domingo, 29 de junho de 2014

Destas Pedras Deus pode suscitar Filhos a Abraão.

(C.026) O texto bíblico que refletirei a partir de agora é elucidativo para pensarmos alguns princípios da filosofia oculta pois está no Evangelho de Mateus um dos sinóptico sendo os demais os Evangelhos de Marcos e Lucas que são conhecidos assim devido a conterem uma grande quantidade de histórias em comum na mesma sequência e algumas vezes utilizando os mesmos esquemas de palavras nesses termos existe um grau de paralelismo relativo ao conteúdo, linguagem e estruturas das frases ocorrendo somente em uma literatura interdependente assim muitos estudiosos acreditam que esses evangelhos compartilham o mesmo ponto de vista e são claramente ligados entre si. Uma esclarecedora mística quanto a esses Evangelhos é que cada um tem uma simbologia específica dessa forma Mateus traz a representação do Cristo como o Leão o rei entronizado para governar seu povo com majestade e glória, João 19: 19,20 "E Pilatos escreveu também um título e pô-lo em cima da cruz e nele estava escrito: Jesus Nazareno o Rei dos Judeus. E muitos dos judeus leram este título porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade e estava escrito em hebraico, grego e latim". Marcos traz a tipologia de Jesus como o Boi ou o Cordeiro que é oferecido como holocausto pelos pecados de toda a humanidade também nesse contexto se entende aquele que serve e ara a terra deserta preparando-a como nutriente sendo o calcário para diminuir sua acidez e proporcionar mais alcalinidade para uma melhor semeadora e boa colheita além de pulverizar e irrigar o solo, Marcos 10: 45 "Porque o Filho do homem também não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos". Lucas enfatiza em seus escrito o Cristo como um Homem de carne e osso frágil e tendo necessidades físicas, emocionais e sentimentais igual a qualquer ser humano sendo um assunto para ser investigado mais minuciosamente pela ciência oculta pois a tradicional teologia tem medo de mensurá-lo como homem em sua completude pois segundo alguns essa compreensão estereotiparia o sentido misterioso da encarnação - Deus Homem - reduzindo o Cristo a uma figura insignificante e sem expressão de herói ou mártir coisas que se evidenciam por esses tais de forma emblemáticas em sua época por feitos milagrosos, ideologias, simplicidade, mansidão, amor, pureza e santidade mas quando leio os Evangelhos entendo que Jesus escondia sua divindade na maioria das vezes não reivindicando pra si a deidade preferindo ser tratado como um simples mortal pois nessa condição ele veio pra esse mundo cumprir sua missão divina - dharma - e na situação de Deus era impossível morrer vicariamente pela humanidade. Assim tendemos a acompanhar a argumentação exotérica dos técnicos em exegese e com medo não seguimos a intuição oculta que nos diz para considerá-lo também como um homem que cometeu deslizes morais e resvalos éticos até em alguns momentos se irou justamente percebendo a insensibilidade humana em querer manter o status cor sistematizado e religioso vigente em sua época, Lucas 12: 8 "E digo vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus". O texto que analisaremos está em Mateus 3: 1-10 então iniciemos "Naqueles dias apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia e dizia: arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus", para compreendermos melhor  vamos fazer uma conexão com outro trecho bíblico em que Jesus compara João Batista a Elias em Mateus 17: 11-13 "E Jesus respondendo disse-lhes: Em verdade Elias vira primeiro e restaurará todas as coisas mas digo-lhes que Elias já veio e não o conheceram mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padece o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista". Segundo a Sabedoria Antiga o Mestre Jesus sendo um Essênio viveu em uma comunidade que existiu no ano 150 AC a 70 DC isso conforme os escritores Filon (10 AC 50 DC) e Flávio Josefo (37 - 100) eram uma ordem religiosa que tinham revelações manifestadas e esotéricas pois haviam se afastado do Judaísmo por motivos desconhecidos mas tinham leis, documentos sagrados, usos e costumes diferenciados sendo isso mostrado pela famosa descoberta dos Manuscritos do Mar Morto (1950) que são uma centena de textos e fragmentos encontrados nas Cavernas de Qunram. Os Essênios alimentavam-se basicamente de frutas e legumes banhando-se em águas para equilibrar o corpo e talvez tenha surgido dai o rito do batismo pois João Batista era Essênio. Eles assim como os Judeus tinham Escolas para Iniciados e possivelmente o Mestre Jesus frequentou em sua juventude e maioridade essa Academia do Conhecimento Oculto e alguns ponderam que os sábios essênios trocavam comunicação com os Mestres da Escola de Alexandria (século I) e o Mestre Jesus estudou também nessa Casa do Saber Universal. Assim pensando no conhecimento oculto que o Mestre Jesus como Iniciado adquirirá podemos inferir que João Batista é uma encarnação do profeta Elias continuando o seu ministério de "preparar o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" os dois evidenciaram-se em diferenças e semelhança vejamos: Elias executou milagres e maravilhas e João não fez nenhum sinal, Elias teve problemas com os profetas de Baal e João teve dificuldades com os Fariseus, Elias feriu o rio Jordão atravessando-o sem se molhar e João batizava no rio Jordão e  todos saiam molhados, Elias viu uma pequena nuvem do tamanho de uma mão do homem e João Batista viu nascer o sol da justiça, Elias lutou contra a idolatria de Baal o deus Cananeu - Fenício da chuva, do clima, da tempestade que molha a terra e João pregava principalmente o arrependimento e a vinda do Messias, Elias não morreu subindo ao céu arrebatado numa carruagem puxada por cavalos de fogo dentro dum redemoinho e João Batista morreu decapitado, João foi preso por Herodes e Elias não foi preso mas sofreu perseguição, Elias tinha como discípulo Eliseu e João Batista tinha discípulos e alguns deles se tornaram discípulos do Mestre Jesus, Elias predisse profeticamente acontecimentos futuros e João Batista foi alvo concretizador de profecias passadas cumprindo as previsões de Malaquias e Isaías  essas comparações podem provar que a encarnação dos dois é perfeitamente plausível em termos lógicos. Podemos pensar João Batista como um iniciado ou adepto dos mistérios ocultos pois sua roupa dissemelhante das originais vestes sacerdotais judaicas denunciavam sua maneira excêntrica de servir ao Eterno. Assim como o Mestre Jesus que não deixou nenhum código de doutrinas exotéricas e nem fundou nenhuma nova religião mas apenas proclamou o amor ao próximo e a fraternidade universal entre os homens João Batista apesar de judeu não enfatizou nada de preceitos ou normas ritualísticas de sua religião judaica que aproximassem o fiel do seu Deus assim por ser diferente teve autoridade para falar com intrepidez dos mistérios maiores que estavam guardados enfrentando com coragem os desmandos e a hipocrisia moral da autoridade do governador Herodes Antipas (20 AC 39 DC) da Palestina que foi malignamente influenciado por sua amante na festa de seu aniversário mandou decapitar João Batista no cárcere, Marcos 6: 24 - 26 "Saindo ela perguntou a mãe: Que pedirei? Esta respondeu: a cabeça de João Batista. E enviando logo o executor mandou que lhe trouxessem a cabeça de João. Ele foi e o decapitou no cárcere, e trazendo a cabeça num prato a entregou à jovem e esta por sua vez a sua mãe". O versículo 20 do texto acima diz que "Herodes temia a João sabendo que era homem justo e santo e o tinha em segurança e quando o ouvia ficava perplexo escutando-o de boa mente", os Mestres iniciados tem testemunho dado por pessoas que os observam mostrando que estão caminhando pela Senda Espiritual. Voltando para Mateus 3: 6 "E eram por ele batizados no rio Jordão confessando os seus pecados", incrível imaginar que a mensagem do profeta João Batista eram tão curta e simplesmente dizia: "arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus" bastante diferente do que estamos acostumados a ouvir nos dias de hoje onde as pregações tentam converter as pessoas para sua bandeira de fé e prática sempre mostrando as vantagens e recompensas advindas dessa decisão aqui particularmente parece que João não oferece nenhum galardão apenas a esperança da evolução espiritual para entrar em um reino superior e elevado acima do interesse e glórias humanas que fariam com que o discípulo percebesse que lhe aguardavam futuros processos de renascimentos à completude de seu ser espiritual. O batismo era o primeiro passo para o iniciado percorrer esse caminho estreito entrando pela porta apertada nada de organização ou filiação religiosa ou partidária mas um compromisso consigo mesmo de trilhar pela prece, meditação, contemplação e auto conhecimento o desenvolvimento da espiritualidade superior mas a referencia a "raça de víboras quem vos induziu a fugir da ira futura" é uma advertência de que apenas o conhecimento que alcançamos por nossa inteligência dos mistério maiores e menores da natureza e da mente humana não são suficientes para completar nossa formação espiritual pois João sabia que na tradição mística a serpente simboliza o conhecimento humano a chamada doutrina do olho dita por Buda (563 AC 483) nos seus evangelhos mas também como o Buda enfatiza precisamos da doutrina do coração revelado numa atitude de altruísmo e resignação para com o próximo acolhendo-os e não considerando imundo aquilo de Deus santificou  usando a tolerância e o amor para com todos sem discriminação de cor, sexo, raça, opinião e religião mas considerando todos como irmãos que mesmo em situações de espiritualidade, culturas e tradições diferentes buscam a evolução integrada com todos os seres da natureza que vivem na Criação feita pelo Criador. Assim os hipócritas fariseus se orgulhavam de seu conhecimento achando que isso era suficiente para encontrarem os segredos que estavam encobertos e classificavam aqueles que não podiam consegui-los como gentios e pubicanos desmerecedores das recompensas celestiais sendo seu orgulho e mesquinhez o que os condenavam desviando-os da caminho da verdade. João Batista conhecia o processo natural da evolução humana e infiro que tinha conhecimentos ocultos da Cabala judaica pois a referencia "Temos por pai a Abraão porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão" que é o tema de nossa reflexão mostra o conteúdo de um dos textos - Livro da Criação - dessa doutrina mística quando diz que: "do mineral tornou-se vegetal do vegetal tornou-se animal do animal tornou-se humano e do humano tornar-se-á espírito". Pra mim está claro nesse trecho bíblico o desejo do Espírito Divino de continuar sua obra de evolução em nossa matéria - espírito ou espírito - matéria que foi insuflada pela centelha divina a milhões de encarnações passadas percorrendo os planetas de nosso sistema solar até aportar em nossa terra mas é interessante pensar que como a monada fomos germinados por esse raio luminoso sendo mineralizados em um dos planetas para iniciarmos nossa ronda evolutiva existencial e acessando a astrologia através de um mapeamento podemos ter uma previsão de sabermos onde iniciamos esse enigmático processo. Na terra estamos segundo os estudiosos da ciência oculta perfazendo um total de aproximadamente 777 encarnações um número imaginário é claro para podermos entender esse complexo veículo de evolução que junto com nosso carma positivo ou negativo proporciona nosso tempo nos entre vidas onde reparamos ou retificamos aquilo que precisa ser debitado como vício ou compensado como virtude para desfrutarmos o período de conforto antes das novas encarnações. Esse processo evolutivo na terra é feito primeiramente por uma pré consciência elemental bem primitivo e sem coordenação estrutural nervosa seguindo posteriormente uma consciência primitiva mineral ainda se organizando mesmo que incipiente tentando formular relações de compartilhamentos moléculas e partículas onde átomos eletrovalentes se conectam a valências negativas nos elementos inorgânicos surgindo as interações de compostos que representam os atuais elementos químicos existentes dos quais somos uma totalidade de carbono, nitrogênio, hidrogênio e oxigênio. Continuando evoluímos para avançarmos como um vegetal em uma consciência adaptativa centrada em nosso próprio sustento mas agora tendo a necessidade de interdependência com outros reinos e cadeias alimentares principalmente a precedente da qual tiraremos nosso sustento e nutrientes e posteriormente uma consciência instintiva animal já bem organizada e sabedora de alguns processos de relacionamentos coletivos mesmo que para uma individualidade da espécie sem entender que os vários reinos da natureza são intercambiáveis e o equilíbrio é feito com a harmonia de todos eles. E finalmente chegamos a uma consciência intuitiva, imaginativa e cognitiva humana a compreensão de que fazemos parte do todo - da natureza - sendo fundamental estarmos conectados e atuando para o bem de todos os seres na face da terra pois dependemos de cada pedra, cada árvore e cada animal que estão vivendo sua existência e com eles os demais humanos construiremos uma fraternidade universal onde a Criação representa o Criador e o Criador tipifica a Criatura. Abraço. Davi.      

Nenhum comentário:

Postar um comentário