Budismo. www.odsalling.org.
PENSAR NÃO TRAZ ILUMINAÇÃO: RELAXE SUA MENTE. A realidade é algo que,
costumeiramente, vai ficando cada vez mais distante de nós, devido aos nossos
apegos, desejos e visões distorcidas. Para poder compreender um pouco melhor a
realidade da vida e enxergar além das aparências, precisamos contemplar os
ensinamentos. Devemos nos lembrar, no entanto, que apenas compreender
racionalmente não é o suficiente. Compreender é impermanente: você pode se
esquecer facilmente do que aprendeu ou até mesmo compreender errado. A
compreensão deve, então, ser equilibrada com o relaxamento da mente. Você usa
seu intelecto -ouvindo, contemplando, questionando, compreendendo os
ensinamentos. E, logo depois, você deixa os pensamentos irem embora. Você abre
mão deles, porque eles não são o bastante: eles ainda não são a realidade
absoluta da sua mente. Existem no mundo grandes pensadores, maiores do que eu e
você, mas eles não atingiram a iluminação. Pensar não vai trazer iluminação. Mas
se você cultivar a compreensão clara e relaxar sua mente –relaxar toda sua
subjetividade e todo seu apego à fachada do eu, e à projeção desse eu como o
outro- conseguirá experimentar a natureza não-dividida do estado desperto. Use
métodos para fazer sua contemplação e relaxamento. Algumas vezes, você pode,
depois de contemplar, gritar ou se mexer, fazer um mudra, ou apenas não fazer
nada. Então você deve contemplar e relaxar novamente, várias vezes. É como uma
gangorra, que varia de um lado para o outro. Na verdade, o que importa é o
ponto focal, o ponto de equilíbrio dessa gangorra. Se você pensar na gangorra,
por exemplo, vai perceber que ela nem existe: é apenas uma tábua apoiada em uma
base. Ao atingirmos a compreensão desse ponto focal, de equilíbrio, percebemos
que contemplação e relaxamento são a mesma coisa. Intelecto e essência não são
diferentes. Quando conseguimos atingir esse nível, podemos considerar que nossa
meditação está indo muito bem. E então, quando conseguimos absorver a
realidade, é hora de praticar a grande quebra de paradigma que o Budismo
Vajrayana propõe: voltamos para o
sofrimento das outras pessoas. É um exercício mental usado para cultivar a
compaixão –que significa querer que o sofrimento do outro cesse. Este é um
processo tremendo nesse caminho para realizar a natureza iluminada da mente.
Basicamente, o que ocorre é que colocamos mais ênfase nos problemas dos outros
do que nos nossos, de modo a ajudá-los de maneira amorosa e compassiva. E
relaxamos nossa mente, aceitando que não temos todas as respostas para suprir
as necessidades dos outros. E, então, nos voltamos para os budas e rezamos. Rezar
é um processo interessante que fazemos com nossa mente. Não pense que estamos
rezando para alguém separado de nós mesmos, alguém no céu, sentado no trono,
envolto por nuvens. No caso do Budismo, rezar significa voltar a nossa mente em
direção à perfeição, à essência, à não-limitação, ao amor e compaixão
indivisíveis e estado desperto que é sabedoria – e que sempre esteve presente. Chagdud
Tulku Rinpoche (1930-2002) comparava a oração ao sol: o sol brilha, não importa
o que aconteça. Se você vive no fundo de um poço, você terá pouca luz e poderá
ficar bravo porque o sol brilha pouco para você. Mas isso não é culpa do sol.
Ele brilha igualmente para todos. Nós é que vivemos dentro do poço. Rezar é
sair de dentro do poço e ficar exposto à luz do sol, que está lá, brilhando. O
que muda é que, ao rezar, você se expõe a esse brilho, você fica mais
disponível para receber os raios desse sol. A perfeição não tem preconceitos.
Não é algo que você tem que ganhar, que merecer ou conquistar. É algo que você
tem que notar. www.odsalling.org.
Abraço. Davi
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