Espiritualidade.
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Por Fábio Ferreira Balota. SOBRE A IDENTIFICAÇÃO COM PENSAMENTOS. É importante
manter a mente limpa. É importante que não deixemos os maus pensamentos
penetrarem nossas mentes. Após termos observado a doutrina dos múltiplos Eus,
após termos experimentado diretamente, ao menos uma vez, a pluralidade desses
Eus dentro de nós. Podemos, enfim, compreender a identificação com os
pensamentos, podemos explorar a experiência direta do que vem a ser, na
verdade, a identificação com os pensamentos. Compreendendo um Eu, observamos,
de forma direta, pensamentos, conceitos, explicações, padrões, experiências e
lembranças a ele associados. Da mesma forma, podemos também observar que muito
dos pensamentos que passam diariamente por nossa mente não são nossos, mas
destes Eus. No entanto, muitas vezes acreditamos no que estamos pensando, e
ficamos apaixonados por nós mesmos, apaixonados pelos pensamentos que passam
por nossa mente, ou seja, nos identificamos. Diz Samael Aun Weor em “Tratado de
Psicologia Revolucionária”: Do centro intelectual surgem diversos pensamentos
provenientes não de um Eu permanente como supõem nesciamente os ignorantes
ilustrados, mas dos diferentes “Eus” em cada um de nós. Quando um homem está
pensando, crê firmemente que ele em si mesmo e por si mesmo está pensando.
Sabemos que um Eu magoado, por exemplo, tem suas histórias, suas canções.
Cientes disto, o que temos de fazer é procurar compreender por que acreditamos
que os pensamentos de mágoa que atormentam nossas ideias são pensamentos
nossos, porque nos identificamos com tais pensamentos e nos sentimos magoados
com isso. Quando um Eu magoado toma conta de nosso centro intelectual e nós nos
identificamos, tendemos a acreditar que este Eu é realmente parte de nós.
Enquanto não nos dissociarmos destes Eus, enquanto não tomarmos verdadeira
consciência de que existem muitos Eus dentro de nós, continuaremos a nos
identificar com esses Eus. E, assim, o sofrimento será inevitável. Por
acreditarmos que todos os pensamentos que passam por nossa mente são nossos,
vivemos em conflito interno, sofremos a cada vez que somos assaltados por
desejos antagônicos. Frustramo-nos quando oscilamos de um estado a outro, da
euforia à tristeza. Isto ocorre porque não conseguimos compreender, perceber,
que não somos nós. Somos incapazes de reverter tal situação em benefício de
nosso autoconhecimento. Projetamos nossos defeitos nos outros, identificamo-nos
com pensamentos que passam por nossa mente como relâmpagos ou com os mesmos
velhos pensamentos carregados de conceitos e preconceitos, valores, rótulos. E
nos comportamos de acordo com tais pensamentos. Enquanto nos deixarmos fascinar
por nossos pensamentos, lindos e floridos pensamentos que nutrimos sobre nós
mesmos; enquanto estivermos experimentando uma sensação de prazer cada vez
maior com eles, inevitavelmente sofreremos diante dos maus pensamentos, nossos
e dos outros. O tempo todo precisamos nos relacionar com os demais.
Inevitavelmente, em tais relacionamentos nossos defeitos, mais cedo ou mais
tarde, saltam à vista. Porém, mantendo atentos, somos capazes de
percebê-los. Os maus conceitos que fazemos dos outros podem nos deixar
predispostos à irritação, à violência, à má vontade. Ocorre que, uma vez
identificados com tais pensamentos, antes de começarmos a estabelecer o contato
com o outro, já nos mostramos irritados com ele. Em nosso pensamento
condicionado, o outro já é culpado antes mesmo de começar a falar, antes mesmo
de estar em nossa presença. Uma vez Identificados com tais pensamentos, muitas
vezes não conseguimos ouvir ou interpretamos mal o que o outro está dizendo.
Esses conceitos, esses preconceitos, não passam de projeções mentais. São
pensamentos com os quais nos identificamos fortemente. Não questionamos, porém,
que talvez alguns dos conceitos que formamos sobre alguém em nossa mente tenham
sido passados por uma outra pessoa. Desta forma, se alguém nos diz que o
outro é de desta ou daquela forma, mesmo sem conhecermos a pessoa em questão,
já nos antecipamos agindo condicionados por projeções mentais que nem são
nossas, mas de outrem. Formamos opiniões pré-concebidas como: “Ele é
orgulhoso”. “Ele é enrolador”. “Lá vem aquele chato!”. “Vou ter que falar com
aquele ignorante!”. “Vamos ver do que ele vai reclamar agora”. “Lá vem pergunta
idiota novamente”. “Estou aqui ocupado e lá vem ele de novo me atrapalhar com
suas bobagens. “Cuidado com o Fulano, pois ele já fez isso, aquilo e aquele
outro”… Não podemos nos abrir aos nossos maus pensamentos. Mais do
que isto, não podemos nos abrir aos maus pensamentos dos outros. Nossos egos
vivem criando problemas onde não existe nada além de uma mera situação.
Infelizmente, somos dados a nos identificar com as múltiplas ilações que a
cabeça fabrica e metemos os pés pelas mãos, ao invés de enxergarmos os fatos
com clareza e isenção. Justamente por esta razão, os planos que fazemos para
resolvermos nossas pendências, para abordarmos o outro, e que envolvem pensamentos
como: “Vou contar isso para Fulano, mas se ele disser aquilo, vai ver só…”.
“Acho que ele vai brigar comigo”. “Ele não vai me fazer perder tempo” etc.,
geram medo, insegurança, dúvida, incerteza, ansiedade. Deixam-nos predispostos
à irritação, ao nervosismo, à violência, à grosseria, à brutalidade. São apenas
pensamentos, é verdade. Mas, se nos identificamos com eles, já nos
surpreendemos planejando maldades, vinganças, violência, brutalidade, antes
mesmo de a situação existir. Tais planos são parte de alguns de nossos
dispositivos de defesa. E alimentar esses planos é uma forma criar problemas.
Se agimos desta forma, com planos premeditados, não será possível desfrutarmos
de relações serenas e espontâneas. Se agimos desta forma é porque estamos presos
ao passado e longe do momento presente, estamos reagindo a situações já
vividas. Em síntese, se nos identificamos com os maus pensamentos, acabamos nos
irritando sem mesmo sabermos ao certo o motivo de tal irritação, sem
consciência dos fatores que geram tal reação. Pois não paramos um momento para
nos perguntarmos o porquê da situação e de nossa irritação. Por mais que as
pessoas sejam realmente como pensamos, como supomos que são, e nossa opinião
sobre ela não é das melhores. Ainda assim, se nos conhecemos bem e se temos em
nós o sentimento de compaixão, bondade, paciência, tolerância. Não ficaremos
irritados, nervosos, irados, não agiremos de forma violenta, de forma bruta,
com grosseria. Como já mencionado anteriormente, quando nos identificamos com nossos
pensamentos, nosso comportamento passa a ser condicionado, mecânico. Se
formamos um bom conceito a respeito de uma determinada pessoa,
consequentemente, vamos ter com ela um bom contato. Um bom relacionamento bom,
uma boa interação; vamos nos dirigir a essa pessoa com educação, atenção
e alegria. Ao contrário, se formamos um mau conceito a respeito de alguém, o
resultado inevitável será um mau contato, um mau relacionamento, uma má
interação. Vamos nos dirigir a essa pessoa de forma grosseira, com irritação,
com má vontade. Os conceitos que fazemos de terceiros não passam de ideias,
valores, rótulos, são apenas pensamentos. É como se estivéssemos nos
relacionando com a fotografia de uma pessoa ou de uma situação, com a imagem
mental de uma pessoa ou de uma situação, e não com a pessoa ou a situação em
si. Olhar para uma fotografia é sempre olhar para o passado. O ego está preso
ao tempo. Se agimos desta maneira, estamos reagindo ao passado. Não estamos
agindo efetivamente no presente. Portanto, não será está uma ação adequada,
pois nada de real está acontecendo no agora. Precisamos perceber este processo.
Ficamos com vergonha por nos identificarmos com o pensamento que de a situação
é vergonhosa. Ficamos ofendidos por nos identificarmos com o pensamento de que
uma ofensa foi dirigida para nós, por estarmos identificamos com pensamentos, o
conceito de que certas palavras, certas formas de expressão, são ofensivas.
Ficamos com medo por nos identificarmos com o pensamento de que a situação é
temerosa. Deveríamos analisar como seriam as mesmas situações se tais
pensamentos não nos habitassem a mente, ou mesmo se, apesar de já terem passado
por nossa cabeça, não tivéssemos nos identificado com eles. Deveríamos analisar
como seriam as mesmas situações se não tivéssemos em nós apenas o desejo de
experimentar sensações boas, rejeitando, repudiando, evitando qualquer
possibilidade de virmos a nos submeter a sensações ruins. A identificação com
conceitos, padrões, valores, que permeiam nossos pensamentos e ideias, embota a
mente. A identificação com pensamento é a própria crença num Eu permanente, o
que se contrapõe inteiramente à doutrina Gnóstica e à doutrina Budista. Para
começarmos a reduzir gradativamente a identificação com os pensamentos, a
prática meditativa de silenciar a mente é a melhor opção. Mas não podemos, de
forma alguma, deixar de lado a prática da meditação reflexiva, analítica, e as
súplicas à Divindade, ao Cristo Interno, a Mãe Divina, visando à morte dos Eus.
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Abraço. Davi
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