terça-feira, 24 de outubro de 2017

I. O GATO DO RABINO.

Editor do Mosaico. Filme O Gato do Rabino. Parte I. Na animação citado do diretor Joann Star produzido em 2011 é mostrada a temática das religiões monoteístas (crença num só Deus) que são o Cristianismo, Judaísmo e Islamismo que seguindo conceito dogmático verossímil a seus interesses fecham-se nas ortodoxias que praticam. Isso é evidenciado nas crenças defendidas com rigor em nome de seu Deus. A fé na doutrina religiosa é o principal fundamento do seguidor. Na animação o rabino judeu tenta superar a recente perda de sua esposa, que convenhamos, quando esse relacionamento é baseado no amor, companheirismo e cumplicidade é uma situação dificílima de ser assimilada. Como sentiu fortemente esta ausência, uma crise existencial de caráter espiritual provocou um ceticismo, a ponto de culpar Deus, indiretamente, por suas orações para restabelecer a esposa não terem sido respondidas naqueles dias de conflitos e tristeza interiores. A figura do gato na animação é justificada, pois os cães na tradição judaica e islâmica são considerados animais imundos bem como os porcos. Assim esses bichos para os judeus ortodoxos e muçulmanos não devem ser criados e nem domesticados, constituindo a desobediência a esse preceito um pecado. Esse gato era estimado pelo rabino e por sua filha. Entretanto, com a chegada de um papagaio ele teve que dividir as atenções dos seus donos com esta ave e isso o provocava e irritava bastante. Então subitamente olhando para o papagaio pulou em cima dele e o devorou adquirindo a característica de falar. Assim esse gato começou a questionar os valores religiosos que o judaísmo tinha como verdades absolutas para confusão da mente do rabino, dando explicações alternativas fora dos pressupostos da Torá, Talmud e Tanach. Vários aspectos podem ser abordados como componentes do enredo da projeção. Quando o gato pede ao rabino para fazer o bar mitzvah - o rito de introdução do jovem judeu na comunidade local, onde ele com 13 anos faz pela primeira vez a leitura da Torá na presença da congregação, recebendo as credenciais simbólicas da maioridade. Esse questionamento do gato traz a ideia da dispensabilidade desse rito como ofício de iniciação, pois deveria ser estendido a todos inclusive aos animais e não somente aos humanos. Por que o indivíduo precisa formalizar publicamente sua crença para tornar-se um membro de uma comunidade espiritual? O Judaísmo tem dois ritos de iniciação -  a circuncisão (que é uma operação cirúrgica que remove o prepúcio, uma pele que cobre a glande do pênis. É um termo oriundo do latim, que significa cortar ao redor. A cirurgia de circuncisão é realizada a mas de 5.000 anos, muito por motivos religiosos, como muçulmanos e judeus)  e o bar mitzvah. No Cristianismo temos o batismo nas águas e os sacramentos do pão e do vinho bem como a leitura das Escrituras Sagradas. No Islamismo o egresso é chamado de muçulmano e a partir desse momento deve ler regularmente o Sagrado Alcorão e as doutrinas normativas contidas na Suna e no Hadith, e na Shariah devendo se tiver condições financeira, para tal, visitar a cidade sagrada de Meca na Arábia Saudita, pelo menos uma vez na vida. E caso seja possível,  beijar a Pedra Escura que se encontra dentro da Kaaba - a Sagrada Tenda Negra. Isso é difícil, pois na semana da festa do Hamadan (jejum coletivo de todos os muçulmanos ao redor do planeta) a cidade de Meca é visitada por mais de 3 milhões de fieis muçulmanos. É discutível o conceito de monoteísmo (único Deus) quanto as três religiões que estamos abordando, porque cada uma delas tem seu Deus de características e especificidades diferentes. Para os Judeus ele é (Yavé, Jeovah) isso no aspecto exotérico (público), pois no misticismo esotérico (oculto) da Cabala Jeová tem 99 nomes e o número 100 é uma combinação de consoantes YHWH que por ser santíssimo é impronunciável por qualquer mortal e segundo os judeus ortodoxos sua menção é pecado de blasfêmia a divindade. No Cristianismo Jesus Cristo é a figura central sendo o Deus encarnado que trouxe a redenção substitutiva e a salvação pessoal a todo aquele que crê no filho de Deus. Mas há controvérsias históricas começando nos primórdios do Cristianismo Primitivo com os pais da igreja, todavia a deidade de Cristo desde aquela época e ainda hoje é motivo de indagações e esclarecimentos mais profundos e o caminho para a solução dessa questão passa a ser a fé pura e simples, entretanto não havendo argumento lógico para uma explicação científica. Já os Muçulmanos têm Aláh como o Deus Todo Poderoso e não me arrisco a dizer se eles consideram Alá como o mesmo Deus dos cristãos e judeus. Pra mim não há dúvida que os três nomes tem a mesma representação entre as religiões em estudo, mas com competências singularizadas em seus ritos e doutrinas exotéricas - externa (pública) e esotéricas - oculta (privada). Os muçulmanos compreendem o profeta Muhamad e Jesus Cristo provenientes de Aláh, onde o profeta Muhamad (Maomé) tem preeminência na religião Islâmica e no misticismo esotérico islâmico Sufista. O processo de chegada ao paraíso (céu) do muçulmano é através de virtudes morais e éticas, adentrando este lugar de conforto e descanso com conotação humana e material. O fiel desfrutará os benefícios celestiais que não foram alcançados em vida. A ideia de que política e religião são coisas muitíssimo parecidas é mencionada na animação. O comunista russo que viaja à África com o rabino e o maulá (clérigo muçulmano) com sua ideologia tenta impressiona os dois religiosos, expondo opiniões socialistas e comunitárias. Conseguindo que os símbolos da foice e do martelo estivessem na bandeira que usaram na viajem para o Continente Africano. Quando a ideologia política suplanta o ideal espiritual e de fraternidade humana, instala-se o conflito de interesses, que fatalmente por ser irreconciliável terminam com a mortes; e esse foi o fim do cidadão comunista. O comunismo foi claramente a partir da segunda década do século XX (1917) a "religião" da Rússia apesar de oficialmente ser o Catolicismo Ortodoxo do patriarcado de Constantinopla. A revolução socialista destitui a monarquia Ksarista (czar foi o título usado pelos soberanos russos, no período de duração o império, 1547-1917); o monarca Ivan IV (1530-1584) foi seu fundador) instalando um regime de perseguição, medo, terror e mortes. Judeus e opositores políticos foram aprisionados e enviados para os campos de concentração na Sibéria. Onde torturas físicas e psicológicas eram aplicadas aos detentos além de exposição a temperaturas negativas de mais de 50ºC despidos de qualquer vestimentas. Nesse rigoroso frio siberiano eles definhavam até a morte. É interessante a cena em que o jovem judeu artista (pintor de quadro) da pinceladas em sua tela em pleno ar livre na belíssima natureza das savanas africanas. A representação do belo e da natureza na forma artística trazem uma autonomia do ser integrando-se em harmonia com o mundo visível e invisível. Dos quatro personagens principais (rabino, muçulmano, comunista e o jovem judeu) esse último parece o mais trabalhado em caráter moral e espiritualidade. Ele ousou, expondo a própria vida, conhecer a primitiva tribo africana que supostamente era guardiã da arca da aliança o testemunho vivo e representativo de Jeováh com seu povo escolhido. Para sua surpresa foi perseguido pelos gigantes primatas, que tinham sua particular maneira de adorar Yavéh e junto com sua corajosa esposa milagrosamente conseguiu escapar. Abraço. Davi

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