Editor do Mosaico. Filme O Gato do Rabino. Parte I. Na animação citado do diretor Joann Star produzido em 2011 é mostrada a temática das
religiões monoteístas (crença num só Deus) que são o Cristianismo, Judaísmo e Islamismo que seguindo conceito dogmático verossímil a seus interesses
fecham-se nas ortodoxias que praticam. Isso é evidenciado nas crenças
defendidas com rigor em nome de seu Deus. A fé na doutrina
religiosa é o principal fundamento do seguidor. Na animação o
rabino judeu tenta superar a recente perda de sua esposa, que convenhamos, quando
esse relacionamento é baseado no amor, companheirismo e cumplicidade é uma
situação dificílima de ser assimilada. Como sentiu fortemente esta ausência, uma crise existencial
de caráter espiritual provocou um ceticismo, a ponto de culpar Deus, indiretamente, por suas orações para restabelecer a esposa não terem sido
respondidas naqueles dias de conflitos e tristeza interiores. A figura do gato
na animação é justificada, pois os cães na tradição judaica e islâmica são considerados
animais imundos bem como os porcos. Assim esses bichos para os judeus ortodoxos e muçulmanos não devem ser criados e nem domesticados, constituindo a desobediência a esse
preceito um pecado. Esse gato era estimado pelo rabino e por sua filha. Entretanto, com
a chegada de um papagaio ele teve que dividir as atenções dos seus donos com
esta ave e isso o provocava e irritava bastante. Então subitamente olhando para
o papagaio pulou em cima dele e o devorou adquirindo a característica de falar.
Assim esse gato começou a questionar os valores religiosos que o judaísmo tinha
como verdades absolutas para confusão da mente do rabino, dando explicações
alternativas fora dos pressupostos da Torá, Talmud e Tanach. Vários aspectos
podem ser abordados como componentes do enredo da projeção. Quando o gato pede
ao rabino para fazer o bar mitzvah - o rito de introdução do jovem judeu na
comunidade local, onde ele com 13 anos faz pela primeira vez a leitura da Torá
na presença da congregação, recebendo as credenciais simbólicas da maioridade.
Esse questionamento do gato traz a ideia da dispensabilidade desse rito como
ofício de iniciação, pois deveria ser estendido a todos inclusive aos animais e
não somente aos humanos. Por que o indivíduo precisa formalizar publicamente sua
crença para tornar-se um membro de uma comunidade espiritual? O Judaísmo tem
dois ritos de iniciação - a circuncisão (que é uma operação cirúrgica que remove o prepúcio, uma pele que cobre a glande do pênis. É um termo oriundo do latim, que significa cortar ao redor. A cirurgia de circuncisão é realizada a mas de 5.000 anos, muito por motivos religiosos, como muçulmanos e judeus) e o bar mitzvah. No Cristianismo temos o
batismo nas águas e os sacramentos do pão e do vinho bem como a leitura das
Escrituras Sagradas. No Islamismo o egresso é chamado de muçulmano e a partir
desse momento deve ler regularmente o Sagrado Alcorão e as doutrinas normativas
contidas na Suna e no Hadith, e na Shariah devendo se tiver condições financeira, para tal, visitar a
cidade sagrada de Meca na Arábia Saudita, pelo menos uma vez na vida. E caso seja possível, beijar a Pedra Escura que se encontra dentro da Kaaba - a Sagrada Tenda Negra. Isso é difícil, pois na
semana da festa do Hamadan (jejum coletivo de todos os muçulmanos ao redor do planeta) a cidade de Meca é visitada por mais de 3
milhões de fieis muçulmanos. É discutível o conceito de monoteísmo (único Deus)
quanto as três religiões que estamos abordando, porque cada uma delas tem seu
Deus de características e especificidades diferentes. Para os Judeus ele é (Yavé, Jeovah) isso no aspecto exotérico (público), pois no misticismo esotérico (oculto) da
Cabala Jeová tem 99 nomes e o número 100 é uma combinação de consoantes YHWH
que por ser santíssimo é impronunciável por qualquer mortal e segundo os judeus
ortodoxos sua menção é pecado de blasfêmia a divindade. No Cristianismo Jesus Cristo é a
figura central sendo o Deus encarnado que trouxe a redenção substitutiva e a
salvação pessoal a todo aquele que crê no filho de Deus. Mas há controvérsias
históricas começando nos primórdios do Cristianismo Primitivo com os pais da
igreja, todavia a deidade de Cristo desde aquela época e ainda hoje é motivo de
indagações e esclarecimentos mais profundos e o caminho para a solução dessa
questão passa a ser a fé pura e simples, entretanto não havendo argumento lógico para
uma explicação científica. Já os Muçulmanos têm Aláh como o Deus Todo Poderoso e
não me arrisco a dizer se eles consideram Alá como o mesmo Deus dos cristãos e
judeus. Pra mim não há dúvida que os três nomes tem a mesma representação entre
as religiões em estudo, mas com competências singularizadas em seus ritos e
doutrinas exotéricas - externa (pública) e esotéricas - oculta (privada). Os muçulmanos compreendem o profeta Muhamad e Jesus
Cristo provenientes de Aláh, onde o profeta Muhamad (Maomé) tem preeminência na religião
Islâmica e no misticismo esotérico islâmico Sufista. O processo de
chegada ao paraíso (céu) do muçulmano é através de virtudes morais e éticas, adentrando este lugar de conforto e descanso com conotação humana e material. O fiel
desfrutará os benefícios celestiais que não foram alcançados em vida. A
ideia de que política e religião são coisas muitíssimo parecidas é mencionada
na animação. O comunista russo que viaja à África com o rabino e o maulá
(clérigo muçulmano) com sua ideologia tenta impressiona os dois religiosos, expondo opiniões socialistas e comunitárias. Conseguindo que os símbolos da
foice e do martelo estivessem na bandeira que usaram na viajem para o
Continente Africano. Quando a ideologia política suplanta o ideal espiritual e de fraternidade humana, instala-se o conflito de interesses, que
fatalmente por ser irreconciliável terminam com a mortes; e esse foi o fim do
cidadão comunista. O comunismo foi claramente a partir da segunda década do
século XX (1917) a "religião" da Rússia apesar de oficialmente ser o
Catolicismo Ortodoxo do patriarcado de Constantinopla. A revolução socialista destitui a monarquia Ksarista (czar foi o título usado pelos soberanos russos, no período de duração o império, 1547-1917); o monarca Ivan IV (1530-1584) foi seu fundador) instalando um regime de perseguição,
medo, terror e mortes. Judeus e opositores políticos foram aprisionados e
enviados para os campos de concentração na Sibéria. Onde torturas físicas e
psicológicas eram aplicadas aos detentos além de exposição a temperaturas
negativas de mais de 50ºC despidos de qualquer vestimentas. Nesse rigoroso frio
siberiano eles definhavam até a morte. É interessante a cena em que o jovem
judeu artista (pintor de quadro) da pinceladas em sua tela em pleno ar livre na
belíssima natureza das savanas africanas. A representação do belo e da natureza
na forma artística trazem uma autonomia do ser integrando-se em harmonia com o
mundo visível e invisível. Dos quatro personagens principais (rabino,
muçulmano, comunista e o jovem judeu) esse último parece o mais trabalhado em
caráter moral e espiritualidade. Ele ousou, expondo a própria vida, conhecer a
primitiva tribo africana que supostamente era guardiã da arca da aliança o
testemunho vivo e representativo de Jeováh com seu povo escolhido. Para sua
surpresa foi perseguido pelos gigantes primatas, que tinham sua particular
maneira de adorar Yavéh e junto com sua corajosa esposa milagrosamente conseguiu
escapar. Abraço. Davi
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