Hare Krishna. www.chandramukhaswuami.com.br. Texto
de Chandramukha Swuami. A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO VÉDICO. Os Vedas são
a fonte original de todo e qualquer conhecimento e sua origem é transcendental.
Desse modo, não há ramo de conhecimento material ou espiritual que não esteja
contido nos textos védicos originais. O conhecimento de uma pessoa sob a
influência da energia material está sempre sujeito a quatro tipos de defeitos:
sua mente e intelecto têm a forte tendência de se iludir, seu comportamento
está sempre manchado de erros, seus sentidos de percepção são defeituosos e
limitados e, para satisfazer seus interesses pessoais, ela é capaz de enganar
as outras pessoas. Na verdade, é comum que uma pessoa na plataforma material
manifeste um ou mais destes defeitos de uma só vez. No entanto, devemos compreender
que o conhecimento védico não possui nenhum destes defeitos, pois foi
transmitido pela Pessoa Suprema – uma fonte completamente transcendental. O
receptor original deste conhecimento foi o primeiro ser vivo, o Senhor Brahmā,
o qual existiu antes mesmo da criação material. Brahmājī foi dotado de poder
pelo Senhor para criar este mundo com o propósito de dar uma nova oportunidade
às almas condicionadas que não alcançaram a liberação na criação anterior.
Depois de cumprir esta missão, Brahmā transmitiu este conhecimento védico ao
sábio Nārada que, por sua vez, o transmitiu a seu discípulo Vyāsadeva que, com
o propósito de preservá-lo, registrou-o na forma literária. Uma vez que
os Vedas têm
como propósito último fornecer conhecimento sobre a autorrealização espiritual,
os seus temas são compreendidos apenas por pessoas com excepcionais qualidades
de bondade, e não podem compreendê-los as pessoas sob a influência da paixão e
da ignorância. Por este motivo, no início da era de Kali, o grande sábio Vyāsa dividiu
os Vedas em
vários ramos, tornando-os acessíveis às pessoas menos inteligentes, situadas na
paixão e na ignorância. Especialmente, o sábio Vyāsa preparou o Mahābhārata, uma
compilação admirável repleta de histórias que prendem a atenção de qualquer
tipo de pessoa, e, dentro do Mahābhārata, incluiu a essência do
conhecimento védico na forma da Bhagavad-gītā. A realidade é que as
pessoas comuns se interessam muito mais por histórias fascinantes do que por
filosofia profunda. Assim, Vyāsadeva compôs o Mahābhārata, e
prendeu a atenção dos leitores menos inteligentes com a incrível história da
disputa pelo trono entre as dinastias Kaurava e Pāndava. O interessante é que
no momento mais crítico da história, exatamente quando a Batalha de Kurukṣetra está
por começar, Kṛṣṇa entra em cena e transmite Sua mensagem maravilhosa, ou seja,
a Bhagavad-gītā. Na
verdade, toda a trama política e envolvente do Mahābhārata não
passa de um arranjo divino para prender a atenção dos leitores para que Kṛṣṇa possa
derramar um oceano infinito de instruções sublimes sob a forma da Bhagavad-gītā, o resumo
da verdadeira essência dos Vedas. As próprias escrituras védicas
não se cansam de glorificar as qualidades singulares da Bhagavad-gītā. Isto
porque a Bhagavad-gītā emanou
diretamente da boca da maior autoridade em conhecimento, Kṛṣṇa, o qual é
glorificado em todos os Vedas como Mahāprabhu, “o Mestre
Supremo”, e Puruṣottama, “a Personalidade Suprema”. Devemos ser entusiastas em
estudar a Bhagavad-gītā e
compreender que ele é a manifestação da ilimitada bondade do Senhor, que, em
apenas setecentos versos, apresentou toda a essência do conhecimento contido em
todos os Vedas. Nesta
era atual, as pessoas têm uma curta duração de vida e não são muito entusiastas
e qualificadas para estudar a imensidão de textos védicos, tais como os Purāṇas, as Upaniṣads, o Vedānta-sūtra etc.
Portanto, por estudar simplesmente a Bhagavad-gītā, qualquer
indivíduo poderá se elevar ao estado de sabedoria e iluminação transcendental.
Isso porque, assim como toda literatura védica, o conhecimento apresentado na Gītā é
eterno e imaculado e se destina ao homem fiel que tem o desejo sincero de
compreender o tema de como se livrar das garras da existência material e
alcançar uma existência eterna e plena de felicidade. A Bhagavad-gītā é
considerada o primeiro livro de valores espirituais. Sua função é credenciar
seu estudante e prepará-lo para iniciar seu estudo da filosofia Vedānta para,
finalmente, ingressar ao bhakti-yoga, ou seja, serviço devocional
amoroso ao Senhor. Segundo os Vedas, o cosmos material se manifesta
em ciclos de quatro eras: Satya, Tretā, Dvāpara e Kali. A era de Satya é
caracterizada pelas boas virtudes e todos os seres humanos que vivem na Terra
são repletos de qualidades divinas. Na era de Tretā, há um declínio das
virtudes e a Terra passa a abrigar ao mesmo tempo seres divinos e seres
demoníacos. Na era de Dvāpara, o aumento da irreligião e da impiedade se acentua
e o divino e o demoníaco passam a viver na mesma família. Finalmente, na era de
Kali, ou era das trevas, há um predomínio total de irreligião, hipocrisia e
desavenças, e a natureza divina e demoníaca habitam lado a lado no mesmo corpo.
Desse modo, foi há cinco mil anos, entre o final da era de Dvāpara e o começo
da era de Kali, que a Pessoa Suprema, Bhagavān Kṛṣṇa, veio à Terra e transmitiu
para Arjuna este conhecimento sublime da Bhagavad-gītā,
removendo, assim, todas as suas dúvidas, ansiedades e lamentações. O cenário
da Bhagavad-gītā foi
o campo sagrado de Kurukṣetra, minutos antes da batalha mais violenta já
registrada pela história dos últimos tempos. Naquela época, a Terra e seus
habitantes estavam sendo atormentados pela influência perturbadora de indivíduos
materialistas e cobiçosos e, como é confirmado no Capítulo Quatro da
própria Bhagavad-gītā, em tais
situações, o próprio Kṛṣṇa sempre desce a este ou qualquer outro planeta para
eliminar os elementos indesejáveis e proteger diretamente as pessoas piedosas. Sendo
um companheiro eterno de Kṛṣṇa, o guerreiro Arjuna está sempre livre de
qualquer classe de ilusão. Entretanto, ele foi colocado em ilusão pessoalmente
por Kṛṣṇa, que desejava transmitir os ensinamentos da Bhagavad-gītā para
as futuras gerações. Desse modo, representando o papel de uma pessoa absorta em
sofrimento material, Arjuna pôde formular perguntas relevantes sobre os
verdadeiros problemas da vida. Devemos entender que Arjuna está representando a
nossa posição, pois, quer compreendamos ou não, na existência material
convivemos frequentemente com ansiedades e temores. Portanto, temos de
primeiramente seguir o exemplo de Arjuna que admitiu sua incapacidade de,
sozinho, solucionar os problemas que surgiram diante dele no Campo de Batalha de
Kurukṣetra. Depois disso, temos de aceitar o abrigo de Kṛṣṇa e seguir Suas
instruções divinas, independentemente do nível de educação ou inteligência que
possamos ter. A realidade é que não temos a capacidade de encontrarmos as
devidas soluções para os problemas que surgem na vida, pois, em nossa vida
prática, é como se estivéssemos no Campo de Kurukṣetra, onde a batalha entre o
bem e o mal acontece a todo momento. Arjuna mostrou-nos que, se quisermos
vencer esta grande batalha interna, temos de nos armar com o conhecimento
transcendental da Bhagavad-gītā, o qual não foi destinado apenas
ao guerreiro. Na realidade, tais instruções sublimes não se aplicam apenas
àquele momento ou lugar específico, mas servem para todos os tipos de pessoas,
em todas as épocas e lugares. Isso significa que, ainda hoje, se uma pessoa for
inteligente o bastante para compreender a Bhagavad-gītā do
mesmo modo que Arjuna o compreendeu, ela será tão beneficiada como Arjuna, o
qual estava na presença pessoal de Kṛṣṇa. Faz parte do conhecimento
transcendental compreender que, uma vez que Kṛṣṇa é absoluto, não existe
diferença entre Ele e Suas instruções. Materialmente falando, a associação
entre uma pessoa e outra depende do contato pessoal físico, mas na plataforma
espiritual a situação é diferente. Na verdade, Kṛṣṇa transmitiu estes
ensinamentos sublimes, os quais foram registrados pelo grande sábio Vyāsadeva,
para que sempre tenhamos a oportunidade de estar recebendo instruções de Kṛṣṇa mesmo
que Ele esteja fora de nossa visão material. Por si sós, nossos sentidos
materiais limitados nunca nos darão acesso à compreensão do Senhor ilimitado.
Entretanto, justamente por ser ilimitado, o Senhor Kṛṣṇa pode Se revelar mesmo
àqueles que possuem sentidos limitados, pois, caso Ele não pudesse, Ele também
seria limitado como um de nós. Kṛṣṇa possui poderes inconcebíveis. Desse modo,
sendo uma das Suas energias, a energia material pode ser espiritualizada pelo
Seu desejo transcendental. Desse modo, a representação de uma escritura como
a Bhagavad-gītā é
Sua representação sonora autêntica e é especialmente destinada à percepção
sensorial que possuímos neste momento. www.chandramukhaswuami.com.br.
Abraço. Davi
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO VÉDICO
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