domingo, 17 de agosto de 2014

Geração Canguru.

Amigos já ouviram falar na geração canguru? Pra quem não sabe o Canguru e o nome genérico dado a um mamífero marsupial pertencente a quatro espécies do gênero Macropus da família Macropodidae, que também inclui os wallabees. As características incluem patas traseiras muito desenvolvidas e a presença de uma bolsa (o marsúpio) presente apenas nas fêmeas na qual o filhote completa seu desenvolvimento. O Canguru é o animal símbolo da Austrália. Conhecido por seus pulos sendo bastante encontrado nessa país. Uma característica de seus filhotes é que depois de nascidos continuam na "bolsa" até os oito meses, sendo que após esse tempo eles começam a dar os primeiros passos em seu habitat natural.  Um fenômeno sócio cultural que nas últimas décadas do século XX e início do XXI vem modificando os relacionamentos familiares e segundo psicanalistas e sociólogos como Roberto Girola e Agenor Gasparetto têm causado sensível transformação nas convivências relacionais. O fenômeno consiste em que os jovens hoje estão ficando mais tempo na casa dos pais que antigamente, sendo especialmente  aqueles que têm uma condição financeira razoável bem como estabilidade profissional adquirida pela qualificação acadêmica ou relacionada à legislação trabalhista sobretudo no servido público federal. Isso acaba alterando comportamento tradicionais quanto a moralidade pois nesse processo da demora de sair do convívio dos pais esses jovens acabam criando alternativas de companheirismo desvinculado da instituição oficial do casamento que segundo reza é o único âmbito familiar do prazer sexual e o verdadeiro santuário da família cristã. Por conseguinte um agravante é estabelecido onde na maioria das vezes os jovens trazem as namoradas (pretendentes à núpcias) para a casa dos pais sendo num contexto de não cristão o fato visto com normalidade, mas ao contrário sendo cristão produz uma situação conflituosa e no mínimo incômoda para a consciência dos pais despontando sentimentos de culpa. O pecado do consentimento expresso na omissão do não alertar para o perigo do sexo fora do ambiente sagrado acaba torturando-os (pais) psicologicamente. Entretanto esta é uma realidade enfrentada por muitas famílias que as voltas com as transformações sócios culturais não sabem como lidar com esse novo modus vivendi. Outros jovens na mesma condição são os que passaram por várias experiências de matrimônio sem sucesso nessa instituição que podem também serem incluídos nesse paradigma da geração canguru. Rapazes e moças após o divórcio ou separação voltam à casa paterna pois lá encontram um abrigo para recompor suas vidas emocionais continuando a normalidade vivencial num ambiente sem acusação ou descargas de sentimentalismo masoquista. Assim percebem que podem retomar um novo e duradouro amor agora baseado numa experiência de vida conjugal anterior que trouxe lições e aprendizagem para um aperfeiçoamento no companheirismo e cumplicidade de um futuro matrimônio. O princípio que estamos abordando nos leva a premissa de que o casamento está passando por mudanças radicais e pressupostos milenares dessa instituição ao longo das próximas décadas deverão ser adaptados para os contextos da pós modernidade. Evidentemente aqui destaco a importância dos valores familiares adquiridos ao longo dos tempos. Legados singulares que devem ser preservados e melhorados para que a instituição família alcance sua estabilidade nesse contexto de mudanças continuas em que vivemos. Entendo isso como imprescindível para preservá-lo como relacionamento de base familiar do contrário corre-se um sério risco de sua extinção como contrato civil. Isso seria, penso, algo terrível pois perderíamos a seriedade do acordo bilateral entre os cônjuges nas questões de bens nominais e propriedade privada. Também se criaria um ambiente de insegurança social que poderia surtir um efeito cadenciado negativo atingindo outros comportamentos tradicionais, influenciando inclusive o modo de produção e trabalho.  O modelo do casamento implantado pela religião (em nossa caso) cristã têm demonstrado insuficiência para caminhar junto a tradição e cultura social em que vivemos. Mencionarei alguns aspectos para embasar meu argumento quanto ao que estou pensando. (1). A condição de sagrado (matrimônio) está correta quando pensamos na esfera mística e transcendente onde o homem representa a divindade masculina e a mulher tipifica a divindade feminina. Um mistério que as Sagradas Escrituras fazem questão de mencionar em Efésios 5: 31-33 "Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois uma só carne. Grande é esse mistério, digo-o porém a respeito de Cristo e da Igreja. Assim também vós cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido". Concordo nesse quesito da espiritualidade do casamento num âmbito de pureza e santidade de ambos na convivência harmoniosa manifestada nas diferenças e peculiaridades que cada pessoa adquiriu em sua evolução espiritual. Mas discordo com o que percebemos no Cristianismo onde os nubentes são introduzidos na religião cristã ao assumirem o contrato civil do matrimônio. Esse formalismo sócio religioso acaba influenciando na convivência do casal que é obrigado antes de constituir família a se comprometer com fidelidade e estar rotulado de um emblema espiritual forjado erroneamente pela celebração oficial (com um clérigo, padre ou pastor) supostamente introduzindo ambos naquele contexto de crença. (2). Outras tradições espiritualista como o Budismo entendem o casamento diferentes pois não existe a obrigação de uma filiação compulsório antes e pós matrimônio na religião. Assim qualquer pessoa de qualquer religião ou não religiosa pode realizar sua cerimônia de casamento num templo budista não sendo exigido nenhum compromisso de comunhão com esta tradição oriental como requisito para a oficialização. Nessa cerimônia não são exigidos os votos de prometo ser fiel, na alegria e na tristeza ( ... ) até que a morte os separa,  por conseguinte os ensinamento budista reconhecem uma diferenciação na espiritualidade de cada pessoa. Inexiste a ideia de que para ser salvo é indispensável participar de uma comunhão religiosa praticando os dogmas que ela possui como regra de vida. E também a salvação (redenção) é realizada pelo próprio indivíduo em sua busca espiritual, evoluindo em seu estado emocional, mental e uma vontade permeada para a fraternidade humana. (3). Esse desapego religioso no matrimônio humaniza as relações do casal fazendo-os se sentirem agregados a mãe natureza, ao cosmo e aos reinos visível (espiritual, humano, animal, vegetal e mineral) e invisível (Planetários, Elohim, Mahatmas, Mestres de Sabedoria). Tendo uma consciência livre para exercitar por seu próprio arbítrio e escolha os caminhos que levam ao bom senso e sensibilidade intuitiva para trilhar a Senda Espiritual. Desse modo pode-se compreender melhor os percalços e vicissitudes que porventura venham acontecer em nossa passagem nessa encarnação. Situações como separação, divórcio e morte de algum dos cônjuges são melhor digeridas na emotividade e compreendidas num processo de carma (recompensa e reparação) e dahma (missão divina dos seres humanos) e evolução (a fase da vida humana e pós morte que passamos para completar nossa redenção e evolução espiritual até alcançar a estatura de varão perfeito). O efeito da geração canguru é mais sentido em países ocidentais que vociferam um capitalismo selvagem onde se priorizam a individualidade narcisista, consumismo e descartabilidade de bens. A natureza é vista apenas como um meio de produzir e enriquecer alguns grupos econômicos e corporações financeiras sendo desgastada e destruída impiedosamente não se tendo o cuidado com seu descanso, proteção e reposição de florestas e espécies em extinção. Os minerais preciosos e matérias primas são explorados a exaustão e hoje muitos deles são raridades provocando colapso na produção de importantes componentes industriais (automotivos, hospitalares, termelétricos, químicos e outros) em todo mundo. Espécies da fauna e flora em extermínio pelo fato da caça predatória e o desperdício comestível em larga escala. O planeta sente o aquecimento global e pouco fazemos para mudar essa situação (economia de água e energia em casa é uma excelente maneira de contribuir para uma salutar respiração da mãe natureza) que se arrasta desde o início da revolução industrial a partir do século XVIII (1701-1799) na Inglaterra. Os jovens dos países orientais sofrem menos esse fenômeno da geração canguru pois existe por lá uma melhor consciência da interação com a natureza o macro e micro cosmo procurando viver mais a coletividade fraternal e mútua ajuda e interesse corporativo (irmandade). Eles têm um melhor discernimento de causa e efeito preservação de bens duráveis e perecíveis, bom senso em relação ao não desperdício e conservação de fontes de energia (biomassa, biocombustível, eólica, hídrica, solar e geotérmica). Assim são menos propensos a destruir o ecossistema e a biodiversidade se sentindo parte do todo sendo reagente positivo para o perpetuação da Criação em todos os aspectos. Acho que como pais precisamos urgentemente de equilíbrio emocional, mental, espiritual e social para vivermos esses novos tempos que estão fugindo do tradicionalismo religioso e ortodoxo. Hoje não existe lugar para verdades absolutas baseadas em crendices e superstições exclusivista e irracionais desse modo devemos abrir nossa mente, purificar nosso interior e usar a prudência, tolerância e entendimento em todas as situações com nossos filhos. O diálogo é o caminho para compreendermos a geração canguru fazendo-os tomar seu próprio destino para a evolução e crescimento espiritual. Abraço. Davi.         


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