Serviço do Equinócio da Primavera
por Max Heindel
Terceira Estrofe do Hino Rosacruz de Abertura cantada por todos os presentes.
Cumpramos todos o nosso dever
Do nobre e recto proceder
Sem ódio por amor agir
E nunca ao nosso dever fugir
Sabendo por amor obrar
E repetindo-o sem cessar
O medo e o pecado assim,
Iremos dominar enfim.
RITUAL
O leitor descobre o emblema e profere a Saudação
Rosacruz:
Queridas Irmãs e Irmãos - "Que As Rosas Floresçam Em Vossa Cruz".
Todos respondem: "E na vossa também".
Mais
uma vez estamos no tempo da Páscoa. Mais uma vez atingimos o acto final do
drama cósmico que envolve a descida do Raio do Cristo sobre a matéria da nossa
Terra: O Nascimento Místico, celebrado pelo Natal, a Morte Mística e a
Libertação. O impulso de vida do Cristo Cósmico que penetrou na Terra da última
vez, teve o seu Nascimento Místico por ocasião do Natal, cumpriu a sua
maravilhosa magia de fecundação durante os meses decorridos entre o Natal e a
actual Páscoa, e está agora libertando-se da Cruz da matéria para ascender
novamente ao Trono do Pai, deixando a Terra revestida de vida para ser usada
nas actividades físicas dos próximos meses.
O Raio Espiritual emanado anualmente do Cristo Cósmico para revitalizar a
vitalidade latente da Terra, está a subir ao Trono do Pai. Nesta parte do ano,
uma vida nova, uma energia aumentada, circula com força irresistível pelas
veias e artérias de todas as coisas vivas, inspirando-as, dando-lhes nova
esperança, nova ambição e nova vida, impelindo-as a novas actividades por meio
das quais aprenderão novas lições na escola da experiência. Com ou sem
conhecimento da parte dos beneficiados, esta energia superabundante revigora
tudo o que tem vida. Até as plantas a ela respondem com uma circulação de seiva
aumentada, que resulta em crescimento adicional das folhas, das flores e dos
frutos, por cujo intermédio essa onda de vida presentemente se manifesta e
evolui para um estado de consciência superior.
Maravilhosas como possam parecer essas manifestações físicas exteriores, e
gloriosa como seja esta transformação que converte a Terra de deserto em jardim
florido, perdem todo o seu significado frente às actividades espirituais que as
acompanham. As passagens predominantes do drama cósmico são idênticas, no que
diz respeito ao tempo, aos efeitos materiais do Sol nos quatro signos cardeais
de Aries, Câncer, Libra e Capricórnio, pois os acontecimentos mais
significativos ocorrem nos pontos de equinócio e de solstício.
É realmente verdade que "em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso
ser". Fora de Deus nao poderia haver existência; vivemos em virtude de Sua
Vida; movemo-nos e agimos por causa de Sua Força; é o Seu Poder que sustenta o
nosso lugar de residência, a Terra, e sem os Seus esforços que não esmorecem, e
que não vacilam, o universo desintegrar-se-ia. Aprendemos que o homem foi feito
à semelhança de Deus e devemos compreender que de acordo com a Lei de Analogia,
temos certos poderes latentes em nós, que são semelhantes aos que vemos tao
poderosamente manifestados no trabalho da Divindande no universo. Isto faz-nos
ter um interesse particular no drama cósmico anual que envolve a morte e a
ressurreição do Sol. A vida de Deus-Homem, Cristo-Jesus, foi traçada em
conformidade com a história solar, e prefigura, de modo idêntico, tudo o que
poderá suceder ao Homem-Deus de quem esse mesmo Cristo-Jesus profetizou, quando
disse: "As coisas que eu faço vós também as fareis, e maiores ainda; mas
para onde eu vou vós não podeis seguir-me ainda, porém seguir-me-eis mais
tarde".
A
natureza é a expressão simbólica de Deus. Ela nada faz em vão ou graciosamente.
Há um propósito oculto por trás de tudo e de cada acto. Por isso deveríamos
estar alerta e observar cuidadosamente os sinais nos céus, pois eles têm um
significado profundo e importante no que diz respeito às nossas próprias vidas.
A compreensão inteligente do seu propósito habilita-nos a cooperar muito mais
eficientemente com Deus nos Seus formidáveis esforços para a emancipação da
nossa raça do jugo das leis da Natureza e para a nossa plena libertação, até
atingirmos a altura de Filhos de Deus, coroados com glória, honras e
imortalidade, e livres do poder do pecado, da doença e do sofrimento que agora
encurtam nossas vidas devido à nossa ignorância e inconformidade com as Leis de
Deus. O propósito Divino visa essa emancipação, mas quer ele seja cumprido por
meio do longo e tedioso processo da evolução, quer pelo caminho imensamente
mais rápido da Iniciação, está na dependência de nós querermos ou não prestar a
nossa cooperação.
Durante
os últimos seis meses temos sido progressivamente impregnados com as vibrações
espirituais do Cristo Cósmico que começaram a penetrar a atmosfera da Terra em
Setembro. Nessa descida do Cristo Cósmico, veio a nós um novo impulso para a
vida superior; esse impulso culminou na noite Santa do Natal e tem produzido a
sua magia nas nossas naturezas de acordo com a maneira pela qual aproveitamos
as nossas oportunidades. De acordo com a nossa diligência ou descuido na
passada estação, o nosso progresso será acelerado ou retardado na próxima, pois
não há palavra mais verdadeira do que aquela que nos ensina que somos
exactamente o resultado das nossas próprias acções. Uma nova oportunidade de
prestarmos maior serviço proporcionar-nos-á um impulso adicional em direcção ao
céu e nao será demais repetirmos que será inútil esperarmos a libertação da
cruz da matéria, enquanto nao tivermos aproveitado todas as nossas
oportunidades aqui, só depois disso estaremos preparados para uma esfera de
serviço mais ampla. Os cravos que pregaram o Cristo à Cruz do Calvário, terão
que trespassar a vocês e a mim, até que o impulso dinâmico do amor flua de nós
em ondas que vão aumentando ritmicamente, como a maré de amor que anualmente
penetra na Terra e a envolve com vida renovada.
Durante os três meses que passaram, o Cristo sofreu as agonias da tortura,
"gemendo e esperando pelo dia da libertação" que chega na ocasião da
qual a Igreja Ortodoxa fala como sendo a Semana da Paixão. Nós sabemos, de
acordo com os ensinamentos místicos, que essa semana é exactamente a culminação
ou o ponto máximo do Seu sofrimento e que então Ele sairá da Sua prisão;
sabemos que quando o Sol cruza o equador, Ele pende da Cruz e exclama:
"Consummatum Est". Está consumado! Este não é porém, um grito de agonia.
É um grito de triunfo, um brado de alegria porque chegou a hora da libertação,
e porque mais uma vez, Ele pode elevar-se durante algum tempo livre das
agrilhoantes condições do nosso planeta.
Deveríamos
regozijar-nos com Ele nesta hora grande, gloriosa e triunfal; na hora da
libertação, quando Ele exclama: "Está terminado"!
Sintonizemos nossos corações com este grande acontecimento cósmico;
regozijemo-nos com o Cristo nosso Salvador, porque mais uma vez chegou ao fim o
Seu Sacrifício anual; e sintamos gratidão, do mais profundo do nosso coração,
porque Ele está prestes a libertar-Se dos grilhões da Terra; porque a Vida que
Ele agora espalhou no nosso planeta é suficiente para nos conduzir até ao
próximo Natal.
A vida é uma escola e aprendendo as suas variadas lições, a humanidade está
lentamente evoluindo desde uma centelha divina até à Divindade. Se nós
tivéssemos aprendido as lições da vida tal como nos foram dadas, não haveria
necessidade do grande sacrifício que foi feito pelo Espírito do Cristo, a
encarnação do Amor, cujo sacrifício anualmente se repete. Pelo egoísmo, pela
desobediência à Lei e pelas práticas más, cedo cristalizamos não somente o
nosso próprio corpo denso, mas também a Terra em que vivemos, e fizemo-lo a tal
ponto que ambos se estavam tornando inúteis como meios para a evolução. Quando
nada mais nos poderia salvar dos resultados dos nossos próprios erros, o
compassivo Cristo ofereceu-Se e também ofereceu o Seu grande poder de amar para
dissolver as condições cristalizadas dos corpos do homem e da Terra, e Ele não
abandona a Terra por ocasião da Páscoa, enquanto nao Deu Tudo de Si mesmo.
Para aqueles que escolheram trabalhar consciente e inteligentemente com a Lei
Cósmica, a Páscoa tem grande significado. Para estes, significa a libertação
anual do Espírito de Cristo da constrangedora permanência na Terra e Sua feliz
ascensão ao Seu verdadeiro mundo, ao Seu verdadeiro Lar, para lá permanecer
algum tempo, descansando no seio do Pai. A Páscoa representa, também, para o
aspirante, o sinal anual que lhe é dado, das bases cósmicas das suas esperanças
e aspirações. Se os olhos estiverem verdadeiramente abertos, ver-se-ão as
hostes angélicas esperando, prontas para acompanhar o Cristo em Sua jornada
celeste; e se os ouvidos estiverem abertos aos sons celestiais, ouvir-se-ão
coros celestiais cantando Seus louvores em alegres hossanas ao Senhor
Ressuscitado. Quando considerada como um facto cósmico a conexo com a Lei de
Analogia que une o macrocosmos com o microcosmos, a Páscoa simboliza que algum
dia, todos nós alcançaremos a consciência cósmica e saberemos positivamente,
por nós mesmos, por nossa própria experiência, que a morte não existe, mas que
o que assim parece é apenas uma transição para esferas superiores.
A Páscoa é um símbolo anual para fortalecer nossas almas nas obras do Bem, para
que possamos tecer o Dourado Manto Nupcial, requerido para nos tornarmos Filhos
de Deus no mais alto e no mais santo sentido. Absolutamente verdadeiro que a
menos que andemos na Luz, como Deus está na Luz, não teremos Fraternidade; mas
fazendo sacrifícios e prestando os serviços que nos são requeridos para
ajudarmos a emancipação da nossa raça, estaremos construindo o corpo-alma de
radiante luz dourada que é a substância especial emanada do e pelo Espírito do
Sol, o Cristo Cósmico. Quando essa substância dourada nos tiver revestido com
suficiente densidade, então estaremos prontos para imitar o Sol da Páscoa e
voar para esferas mais altas.
Com
esses ideais firmemente fixados em nossa mente, o tempo da Páscoa apresenta-se
como a ocasião em que devemos rever a nossa vida durante o ano precedente e
tomarmos novas resoluções que, no próximo ano, sirvam para aumentar o nosso
crescimento anímico. Esta é a ocasião em que o símbolo do Sol ascendente nos
deveria conduzir para uma perfeita realização do facto que somos apenas
peregrinos e estranhos sobre a Terra; que, como Espíritos, o nosso lar real
está no céu, e que nos devemos esforçar para aprender as lições nesta escola da
vida tao rapidamente quanto seja compatível com o serviço que devemos prestar.
O dia da Páscoa assinala a Ressurreição e a Libertação do Espírito de Cristo
das vibrações inferiores da Terra, e esta libertação deveria recordar-nos para
esperarmos constantemente a alvorada do novo dia que nos libertará
permanentemente das redes da matéria, do corpo de pecado e da morte, juntamente
com todos os nossos Irmãos do cativeiro. Nenhum aspirante verdadeiro poderia
conceber uma libertação que não incluísse a todos que estão na mesma situação.
Esta
é uma tarefa gigantesca cuja contemplação poderá atemorizar o mais bravo
coração, e, se estivéssemos sós, ela não poderia ser realizada; as Hierarquias
Divinas que conduziram a humanidade no caminho da Evolução desde o início da
nossa carreira, ainda estão activas e trabalham connosco nos seus próprios
mundos e, com o seu auxílio, estaremos eventualmente habilitados para levar a
termo esta elevação da humanidade como um todo e atingir uma realização
individual de glória, honra e imortalidade.
Tendo
esta grande esperança dentro de nós, esta grande missão para cumprir no mundo,
trabalhemos como jamais trabalhámos antes, para nos tornarmos melhores homens e
mulheres, de modo que possamos, com o nosso exemplo, despertar nos outros o
desejo que conduza à vida que trará a libertação.
Concentremo-nos
agora sobre Amor Divino e Serviço.
CONCENTRAÇAO
(10 minutos)
MÚSICA: Hino Rosacruz de Encerramento.
O leitor cobre o emblema e profere a seguinte exortação de despedida:
"E agora, queridas Irmãos, que vamos partir, de volta ao mundo material,
levemos a firme resolução de expressar, em nossas vidas diárias, os elevados
ideais de espiritualidade que aqui recebemos, para que, dia a dia, nos tornemos
melhores homens e mulheres, e mais dignos de sermos utilizados como colaboradores
conscientes, na obra benfeitora dos Irmãos Maiores, ao Serviço da
Humanidade".
www.fraternidaderosacruz.net. Abraço. Davi
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