Sociedade Gnóstica Internacional. http://www.sgi.org.br. Por Giordano Cimadon. A ESSÊNCIA DO YOGA. O Yoga
pode ser considerada como um conjunto de tradições que têm como objetivo comum
a liberação do sofrimento e a realização da iluminação. O termo Yoga deriva do
sânscrito yug, que significa união. Esta união é a que pode acontecer
entre qualquer ser humano e a divindade. A concepção de Yoga é, portanto,
similar ao que gnosticismo entende por religião, ou seja, pelo re-lígere,
termo que também pode ser entendido como união com a divindade. Através desta União Mística proporcionada pela prática e pela
filosofia do Yoga, o ser humano pode adquirir domínio sobre sua natureza
inferior, sobre seu corpo, suas emoções e seus pensamentos, libertando-se assim
de toda trava proveniente de seu contato com a vida material. Também é através
do Yoga que se torna possível desenvolver as faculdades psíquicas, os poderes
latentes da alma, que alguns místicos orientais e ocidentais têm desenvolvidas,
e que são responsáveis por fenômenos considerados mágicos ou taumaturgos. As bases da filosofia e da prática do Yoga
encontram-se estabelecidas nos textos sagrados da Índia, como os Upanishads,
o Bhagavad Gita, os Yoga Sutras de Patanjali, o Hatha Yoga Pradipika,
entre outros. No Bhagavad Gita encontramos que o Yoga é um
conhecimento existente há muitos milhões de anos. Investigações arqueológicas
permitem aos cientistas estimarem que o Yoga existe há seis ou sete
milênios. O Yoga é uma das seis escolas pertencentes à Filosofia Hindu.
Seus fundamentos filosóficos são iguais aos de outra destas seis escola,
chamada Samkhya. Esta é a mais antiga e mais ortodoxa linha filosófica da
Índia. A Escola Samkhya propõe que o
Universo é composto de duas realidades imutáveis, chamadas Purusha e Prakriti. Purusha é
considerado o centro da consciência, a verdadeira identidade de todo ser vivo,
enquanto que Prakrti é a fonte de toda a existência material. Prakrti possui
três qualidades ou tendências: Tamas (escuridão, obscuridade), Rajas
(atmosfera, firmamento) e Sattva (ser, entidade). Mais tarde
falaremos sobre as Gunas. Sendo um conjunto de práticas compostas ao longo
de milênios, o Yoga possui uma grande diversidade e uma de suas principais
características é o universalismo. No Bhagavad Gita, o Yoga é
classificada em quatro escolas: Karma Yoga, Bhakti Yoga, Jnana Yoga
e Raja Yoga. Samael Aun Weor (1917-1977) acrescenta ainda
três escolas às quatro tradicionais: Laya Yoga, Samadhi Yoga
e Hatha Yoga. Atualmente existem inúmeras Escolas de Yoga no
Ocidente, a maior parte delas fundamentada num entendimento parcial na proposta
central da Hatha Yoga, a qual pode ser considerada um fragmento da
Raja Yoga. Portanto, as técnicas aplicadas na maioria das escolas de Yoga do
Ocidente observam apenas um dos fundamentos da Hatha Yoga: a
purificação do físico conduz à purificação da mente e da vitalidade. Um estudo
mais profundo da história do Yoga e de seus propósitos originais permitem a
compreensão de que o Ocidente adaptou o sistema de exercícios do Yoga para
satisfazer sua necessidade de culto à estética e à auto imagem corporal,
descartando assim, na maioria das vezes, todo o seu conteúdo filosófico
considerado desnecessário, mas que é imprescindível para o desenvolvimento
integral da proposta da Yoga. Na Índia, a relação dos praticantes de Yoga é
oposta àquela desenvolvida pelos Ocidentais. O objetivo é controlar o corpo e
não utilizá-lo para fins transitórios e ilusórios. Assim como o corpo,
pretende-se também através do Yoga dominar a mente e os desejos. Levando isso
em consideração, entendemos que o grande número de Escolas de Yoga existentes
na Índia possibilita que o ser humano possa desenvolver toda sua
potencialidade, além de poder acessar, através de formatos diversificados
compatíveis com sua particularidade, um conhecimento essencial que o permita
realizar esta União Mística. Este conhecimento essencial, chamado de Essência
do Yoga, é o tema central do estudo e da prática do Yoga dentro do Gnosticismo
de Samael Aun Weor. Segundo o autor, todas Escolas de Yoga
tradicionais da Índia possuem este conhecimento síntese, um saber esotérico,
chamado Sahaja Maithuna. As demais práticas que distinguem as Escolas
umas das outras, apesar de benéficas e necessárias para o desenvolvimento
espiritual, pertencem ao chamado círculo público ou exotérico, carinhosamente
chamado kinder, ou jardim de infância. Entre tantos significados que a
palavra Yoga possa possuir, uma é importante para nossa compreensão da
Filosofia da Yoga. No sânscrito, um dos sinônimos de Yoga é o termo Marga, que
significa caminho ou senda. Portanto, quando se fala em Yoga, é possível se referir
não só à Filosofia e à União Mística, mas também ao caminho através do qual se
pratica esta Filosofia e através do qual é possível realizar esta União. As
Escolas sempre foram consideradas imprescindíveis pelos antigos sábios
indianos. Era lá que o aspirante poderia encontrar o seu guru, ou literalmente
instrutor divino, geralmente um indivíduo que consagra de modo integral sua
vida para a prática da Yoga e para a realização da iluminação e da liberação. A
palavra guru possui um significado especial: “A sílaba gu significa
escuridão. A sílaba ru significa aquele que a dispersa. Pelo poder de
dispersar a escuridão, o guru é assim chamado.” (Advayataraka Upanishad).
No Ocidente, contudo, esta forma é extemporânea e inaplicável, uma vez que, em
geral, os instrutores não possuem requisitos necessários para receberem tal
título. Nem mesmo nós ocidentais, praticantes do Yoga, seríamos capazes de nos
relacionarmos com um legítimo guru indiano. Via de regra são extremamente
exigentes, pois impõem disciplinas que dificilmente seriam cumpridas à risca.
Na Gnosis segue-se a orientação dada por Samael Aun Weor a
este respeito: “O despertar da Consciência é urgente. Quem aprende a
sair em corpo astral à vontade pode estudar aos pés dos Grande Mestres de
Sabedoria. No Mundo Astral encontramos o nosso Guru, que nos instruirá nos
grandes mistérios.” Samael Aun Weor, Livro O Matrimônio
Perfeito. Uma das principais características das Escolas de Yoga do Oriente é a
sua configuração em dois círculos de aprendizagem. O primeiro, considerado
Exotérico, Externo ou Popular, é destinado a ensinar ao público em geral sobre
os rudimentos e os princípios básicos da filosofia e da prática da Yoga. Como
já foi mencionado anteriormente, este o círculo é chamado Kinder, palavra
que significa jardim de infância, pois é onde os praticantes do Yoga aprender
os primeiros passos da prática e da filosofia do Yoga. Já o segundo círculo,
chamado Interno ou Esotérico, está reservado aos praticantes mais avançados,
aos que foram instruídos no círculo público, e à eles é destinado um tipo de
conhecimento de natureza especial, chamado de Essência do Yoga. Este tema é de
grande importância para o gnosticismo e será abordado em detalhes na sequência
deste curso. Nos círculos externos ou exotéricos das escolas de Yoga
encontramos o seguinte: 1. Karma Yoga: ensina a Disciplina da Ação
Reta, que consiste em proceder de acordo com dharma, ou seja, pensar, agir
e sentir de modo reto, preciso e impecável. Isto significa agir sem esperar
pelos frutos da ação. Nas palavras de Krishna: “Portanto, Arjuna, entregando todo o seu trabalho à Mim, com
pleno conhecimento de Mim, sem desejo de lucro, sem revindicação de
propriedade, e livre da letargia, lute”. Bhagavad Gita. O termo dharma também
pode ter o sentido de conjunto de preceitos religiosos, do que se pode entender
a existência de um Dharma cristão (os mandamentos de Cristo),
um Dharma budista (os ensinamentos de Budha), um Dharma islâmico
(os ensinamentos de Maomé) e um dharma judaico (a lei de Moisés).
Sendo assim, considerando o universalismo da essência de todas as religiões,
pode-se praticar em todas elas o Karma Yoga (e as demais formas de
Yoga, como ficará evidente adiante). 2. Bhakti Yoga: ensina a nutrir
devoção e amor à Divindade. Bakhti é um termo sânscrito que significa
algo como “amor bem-aventurado, abnegado e dominador que se sente pela
Divindade, sob qualquer de suas formas”. Nas palavras de Krishna: “Ocupe
sua mente sempre em pensar em Mim, torne-se Meu devoto, ofereça homenagens à
Mim e Me adore. Estando completamente absorto em Mim, certamente você virá até
Mim”. Bhagavad Gita. Estas palavras inevitavelmente nos recordam
da devoção e da mística do Cristianismo, e esta ligação fica ainda mais
evidente quando analsamos quais as nove formas de praticar Bhakti Yoga:
1. ouvir sobre o Senhor,
2. glorificar o Senhor,
3. recordar o Senhor,
4. servir o lótus do Senhor,
5. adorar o Senhor,
6. oferecer orações ao Senhor,
7. servir o Senhor,
8. fazer amizade com o Senhor e
9. entregar tudo ao Senhor.
3. Jnana Yoga:
ensina o Conhecimento do Ser. Jnana é o termo sânscrito idêntico ao
termo gnosis, significando portanto “conhecimento”. Porém, este
conhecimento é o conhecimento de si mesmo, o auto-conhecimento. O objetivo
da Jnana Yoga é conhecer Brahman, a realidade transcendental de
todas as coisas. Nas palavras de Krishna: “Quando ele entende que as
várias formas de ser são latentes no Um e dele se espalham, então ele
alcança Brahman. Aqueles que sabem, através do olho do conhecimento, a
distinção entre o campo e o conhecedor do campo, assim como a liberação dos
seres da natureza material, vão para o Supremo”. Bhagavad Gita. Os passos fundamentais da Jnana Yoga
possuem semelhança incrível com as técnicas de auto-observação, e são os
seguintes:
1. Viveka (discriminação), a capacidade de diferenciar o Real do
Irreal, o Eterno do Temporal,
2. Vairagya (imparcialidade), a capacidade de se desligar de
tudo o que é impermanente,
3. Shad-sampat (seis virtudes), que são: controle da mente,
controle dos sentidos, renúncia das ações que não são dharmicas,
persistência, fé e concentração,
4. Mumukshutva, anseio intenso pela liberação das limitações
temporais.
4.
Raja Yoga: ensina técnicas de meditação para adquirir experiências da Verdade e
atingir a Iluminação. A Raja Yoga também é conhecida com o nome de Ashtanga Yoga. Ashtanga significa
“oito membros”, pois descreve os oito passos através dos quais é possível
experimentar a Verdade, ou seja, atingir o samadhi. Nas palavras de Krishna: “Estabelecendo um assento firme (…) em um lugar limpo (…) tendo
direcionado sua mente para um único objeto, com controle de seu pensamento e da
atividade dos sentidos, ele deve praticar a Yoga para sua auto-realização.
Firmando o corpo, cabeça e pescoço eretos, sem movimentos e quieto, olhando
para a ponta de seu próprio nariz e não para qualquer lugar, com a mente
quieta, sem medo, firme em seu voto de castidade, controlando a mente, com os
pensamentos fixos em Mim, ele deve sentar, concentrado e devotado à Mim. Então,
continuamente disciplinando a si mesmo, o yoguin cuja mente está
subjugada vai ao Nirvana, para a suprema paz, para unir-se à Mim”, Bhagavad Gita.
Os
oito membros da Raja Yoga são:
1. Yama (cinco abstenções): violência, roubo, sexo ilícito,
mentira e posse,
2. Niyama (cinco hábitos): pureza, contentamento, austeridade,
estudo e entrega a Deus,
3. Asana (assento): posturas diversas,
4. Pranayama (controle da respiração): controle do prana,
5. Pratyahara (abstração): anulação dos órgãos dos sentidos,
6. Dharana (concentração): fixar a atenção num único objeto,
7. Dhyana (meditação): contemplação intensa da verdadeira
natureza da realidade e
8. Samadhi (liberação): estado supraconsciente de
iluminação. http://www.sgi.org.br.
Abraço. Davi.
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