quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Comparecer ante o Tribunal de Cristo. Parte II.

Na parte I de nosso texto ao final  falamos da flor de lótus como um simbolismo da religião Budista de pureza do corpo e santidade da mente estando caminhando no panorama de II Coríntios 5 (uma porção das Sagradas Escrituras Cristãs) para tentarmos uma melhor compreensão esotérica daquilo que o apóstolo São Paulo (5-67) DC quis dizer ao referir-se especificamente sobre o Tribunal de Cristo. Vejamos alguns aspecto da cultura e conhecimento do apóstolo referido em Atos 22: 3 "Quanto a mim sou judeu, nascido em Tarso da Cicília, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme as verdades de nossos pais, zeloso da lei de Deus, como todos vós hoje sois" e em Filipenses 3: 5 "Da linhagem de Israel da tribo de Benjamin, hebreu de hebreu quanto à lei fariseu". Esses textos bíblicos  mostram que ele teve iniciação em fases do ocultismo judaico como a Cabala prática e o esoterismo dos mistérios do Talmud, da Torá e do Zohar pois eram requisitos dos estudantes hebreus nas academias das tradições espiritualistas dos judeus. Como exemplo desse fato podemos citar o educador judeu Gamaliel que viveu aproximadamente no ano 50 DC sendo neto do grande pedagogo judeu Hillel. Como um dos líderes do Sinédrio em sua época reconhecido Mestre e Doutor em Torah. Morrendo vinte anos antes da destruição do Segundo Templo em Jerusalém. No Talmud Gamaliel tinha o título de Rambam somente conferido ao Rabino Chefe Superior do qual ele era o primeiro dentre sete nomeados líderes. No Mishna (uma das principais obras do judaísmo rabínico sendo a primeira redação na forma escrita da tradição oral judaica chamada Torah Oral) ele é considerado como autor de alguns decretos legais relacionados ao bem estar da comunidade regulando certas questões relativas a direitos conjugais. Nesse contexto percebemos que os estudos avançados do apóstolo Paulo o habilitava a discorrer as questões religiosas pertinentes a seu campo de conhecimento aprofundado pelo misticismo e erudição do Mestre Gamaliel. O âmbito do farisaísmo (não o estereótipo do termo) religioso em que viveu o apóstolo trouxe-lhe uma base nas tradições espiritualista judaicas. Pois os Perushin (Fariseus) provavelmente são originários de um sectarismo surgido de um grupo religioso judaico chamado Hassidim os piedosos que apoiaram a Revolta dos Macabeus (168 AC 142) contra Antíoco IV Epifânio (215 AC 162), rei do Império Selêucida que incentivou a eliminação da cultura não grega através da assimilação forçada e da proibição de qualquer fé particular. Uma parte da aristocracia da época e dos círculos dos sacerdotes apoiaram as intenções de Antíoco, mas o povo em geral sob a liderança de Yehuda Makkabi e sua família revoltaram-se. Os Fariseus tornaram-se uma seita de grande influência em Israel devido ao ensino religioso e político (uma inovação à época) pois se envolviam em questões sócio comunitárias e educacionais. Aceitavam a Torah Escrita e as tradições da Torah Oral situações não compartilhadas por muitas seita judaicas em especial os Saduceus. Tinham comunhão na unicidade do Criador, na ressurreição dos mortos, em anjos e demônios, no julgamento futuro e na vinda do Rei Messias. Princípios que os deixamos bem próximos da comunidade mais carente dentre os judeus sendo bem vistos por grande parte da burguesia e o alto rabinato judaico. Desse modo o apóstolo teve total apoio político em seus primeiros anos (euforia da juventude partidária) quando institui uma cruzada em perseguição aos cristãos e minorias religiosas que não professavam a fé judaica com objetivos proselitistas. Ação não compartilhada por muitos rabinos à época. Esses dois aspectos acima que comentamos faz com que possamos inferir o alto grau cultural e intelectual que foi alcançado pelo apóstolo, mas não entendemos porque em seus escrito pós conversão ao cristianismo ele ocultou todo esse conhecimento da Cabala Oral e Prática, do misticismo oculto da Torah e Talmud Orais e Práticos. Conceitos esotéricos aprendidos com o mestre Gamaliel não foram referenciados em suas epístolas no Novo Testamento. Podemos supor de maneira verossímil que ele (o apóstolo Paulo) usou  um código secreto em seu ensino exotérico e esotérico estando os mistérios menores e maiores de sua tradição espiritualista guardados para os iniciados em ocultismo práticos que precisarão decifrar essa escrita hermética, velada com o selo do Espírito Divino. Então como ainda não temos o segredo desse enigma podemos estudá-los em um esoterismo que está ao nosso alcance sem a pretensão de ultrapassar os portais da elevação espiritual como é dito em II Coríntios 12: 2-4 "Conheço um homem em Cristo que a catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei Deus o sabe) foi arrebatado até ao terceiro céu. Foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar". Isso parece provar ter sentido uma senha capaz de compreender alguns dos seus mistérios maiores e muitos não serão revelados em milhares de encarnações futuras. Como ainda não estamos no nível dos iniciados no esoterismo continuemos nossa pesquisa e investigação com os versículos antecedentes até que cheguemos no tema que estamos abordando. "Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito". O penhor sendo legitimado por Deus mostra que nossas três partes correlatas corpo, alma e espírito estão em sintonia com a Consciência Universal que repartindo sua porção de vida nessas camadas usa as duas partes internas (psique e pneuma no grego) para se perpetuar numa semente evolutiva ao longo das encarnações posteriores. Na Teosofia costuma-se comparar o homem a uma carruagem puxada por três cavalos um sendo o corpo físico, o outro o corpo astral e por fim o corpo mental se onde o cocheiro (condutor) representa nossa pessoalidade. Assim temos o trabalho de domar esses três animais conduzindo-os para um propósito humanitário coisa que na experiência é possível com disciplina, boa vontade e prudência.  Em outras traduções cristãs é usada a palavra selo nesse versículo algo misterioso que pessoas comuns não agregadas a comunidade fraterna são incapazes de reconhecer pois é a marca invisível do Espírito. Um exemplo nesse aspecto esotérico podemos inferir a mancha colocada nos umbrais das portas das tendas por judeus quando estes estavam no Egito como escravos de Faraó. Pois ao ver o sangue nas portas o anjo da (morte) destruição não entraria na casa dos hebreus para matar o primogênito da família situação ocorrida apenas entre os da casa dos egípcios. O sangue tem todo um simbolismo místico relacionado a purificação, santificação e iniciação a rituais onde o discípulo se compromete com juramentos ocultos e revelados a participar da fraternidade dos escolhidos para aquele objetivo definido na espiritualidade em que está inserido. I João 1: 7 "Temos comunhão uns com os outros e sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo o pecado". "Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor". A ausência aqui é eminentemente temporária esperando apenas que a manifestação do corpo incorruptível e transcendente se revele em plenitude na vitalidade energizadora do plano astral, que tem na alma o envoltório permanente de nossa individualidade mesclada a divindade eterna. Este corpo físico com os elementos (carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e outros) densos da atmosfera terrestre após deixarmos essa casca (corpo físico ou soma no grego) reintegrar-se-ão ao seu habitat natural representado pela natureza mineral. Esse é nosso primeiro nascedouro como vida biológica que acoplando os demais elementos químicos vai evoluindo para cultivar uma proto consciência que incipiente tende a manter interações atômicas (protons, neutrons e eletrons) com seus representantes das diversas camadas dos elementos químicos alcalinos, alcalinos terrenos, metais, semi metais, ametais e os gazes nobres. Em outra circunstância a ausência estabelece a presença isso ocultamente podemos fazer uma analogia com o Mestre Jesus quando disse aos seus discípulos João 14: 18,26 "Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome". Assim a ausência é presentificada na forma astral das emoções, vontades e pensamentos interagindo com a Mente Cósmica do Divino, II Coríntios 2: 16 "Mas nós temos a mente de Cristo". "Porque andamos por fé, e não por vistas". Aqui fé é preponderantemente acompanhada por obras pois a fé sem obras é morta. Quando falamos de fé não estamos pensando em crendices e superstições irracionais mas num substrato da experiência que acompanha nossa comunhão e intimidade com o Absoluto e Sempiterno. Uma fé na Criação e no Criador revelada na mente intrínseca daquele que caminha buscando a evolução de sua alma para o completude com o Todo Oniabarcante. Nessa perspectiva até o que não tem fé pode ter fé pois não é posse de algo mas a vivência no processo de interação com a mãe natureza e suas variadas formas de manifestação bem como a consequente busca pelo aprimoramento de nossa espiritualidade cotidiana. II Coríntios 5: 10 "Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um recebe segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal". A ideia de um tribunal aqui mencionada é uma alegoria, penso, pois o próprio enunciado não traz elementos que satisfaçam uma formalidade de ofício inquisitório sendo inclusive temerário cogitarmos num julgamento sumário onde a sentença pronunciada estaria pronta à revelia. A figura do advogado (paracleto em grego) nem é inferida como uma possível defesa para o acusado. Parece claro que este Tribunal é uma instância de aperfeiçoamento espiritual onde o que fizemos de virtude e benemérito para com nosso próximo será recompensado (galardoado) e nossas práticas nocivas e prejudiciais a nossos semelhantes serão punidas (reprimida) na justa medida com que agimos. Surge nas ponderações do apóstolo São Paulo a ideia do carma, um princípio que talvez ele tenha aprendido dos iniciados cabalistas judeus de tendências hindus e brâmanes pois existe fortes indícios que esteve junto também aos Essênios (um movimento separatista místico entre os judeus de sua época) que adotavam os ensinamentos esotéricos do desenvolvimento da alma em fase de involução e evolução até alcançarem a purificação completo do espírito humano. O carma tem esse pressuposto de redimir a alma num processo de refinamento constante na encarnação presente e nas futuras pois como seres mutáveis e em constante transformação estaremos praticando o bem e o mal. Mas em determinado estágio desse progresso cósmico estaremos num nível onde não mais o carma poderá nos sobrepujar pois ultrapassamos o portal da sabedoria, pureza e santidade sendo que nesse período assumimos a forma de um Mestre de Sabedoria ou como diz a bíblia seremos um Homem Perfeito. Immanuel Kant (1724-1804) em sua famosa obra Crítica da Razão Pura (1781) diz que a consciência é o tribunal da razão. Filosoficamente esse pressuposto é lógico e de pouca refutação sendo que Kant desenvolve seu argumento consistente e coerentemente não dando margem a tautologia e nem modalismo mas reconhecendo que a razão humana é a referencial que divisa o bem e o mal. A consciência é a parte divina e a razão a esfera humana onde aqui o raciocínio é desenvolvido debaixo do conceito de conhecimento experimental (sistematização) ou empírico (observação). Para Kant o homem precisa progredir cognitivamente saindo da empiria que é o nível superficial do conhecimento pois para consegui-lo usasse os sentidos físicos que não são reais rigorosamente falando pois fogem as percepções inatas que se formam no pensamento. Assim o estágio experimental é o mais avançado onde o conhecimento é processado em ideias natas e inatas sendo que antes que as sensações e percepções visualizem ou toquem qualquer objeto nos mundos possíveis essas formas já estariam estruturados como projeções de imagens reais no mundo das realidades e irrealidades. Kant trabalha a consciência à uma razão pura e prática dentro de um estado quase chegando a um Theos (Deus) pois se menciona que ele tira a consciência de dentro do homem e a faz vagar em mundo visíveis e invisíveis na transcendência da razão que ultrapassa os limiares do tempo e espaço. Surgindo a ideia de que a consciência é anterior a nossa existência pois esteve presente em encarnações passadas e estará nas encarnações futuras. Mas devemos ter calma pois esse processo será realidade para nós quando nossa alma se transmigrar em uma nova personalidade advinda de um novo nascimento. Assim Kant concebia a consciência como um tribunal capaz de fazer juízo plausível das situações de preceitos moral, ético, espiritual, religioso, político, social e das coisas que dizem respeito a convivência humana. Ele reconhece que cada homem deve ser capaz de se auto avaliar e deliberar um juízo que seja coerente com seu bom senso e determinação intuitiva. Portanto nessa perspectiva concluímos nossa reflexão dizendo que o conhecimento é para todos mas nem todos obterão o conhecimento abstrato e objeto necessário para uma conduta digna e coerente em sua pessoalidade. Compartilho com o Projeto Kantiano de Espiritualidade Moral e Ética onde a consciência estabelece os parâmetros de virtudes e méritos que deverão ser alcançado pelo discípulo em sua busca pela evolução de seu Ser Completo. Portanto os letrados e mais abertos ao conhecimento devem ajudar (contribuir) à fraternidade humana nas questões sócios comunitárias para que esses (iletrados ou espíritos menos evoluídos) possam também serem bem avaliados pelas suas próprias consciências. Abraço. Davi.             

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