Ignorância,
em sânscrito Avydia, é um conceito e estilo de vida que tem me
inquietado nos últimos anos, por isso procurei o Budismo para compartilhar meus
pensamentos e refletir mais sobre o que realmente é a ignorância e onde se
propaga. Não foi por acaso essa escolha, já que nesta religião achei muitas
provocações que me inquietaram ainda mais. Basicamente, fui motivada pelo
estudo de como perdemos a concepção da espiritualidade, ou como nos cegamos
para o que é essencial nas relações, na nossa sociedade (que compartilhamos
juntos mesmo sem parecer que sim), mas principalmente a ignorância de nós com
nós mesmos, que é ponto de partida para todas as outras questões. Em outras
palavras: como nos tornamos burros e cegos sobre nós mesmos? A burrice ou a
cegueira vem da ignorância. Ainda que sejam muito semelhantes, pode-se dizer
que a ignorância é o fato de a mente nada perceber e a cegueira o fato de nada
compreender. Podemos comparar essas duas noções à obscuridade: uma obscuridade
sem lua, sem estrelas, sem vela, sem luz! Emocionalmente a cegueira é a base
para outras emoções. Por quê? Repetimos um movimento de forma distraída, por
vezes sem se dar conta, até que finalmente aquilo que era fluido se torna
cremoso, denso. É a mesma coisa em pensar que movimentamos nossas energias
sempre em uma determinada direção, até que finalmente acabamos esquecendo a
liberdade que nos possibilitou iniciar o processo. Ficamos preso em algum
ponto, fisgados. E o pior disso tudo é que seguimos distraidamente
RECRIANDO as causas e as condições de nosso sofrimento por aí. Sua Santidade o
Dalai Lama, Tenzin Gyatso (1935- ),
costuma resumir a filosofia budista em uma frase: "Faça o bem sempre que possível; se não puder fazer o bem,
tente não fazer o mal". Uma das especialidades do budismo é a noção de que o mundo que nos
circunda é inseparável de nós mesmos. Assim, se fazemos o bem para os demais
seres e para o ambiente, estamos cuidando de nosso próprio bem. Se causarmos
mal aos outros e ao ambiente, estaremos causando mal a nós mesmos. Todos estão
ligados aos outros, todos dependem uns dos outros. O conceito de
interdependência budista também sustenta que nós. e tudo o que nos circunda,
não temos a solidez que julgamos possuir. Atribuímos identidades e qualidades a
tudo e a todos, inclusive a nós mesmos, a partir de uma visão limitada por um
padrão binário de gostar e não gostar, querer e não querer. Assim, construímos
mundos adequados às limitações de nossas mentes. Esses mundos que surgem
inseparáveis das nossas mentes são chamados de Mandala.
A palavra Mandala tem origem no Sânscrito e significa "círculo de
cura" ou "mundo inteiro". É uma representação do universo e de
tudo que há nele. Mas não se refere apenas a um mundo material, mas à
experiência desse mundo com o observador, com os limites cognitivos, com as
energias de ação, emoções e com o corpo. Ou seja, o que a física quântica
descobriu nos anos 50 sobre o papel do observador na interação inconsciente com
o mundo material o budismo já intuía há milênios. Cada Mandala surge
inseparável de um tipo correspondente de inteligência viva e ativa. Essas
inteligências são transcendentes, não pessoais, não corruptíveis e livres do tempo.
Incessantemente disponíveis, podem ser reconhecidas e acessadas sem esforço ou
luta a qualquer momento. A meta budista é sair das Mandalas limitadas e chegar
às Mandalas de Sabedoria, isentas do padrão binário de
gostar e não gostar, a "Matrix". Todos os seres aspiram
felicidade e proteção frente ao sofrimento. Nossos pais nos ensinam habilidades
para nos aproximarmos da felicidade e nos protegermos. Nossos pais, professores
e mestres nos ensinam também a disciplina, e com isso ampliamos nossa
capacidade de atingir metas difíceis, atravessar ambientes perturbadores e
exigentes e suportar as adversidades momentâneas na busca de realizações
maiores. O budismo nos ensina a capacidade de reconhecer mundos puros e
inteligências puras, de tal modo que, instalados na experiência desses
ambientes puros, as ações positivas sejam naturalmente realizadas sem esforço e
sem contradição. Esses mundos puros são as Mandalas de Sabedoria. Quando nos
inserimos em uma Mandala de Sabedoria, adquirimos condições de realmente fazer
o que é melhor para nós, para os outros, para a humanidade e o ambiente. Somos
capazes de viver o amor e a compaixão com alegria e equanimidade, sem nos
deixarmos abater pelas dificuldades que apareçam. O mundo ao nosso redor
continua o mesmo, mas nós mudamos nosso olhar, o "observador", e isso
muda tudo. Quanto mais pura e mais ampla a Mandala, maior a nossa liberdade e
capacidade de gerar o bem. Além da inserção pessoal em Mandalas de Sabedoria,
nós, como agentes da cultura de paz, vamos trabalhar para que os outros também
possam fazer o mesmo, que possam migrar para Mandalas mais amplas. É a partir do conceito importante de Mandala que a
ignorância será aqui representada na Roda da Vida do Budismo
Tibetano, não se refere à falta de informação, apenas, mas à
concepção equivocada da pessoa, especialmente de si mesma, como existindo de
forma inerente, e à concepção equivocada de que os fenômenos que fazem parte de
seu continuum, como mente e corpo, existem inerentemente. A Roda da Vida, em sânscrito Bhavachakra, também
conhecida como A Roda da existência, Roda do Devir e do Vir a Ser ou ainda
conhecida como o Ciclo da morte e renascimento, foi criada pela extinta Escola
Sarvastivada, precursora do budismo Mahayana. Este diagrama geralmente é
encontrado nas portas de entrada dos monastérios tibetanos. Suas ilustrações
representam simbolicamente os doze elos da existência interdependente, os seis
reinos da existência cíclica e os três venenos da mente. Segundo a tradição, a
Roda da Vida foi desenhada pela primeira vez na época do Budha Shakyamuni. A
figura que segura a roda é Yama, o demônio da morte na mitologia indiana. Aqui,
sua terrível presença simboliza a impermanência; nenhum ser vivo pode escapar
de suas garras. Entretanto, o Budha está flutuando no céu e apontando para a
lua cheia: isto representa que os seus ensinamentos apontam o caminho para a
liberação. A
parte principal da roda é dividida em seis partes, representando os seis reinos
da existência cíclica, Samsara. Na parte de
baixo estão os três reinos inferiores: Seres dos infernos (Naraka ou Nairayika); Fantasmas
famintos ou espíritos carentes (Preta); Animais
(Tiryak ou Tiryagyona). Na
parte de cima, estão os três reinos superiores: Deuses (Deva); Semideuses ou anti deuses, deuses
invejosos, demônios covardes, Titãs (Asura); Humanos
(Manushya). Em cada reino há um Budha: Yama Dharmaraja no reino dos infernos; Jvalamukha no reino dos fantasmas famintos; Simha no reino dos animais; Indra no reino dos deuses; Vemachitra no reino dos semideuses; e Shakyamuni no reino dos seres humanos. No centro
da Mandala existem três animais um javali, um galo e uma cobra, que representam
os três venenos da mente: o desejo (apego), o ódio (aversão) e a ignorância
(cegueira). O javali está focado, pois apesar de ter força, tem uma visão estreita. O
javali é a nossa identidade, relativa à nossa ignorância. De dentro da
identidade ignorância brota a atividade sustentadora da ignorância (o galo).
Por exemplo, se você se define como professor, você vê o mundo pelos olhos de
um professor. A cobra corresponde à raiva, rancor, ódio e medo. Quando temos
apego às coisas, precisamos defender essa coisa. A cobra é a defesa da
identidade ignorância e dos atos sustentados pela ignorância. Medo frente à
impermanência; medo frente à dissolução. E tudo é impermanente, então o medo é
nosso companheiro de jornada na Terra. Ao redor dos animais temos os dois semicírculos, no qual vemos a
impermanência na alternância da situação espiritual da pessoa: de um simples
mortal a um semideus, e daí pra um demônio, humano de novo, depois um ser
involuído, se tornando uma criatura ínfima no "inferno" (a mesma
criatura que Shiva esmaga com o pé, na Dança de Tandava). A evolução ou involução se dá
pelo grau de ignorância da pessoa, e ao realizamos ações virtuosas e não
virtuosas, o que leva ao renascimento nos seis reinos da existência cíclica. Aqui neste poste foram usados trechos do livro "A roda da Vida
como caminho para a lucidez", do Lama Padma Santen (1948- ). Dukkha, a primeira Nobre
Verdade do Budismo, pode ser entendido como as paredes
que nos isolam e nos conduzem pra uma realidade à parte. O termo em geral é
traduzido como "sofrimento", mas não há realmente um correlato
específico pra essa palavra sânscrita em nossos dicionários. Dukkha é uma forma
de olhar o mundo, um estreitamento da visão, ou melhor, são as aflições que
sentimos ao perdermos a capacidade natural de reconhecer a dimensão limitada do
espaço diante dos nossos olhos. Imagine uma criança numa reunião de negócios, onde
são tratados os assuntos de ações, alta do dólar, conjuntura macroeconômica e o
preço das balas juquinha. Tirando talvez o último tópico, provavelmente a criança
não se interessará por nada, porque nada daquilo condiz com o seu mundo, nada
daquilo agrega informação ao seu viver, não é mais do que pura perda de tempo e
conversa fiada. Sua mente estará no Sol lá fora, no que o amiguinho de escola
estará fazendo neste momento, ou em alguma coisa que tenha encontrado por ali,
como uma bola ou um formigueiro no canto do escritório. Pra os adultos que
estão na reunião, aquilo É SOBRE UM MUNDO, seus mundos, um mundo virtual que
afeta não só suas vidas diárias como a de milhares de outras pessoas mundo
afora. Dali se define o quanto vão ganhar no fim do mês, os milhares de
empregados que vão manter, produtos que vão lançar ou não, enfim, aquilo diz
respeito a um mundo que não existia, e que foi construído e mantido por homens
nas duas últimas décadas (a tal da globalização). Isso gera stress,
sofrimento, prazer e uma necessidade de comprometimento constante que
equivale a uma algema. Um monge, ou alguém livre dessas amarras, achará aquilo
tão irrelevante quanto a criança. A aflição intensa nos põe em contato com nosso
karma. O karma quer dizer ação, um
tipo de ação que se repete indefinidamente, formando as estruturas
aparentemente sólidas daquilo que podemos perceber como as grades de nossas
prisões, como, por exemplo, o mercado de ações e os tópicos da reunião acima.
Tudo se passa como se estivéssemos batendo leite pra produzir manteiga:
repetimos um movimento de forma distraída, por vezes sem conta, até que
finalmente aquilo que era fluido se torna cremoso, denso. Do mesmo modo, se
movimentarmos nossa energia sempre em uma determinada direção, acabaremos por
esquecer a liberdade que nos possibilitou iniciar o processo. Ficamos presos em
algum ponto, somos fisgados. E seguimos distraidamente recriando as causas e
condições de nosso sofrimento. Essa experiência cíclica é construída e se mantém
como a reprodução incessante de formas variadas a partir da mente. Quando
analisamos essas formas aparentemente externas, vemos que elas surgem como
experiências inseparáveis de estruturas internas da mente. O nome que se dá a
esses mundos é Loka, e essa é a segunda Nobre
Verdade do Budismo. É na estrutura interna da mente que Dukkha se instala e
opera, gerando os mais diversos tipos de aflições. Sofremos incessantemente,
ora por possuir algo que não queremos, por temer perder aquilo que
conquistamos, por não ter aquilo que aspiramos, por ter perdido o que nos
esforçamos pra obter. Sofremos sem nos dar conta de que, nas bases internas,
onde o pensamento repousa, qualquer forma acaba por adquirir qualidades muito
sólidas e pesadas. Não mais vislumbramos nenhuma possibilidade de abertura ou
flexibilidade. O leite virou manteiga. Privilegiamos a linguagem discursiva,
mas a linguagem verdadeira em que o mundo opera é a linguagem da energia. O
mundo não troca palavras, o mundo se movimenta pelo sinal das energias, e o karma
se manifesta nessa linguagem, e assim nos impulsiona. Temos muita dificuldade
de lidar com isso porque, sempre que uma energia brota claramente em certa
direção, achamos que precisamos simplesmente
seguí-la. E é o processo pelo qual o karma nos domina: o karma
movimenta energia. Esses dois conceitos são importantes pra poder
adentrar Avydia (a Ignorância), que começamos a delinear
agora. No
círculo externo da Roda da Vida estão os chamados Doze elos do surgimento dependente. São chamados assim
porque abrangem a sequência causal das vidas na existência cíclica. Aqui
constituem os detalhes dos estágios de causa e efeito que levam às situações
aflitivas da nossa vida. O surgimento dependente da existência cíclica começa
com (1) a ignorância, que motiva (2) uma ação. Ao final da ação é
estabelecida uma (3) autoconsciência. Temos
então uma identidade, mas não uma materialidade. Isso nos leva ao (4) "nome e
forma". O estágio seguinte é chamado de (5) esfera
dos sentidos. Já de posse dos sentidos, desenvolve-se (6) o contato; do contato (7) à sensação; da
sensação (8) ao desejo; do desejo, (9) ao apego; do apego,
desenvolve-se no fim da vida um estágio chamado de (10) existência, e,
assim, uma nova vida está para começar com (11) o nascimento e
continua com (12) o envelhecimento
e a morte.
Como podem perceber, em cada detalhe da Mandala há um significado amplo para se
estudar e refletir, e só demos uma pincelada aqui. É algo aparentemente
complexo, mas que vale a pena dar tempo e atenção ao que ela quer nos dizer.
Enfim, vamos nos deter um pouco no primeiro Elo da Roda da Vida: Ignorância. Avidya, "a não
visão". Este elo é representado por uma pessoa idosa, cega e
manca. Idosa, porque a ignorância se dirige ao processo da existência
condicionada pelos padrões repetitivos. Cega, porque a ignorância a respeito da
verdadeira natureza das pessoas e dos demais fenômenos a obscurece. Manca,
porque, não importa quanto sofrimento essa ignorância crie, ela não tem nenhum
fundamento válido, não está baseada na verdade e, portanto, pode ser minada
pela sabedoria. Existem dois tipos de ignorância: uma básica e outra secundária.
A ignorância básica é uma consciência que concebe de forma equivocada o status
das pessoas e dos outros fenômenos; essa consciência imagina que as pessoas e
os fenômenos têm uma solidez maior do que eles realmente possuem, ocasionando
as emoções aflitivas, sendo chamada, pois, de consciência que concebe a
existência inerente. Ou seja, a ignorância de que há uma permanência
em si e nos fatos. Assim, a ignorância básica não é apenas a ausência de
conhecimento do status real dos fenômenos, mas uma ativa concepção do OPOSTO,
ou seja, a concepção da existência inerente, quando na verdade os fenômenos não
existem inerentemente. Percebemos as coisas como se fossem capazes de abranger
todas as partes de que são constituídas, quando de fato não existe nada que abranja
todas aquelas partes. A ignorância secundária é ligada apenas às ações não
virtuosas ou negativas, é uma concepção equivocada dos efeitos das ações, que
leva a um obscurecimento a respeito até mesmo das relações mais grosseiras
entre as ações e seus efeitos. Por exemplo, entender que, se determinada ação é
praticada, determinado resultado se seguirá; desenvolver concepções
equivocadas, como achar que um roubo trará apenas prazer. Então, esse tipo de
ignorância significa que, se realmente soubéssemos o que seria suportar os
efeitos futuros de uma ação não virtuosa, não a realizaríamos. Não cometeríamos
assassinato, furto, não praticaríamos a má conduta sexual, a mentira, a
discórdia, não diríamos grosserias, traições, leviandades e assim por diante.
“Ser ignorante a respeito de, desconhecer a(s) verdade(s) sobre a natureza da
mente e da realidade. (...) isto significa ser ignorante, ignorante pessoal e
experiencialmente, sobre a inexistência do Ego Self. Também
significa as confusões, os pontos de vista e emoções equivocadas de se
acreditar em um Self, originados dessa ignorância". VARELA, THOMPSON E
ROSCH, 2003, p. 122). Na Psicologia
Budista existe uma perspectiva que sintetiza na Roda da Vida como iremos nomear
e observar o que é identidade e como é visto a realidade que somos e que nos
cerca. Se construirmos o mundo a partir da ignorância, os impulsos de
corpo, fala e mente surgirão dessa visão de mundo equivocada que desenvolvemos.
Podemos ouvir as palavras de Mestres espirituais e tentar seguir seus conselhos
de como utilizar o corpo, a fala e a mente, mas tudo vai parecer muito
artificial. Isso porque a sabedoria natural que estaremos usando vai brotar da
compreensão que temos do mundo. Da compreensão equivocada de mundo não brota
nada além de impulsos equivocados. Mesmo cientes de que os Mestres estão
corretos, se não desenvolvermos a visão dos Mestres a nossa ação será
contraditória e não veremos solução, nunca teremos descanso, estaremos sempre
em conflito interno, nunca teremos um comportamento não repressivo. Estaremos
sempre fazendo esforços para seguir os conselhos dos Mestres. O aspecto do
esforço é dramático. De tanto nos esforçarmos, um dia cansamos; quando chegamos
nesse ponto, a queda é rápida, e dizemos: "Desisto. Se a espiritualidade
fosse natural, eu andaria de forma naturalmente lúcida e válida. No entanto,
tudo isso me parece artificial". Parece artificial porque precisamos de esforço
constante, nunca encontramos um ponto de equilíbrio, precisamos constantemente
relembrar o que ouvimos. De tanto esforço, terminamos desistindo.
Equivocadamente, podemos acreditar que a realidade convencional é muito
poderosa, muito abrangente. Podemos pensar, que mesmo construindo uma realidade
mais elevada, o que existe mesmo é a realidade convencional de dificuldades e
sofrimento. Acabamos por desistir de tentar melhorar a nós mesmos e o mundo. O
caminho de tentar alterar o comportamento pode ser muito penoso, muito lento e,
principalmente, de resultados incertos. Se a pessoa alterar o comportamento sem
alterar a visão, é certo que mais adiante cairá novamente. O aspecto cíclico é
um processo natural da vida, passamos por altos e baixos. A partir das Mandalas
de Sabedoria teremos efetivamente a visão que permite a ação sem esforço. A
visão surge sem esforço porque dentro de uma Mandala de Sabedoria não lutamos
contra nós mesmos, mas vemos e agimos naturalmente. Assim, é essencial gerarmos
uma visão de mundo para que as ações surjam de forma natural, sem esforço e sem
contradições. As visões de mundo, que podem ser geradas individual e
socialmente, potencializam as ações. A ignorância, então, pode também ser
compreendida como sofrimento oriundo do estreitamento da visão e da frustração
advinda do esforço ineficaz. Tudo se passa como se um raio tivesse partido
nossa natureza básica, como se ela estivesse esfacelada, tivesse deixado de
existir e ser vista e ficássemos colando pedaços, tentando construir a realidade
verdadeira a partir da artificialidade da operação da mente. O Budha ensinou
também os meios de produzir felicidade nas relações humanas: casamento, namoro,
filhos, trabalho, estudo. Em primeiro lugar, ao invés de pensar "o que vou
obter do outro?", pensar "o que posso oferecer?Alegra-se em oferecer!
Se estamos na dependência do comportamento do outro para obter felicidade,
eventualmente pode até funcionar, mas quando surgir a impermanência e o outro
flutuar, entramos em crise. O Dalai Lama, Tenzin Gyatso, sempre brinca,
"que tipo de amor é o de vocês, aquele que só existe se o outro
sorrir?". Esse tipo de amor está baseado em quanto estamos recebendo e,
por isso, é frágil. Praticando assim, podemos usar a vida cotidiana como
caminho espiritual, tentando constantemente superar os conflitos internos e
trazendo benefícios a todos os seres. Alegria! Texto de Paula e Acid. Fonte:
Lama Padma Samten (1948- ). Prática na
Vida Cotidiana e A Roda da Vida. hppt://www.saindodamatrix.com.br. Abraço.
Davi.
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