domingo, 14 de maio de 2023

OS TRÊS TIPOS DE FÉ. SHRADDHA

 

Bhagavad Gita. Comentário de Shri Mataji Devi. OS TRÊS TIPOS DE FÉ. SHRADDHA. Nesse 17º capítulo Arjuna pergunta acerca da posição daqueles que adoram Deus com fé. Em resposta a isso, o Senhor Krishna descreve os três tipos de fé baseadas nas três Gunas e afirma que o caráter de um indivíduo é determinado pela sua fé. A fé do ser humano é determinada pela dominância de uma ou de outra das três qualidades da natureza; vale dizer, Sattva, Rajas e Tamas. As suas preferências em relação aos objetos de adoração, aos alimentos, às atividades, etc; dependerão do tipo de sua fé (Shradha). Tudo aquilo que é feito sem orgulho, mas cuja motivação é o bem dos outros e leva em consideração a graça de Deus é algo com as caraterísticas de Sattva, ou seja, pureza e equilíbrio. Tudo aquilo que é buscado ou feito com desejo, com vaidade ou com a busca de recompensas tem as peculiaridades de Rajas, ou seja, paixão e agitação. Tudo aquilo que é realizado com indiferença, com má vontade ou impensadamente é Tamas. Tal conduta é fútil em relação à evolução mais elevada do ser humano. Os versos de 23 a 28 tratam das sílabas sagradas OM, TAT e SAT, que indicam uma mentalidade impregnada de espiritualidade. Seja o que for que um indivíduo oferecer a Deus, proferindo essas sílabas, promoverá o seu progresso espiritual. Todos os rituais, todos os sacrifícios e todas as ações caritativas não produzirão quaisquer efeitos se não forem alicerçadas pela fé. Segue a Escritura Sagrada. “Então dirigiu Arjuna ao Divino Mestre esta pergunta: Qual é a condição e o estado daqueles homens que com fé oferecem sacrifícios, embora menosprezem os preceitos da Lei escrita? É de Sattwa, Rajas ou Tamas? Respondeu Krishna, o Sublime: De três tipos é a fé inata nos encarnados: pura, passional e tenebrosa (Sattwica, Raj´stica e Tamástica). Escuta o que delas passo a dizer-te. A fé de cada um, Oh príncipe! Reflete o caráter ou a natureza do homem. A fé constitui o homem: assim qual seja a sua fé, tal será o homem. Os homens nós quais predomina a Sattwa veneram seres espirituais elevados, dando-lhes os nomes de deuses e santos; os mais adiantados adoram a Mim, o Deus único. Ao homens rajásticos veneram heróis e outros seres espirituais poderosos. Os tamasicos dirigem o seu culto aos espíritos inferiores, demônios e espectros. Atormentado os elementos vivos nos seus corpos, a Mim mesmo Me atormentam, e associam-se aos demônios. De três espécies são os alimentos apreciados pelos homens, e também de três são os sacrifícios, as austeridades e as esmolas. Escuta como se distinguem. O alimento mais agradáveis ao homem puro é aquele que aumenta a vitalidade, o vigor, a saúde. Preserva da doença, e traz o contentamento e a calma de espírito. Tal alimento tem bom sabor, mata a fome, não é nem demasiado amargo, nem demasiado azedo, nem salgado demais, nem muito quente, picante ou adstringente (contrai, aperta). Os homens rajásticos preferem o que é amargo, azedo, ardente, picante, bem salgado e fortemente temperado. Que lhes excite o apetite e estimule o paladar, porém, finalmente lhes acarreta moléstias, dores e enfermidades. Os homens tamásicos apetecem alimento rançoso, estragado, insulso, putrefato, corrompido e ainda as sobras de comida e outras imundícies. Quanto aos sacrifícios e oferendas, eis a distinção: o homem sáttwico oferece o sacrifício conforme as prescrições das Escrituras, sem desejar recompensas firmemente convencidos de que estão cumprindo um dever. O homem rajásico adora e oferece sacrifícios com a esperança de obter uma vantagem, preferência, prêmio ou recompensa, ou por motivos de vaidade e ostentação. O tamasico pratica os atos de adoração e apresenta oferendas com fé, sem devoção, sem pensamento ou reverência, só porque quer seguir o costume. Eis agora as três espécies de penitência, que são: a penitência corporal, lingual e mental. A penitência corporal consiste em respeitar os seres celestes, os homens santos os iluminados. Os Mestres e guias do conhecimento, os sábios e ser honesto, reto, casto e manso. A penitência lingual consiste em prece silenciosa, e em falar com gentileza e mansidão afavelmente, evitando todas as palavras ofensivas, dizendo o que é verdadeiro e justo. A penitência mental consiste no contentamento e na igualdade de ânimo, temperamento moderado, discrição, devotamento, domínio das paixões e pureza da alma. Estas três espécies de penitência, praticadas com boa fé pelos homens amantes de Deus, que não as fazem com motivos egoístas, pertencem a Sattwa. A penitência, praticada pelos hipócritas e com a esperança de obter vantagens pessoais, honra e boa fama, pertence a Rajas. Esta é incerta e inconstante. A penitência motivada pro algum fim insensato, para atormentar-se a si mesmo ou fazer mal aos outros, pertence a Tamas. Quanto à prática de caridade, também é de três modos. Quando se dá esmola ou auxílio a uma pessoa digna, que não pode retribuí-lo, pelo sentimento de dever, em lugar e tempo próprios, é um ato sáttwico. Quando se dá um presente com a esperança de obter, por isso, recompensa ou vantagem, ou quando se dá com repugnância, é um ato rajástico. E quando se dá esmola sem afabilidade, com desprezo, em lugar e tempo impróprios, ou quando se dá um indigno, é um ato tamástico. AUM – TAT – SAT. Este é o tríplice nome de Brahma. A tríplice designação do Absoluto. A esta força devem a sua existência os mestres e iluminados, as Sagradas Escrituras e a Religião. Por isso, aqueles que conhecem Brahma, pronunciam sempre a palavra AUM, que significa o Eterno Poder Supremo; antes de praticarem qualquer ato religioso ou antes de darem esmola. TAT é o símbolo que indica que todos os entes tem o seu ser eternamente em Deus. Pronuncia-se na prática de vários sacrifícios, penitências e obras de caridade, para evocar a ideia de Unidade. SAT significa verdade e bondade, e pronuncia-se quando se pratica uma boa ação ou quando se observa uma boa qualidade. Por isso, designa-se com a palavra SAT a perseverança, em sacrifício de si mesmo, penitência, renúncia, adoração mental e caridade, e tudo relativo a estes fins. Tudo, porém, que se faz sem fé e sem boa vontade, seja sacrifício, mortificação da carne, abstinência ou esmola chama-se ASAT (nulidade) e não tem valor ou mérito, nem neste mundo nem no outro”. Abraço. Davi.

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