terça-feira, 4 de maio de 2021

ABRAÃO AMIGO DE DEUS

 

Editor do Mosaico. ABRAÃO AMIGO DE DEUS. Em Gênesis 22:1-19 é dito. “E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou (colocar uma cesta de carga) o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera. Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe. E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós. E tomou Abraão a lenha do holocausto, e pô-la sobre Isaque seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos. Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos. E chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha. E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho. Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho. Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho. E chamou Abraão o nome daquele lugar: o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá. Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus. E disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, Que deveras te abençoarei, e grandíssimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos. E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz. Então Abraão tornou aos seus moços, e levantaram-se, e foram juntos para Berseba; e Abraão habitou em Berseba”. Isaías 41:8 é falado “Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo”. Na epístola aos Hebreus é dito uma frase: pela fé Abraão. Como homem de fé, Abraão em sua conduta ética foi provado. Também em nosso cotidiano somos experimentados. Reprovados, podemos arrepender-nos e recomeçar. Aprovados, foi a misericórdia de Deus por nós, e crescemos neste aspecto. O texto em epígrafe do Gênesis é bem direto quanto ao oferecimento de Isaque em holocausto. Talvez seja possível inferir, que Abraão teve um dialogo com Deus, e, somos propensos a imaginar seu desespero. Como! o filho promessa queres de voltar, e de forma tão violenta? Não acredito que estejas falando sério. Agonia e angústia se apoderaram de Abraão, nesse momento tão crucial, até que, resolveu obedecer. É sensato cogitar que ele guardou segredo quanto ao fato de sacrificar na montanha seu filho “único” Isaque. Mencionamos as aspas, por que Abraão tinha um filho com sua escrava Hagar que se chamava Ismael, sendo por sugestão de Sara despedido com sua mãe de forma incompreensível, levada ao deserto pra que tomasse seu próprio caminho. Evidentemente se Sara soubesse que sei filho seria sacrificado, ela fatalmente não permitiria que esse inusitado fato ocorresse. Há coisas que devem ser reveladas em eventos contingentes, mas outras precisam ser ocultadas por necessidades. A “moral” divina é superior a ética humana. Aqui não podemos mensurar os dois aspectos, pois o objetivo de Deus era testar seu servo Abraão ao extremo, pra comprovar sua fidelidade em situação que envolvessem sua própria família. O Budha também passou por uma prova semelhante onde pra alcançar a iluminação e entender o porque do sofrimento, morte e renascimento humano, e como libertar as pessoas desse ciclo interminável. Ainda jovem com mais de 30 anos, casado com Yashodhara que ganhara seu filho, optou por abandonar sua família, a vida no palácio e assumir a condição de um humilde asceta no deserto. Este foi seu grande teste, que o capacitou a trilhar o caminho do meio, viver uma conduta correta, praticar as nobres verdade e ao final alcançou a iluminação. Assim, alguns eventos fogem a lógica humana, e apenas o entendemos, quando alcançamos um nível de sabedoria espiritual superior ao ensinamento exotérico.  A moral divina está para além do bem e do mal. A figura de Isaque é um tipo de Cristo; aquele que foi levado ao sacrifício vicário sem reclamar, e nem pedir clemência, mesmo sabendo do tipo de morte que enfrentaria. Apesar de surpreender-se com o fato, Isaque, em momento nenhum esquiva-se da missão proposta pelo pai Abraão. O jumento é símbolo da humildade que é irmã da submissão a Deus. A frase, ao terceiro dia, já denotava um possível milagre no cume da montanha de Moriá. Olhar pro futuro, vislumbrando a ressurreição de Jesus ao terceiro dia após sua morte. A lenha sobre os ombros de Isaque, é uma figura da cruz que Cristo levou por nós. A representação coletiva dos pecados da humanidade. O cutelo (faca) na mão de Abraão lembra, a espada com a qual o soldado romano perfurou o coração de Jesus, e segundo o evangelho de João desse lado esquerdo saiu sangue e água. O Sangue pra purificar nossos pecados e a água pra nos introduzir misticamente pelo caminho da luz e da verdade, procurando pelos atos, palavras e pensamento uma vida de pureza e santidade diante do Altíssimo. A caminhada de Abraão e Isaque até a montanha remete-nos para a via sacra ou dolorosa, onde Jesus envergonhado, humilhado e vituperado, recebia as afrontas e injúrias calado e resignado.  Eu no lugar de Abraão pensaria. Mas que Deus é esse que manda-me sacrificar meu filho. Será que Ele perdeu o juízo. Humanamente é impossível entender esse fato. Como também, a lógica não entendem porque Jesus teve que morrer para redimir a humanidade dos seus pecados. Racionalmente cada um deve ser responsabilizado pelos seus atos bons ou ruins, assumindo assim, o bônus ou ônus por sua prática. Moriá é símbolo do monte gólgota ou caveira onde, o Cristo foi crucificado. O frase: Deus proverá para se o cordeiro, mostra a confiança de Abraão em que Deus faria um milagre. Não havia nenhum cordeiro para o sacrifício, e como oferece-lo? O cordeiro é uma figura de Cristo na narração. Esse cordeiro pode também tipificar aquele que os israelitas ofereceram a Deus, quando saíram por ordem divina do Egito sob a liderança de Moises e Arão. Deus ordenou que as famílias preparassem um cordeiro e comessem com os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão, pois após essa refeição deveriam pegar o caminho do deserto fugindo da escravidão; sendo esse fato conhecido como a páscoa do Senhor. Edificou Abraão um altar. Esse altar representa a cruz na qual Cristo foi pregado; mãos e pés perfurados; sangue jorrando da face por causa da coroa de espinhos. Ao centro entre dois ladrões seminus. Uma cena terrível de vergonha e dor. Cristo é abandonado pelo Pai, entrega seu espírito dando o último suspiro. Como o cristianismo tem origem no judaísmo, a morte de Cristo precisou ter essa conotação de sangue relacionado a oferenda e extremo sacrifício do corpo material. Assim era no Antigo Testamento, quando D’us pra aplacar sua ira e castigo, ordenava aos israelitas que oferecessem sacrifício, holocausto, de animais como remissão pelos pecados do povo. No bramanismo e hinduísmo não havia essa cultura da mortandade e sacrifícios de animais para suavizar a ira dos deuses. Desse modo, o budismo, por herdar parte da cultura espiritualista dessas duas religiões, surge numa circunstância de total aversão a prática cruel de matar os animais para oferece-los como banquete e manjares aos deuses. Além de ser incentivado o vegetarianismo e veganismo, desde alguns milênios, sendo que, nos ensinamentos do Budha esses conceitos já eram mencionados. Isso foi incentivado a mais de 2500 anos, e no altar budistas são realizados as oferendas e prostrações que consistem geralmente de frutos e flores. Não que os Budhas precisam delas pois segundo os Sutras eles são oniscientes, onipotentes e onipresentes. Assim nós é que precisamos dessas oferendas, pra termos mais possibilidade de alcançar uma mentes tranquila, paz interior e autocentrarmos à esvaziamos de nossos pensamentos. Nessa perspectiva é compreensivo e lógico, a natural morte do Budha após os oitenta anos. Segundo é relatado Sakyamuni Budha após visitar um amigo, e conversarem assuntos relacionados ao caminho do meio e as quatro nobres verdades, depois de uma refeição, sentiu-se mal. E andando até a porta da sala do anfitrião, observou que havia a poucos metros, em seu quintal espaçoso, duas árvores frondosas com galhos secos e verdes bem baixos. Pediu que o amigo, amarrasse nesses galhos duas cordas pressas a um tecido reforçado de linho para que descansasse. E assim foi feito como Sakyamuni Budha solicitou. Chegando junto a “rede”, o Iluminado, deitou, adormeceu e partiu para o outro mundo, entrando no nirvana e posteriormente descansando no devachan, para continuar sua obra de servir os homens no mundo presente e nos mundos invisíveis. Diz-se que uma chuva de pétalas de lótus caiu onde o corpo do Budha permaneceu inerte. Esse relato encontra-se em alguns dos Sutras. Confrontei as duas mortes para mostra que cada uma delas tem seu  significado dentro da mitologia dessas espiritualidade, e o fiel que caminha por essas vertentes saberá distinguir o ensinamento esotérico relacionado a ambos eventos. Isaque deixou-se amarrar no altar sem reagir ou murmurar. Em minha experiência pessoal não deixou-me amarrar, e, murmuro sempre; não sou sacrificado, fico inteiro e a carne completamente intacta. Deus tenha misericórdia de mim. O anjo do Senhor impediu que Abraão sacrificasse seu filho. Opino que  fé é metade razão e metade sentimento; um salto no escuro onde não sabemos com certeza o que irá acontecer. O Budha em seus ensinos aos monges e bikkhus enfatizou o aspecto da fé. Mas ele era ponderado e coerente quando explicava essa pedagogia do transcendente. Duas palavras que são colocadas nesse contexto, que fazem muita confusão, misturando o conceito de fé,  sendo elas dogma e crença. Budha implicitamente enfatizava que esses dois termos precisam ser desvinculados da fé, pois eles deturpam nosso conhecimento impedindo que tenhamos clareza e evidencia nos assuntos relacionados a espiritualidade. Pois os dogmas nos aprisionam a supostas verdades, assim, tornando-nos escravos da letra e do conceito que ao longo do tempo acaba mudando quando confrontado com opiniões divergentes daquele que achamos correta. Já a crença é uma ilusão, fantasia que fazemos de valores os quais não temos condições lógicas de provar como verossímeis verdades. A crença também nos cativas, fechando-nos a “realidades” que surgem quando os fenômenos são distinguidos pelos sentidos e a percepção. Assim o que é crença pra mim, não o será para o outro, pois os níveis de sensibilidade e intuição são diferentes. Desse modo, só o bom senso e a acuidade sensitiva serão capazes de conceber um juízo razoável daquilo que pode ser hábil ou inábil, próprio ou impróprio quando se quer assumir um julgamento tolerável ou sensato dos vários assunto sócio espirituais. Os ignorantes, e aqueles que tem a visão embaçada pelo senso comum imaginam que dogma e crença são requisitos da fé. Mas quando  lemos os ensinos do Budha, percebemos que fé é o resultado da evidencia plausível quando concretizada no evento ou circunstância esperada ou almejada. Desse modo, no budismo, com esse conceito, não corremos o risco de banalizar a fé, relacionando-a apenas ao milagre ou uma eventualidade ocorrida com pouca probabilidade. A atitude de fé é levada a cabo pelo sentimento intuitivo e uma percepção apurada. Mas racionalmente dentro de um limite que consegue separar a crendice e superstição da verdadeira espiritualidade, manifestada no coração daquele que confia em Deus acima do milagre, não colocando a taumaturgia como regra de valor espiritual e nem vivendo debaixo da cegueira do dogmatismo hedonista narcisista. Fomos contaminados pela vulgarização da fé, e entendo que precisamos rever este conceito, baseado em nossa experiência pessoal. Então imagino que Abraão teve medo, e pensasse que realmente poderia assassinar seu filho, cometendo um crime hediondo. Nosso senso comum quer crer que tudo já estava determinado. Na presciência  divina sim, mas na realidade existencial de Abraão não. Sou propenso a intuir um Deus surpresa, misterioso e imprevisível até, nos fatos e situações mais previsíveis. Conjecturo que Abraão escondeu-se debaixo do amor, misericórdia e graça divina. A fé tem dois lados, imagino, a certeza e a incerteza. A unilateralidade da fé como crença, faz-nos enfatizar mais o milagre do que aquele que o realiza. Caímos em um ceticismo cristão. O texto de Gênesis 22 mostra claramente, que Abraão valoriza e evidencia o Deus provedor no acontecimento. Muito interessante esse fato, pois não foi o milagre do cordeiro ter aparecido de repente, que surpreendeu pai e filho naquela cena decisiva, mas a alegria de um Deus capaz de superar o insuperável, e transformar um momento de perplexidade e ansiedade num gozo e alegria sem precedente. A experiência mostrou a Abraão, que a fé não é necessariamente milagre, e que em sua jornada espiritual ele precisaria muito mais da presença divina em sua comunhão íntima com Deus, do que o milagre em si. A ênfase no milagre trás o lado perigo do descontrole espiritual e uma vida tipicamente orientada pela crendice emocional, assim, não existindo espaço pra ter um juízo pelo bom senso onde podemos dizer o que é correto ou incorreto. O prodígio do aparecimento do cordeiro, é um aspecto de um quadro impregnado pelo Deus que tudo prove. Ele está em tudo e em todos. No nada, no vazio e no abismo. Na escuridão como sua morada originária, Ele manifestasse como luz para produzir a vida em sua plenitude. Gênesis 1: 2, 3. "Havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: Haja luz ; e houve luz. Saúde. Davi.

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