutas e não podem ficar perdidas, mas podem permanecer em silêncio por
falta de quem as proclame. I. A alma do homem é imortal e o seu futuro é o de
algo cujo crescimento e esplendor não tem limites. II. O princípio que dá vida
mora em nós e fora de nós. É imortal e eternamente benéfico, não é ouvido, nem
visto, nem apreendido pelo olfato. Mas pode ser percebido pelo homem desejoso
de o perceber. III. Cada homem é o seu absoluto legislador, o dispensador da
glória ou das trevas para si próprio. É o decretador de sua vida, recompensa e
punição. Estas verdades, grandes como a própria vida, são simples como a mente
do mais simples dos homens. Alimentai com elas os famintos. O Cristianismo,
particularmente, antropomorfizou muito a alma Universal ou “princípio que dá a
vida”, mas se nos lembrarmos das palavras de Cristo em João 10,34: “Não está
escrito na vossa escritura: Eu disse: Vós sois deuses?”. E que Cristo, como
Segunda Pessoa da Trindade, é universal porque Ele é “o primogênito de toda
criação, porque por Ele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na
Terra, visíveis e invisíveis ...” Então nos lembraremos que Cristo está em nós,
é o nosso íntimo que nos julga. Dessa forma, fica fácil compreender é a voz da
nossa consciência que nos pune, é o próprio Cristo interno cujo “futuro é o de
algo cujo crescimento e esplendor não têm limites”. Pois disse Paulo em Efésios
4,13 “Até que todos cheguemos ... a homem perfeito, à medida completa da
estatura de Cristo”. Seja como for, com mais ênfase num ponto ou outro, podemos
sempre encontrar, nos ensinamentos das diversas religiões, menção à alma
imortal do homem, a uma alma Universal ou princípio que dá vida e a uma lei que
rege a relação entre ambas, ou entre a parte e o todo, como se preferir. A
ênfase maior ou menor em cada ponto parece estar ligada a condicionantes de
passado cultural do povo em que aquela religião particular surgiu. 3.2 A
Religião e o Êxtase. Um dos pontos mais misteriosos da Religião, se a
entendermos como uma reunião ou reintegração da parte com o todo é o de que a
parte já está dentro do todo! Pois, se tudo que existe é o todo, as partes que
existirem só poderão existir dentro dele. Porém, então não poderia haver real
separação entre a parte e o todo! Como poderemos, se isso for verdadeiro,
entender uma reunião, uma Religião? Como pretenderemos reunir o que não está
separado? Devemos, então, concluir que há uma contradição inerente na Religião,
e, portanto, que ela está edificada sobre a pedra angular da ignorância humana,
da superstição, como sustenta a Mitologia Comparada? Não necessariamente. Tal
questionamento sobre a reunião da parte com o todo nos levaria a uma
contradição, caso nos esquecêssemos de que o nosso consciente não está
usualmente integrado harmonicamente com o nosso íntimo, que é a voz da
consciência, o todo em nós. Aliás, os seres humanos estão frequentemente em
conflito com o seu íntimo, não é verdade? Aí está justamente o núcleo dos
conflitos psicológicos ... Porém, se assim entendermos a relação do homem com a
divindade, o Cristo interno ou “em vós”, então a Religião passaria a ser,
estritamente falando, uma religação consciente com Deus! E isso é exatamente o
que os místicos têm chamado de êxtase, samadhi, satori etc. Seria uma ampliação
da percepção direta desse “princípio que dá a vida” que “mora em nós e fora de
nós”. Que não pode ser percebido pelos cinco sentidos. Mas que pode ser percebi
pelo êxtase. A própria razão de ser da Religião seria a busca da superação
desse estado de conflito, de vazio, que tanto pesa em nossa alma, pelo
descobrimento da plenitude da totalidade em nosso interior, através do êxtase,
da iluminação etc. Nesse sentido estrito, a Religião, ou reunião, é esse estado
ampliado da consciência em que o eu pessoal se funde com o Eu Universal, mesmo
que, em muitos casos, ele dure pouco tempo. Plotino (204-270), o neoplatônico
alexandrino do século III, refere-se assim ao êxtase. “Quando um homem é
arrebatado pela Divindade, ele perde a consciência de si mesmo. Quando
contempla o divino espetáculo que possui dentro de si,, contempla a si mesmo e
vê sua imagem embelezada. Por bela que seja, ele deve deixá-la de lado e
concentrar-se na Unidade, sem fazer nela nenhuma divisão. Então ele se torna
simultaneamente um e tudo com essa Divindade, a qual silenciosamente lhe
concede a Sua presença. Então o homem é unido à Divindade, na medida de seu
desejo e de sua capacidade. Se, conservando-se puro, ele voltar à dualidade,
permanecerá tão perto quanto possível da Divindade e gozará da divina Presença
tão logo se volte para Ela”. Sem o êxtase não há Religião, embora possa haver
cultos, ritos, dogmas, escrituras sagradas, instituições religiosas etc. Como
veremos, sem o êxtase as religiões entram em declínio. 4 O Fenômeno do Declínio.
Como disse Van der Leew (1890-1950) “Quando cessa a experiência da verdade viva
no interior da consciência do homem, ele é forçado a colocar sua fé na doutrina
exterior, substituindo assim a Realidade íntima. A verdade não pode ser
exteriorizada, não sendo algo de objetivo, não pode ser contida, mesmo
parcialmente, numa declaração ou num livro, por sublime que seja. A verdade é a
relação viva das coisas como são e só pode ser compreendida a partir do
interior. Desde o momento em que o homem, despojado da inspiração que é a voz
interior da verdade, celebra, e seu lugar, o ídolo falso que é o dogma, a luta
entre o misticismo ou inspiração e a ortodoxia ou dogmatismo está iniciada”. O
apostolo Paulo, que era um homem sábio, conhecia bem essas tendências dogmatizantes
da mente humana, pois as sintetizou em uma única frase lapidar em II Coríntios
3,6 “A letra mata, mas o espírito vivifica”, como dizia Jiddu Krishnamurti
(1895-1986) “A palavra não é a coisa. As ideias não são a verdade. A verdade é
algo que tem de ser experimentado diretamente, de momento a momento”.
Infelizmente, a verdade mística só pode ser alcançada pelo êxtase, e, como
vimos ao citar Plotino existem condições de capacidade e pureza para que este
seja alcançado. Só um homem puro e com enorme capacidade de concentração
meditativa pode alcançar o estado máximo de percepção interior que é o êxtase.
Só então o homem “é arrebatado pela Divindade”, perdendo “a consciência de si
mesmo”, como Plotino referiu. Quando Nenhum adepto de uma certa religião
consegue alcançar esse estado de percepção direta, os religiosos ficam
restritos à letra e às descrições feitas pelo seu fundador e seus discípulos
mais capazes. Ou seja, como disse o apóstolo, essa religião declinará ou
morrendo pelo apego à letra, e pela falta de vida que só o êxtase espiritual
pode produzir ou desvelar. Começam então as perseguições, o medo das heresias,
a fragmentação da religião em uma infinidade de seitas com diferentes linhas de
interpretação, o fanatismo etc. E esse é, infelizmente, o quadro de muitas
religiões do mundo, fato histórico e atual. Poderíamos citar inúmeros exemplos,
entre os quais está a guerra entre o Irã e o Iraque, decorrente da discordância
entre os xiitas e os sunitas, que são seguidores de diferentes seitas do
Islamismo etc. Preferiremos, contudo, citar um exemplo mais próximo de nossa
cultura: o Cristianismo. 4.1. O Caso do Cristianismo. Ao invés de investigarmos
os crimes que a Santa Inquisição fez em nome de Deus, ou das Cruzadas, que
mataram um número ainda maior de pessoas também em nome do Altíssimo. Ou das
lutas atuais na Irlanda entre protestantes e católicos, que seriam fonte de
terríveis evidências do declínio do Cristianismo, e que devem fazer com que seu
Sábio Fundador se compadeça dos seus ignorantes seguidores. Tentaremos
demonstrar com uns poucos indícios, aos quais temos acesso, a grandeza
espiritual de algumas linhas do Cristianismo primitivo. Há inúmeras passagens
nos evangelhos em que Cristo faz referência aos Mistérios que ele revela
somente aos seus discípulos escolhidos. Por exemplo: “E quando se achou só, os
que estavam junto dele com os doze interrogaram-no acerca da parábola. E ele
disse-lhes: a vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos
que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas: para que, vendo
vejam, e não percebam, e ouvindo, ouçam e não entendam ... Marcos 4,10-12”. “E
com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo estavam aptos a
ouvi-la. E sem parábolas nunca lhes falava; mas quando estavam a sós, ele
expunha todas as coisas aos seus discípulos. Marcos 4,33-34”. Comparemos essas
passagens com esta de Clemente de Alexandria (150-213), na Stromata: “A pureza
não é mais que um estado passivo útil, principalmente com condição para
adquirir o conhecimento. Aquele que foi purificado no batismo e logo iniciado
nos Mistérios Menores adquiriu, por assim dizer, o hábito da reflexão e o
domínio de si mesmo. E se encontra maduro para os Mistérios Maiores, para a
Epopeia ou Gnosis, ou o conhecimento científico de Deus”. Lembrando que
Clemente era Padre da Igreja Cristã de Alexandria, poderíamos perguntar quantos
padre de hoje admitem que os Mistérios Cristãos tenham ao menos existidos?
“Agora, em resposta a tais declarações, afirmamos que não é a mesma coisa
convidar à cura os que estão doentes da alma e os que estão com saúde, ao
conhecimento e estudo das coisas divinas. Nós, todavia, mantendo sob nossas vistas ambas estas
coisas, primeiro convidamos todos os homens a serem curados. E exortamos os que
são pecadores a entregar-se à consideração das doutrinas que ensinam os homens
a não pecar. E aos que são destituídos de entendimentos, aos que engendram
sabedoria, e aos que são crianças. A elevar-se em pensamentos até a virilidade,
e aos que são simplesmente desafortunados à boa fortuna ou – usando um termo
mais apropriado – à bem-aventurança. E quando os que se voltaram para a virtude
tiverem feito progresso, mostrando que foram purificados pelo Verbo e levando,
tanto quanto puderem, uma vida melhor. E não antes, os convidaremos a
participar de nossos Mistérios”. “Pois falamos sabiamente entre os que são
perfeitos”. E diz mais: “Não à participação nos Mistérios, pois, e à comunhão
na sabedoria oculta num Mistério, que Deus ordenou perante o mundo para a glória
de seus santos, não a isso convidamos o homem mau e o ladrão e o arrombador e o
envenenador e o que comete sacrilégio e o saqueador de mortos e todos aqueles
que Celso possa enumerar, em seu estilo exagerado, mas a esses homens
convidamos a que se curem”. Mas, por outro lado: “ ... quem quer que seja puro
não só de toda mácula, mas do que é tido como transgressões menores, que seja
ousadamente iniciado nos Mistérios de Jesus, os quais com propriedade, são
dados a conhecer apenas aos santos e puros. Livro A Ciência da Astrologia e as
Escolas de Mistérios. Abraço. Davi.
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