sábado, 23 de agosto de 2014

Judas Iscariotes. Parte I.

Amigos leitores. O texto a seguir foi extraído da revista eletrônica www.gnosisonline.org.br. Deixo claro que o conteúdo não é necessariamente o que penso mas em alguns aspectos concordo com o que é apresentado. Evidentemente que se resolvi colocá-lo no blog é porque percebo que há elementos importantes que estão inseridos em nossa proposta de investigação e pesquisa de assuntos relacionados a religiosidade e espiritualidade. A finalidade precípua é embasar os leitores com argumentos variados em relação a assuntos que a grande maioria já vaticinou como verdade inquestionável e portanto bloqueiam seu raciocínio e intuição não deixando margem para possíveis verossimelhanças empregadas em circunstâncias de averiguação científicas. Infelizmente nossos dogmas disfarçam (iludem) pressuposto que poderíamos alcançar dentro de uma perspectiva mais coerente e plausível. Assim demoramos para abrir nossa consciência à janelas intuitivas que já existem e estão fechadas devido nossas crendices abstrusas. Aos cristãos como eu (e todos os leitores) sugiro usarem seu bom senso, comedimento e intuição para julgarem conforme suas experiências psíquicas e seus legados sócio espiritual o tema que estamos abordando. Buda (563-483) "Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o". Quase 2 mil anos após ter semeado discórdia entre os primeiros cristãos acerca da verdadeira “missão” de Judas de Kariot (Kerioth, ou Iscariotes, derivado do hebraico Ish Kerioth: Homem de Kerioth, cidade ao sul de Judá), surge à luz do mundo o "sagrado" Evangelho Segundo Judas. Esse manuscrito, encontrado na década de 50, contém 62 folhas de papiro escritas no dialeto Copta, a antiga língua dos cristãos do Egito, devendo ser publicado brevemente em várias línguas, para o bem da Verdade.“Após termos recebido os resultados dos testes de datação com Carbono-14, concluímos que este texto é ainda mais antigo do que se pensava e remonta a um período entre o fim do século 3º e início do século 4º”, explica o diretor da Fundação Mecenas, o suiço Mario Jean Roberty (1945-    ) que se dedica à divulgação de descobertas arqueológicas.
Segundo alguns informes vistos na imprensa, investigadores da Universidade de Genebra, na Suíça, começaram a traduzir esse Evangelho. A existência do Evangelho Segundo Judas (Judas, em hebraico, significa Agradecimento), cujo original é verossímil (suposta verdade) em grego, foi atestada pelo primeiro bispo de Lyon, Irineu (130-202) que no século 2º havia classificado esse texto como “herético” (hoje esse termo tem sido questionado entre os estudiosos de livros sagrados pois foi usado no passado como um instrumento de subordinação arbitrária impondo verdades inquestionável, sendo os opositores queimados na fogueira ou condenados a morrerem no desterro. “É a única fonte que permite saber que tal evangelho existiu”, afirma Roberty, que não quis falar sobre o conteúdo do texto antes da sua publicação. Para o professor suiço Rodolphe Kasser (1927-   ) um dos responsáveis da Universidade de Genebra pela tradução dessa antiquíssima obra gnóstica, o texto foi encontrado no Egito, aparentemente numa escavação clandestina. Mas por que esse Evangelho, além de outros tantos, não foi sequer divulgado para o público? No Concílio de Nicéia, hoje na Turquia, reunido em 325 por iniciativa do primeiro imperador cristão, Constantino I (288-377), a igreja limitou a quatro os evangelhos transmitindo os ensinamentos de Cristo, ou seja, aqueles atribuídos a Marcos, João, Lucas e Mateus. Cerca de 30 textos, alguns deles conhecidos, foram descartados porque não estavam de acordo com o que Constantino I desejava como doutrina política. De acordo com especialistas, o Evangelho de Judas colocaria em questão certos princípios políticos da doutrina cristã e permitiria uma revolucionária reabilitação de Judas, que durante séculos carregou o estigma de traidor e assassino de Jesus.
Ao lado, vemos um dos raríssimos fragmentos de um manuscrito Copta do Evangelho de Judas. Esse Evangelho era o principal escrito de uma seita (lê-se aqui esse termo não com a visão dogmática de contrário a Deus ou a seus propósitos mas são posições diferentes do costumeiro enfatizado pela teologia tradicional da época) gnóstica, chamada de Iscariotes, a qual se baseava na doutrina da Aniquilação do Eu, e disseminou-se muito no Egito, norte da África e em algumas regiões da Europa medieval. Infelizmente, todos os documentos acerca da “Igreja de Judas” e seus membros (os Iscariotes) foram destruídos, restando apenas, em todo o mundo, menos de uma dúzia de pequenos fragmentos que atestam que verdadeiramente essa “seita” gnóstica existiu. Outra prova da existência dessa “Igreja” é o ataque de Irineu de Lyon, um teólogo católico, em sua obra antignóstica Adversus Haereses (180), contra essa seita dos Iscariotes e seu Evangelho Segundo Judas. Esse Evangelho de Judas era a base de outras seitas gnósticas independentes, tais como os cainitas (erroneamente chamados de adoradores de Satã ou mesmo de vampiros) e dos marcionitas (seguidores do Mestre gnóstico Marción). Irineu, nesse seu escrito antignóstico, sustentava que o Evangelho de Judas era una “história fictícia” que a seita dos cainitas (seguidores de Caim) havia escrito “ao estilo dos evangelhos”. Os cainitas (segundo o próprio Irineu) acreditavam que Judas tinha conhecimentos secretos, e que a meta de Judas era “causar confusão nos céus e na terra”. Bem, esperamos que a tradução e publicação do Evangelho de Judas se faça para que os esclarecimento venham a público trazendo luz nesse mistério que persiste encoberto. Abraço. Davi.

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