Introdução.
Antes de revelar o profundo significado de sua iluminação, Sakyamuni teve que
preparar os seus discípulos. As verdades da vida eram difíceis demais para
serem compreendidas pelas pessoas comuns, pois elas eram intelectualmente
deficientes. Além disso, as pessoas desta época, estavam imersas na busca de
desejos imediatos e acreditavam que os mesmos representavam a verdadeira
felicidade que elas aspiravam. Por essa razão tornava-se imperioso que
Sakyamuni as levasse a encarar as duras realidades da vida deste mundo.
Primeiramente ele ensinou a futilidade de uma vida repleta de sofrimentos, que
termina com a morte e a repetição contínua desse mesmo ciclo. A conclusão
lógica desse ensino primitivo, que se tornou a base do Budismo Hinayana,
estabeleceu que o único meio de escapar dos sofrimentos era extinguir sua
fonte, o desejo. Isto implicava na extinção do corpo do indivíduo, por isso foi
considerado que era a origem de todos os desejos. Assim, foi ensinado que todos
deveriam procurar a extinção total dos desejos. Esse ensino era uma introdução
rudimentar do profundo conceito de Void ou Kuu.
Assim que seus discípulos começaram a compreender os seus ensinos. Sakyamuni
fez cessar a busca do Void. Contou-lhes a respeito das
maravilhas da terra do Budha e ensinou-lhes que existia um reino longe deste
mundo transitório e mundano. Essa terra eterna e feliz que ele acabara de
descrever poderia estar na parte leste ou oeste do universo, e seus discípulos
desejaram renascer em tal paraíso celeste. Estes ensinos passaram a ser
chamados doutrina provisória do Budismo Mahayana. Quando Sakyamuni revelou o
que mais tarde seria conhecido como Sutra de Lótus, houve uma mudança radical.
Ele incentivou os seus discípulos a examinarem suas próprias vidas ao invés de
ficarem desejando por um outro mundo. Os primeiros quarenta e dois anos
de ensino de Sakyamuni pode ser considerado como uma doutrina preparatória, os
meios que conduziriam todos para a Lei Única, que fora revelada nos oito
últimos anos de ensino do Sutra de Lótus. O Sutra de Lótus integra todas as
verdades parciais em um todo perfeito e representa a essência e o conjunto do
sistema da Filosofia Budista. Explica a vida tanto como um todo e também nos
seus mínimos detalhes. Devido a essa combinação de amplitude e detalhes, o
Sutra de Lótus elucida com êxito a energia fundamental da vida, a energia
vital, que nutre a sabedoria inata em todas as vidas humanas, dando expressão à
força da benevolência que emana no seu íntimo. O Sutra de Lótus explica o
potencial infinito da vida através de parábolas e descrições de acontecimentos
surpreendentes. Sakyamuni achou melhor descrever a iluminação que ele atingira
e ensinou-a através de descrições da Cerimônia do Sutra de Lótus. Por essas
razões o Sutra de Lótus é denominado como o auge, o ápice dos seus ensinos.
Dentre todos os 28 capítulos do Sutra de Lótus, o capítulo Hoben (meios) e
Juryo (Revelação da Vida Eterna do Budha) são mais importantes e constituem
objeto desta preleção.
HOBEN (Meios). Nesse momento, o Budha
levantou-se serenamente de sua meditação e dirigiu-se a Sharihotsu, dizendo:
"A sabedoria dos Budhas é infinitamente profunda e imensurável. O portal
dessa sabedoria é difícil de compreender e de transpor. Nenhum dos homens de
erudição ou de absorção é capaz de compreendê-la. Qual é a razão disso? Um
Budha é aquele que serviu a centenas , a milhares, a dezenas de milhares, a
incontáveis Budhas e executou um número incalculável de práticas religiosas.
Ele empenha-se corajosa e ininterruptamente e seu nome é universalmente
conhecido. Um Budha é aquele que compreendeu a Lei insondável e nunca antes revelada,
pregando-a de acordo com a capacidade das pessoas, ainda que seja difícil
compreender a sua intenção. Sharihotsu, desde que atingi a iluminação, tenho
exposto meus ensinos utilizando várias histórias sobre relações causais,
parábolas e inúmeros meios para conduzir as pessoas e fazer com que renunciem
aos seus apegos a desejos mundanos. Qual a razão disso? A razão está no fato de
o Budha ser plenamente dotado dos meios e do Paramita da sabedoria. Sharihotsu, a sabedoria do Budha é ampla e
profunda. Ele é dotado de imensurável benevolência, ilimitada eloquência,
poder, coragem, concentração, liberdade e Samadhis (meditação), aprofundou-se
no reino do insondável e despertou para a Lei nunca antes revelada. Sharihotsu, o Budha é aquele que sabe como discernir
e como expor os ensinos habilmente. Suas palavras são ternas e gentis e podem
alegrar o coração das pessoas. Sharihotsu, em síntese, o Budha compreendeu
perfeitamente a Lei ilimitada, infinita e nunca antes revelada. Chega,
Sharihotsu! Não vou mais continuar pregando. Por quê? Porque a Lei que o Budha
revelou é a mais rara e a mais difícil de compreender. A verdadeira entidade de
todos os fenômenos somente pode ser compreendida e partilhada entre os Budhas.
Essa realidade consiste de aparência, natureza, entidade, poder, influência,
causa interna, relação, efeito latente, efeito manifesto e consistência do
início ao fim.
JURYO (Revelação da Vida Eterna
do Buda). Nesse momento, o Budha
dirigiu-se aos Bodhisattvas e à grande assembleia: "Homens de fé devota,
creiam e compreendam as palavras verdadeiras do Budha." E uma vez mais
disse à grande assembleia:" Creiam e compreendam as palavras verdadeiras
do Budha." E novamente dirigiu-se à assembleia: "Creiam e compreendam
as palavras verdadeiras do Budha." Nesse momento, os Bodhisattvas e a
grande assembleia, tendo Miroku como líder, uniram as palmas das mãos e
dirigiram-se ao Budha dizendo: "Venerável, suplicamos-lhe que nos
explique. Acreditaremos e aceitaremos as palavras do Budha. "Eles
repetiram essa frase três vezes e então fizeram pela quarta vez:
"Suplicamos-lhe que nos explique. Acreditaremos e aceitaremos as palavras
do Budha." Nesse momento, o Budha, vendo que os Bodhisattvas repetiram sua
súplica por mais de três vezes e que não iriam parar, diz-lhes o seguinte:
"Ouçam atentamente sobre o segredo do Budha e seus poderes místicos. Todos
os seres dos mundos de Alegria, Tranquilidade e também de Ira acreditam que o
Budha Sakyamuni, após deixar o palácio dos Sakyas, sentou-se no local da
meditação não muito distante da cidade de Gaya e ali atingiu a suprema e
perfeita iluminação. No entanto, homens de fé devota, já se passaram
infindáveis centenas de milhares de Nayutas de kalpas. Suponhamos que uma pessoa possa reduzir
quinhentos quatrilhões de Nayuta Asamkhya de grandes mundos em partículas de
pó. Então, movendo-se para o Leste cada vez que passa por quinhentos
quatrilhões de Nayuta Asamkhya de países deixa cair uma partícula de pó. Essa
pessoa continua rumando para o Leste até derrubar todas as partículas de pó.
Homens de fé devota, qual é a sua opinião? Será que o total de todos esses
países pelos quais ela passou pode ser imaginado ou calculado? O Bodhisattva
Miroku e os demais disseram ao Budha: "Venerável, esses países são tão
imensuráveis e infinitos que ninguém pode calcular quantos são, tampouco a
mente tem capacidade para abarcá-los. Nem mesmo todos os homens de Erudição e
Absorção com sua sabedoria livre da ilusão poderiam imaginar ou calcular esse
número. Embora estejamos no estágio de Avivartika, não podemos compreender esta
questão. Venerável, só podemos dizer que esses países são imensuráveis e
infinitos. Nesse momento, o Budha dirigiu-se à multidão de grandes
Bodhisattvas: "Agora, homens de fé devota, eu lhes digo claramente.
Suponhamos que todos esses mundos, tendo recebido ou não uma partícula de pó,
sejam uma vez mais reduzidos a pó. Digamos que cada partícula represente um
kalpa. O tempo transcorrido desde que eu na realidade atingi a iluminação supera
esse número em cem quatrilhões de Nayuta Asamkhya de kalpas”. Desde então,
tenho estado sempre neste mundo Saha, pregando e ensinando a Lei. E onde quer
que esteja tenho conduzido e beneficiado as pessoas de quinhentos quatrilhões
de Nayuta Asamkhya de mundos. Homens de fé devota, durante aquele tempo ensinei
sobre o Budha Nento e outros, e descrevi como eles entraram no Nirvana.
Utilizei tudo isso como um meio para estabelecer distinções. Homens de fé
devota, quando as pessoas vêm ao meu encontro, emprego a visão do Budha para
observar a sua fé e ver se as suas demais capacidades são aguçadas ou morosas,
e então, dependendo da receptividade delas, apareço em diferentes mundos e
prego meus ensinos com diferentes nomes e descrevo a duração de tempo durante o
qual meus ensinos permanecerão válidos. Em algumas ocasiões, quando faço o meu
advento, digo a elas que estou para entrar no Nirvana, e também emprego
diferentes meios para ensinar a maravilhosa e mística Lei, alegrando seus
corações. Homens de fé devota, eu, o Budha, observei que há muitas pessoas que
se contentam com ensinos inferiores, que são pobres de virtudes e cheias de
desejos mundanos. A elas ensinei que em minha juventude entrei para o
sacerdócio e mais tarde atingi o Anuttara Samyak Sambodhi (Iluminação). Mas, na
verdade, a época em que atingi a Iluminação é extremamente remota, conforme já
disse a vocês. Este é simplesmente um meio que emprego para ensinar e converter
as pessoas, e fazer com que sigam o caminho do Budha. Esta é a razão porque falo
dessa maneira. Homens de fé devota,
todos os Sutras expostos pelo Budha têm como propósito salvar e iluminar as
pessoas. Algumas vezes falo de mim mesmo, outras vezes falo dos outros; algumas
vezes revelo a mim mesmo, outras vezes revelo os outros; algumas vezes mostro
meus próprios atos, outras vezes, os atos dos outros. Tudo o que ensino é
verdadeiro, nada é falso. Por que faço isso? A razão é que o Budha vê o
verdadeiro aspecto do mundo tríplice exatamente como ele é. Não há fluxo nem
refluxo de nascimento e morte, nem existência neste mundo e extinção depois.
Ele não é substancial nem vazio, não é consistente nem diverso. Não é o que
aqueles que habitam o mundo tríplice pensam que seja. Tudo isso o Budha vê
claramente, totalmente livre de erros. As pessoas possuem naturezas, desejos,
comportamentos, pensamentos e julgamentos diferentes. Por essa razão emprego
diferentes ensinos, várias parábolas e histórias sobre relações causais para
possibilitá-las a criarem boas causas. Esta prática, própria de um Budha, eu a
tenho realizado ininterruptamente, sem nunca negligenciá-la por um momento
sequer. Desta forma, desde que atingi a Iluminação, um período de tempo
extremamente longo se passou. A extensão da minha vida é de infindáveis
Asamkhya de kalpas, e durante esse tempo sempre estive aqui sem ter entrado em
extinção. Homens de fé devota, uma vez eu também realizei a prática de
Bodhisattva, e a vida que eu alcancei ainda perdura sem se exaurir. Ela durará
ainda duas vezes o tempo de Gohyaku Jintengo. Embora na realidade jamais entre
em extinção, prenuncio minha própria morte. Esse é um meio hábil empregado pelo
Budha para ensinar e converter as pessoas. Porque faço isso? Porque se o Budha
permanece no mundo por um longo tempo, as pessoas de poucas virtudes não
conseguirão acumular boas causas, por viverem na pobreza e na miséria irão se
apegar aos cinco desejos e cairão nas armadilhas dos pensamentos ilusórios. Se
vêm que o Budha sempre se encontra neste mundo e que nunca entra em extinção,
agirão com arrogância e egoísmo, ficarão desencorajados ou se tornarão
negligentes. Não conseguirão compreender o quanto é difícil encontrar o Budha e
não irão se aproximar dele com respeito e reverência. Então, como um meio
hábil, o Buda diz: "Monges, devem saber que é muito raro viver na mesma
época em que o Budha aparece no mundo". Qual é a razão disso? Porque mesmo
decorrido um tempo inimaginável de cem, mil, dez mil, cem mil kalpas entre as
pessoas de poucas virtudes, algumas terão oportunidade de ver o Budha e outras não.
Por esta razão, eu lhes digo: "Monges, é extremamente difícil conseguir
ver o Budha". Ao ouvirem essas palavras, as pessoas compreenderão como é
rara a oportunidade de ver um Budha. Em seus corações surgirão a vontade e o
desejo ardente de contemplá-lo. Assim, elas o respeitarão e se esforçarão para
acumular boas causas. Portanto, o Budha anuncia sua própria morte mesmo que na
realidade isso não ocorra. Homens de fé devota, todos os Budhas ensinam a Lei
assim, através de meios. Eles agem para salvar as pessoas, de maneira que o
fazem é verdadeiro, nunca falso. Imaginem, por exemplo, que haja um médico
sábio e habilidoso que sabe como preparar remédios para curar eficazmente todos
os tipos de doenças. Ele tem muitos filhos, talvez dez, vinte ou até mesmo cem.
O médico viaja para uma terra distante para tratar de um determinado assunto.
Na ausência do pai, os filhos bebem um certo tipo de veneno que os faz
enlouquecerem de dor e contorcerem-se no chão. Nesse momento, o pai retorna
para casa e percebe que eles haviam tomado veneno. Alguns haviam perdido
totalmente a razão, enquanto outros, não. Ao notarem que o pai havia retornado
de tão longe, felizes, os filhos o abraçam implorando de joelhos: "Que bom
que está aqui a salvo. Fomos estúpidos ao tomar veneno por engano!
Suplicamos-lhe que nos cure e nos deixe continuar a viver! O pai, vendo seus
filhos naquele sofrimento, começa a preparar várias prescrições. Colhe
excelentes ervas medicinais que reúnem todas as qualidades de cor, fragrância e
sabor. Ele então as mói, peneira e as mistura. Oferece uma dose para os filhos
e lhes diz: "este é um remédio altamente benéfico que reúne todas as
qualidades de cor, fragrância e sabor. Tomem-no e irão se sentir rapidamente
aliviados de seus sofrimentos e livres de todos os males. As crianças que ainda
estavam com a mente sã compreendem que se trata de um remédio excelente tanto
na cor como na fragrância; pelo fato de beberem-no rapidamente, conseguem se
curar por completo da enfermidade. As que haviam perdido a razão alegram-se
igualmente ao ver o pai regressar e suplicam-lhe que as cure, porém quando este
lhes dá o remédio, recusam-se a tomá-lo. Por quê? Porque o veneno havia
penetrado profundamente e a mente delas já não mais raciocinava como antes.
Assim, embora o remédio tivesse excelente cor e fragrância, elas não percebem o
bem que ele faz. O pai pensa: "Meus pobres filhos! O veneno ingerido
afetou-lhes a mente por completo. Apesar de estarem felizes por me verem e
pedirem que os cure, recusam-se a tomar este excelente remédio. Agora terei de
recorrer a algum meio para que eles tomem o remédio." Assim sendo, ele diz
para as crianças: "Ouçam meus filhos, estou ficando velho e fraco. A minha
vida está chegando ao fim. Deixo aqui este excelente remédio para vocês. Devem
tomá-lo sem se preocupar se fará efeito”. Logo após ter dado essas instruções,
ele parte rumo a outras terras, de onde envia um mensageiro para anunciar aos
filhos: "Vosso pai faleceu". Nesse momento, os filhos, ao escutarem
que o pai os havia abandonado e morrido, são tomados pela dor e consternação e
pensam: "se nosso pai ainda estivesse vivo, teria piedade de nós e faria
algo para nos salvar. Porém, ele nos abandonou e morreu em alguma terra
distante. Agora somos órfãos desprotegidos e não temos ninguém em quem possamos
confiar!". Sentindo essa angústia
constante, por fim recobram a razão e compreendem que o remédio de fato tem
excelente cor, fragrância e sabor. As crianças tomam o remédio, sendo portanto
curadas de todos os efeitos do veneno. O pai, ao saber da cura dos filhos,
regressa imediatamente para casa e aparece diante deles uma vez mais”. Homens
de fé devota, o que acham disso? Poderia alguém acusar este médico habilidoso
de mentiroso?”. Não, Honorável. Então o Budha disse: "O mesmo sucede
comigo. Uma infinidade de centenas de milhares de Nayuta e de Asamkhya de
kalpas decorreram desde que atingi o estado de Budha. Porém, pelo bem dos seres
vivos, emprego o poder dos meios hábeis e digo que vou entrar em extinção.
Entretanto, em vista das circunstâncias, ninguém pode acusar-me de mentiroso”.
Nesse momento, o Budha, desejando enfatizar uma vez mais o seu ensino, começa a
dizer em forma de versos poéticos (...).
JIGAGUE - Parte em versos do
Capítulo Juryo. Desde que atingi o estado de
Budha, infindáveis Asamkhya de kalpas transcorreram. Constantemente venho
pregando, ensinando e propagando a Lei a milhares de seres vivos. Fazendo com
que entrem no Caminho do Budha, e tudo isso durante intermináveis kalpas. Como
um meio hábil aparento entrar no Nirvana para salvar todas as pessoas. Mas, na
realidade, não entro em extinção. Sempre estou aqui ensinando a Lei. Sempre estou aqui. Porém, devido ao meu poder
místico as pessoas de mentes distorcidas não conseguem me ver mesmo quando
estou bem perto delas. Quando essa multidão de seres vê que entrei no Nirvana,
consagra muitas oferendas às minhas relíquias. Todos abrigam o desejo único e
ardente de contemplar-me. Quando esses seres realmente se tornam fiéis,
honestos, justos e de propósitos pacíficos, quando ver o Budha é o seu único pensamento,
não hesitando mesmo que isso custe a própria vida, então, eu apareço junto à
assembleia de discípulos sobre o Sagrado Pico da Águia. Nesse momento, digo à multidão de seres: Eu sempre
estou aqui, jamais entro em extinção. No entanto, como um meio hábil, algumas
vezes aparento entrar no Nirvana. E outras vezes, não. Quando em outras terras
há seres que desejam respeitosa e sinceramente crer, então eu também, junto a
eles, pregarei esta Lei insuperável. Porém, não compreendendo minhas palavras, todos
aqui insistem em pensar que eu morri. Quando vejo os seres afogados em um mar
de sofrimentos eu não me exponho, para dessa forma fazer com que anseiem
contemplar-me. Então, quando seu coração se enche de ansiedade, finalmente
apareço e ensino a Lei para eles. Assim são meus poderes místicos. Por Asamkhya
de kalpas, sempre estive no Pico da Águia e em muitos outros lugares. Enquanto
os seres presenciam o final de um kalpa e tudo é consumido em chamas, esta
minha terra permanece segura e tranquila, sempre cheia de seres humanos e seres
celestiais. Vários tipos de gemas adornam seus corredores e pavilhões, jardins
e bosques. Árvores preciosas dão flores e frutos em profusão, sob as quais os
seres vivem felizes e tranquilos. As divindades fazem repicar os tambores
celestiais interpretando, sem cessar, a música mais diversa. Uma chuva de
flores de mandara cai, espalhando suas pétalas sobre o Budha e a grande
assembleia. Minha terra pura é indestrutível, porém, a multidão a vê
consumir-se em chamas, mergulhada em sofrimentos, angústia e temor. Esses seres
devido a suas várias ofensas e causas provenientes de suas más ações, passam
asamkhya de kalpas sem escutar o nome dos três tesouros. Mas os que praticam os
caminhos meritórios, que são nobres e pacíficos, corretos e sinceros, todos me
vêem aqui em pessoa, ensinando a Lei. Às vezes para essa multidão exponho que a
duração da vida do Budha é imensurável; e para aqueles que o vêem somente após
um longo tempo exponho o quanto é difícil encontrar-se com ele. O poder de
minha sabedoria é tamanho que seus raios iluminam o infinito. Minha vida,
extensa como incontáveis kalpas, é resultante de uma prática muito longa.
Homens de sabedoria, não abriguem nenhuma dúvida sobre isso! Livrem-se das
dúvidas definitivamente, pois as palavras do Buda são sempre verdadeiras. O
Budha é como um excelente médico que se vale de meios hábeis para curar seus
filhos iludidos. Embora na realidade esteja vivo, anuncia que entrou no
nirvana. Porém, ninguém pode acusá-lo de mentiroso. Eu sou o pai deste mundo e
salvo aqueles que sofrem e os que encontram aflitos. Devido à ilusão das
pessoas, apesar de eu estar vivo, anuncio que entrei no nirvana. Pois se me
vissem constantemente, a arrogância e o egoísmo tomariam conta de seu coração.
Ignorando as restrições, entregariam–se aos cinco desejos, e cairiam nos maus
caminhos da existência. Estou sempre ciente de que são as pessoas que praticam
o Caminho e as que não o praticam, e, em resposta às suas necessidades de
salvação ensino-lhes várias doutrinas. Medito constantemente: Como posso
conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram rapidamente o
corpo de um buda?. http://www.vertex.com.br.
Abraço. Davi.
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