www.studybuddhism.com. Texto de
Alexander Berzin. O QUE É MANDALA? Mandala é uma representação complexa do universo, com
diferentes partes do universo representando diferentes aspectos dos
ensinamentos budistas. Existe uma variedade de mandalas, que geralmente são
recriadas como pinturas, modelos 3D ou areia em pó. Independentemente do tipo de
prática que as utilize, as mandalas são um sofisticado instrumento para o
desenvolvimento das boas qualidades que precisamos para beneficiar os outros. Introdução. As mandalas surgiram na Índia há
milhares de anos, como um auxílio para certas práticas avançadas de meditação
hinduísta e budista. Atualmente tornaram-se conhecidas pelo público em geral.
No início do século 20, o psicanalista suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) introduziu as mandalas
ao pensamento ocidental como um instrumento terapêutico de exploração do inconsciente.
Com o passar dos anos, a cultura pop começou a utilizar o termo “mandala” não
apenas em conceitos New Age, mas também como nome de hotéis, spas,
discotecas, revistas, entre outros. Recentemente monges tibetanos tem
construído mandalas de areia com cores vibrantes em museus ao redor do mundo
para mostrar a sofisticada cultura do Tibete. Mas o que, exatamente, é uma
mandala? Uma
mandala é um símbolo circular de um universo, utilizada para representar um
significado mais profundo. As mandalas são utilizadas em muitos tipos de
meditações e práticas budistas. Este artigo examinará as mais importantes. Mandalas no Tantra. Nas práticas avançadas conhecidas como “tantra”, os
meditadores dissolvem sua autoimagem comum de um “eu” sólido e permanente e em
vez disso visualizam-se e imaginam-se na forma de uma figura búdica conhecida
como yidam em tibetano. Essas figuras representam um ou mais
aspectos de um Buda plenamente iluminado, tais como o exemplo relativamente
conhecido de Avalokiteshvara, como personificação da compaixão. Os praticantes
de tantra imaginam-se na forma de Avalokiteshvara e sentem que personificam
compaixão assim como ele. Ao imaginar que já somos capazes de ajudar os outros
assim como a figura búdica – embora tenhamos plena consciência de que ainda não
chegamos lá – podemos, eficiente e efetivamente, desenvolver as causas para a
nossa própria iluminação. Figuras búdicas vivem em mundos completamente
puros, também conhecidos como mandalas, sendo que o termo “mandala” refere-se
não só ao meio-ambiente desses mundos, mas também a todos os seres que neles
habitam. Cada um dos mundos é ligeiramente diferente, mas em geral são
compostos por um palácio quadrado ornamentado, situado no centro de uma linda
paisagem e rodeado por uma barreira protetora circular que evita interferências
na prática meditativa. A figura principal pode ser masculina ou feminina,
sozinha ou em casal, sentada ou em pé no centro do palácio. Frequentemente
estão rodeadas por outras figuras e eventualmente há figuras adicionais fora do
palácio. Muitas delas têm múltiplos rostos, braços e pernas e seguram uma
variedade de objetos simbólicos. Para se dedicar-se a este tipo de prática
tântrica é necessário receber uma autorização ou iniciação, uma cerimônia bela
e elaborada conduzida por um mestre tântrico plenamente qualificado. Durante a
iniciação, uma ilustração bidimensional da mandala da figura búdica é colocada
próxima ao mestre, normalmente pintada em tecido ou feita com areia e colocada
dentro de uma maquete de madeira de uma versão simplificada do palácio.
Entretanto, ao visualizarmos mandalas, devemos sempre enxergá-las como
tridimensionais. Durante a cerimônia ritualistica, o mestre concede votos aos
iniciados e permissão para entrar no palácio, com a qual eles imaginam-se entrando.
Por meio de várias visualizações, os seus assim chamados potenciais para
“natureza búdica” são ativados para que consigam alcançar a iluminação através
da prática. Se a mandala tiver sido construída com areia, ela é desfeita na
cerimônia de encerramento, representando a impermanência, e os grãos são
varridos em um monte e oferecidos a um corpo de água. Depois disso, os
iniciados recebem a autorização para visualizarem-se como as figuras e como a
mandala, como parte de suas práticas diárias. Cada uma das figuras e os objetos
que elas seguram representa algo associado à prática meditativa. Por exemplo,
os seis braços de uma figura podem representar as seis perfeições (seis
paramitas). Os praticantes não só imaginam que são todas as figuras dentro e fora
do palácio, mas também que são o próprio palácio, sendo que as diversas
características arquitetônicas do palácio da mandala também representam vários
aspectos da prática meditativa. Em algumas mandalas as quatro paredes podem
representar as quatro nobres verdades, enquanto que a forma de quadrado do
palácio, com lados de mesmo comprimento, indicam que, em termos de vacuidade,
os Budas e os ainda-não-iluminados são iguais. Em algumas meditações tântricas muito
avançadas os praticantes visualizam até mesmo partes de seu corpo como partes
do palácio ou várias figuras do palácio situadas dentro de seu próprio corpo.
Isso é chamado “mandala do corpo” e é difícil, porque exige excelente
concentração e um grande conhecimento de filosofia budista. Mandalas nas Práticas em Geral. Antes de receberem qualquer ensinamento – tântrico
ou qualquer outro – de um professor budista, os alunos oferecem uma mandala de
pedido, e no final do ensinamento uma mandala em agradecimento. Aqui a mandala
representa um universo completo e perfeito repleto de objetos preciosos. Uma
vez que os alunos valorizam o ensinamento mais do que qualquer coisa no mundo,
oferecer a mandala representa sua disposição para dar toda e qualquer coisa
afim de recebê-lo. A oferenda da
mandala pode ser na forma de uma tigela circular de fundo plano, emborcada,
colocando-se porções de grãos crus ou sementes contidas em círculos
concêntricos progressivamente menores, dispostos uns sobre os outros no fundo
da tigela. Ela é então coroada com um diadema ornamental. Como alternativa, ela
também pode ser feita com um “mudra” de mão no qual os dedos se entrelaçam em
um padrão específico. Em ambos os casos, a mandala representa a visão
idealizada do universo, tal como ele aparece na literatura tradicional budista.
Ao oferecer mandalas, os alunos recitam versos com o intuito de que todas as
condições em todo o mundo permitam que os ensinamentos sejam recebidos e que
todos os seres possam viver nesse mundo perfeito e partilhar desses
ensinamentos extraordinários. Muitos budistas realizam as “práticas
preliminares” (ngondro em
tibetano) que normalmente envolvem 100.000 repetições de certas práticas – como
preparação para as meditações mais avançadas. Essas preliminares ajudam a
eliminar bloqueios emocionais e a desenvolver o potencial positivo necessário
para obter êxito na prática meditativa. Oferecer uma mandala 100.000 vezes é
uma das práticas preliminares e ela serve para ajudar os praticantes a se
livrarem da hesitação em dedicar todo o seu tempo e esforço para as meditações.
Além disso, a prática de oferenda de mandala desenvolve uma forte disposição
para darmos tudo a fim de obtermos êxito. Conclusão. Nós vimos como as mandalas são
utilizadas em várias práticas budistas para representar não apenas o universo,
mas também os diversos aspectos do caminho budista. Embora os monges tibetanos
continuem construindo belas mandalas de areia por todo o mundo para aumentar a
consciência sobre a situação de seu povo, também é importante não ver
simplesmente como uma forma de arte exótica. Mandalas são um instrumento
sofisticado de meditação que têm uma função central tanto em práticas gerais
quanto em práticas avançadas de tantra e nos ajudam a avançar em nosso caminho
para a iluminação. www.studybuddhism.com.
Abraço. Davi
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