sábado, 20 de junho de 2015

A Sabedoria da Ausência do Ego.



(...) "Imagine uma pessoa que subitamente acorda num hospital depois de sofrer um acidente de carro na estrada, e percebe que está com amnésia total. Por fora, tudo está intacto: ela tem o mesmo rosto, a mesma forma, os sentidos e a mente estão lá, mas não tem a menor ideia ou o menor vestígio de memória de quem é. Exatamente do mesmo modo, não conseguimos nos lembrar da nossa verdadeira identidade, nossa natureza original. Freneticamente e na realidade apavorados, procuramos e improvisamos outra identidade, uma em que possamos nos agarrar com todo o desespero de alguém que vai cair num abismo. Essa identidade falsa e assumida em ignorância é o ego". Desse modo, o ego é a ausência do conhecimento verdadeiro de quem somos, juntamente com o seu resultado: um malfadado apego, mantido a não importa que preço, a uma imagem remendada e improvisada de nós mesmos, um eu inevitavelmente charlatanesco e camaleônico que está sempre mudando e que precisa mudar para manter viva a ficção da sua existência. Em tibetano, o ego é chamado Dak Dzín, que quer dizer "agarrado a um eu". O ego é assim definido como um movimento incessante de agarrar-se em uma noção ilusória de Eu e Meu, desse mesmo e do Outro, e em todos os conceitos, ideias, desejos e atividades que sustentam essa falsa construção. Esse agarrar-se é fútil desde o início e condenado à frustração. Uma vez que não tem nenhuma base ou verdade, e aquilo a que nos agarramos é, por sua própria natureza, impossível de reter. O fato de que precisamos nos agarrar, e continuar agarrados a alguma coisa mostra que nas profundezas de nosso ser sabemos que o Eu não existe inerentemente. Desse conhecimento secreto e assustador nascem todas as nossas inseguranças fundamentais e o nosso medo. (...). E ainda que possamos ver além das mentiras do ego, estamos assustados demais para abandona-lo; porque sem um verdadeiro conhecimento da natureza da nossa mente, ou real identidade, simplesmente não temos outra alternativa". Do Livro Tibetano do Viver e do Morrer. http://www.nossacasa.net/shunya/. Abraço. Davi.

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