Soto Zen
Budismo. www.jardimdharma.org.br. Texto de Taizen Deshimaru (1914-1982). A BOA
CONDUTA SEXUAL. Quando um mestre dava uma conferência sobre sexo, se um
discípulo risse, era expulso do templo e os demais discípulos deviam
incomodá-lo e se separar dele. A maioria dos grandes mestres e sábios
respeitavam estas conferências, as quais consideravam muito importantes! Em um Sutra está escrito: se a via do sexo
entre um homem e uma mulher é justa, o clima, o tempo também são justos. Se a
prática sexual é desordenada, o clima, o tempo e a ordem cósmica são afetados e
perturbados. Isto origina a decadência da civilização e sua ruína. O amor é uma
coisa boa e necessária para os seres humanos. Numerosas religiões o proíbem
para os monges, como o Budha o proibiu a seus discípulos vocacionados mas não
aos leigos. Isto possui um significado muito profundo. De maneira geral, porém,
o Budha não praticava o ascetismo. No entanto, devemos rejeitar uma má vida
sexual. O que é uma má
vida sexual? Você mesmo deve analisar e compreender através deste Sutra. Por
que o homem e a mulher existem como entidades separadas? Isto está em completa
harmonia com a ordem cósmica. Os que praticam meditação podem compreender isto.
Todos os sábios e todos os mestres sempre respeitaram este Sutra. Muitas
pessoas pensam que a sexualidade é uma ilusão, em particular nas religiões
tradicionais. Isto é um erro! Se, ao olharmos uma corda, enxergarmos uma
serpente, o erro não está na corda, e sim na visão errada. Nossa verdadeira
natureza pode converter-se de novo em cosmos. No céu encontra-se o aspecto do céu e, na terra, o aspecto da
terra. Da mesma maneira existem o sol, a lua, as estrelas, os planetas, o
arco-íris, as estações etc. Sobre a terra estão a geografia, a topografia, as
montanhas, os rios, os mares e os oceanos. Estão os pobres e os ricos, as
capitais e as províncias. Nossa verdadeira natureza original tem sido a de
entidades separadas, homens e mulheres. O homem incorpora as virtudes do céu, a
mulher produz e realiza as virtudes da terra. Quando os princípios Yin e Yang,
o negativo e o positivo estão em harmonia e a ordem cósmica não está em
mutação, todas as existências e todas as mutações podem se desenvolver na
serenidade. Ninguém possui
o direito de ir ver o que se passa na cama de um homem e de uma mulher. As
relações entre um homem e uma mulher devem guardar sua estrita intimidade.
Porém, em nossos dias esta intimidade é violada em grande medida. Temos os que
olham e os que ensinam. Por exemplo, os espetáculos pornográficos. Se o sexo
entre o homem e a mulher é justo, a atmosfera, o clima e a ordem social também
são. Se o sexo é errado, o clima, a ordem social e a atmosfera se degradam. Em nossa civilização moderna cometem-se muitos
erros no relacionamento homem-mulher. Se a mulher muda constantemente de
parceiro, sua fisiologia se vê afetada por eles, e seu psiquismo também sofre a
influência. Seu sangue se mancha, seu carma se complica e influencia seus
filhos, sua família. As consequências não se encontram somente no nível
genético – afetam, também, o ambiente social, o clima, o país e a ordem cósmica.
Em nossa época, toda a humanidade, toda a civilização estão afetadas pela
sexualidade errada que se pratica na maioria dos países “desenvolvidos”. Este
ano, o inverno está muito longo; hoje faz frio ainda. A causa não é somente
meteorológica. O mau carma de nossa civilização também é influenciado. As bases
fundamentais da moral estão soçobrando e as consequências disto são pesadas
para todos os países, para todas as famílias, para todos os meios, sejam quais
forem. O parceiro
mais pobre, mais mísero do universo poderá receber imensos méritos celestes se
observar este preceito e segui-lo com retidão. Se os ministros e governadores
cometem erros nesta vida com relação a este preceito, grandes consequências
recaem não somente sobre eles, senão sobre o país e sobre o povo governado
também, resultando em numerosas calamidades, assim como acidentes, poluição e
fome. É o caso de nossa civilização moderna, na qual os preceitos são
esquecidos pela maioria dos políticos. Os políticos mentem, assassinam, possuem
costumes depravados. A crise aparece quando o ser humano se opõe à ordem
cósmica. A ordem cósmica, então, manifesta sua cólera (...). Antigamente, ninguém podia olhar a cama do
imperador. Porém, dizia-se que a prática sexual justa deste influenciava a
ordem cósmica, o sol, a lua, o movimento dos planetas, as montanhas, os rios,
as estações. Antigamente na Índia, na época do Budha Sakyamuni, o rei
Bimbashara e a rainha Idaike viviam no Palácio de Makada, onde o Budha obteve a
iluminação. Eram um bom rei e uma boa rainha; porém, não tinham filhos. A
rainha Idaike era bela e, em sua juventude, havia tido muitos amantes. Agora
não podia conceber. O rei lhe disse: - É necessário que tenhamos um sucessor. Nosso país necessita
disto. Pediram conselho a um célebre adivinho, que lhes respondeu: - Majestade,
em você não existe semente para ter filhos. Suas sementes são possuídas por um
ermitão que vive na montanha profunda. Ali, ele pratica meditação entre as
rochas. Se este homem santo morrer sua majestade poderá conceber, porque ele
possui a semente. Enquanto ele estiver vivo, Sua Majestade não poderá ter
nenhum filho. O rei
dirigiu-se à montanha, acompanhado de seu séquito. Lá encontraram um homem de
cabelos longos e grande barba branca. Parecia muito forte. Um verdadeiro
ermitão, sábio, imortal, de mais de cem anos. O rei ordenou a seus seguidores
que matassem o santo. Um dos cortesãos atravessou imediatamente com sua espada
o ermitão que estava em meditação e o matou. Neste mesmo instante, o ventre de
Idaike começou a crescer (...). Voltaram ao palácio e consultaram de novo o
adivinho, que, depois de olhar o ventre da rainha, disse: Por que você o matou, Sua Majestade? Bastava
vê-lo, encontrá-lo, para que a rainha pudesse ter um filho. Matá-lo foi inútil.
Porém, o assassinato já foi cometido; por isto, quando este bebê crescer,
ocorrerá um acidente. Porém, se você matar este menino, um acidente ocorrerá
igualmente. No entanto, se a rainha der à luz em cima de uma espada, a falta
será menos grave. Dez meses mais
tarde, a rainha deu à luz a um bebê em cima de uma espada. O recém-nascido não
morreu, mas um dedo de seu pé foi cortado. Este bebê se converteu no Príncipe
Ajase, muito célebre na história do Budismo. Ele era um bebê muito gracioso.
“Um menino tão lindo não pode provocar nenhum acidente”, pensavam o rei e a
rainha. O menino foi educado com amor e cresceu com grande inteligência. O rei
a rainha eram grandes devotos do Budha Sakyamuni. Nesta época, Devadata, um
primo de Budha, homem malvado, tinha enorme inveja do Budha Sakyamuni e
opunha-se continuamente ao seu ensinamento. Naquela época, estava organizando
um movimento anti-Sakyamuni. Foi então que encontrou o Príncipe Ajase e disse: Você deve matar seu pai e à sua mãe e se
transformar no Rei de Makada. Eu matarei o Budha Sakyamuni e tornar-me-ei o
verdadeiro Budha. Você e eu dirigiremos este país. - Você está louco! –
replicou o príncipe. - Sua
Majestade, o príncipe são demasiado honesto, disse Devadata. Olhe seu pé e diga
por que falta um dedo? Não sabe? Porque seus pais não são seus verdadeiros
pais, e sim seus inimigos. O príncipe, que já suspeitava sobre a causa da falta de seu
dedo, acreditou, então, em Devadata e pensou: “Meus pais são meus inimigos.”
Prendeu seu pai em uma masmorra escura do palácio. Sakyamuni Budha compreendeu que Ajase estava
agindo sob a má influência de Devadata. Propôs-se a socorrer o rei e, para
tanto, enviou para a prisão do palácio Mokuren, que possuía grandes poderes
mágicos, seu discípulo Purna, conferencial mente muito hábil e inteligente,
assim como a mais bela de suas monjas, a jovem discípula Renge, Flor de Lotus.
Mokuren lhes fez penetrar na prisão graças a seus poderes mágicos. Purna o
reconfortou com belas histórias, e Renge, sempre ao lado do rei, o aliviava com
sua beleza. Às vezes, a rainha Idaike visitava-o e trazia-lhe mel e queijo, que
depositava em sua boca quando lhe beijava. Assim o rei era alimentado
boca-a-boca. Não adoecia nem estava fatigado. Enquanto isso, o príncipe havia se convertido em rei. Um dia
pensou: “Com certeza, meu pai morreu.” Foi à prisão e viu que ele se encontrava
em perfeito estado. Pensou que sem dúvida alguém o ajudava. Perguntou ao guarda
qual era a razão do bom estado de seu pai. - Sakyamuni Budha o ajuda e envia
seus discípulos. Mokuren os ajuda a entrar na prisão com seus poderes mágicos e
a rainha Idaike lhe traz alimentos. O rei não morrerá. Vermelho de raiva, ele
matou seu pai e prendeu sua mãe em um calabouço. Passavam os dias, e o rei,
transformado em rei absoluto, encontrava-se cada vez mais enfermo. Nenhum
médico conseguia curá-lo. Nenhum sábio encontrava a causa de sua enfermidade.
Um dia, uma voz interior falou a Ajase: Tua enfermidade é o castigo pela morte de seu pai e pela
prisão de sua mãe em uma masmorra escura. Ajase se encerrou durante vários dias em seu quarto. Não
comia nem falava com ninguém. Observou seu karma, refletiu profundamente e
afinal se converteu em um devoto de Budha e o respeitou profundamente até a sua
morte. Mais tarde
Ajase publicou os sutras de Budha, preparou a cerimônia funerária da morte de
Budha, protegeu o Budismo, os monges e a Shanga. O Sutra da observação da vida infinita relata esta história.
Ele conta, além disso, as palavras de Budha a Idaike quando esta está presa.
Sakyamuni a visitou na prisão do palácio e lhe deu um sermão. Tempos atrás, em
sua juventude, Idaike teve uma má vida sexual, e este karma havia influenciado
toda a sua vida. O Budha observou a maneira de observar este carma. A
felicidade de Idaike um dia se converteu em desgraça, e mais tarde sua desgraça
se converteu em felicidade. Tal é a lógica do carma. Assim acontece com a
maioria das pessoas. A felicidade se torna desgraça e a desgraça, felicidade
(...). Assim é o carma da má conduta sexual. Todos os modos e comportamentos se
deduzem deste preceito: a sexualidade justa. Devemos ter órgãos sexuais fortes. Se não se é completo, não
é possível ser monge ou monja. Antigamente, antes da ordenação, o mestre
observava os órgãos sexuais do discípulo tomando um banho com ele. Se o
discípulo não conseguia ter uma ereção, não podia receber a ordenação. O mesmo
acontecia com as monjas frígidas. Uma monja anciã examinava as monjas. Esta era
a cerimônia mais importante, junto à da ordenação. Somente um homem completo e
uma mulher completa podem ser monges ou monjas. Se você refletir profundamente sobre o seu carma,
particularmente durante a meditação, este diminui. Não é necessário pensar
muito. Quando o seu subconsciente aparece como um sonho, você deve deixar
passar, deixar passar. O que é o mau carma? O que é a má vida sexual? O sexo
sem amor, a violência sexual, a prostituição (...), todas estas são más formas
de se usar a sexualidade. O livro dos koans, o Mumokan, conta uma história
célebre, “O Ermitão e a Anciã”: Havia uma senhora anciã que protegia um monge jovem, muito
belo, de traços finos. Vivia como um ermitão, entregue dia e noite à prática de
meditação em um eremitério que ela havia construído para ele em um canto de seu
jardim. Já fazia muitos anos que vivia com ela. Um dia, chegou à casa da anciã
uma menina jovem e muito bela. A senhora lhe disse: Vá ver o ermitão. Certamente está meditando
neste momento. Vá e beije-o. Assim o fez. Quando viu o jovem monge em
meditação, ela lhe disse: O que você
acha disso? Quero você. Quero que pare de meditar e faça amor comigo. O monge
respondeu: Sou como uma árvore seca, como uma rocha fria. Ainda que você me
beije, não sentirei nada por você. A jovem voltou para a anciã e contou-lhe o
que havia ocorrido. Como pude
perder tantos anos protegendo este monge estúpido! Gritou, furiosa, após ter
ouvido o relato. Imediatamente depois, ateou fogo ao quarto do monge. Como
deveria ter agido este monge? Este é um koan! Ter uma vida sexual muito cedo, quando se é demasiado jovem,
ou violentar crianças é um carma muito ruim. Os jovens com menos de quinze anos
que fazem amor possuem e criam um mau carma. A pouco tempo de minha chegada a
Paris, uma atriz veio me ver e fez-me a seguinte confissão: Depois da morte de meu pai, tinha ao redor de
dez anos, fui à igreja para pedir conselhos a um sacerdote. Era um sacerdote
jovem. Depois de ter me escutado por um momento, fez-me entrar em um
confessionário e ali violentou meu corpo de menina. A partir deste momento,
odiei o cristianismo. Minha vida mudou completamente. Meu pai estava morto, meu
corpo estava manchado. Queria me suicidar! Este é um carma muito ruim para o sacerdote e para esta
atriz. Para ela, contudo, é um carma passado, pois ela era jovem. Este é uma
arma muito ruim para uma menina. Fazer amor a partir dos dezesseis, dos dezoito
é menos grave; antes desta idade, porém, é deplorável. Os seres humanos que
fazem amor sem haver santificado sua união agem como animais. Também recebi a seguinte confissão de outra
mulher jovem: Eu tinha uns
doze anos. Um dia, quando jogava com meus colegas, um pouco antes da caída da
noite, começou a chover a cântaros. Todos nós nos refugiamos debaixo de uma
pequena cobertura. Estávamos perto de Paris. Logo chegou um homem, e todos os
meus amigos se foram. Fiquei sozinha. O homem começou a me beijar, seduziu-me à
força e me violentou. Tinha doze anos e recebi um grande choque. A partir de
então, minha vida mudou totalmente. Esta forma de se utilizar o sexo é
execrável. Ela também possuía um mau carma; o homem, porém, era realmente demoníaco.
Sem sombra de dúvidas, esta ação originará uma grave enfermidade, a loucura, um
acidente ou a morte, ou inumeráveis sofrimentos para sua família por causa
deste destino perverso. Mudar constantemente de parceiro equivale a ter uma má
vida sexual. Podemos ver um exemplo nos romances, onde as prostitutas
representam o exemplo vivo deste mau carma, pois sofrem por causa de seu
passado, pelo que elas mesmas engendram por causa de suas vidas. Contudo, há
mulheres que mesmo tendo este mau carma, querem mudar, querem se converter e
tornar-se bodhisattvas. Maria Madalena no Evangelho, por exemplo, ou a heroína
do romance de Dostoievski (1821-1881), Sônia, em “Crime e Castigo”. Todas as
pessoas que têm um mau carma, mas que se confessam profundamente, que se arrependem
sinceramente podem conseguir florescer e sair da terra lamacenta, igual à flor
de lotus. Aqueles que possuem maus costumes ou uma vida depravada e não o
confessam, não se arrependem, por fim são jogados à solidão e ao desespero. A
família e os amigos se separam dele. as enfermidades e os acidentes os
assaltam. A natureza, o clima, a atmosfera sentem sua influência. As
calamidades naturais aumentam. Você deve conhecer a história de “Crime e Castigo”: Sônia é uma prostituta. Raskolnikov assassinou
uma velha avarenta e diz uma frase célebre no romance: “Até em um lugar sujo
pode brotar uma flor”. Está enamorado de Sônia, porém ela não sabe que ele é o
autor do crime da velha. Sônia recebeu uma educação muito religiosa, estando
familiarizada com o estudo da Bíblia. Um dia, Sônia e Raskolnikov têm uma
discussão sobre temas bíblicos. No fim da discussão, ele confessa ter
assassinado a velha. Apesar do amor profundo que a une a Raskolnikov, ela pede
que se entregue à polícia e que se confesse perante Deus. Você é o homem mais desgraçado do mundo, diz
ela. Raskolnikov
era um intelectual idealista. Queria mudar as leis do mundo, fazer a humanidade
feliz. Esta foi a razão pela qual matou a velha avarenta. “Fazer a revolução e
transformar-se em herói, matar para mudar as leis da sociedade”, assim pensava
Raskolnikov, o terrorista. No final do romance, ele é condenado a oito anos de
prisão na Sibéria. No entanto, Sônia segue seu amor e decide viver nas
proximidades da prisão esperando por sua liberação, oito anos mais tarde. É uma
bela história de amor! Leon Tolstoi (1828-1910) escreveu um romance parecido,
“Ressurreição”. Li-o quando era jovem e a história me impressionou muito. Este
romance também se trata de uma prostituta, Katiucha. Os papéis, porém, estão
invertidos – ela é feita prisioneira. O herói da novela, seu amante, o Príncipe
Nakhliudov, segue-a até a Sibéria e espera por ela. É uma história trágica, mas
a tragédia agrada as pessoas quando se trata de amor! Stendhal (1783-1842) analisou as diversas formas
de amor e classificou-as em quatro categorias: o amor preferencial, o amor
passional, o amor físico e o amor da futilidade. Porém, quero incluir outra
forma: o amor sem meta. Este é o
verdadeiro amor, criador de bom carma. O amor e o sexo são necessários na vida.
Mas, que amor? A maioria das pessoas fala do amor, busca o amor, mas são como
fantasmas procurando fantasmas. Na Shanga, quando uma pessoa se separa de sua
família, quando recebe a ordenação de monge, na medida do possível deve viver
sozinho. Manter a castidade é melhor, estar só também; porém, o mais importante
é não possuir uma má vida sexual. O pior de tudo é o sexo sem amor, a
violência, ou fazer amor com alguém muito jovem, ou sob o efeito de drogas. No Islã, na Indonésia, a religião autoriza um
homem a ter quatro mulheres. Uma senhora de Abijan me contou que, neste país,
uma mulher pode ter quatro homens. É o costume. Diz um sutra que, na China e no
Japão, um homem podia ter uma segunda mulher. Porém, hoje em dia, somente um
homem e uma mulher. É o costume (...). O narcisismo, o fetichismo, o masoquismo
e a homossexualidade são más práticas e originam mau carma, tal qual o
exibicionismo, a coprofilia, a sodomia, a necrofilia, o travestismo, o voyeurismo
(...). Em um Sutra está escrito: “A época e o lugar para se fazer amor são
muito importantes. O parceiro também”. Em um templo, não é possível fazer amor.
Nem em um carro, no meio da rua. Há lugares em que o sexo é proibido. A forma
também é muito importante. No Japão, após a guerra, havia quartos disponíveis
para os amantes, porque muitas pessoas faziam amor nos cemitérios. Os ladrões
profissionais se escondiam atrás das tumbas, observavam, e, com um pedaço de
bambu, roubavam-lhes os bolsos. Esta ação também origina crimes. A boa vida
sexual é origem da iluminação, é a semente da verdadeira felicidade e de uma
vida longa. A má prática sexual produz enfermidades e encurta a vida, provoca
numerosos acidentes e tem uma má influência genética sobre os descendentes. Na
humanidade, cada pessoa possui um carma diferente. E o amor aparece. Se todo o
mundo tivesse o mesmo aspecto, ou seja, o mesmo caráter, o mesmo espírito, os
mesmos cabelos, ninguém amaria, o amor não existiria, não haveria necessidade
de escolher. O amor aparece por causa do karma, do grande karma da humanidade. Li muitos romances. As obras de Shakespeare –
“Hamlet”, “Otelo”, “O Rei Lear” e “Macbeth” – explicam o carma dos seres
humanos. São tragédias. Meditei a respeito de “O Rei Lear”. É uma tragédia.
Contudo, se lemos esta obra do ponto de vista objetivo, como se fosse Deus que
observasse, ela se transforma em uma comédia. O mesmo acontece com “A
Tempestade”, ou com “Henrique VIII”. Na maioria das vezes, é o carma do amor o
que se escreve. Em “Fausto”, de Goethe, também. Quando era jovem, fiquei
impressionado com “As Desventuras do Jovem Werther”, de Goethe: “Por fim, a
mulher quer ser a última amante do homem. O homem quer ser o primeiro amante da
mulher”. O amor dos
jovens diminui com o tempo, torna-se pequeno, transforma-se em uma sombra – a
sombra do sol nascente. Porém, o amor espiritual, o verdadeiro amor, aumenta
sem cessar quando envelhece, quando se experimentam as dificuldades, como a
sombra do sol poente. http://www.jardimdharma.org.br.
Nota do
Mosaico Espiritual. “Os narcisismos (...) e os homossexualismos são más
práticas". Essa tradição budista, Soto Zen, não acompanha a maioria das
espiritualidades dessa filosofia. Quando trata a questão dos homo afetivos e
derivados. Grandes partes das Escolas usam uma linguagem neutra e imparcial,
sem rotular esse tipo de gênero sexual como prática negativa. Ainda não tinha
visto esse radicalismo. Os ensinos do Budha, como temos visto aqui nesse blog,
em sua maioria, não trazem um juízo definitivo quanto ao assunto. Não há uma aquiescência
nem uma reprovação, porém conceitos de neutralidade. Os estudiosos das palavras
do Iluminado, dizem que a sexualidade como comportamento e prática. Devem ser
realizados com responsabilidade, discrição, e afeto mútuo. Um comprometimento
do casal homo ou hétero na cumplicidade, respeito, civilidade, legalidade e
moral social cultural. Nenhum dos textos apresentados no Mosaico relacionou a
homossexualidade com carmas negativos ou justiça advinda do erro. Isso me causou
estranheza e espanto. Em fevereiro de 2014 o Dalai Lama durante sua visita aos
USA, numa entrevista ao apresentador de TV Larry King (1933- ) da
emissora CNN. Disse não ver qualquer objeção ao casamento entre pessoas do
mesmo sexo, considerando que se trata de uma questão pessoal. Se duas pessoas,
um casal, sentem que essa forma é a mais prática, a mais satisfatória, se os
dois concordam, se amam, então OK! Disse sua Santidade e líder espiritual do
povo Tibetano no exílio. Assim as palavras quanto ao comportamento das pessoas
de gênero sexual igual, da tradição Soto Zen Budismo, não encontram
ressonâncias na pluralidade das Escolas budistas. Muitas igrejas cristãs já
encaram o tema com naturalidade. Inclusive ministrando casamentos gays e
batizando filhos sob responsabilidade de homo afetivos. Igualmente participam
da eucaristia e são treinados no auxílio à liturgia. Concordamos com a inserção
da diversidade de gênero em todos os aspectos culturais e sociais. Notadamente
no religioso. Todos nós somos filhos do Eterno Pai. Abraço. Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário