domingo, 10 de agosto de 2014

A Paternidade e o Dever Espiritual de Disciplinar.

(C.039) Hoje 10 de agosto comumente todos os anos no 2º domingo desse mês comemoramos no Brasil como tradição o dia dos pais. Geralmente as famílias se reúnem em torno do pai para homenageá-lo almoçando juntos e compartilhando momentos agradáveis de convivências recíprocas. Então aproveitando essa situação irei refletir sobre o tema A Paternidade e o Dever de Disciplinar baseado em uma palestra que assistir recentemente. Inegavelmente todos concordamos e a sociedade moderna tem esse ponto de vista que é indispensável a disciplina dos filhos realizada pelos pais e um elemento que vem sendo inferido nessa discussão é a importância da espiritualidade complementando esse aprendizado. Podemos dizer que o pai é o jardineiro de alma quando pensamos o filho como uma planta auxiliada por um suporte para ajudá-lo num coordenado crescimento dando direção e apoio. No contexto da modernidade em que vivemos é necessário que aja a consciência de ser pai antes do fato ocorrido pois pode acontecer pelo planejamento (casamento) ou uma eventualidade no percurso de nossa existência. Um quadro do pintor italiano Michelangelo M. da Caravaggio (1571-1610) onde aparecem três mulheres em pé nuas de perfil transportando para nossos dias mostra a vulgarização apelativa em que os jovens e adultos estão expostos à sensualidade descomprometida. A paternidade que trataremos aqui tem o sentido do masculino e feminino pois a mulher tem seu aspecto homem e o homem tem seu aspecto mulher. Como progenitores ou progenitoras devemos aprender a aplicar o amor incondicional agindo assim veremos nosso filho como uma planta florida e não desgalhada e seca. O agricultor precisa conhecer a estrutura específica de cada planta para aplicar os cuidados e nutrientes adequados para seu progresso normal. Farei uma analogia para tentarmos compreender melhor a sistemática da disciplina pensando o homem como um minotauro (animal mitológico metade cavalo metade homem) sendo a parte inferior animalesca e a parte superior racional. Assim um princípio se impõe em nosso postulado que é o homem como uma cavalo precisa ser adestrado e corrigido pela sua racionalidade intelectiva. A Teosofia fala das partes setenárias do homem dividindo-o em duas partes sendo uma inferior representada por um quadrado e seus ângulos sendo Prajna, Kama rupa, Duplo Etérico e o Corpo Físico. A parte superior é tipifica por um triângulo simbolizada pelos vértices Atma, Manas e Budhi. Todos esses aspectos são importantes e já discorremos sobre eles em temas anterior assim (os que desejarem podem pesquisar nos meses anteriores no Mosaico) destacarei apenas o manas que representa nossa mente em sua essência dual pois há um lado que está na parte inferior relacionada ao pensamento concreto formador das imagens pela sensação e percepção mas desprovido de uma fundamentação lógica e sensitiva. O outro lado de manas é o pensamento abstrato envolto pela consciência que está em nossa parte superior tendo a capacidade de exteriorizar as intuições, imaginações e discernimento. Grosseiramente falando nosso aspecto inferior (cavalo) faz a sujeira e nosso aspecto superior (racionalidade) está encarregada de limpá-la por conseguinte temos que colocar o tríade no controle do quaternário. Vamos conceituar a Disciplina como o poder de agir conforme o discernimento não sendo uma mera reprodução de padrões e modelos sociais instituídos. Não é saber apenas o certo ou errado na questão da correção ao filho mas agir com firmeza, sensatez e sobriedade pois a autoridade do pai não é mera reprodução de normas mundanas. A disciplina usada como estereótipo de modelos mecânicos (não faça isso ou faça aquilo) tende a produzir alergia naquele que é alvo da correção sendo que ao invés de funcionar como um tratamento terapéutico acaba sintomatizando (aversão) uma patologia desenvolvendo um processo de insubmissão aos superiores imediatos. Jiddu Krishnamurti (1895-1986) diz "Liberte-se do passado, liberte-se dos condicionamentos" a ideia de que precisamos encontrar nosso caminho particular na educação e disciplina de nossos filhos pois nenhum modelo exterior será suficientemente perfeito para produzir resultados positivos. É indispensável desenvolvermos nossa espiritualidade (busca da Consciência Divina) em relação a essa tarefa pois ela complementa e alicerça aquilo de sutil e transcendente que não podemos inculcar em nossos filhos. O texto sagrado Hindu do Bagavad Gita fala do Rupa ( o quadrado) e do Arupa (o triângulo) que mencionamos anteriormente sendo assim o Manas (mente superior) do lado do tríade de origem divina emite energia de espiritualização. Numa perspectiva do pensamento existe uma luta entre as forças cegas do concreto racional contra o discernimento do abstrato espiritual pois a mente se associa ao corpo dos desejos que pela vontade produz vícios e deméritos. Assim deve haver um esforço de nossa parte para fazer com que o quaternário inferior esteja a serviço do homem espiritual simbolizado pela tríade superior. As crianças vêm para as famílias através do carma familiar sendo esse conceito advindo da filosofia esotérica pois nossas situações não resolvidas em coletividade na encarnação atual deverão ser retificadas e reparadas nos futuros renascimentos mas esse ponto foge ao propósito que estamos laborando e não vou explorá-lo. A educação das crianças deve ser realizada individualmente pois cada uma tem suas próprias características sendo temerário a generalização. Um exemplo de irresponsabilidade quanto a educação uma criança em Brasília - Br na sala de aula mordeu sua coleguinha e foi advertida verbalmente por sua professora. Chegando em casa falou do ocorrido para seu pai que indo a direção da escola exigiu que diretora suspendesse a professora por ter "desacatado" sua filha. Foi prontamente atendido e a professora recebeu uma formal advertência sendo retirada temporariamente da escola. Absurdos como esses mostram o quanto os progenitores estão despreparados, desinformados e desinteressados em relação a como proceder coerentemente na educação de seus filhos. O filho que faz tudo o que quer tem consequência desastrosa em seu percurso existencial tornando-se escravo do seu (cavalo) animal. Não devemos corrigir nossos filhos em situações de ansiedade ou revoltada mas agirmos baseados num auto sacrifício para surtir efeitos que transformarão seu comportamento no convívio familiar e social. Um bom expediente que deve ser usado ao corrigir as crianças de até 6 anos é colocá-las num cantinhos para refletirem sobre uma situação negativa que provocaram servindo esse aspecto como uma disciplina reflexiva. Esse exercício usado na criança é milenar já praticado pela Raja Yoga como orientação aos meditadores e os contemplativos dos exercícios espirituais tendo como objetivos o Yama contenção, moderação e auto controle através de um conjunto de regras ou conduta moral. Niyama mudança dos hábitos que possibilitam o controle dos comportamentos. Asana a postura física estável, com coluna ereta sustentando de forma alinhada o peito, pescoço e cabeça. Assim é desenvolvido na criança auto controle, alerta, firmeza e relacionamento baseado na auto disciplina espiritual. A disciplina para o filho precisa ser realizada com cuidado e amor. O Yogue usa a disciplina como necessidade e não segundo um mero formalismo invencionista onde as desculpas se multiplicam e deixamos passar precioso tempo usando as supérfluidade para não tomarmos as decisões urgentes em relação a nosso filho. O caminho da auto transformação é a livre vontade desse modo não devemos copiar os padrões externos de observação moral e eticamente recomendados apenas porque outros estão fazendo. Não fazemos mal ao outro porque isso é apenas um mandamento em Êxodo 20: 13 "Não matarás" mas porque vemos o outro como nós mesmo e todos estamos integrados e ligados com a Vida Una e Eterna. O Yogue vivenciou a unidade com todos os seres e a mãe natureza não querendo fazer mal a nenhum deles. Desse modo o tema que abordamos passa por diferentes âmbitos e o mais importante deles é nossa comunhão com a Divindade Suprema para que pela evolução e interação universal possamos alcançar com nossos filhos e familiares um estágio de busca pela perfeição nesse importante quesito da correção e paternidade. Joel Beuter "Na correção, é salutar compreender que a pessoa a ser corrigida, orientada, antes de qualquer coisa, deve entender e sentir que está sendo considerada, e não apenas reprovada. Do contrário, a correção terá o efeito prejudicial, podendo causar traumas, ou mesmo estabelecer a baixo autoestima ou tornar uma pessoa reprimida". Uma séria advertência que devemos considerar atentamente. Beijo. Davi.        

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