sexta-feira, 6 de junho de 2014

Quando Deus faz calar o Homem. Parte II.

Continuando nossas ponderações sobre Watchman Nee (1903-1972) vimos no texto anterior que sua obra espiritual tem dois momento um antes da ascensão ao poder do Partido Comunista Chinês (1939) e outro depois desse evento. Ficou claro nas observações precedente que o primeiro momento trouxe ensinos esótericos manifestados na necessidade de uma vida interior de pureza e santidade moral onde o discípulo buscaria sua evolução espiritual pela contemplação e meditação individualizada num modelo oriental de misticismo fugindo ao estereótipo cristão uniformizado de recompensa coletiva múltipla. No segundo momento percebemos que Nee concentrou suas apologias por motivos sócios políticos em mensagens coletivizadas perdendo a originalidade do início, mas  forças misteriosas que não compreendemos em sua amplitude tiveram que atuar para conter o anunciado esmagamentos dos cristãos chineses por forças comunista combinadas com seres interplanetários malignos. Assim surgiram as mensagens enfatizando o Corpo de Cristo e a Igreja como o Plano de Deus na Terra que foram providenciais para produzir os ajuntamentos dos fieis chineses em torno dos ensinamentos exotéricos cristãos fortalecendo o ânimo e o moral dos homens e mulheres que estavam decididos a viver ocultamente o Evangelho de Cristo mesmo debaixo de policiamentos, perseguições, torturas, prisões e mortes. Apesar de uma mente privilegiada Nee não sintetizou seu arcabouço de conhecimento filosófico e espiritual sozinho, pois em sua estante de livros e em seu quarto de dormir haviam obras de autores como: Theodore Austin Sparkins (1888-1971), Andrew Murray (1828-1917), John Nelson Darby (188-1882), Madame Guiom (1647-1717), Hudson taylor (1832-1905), Dora Yu (1873-1931) dentre outros. O conhecimento filosófico e esotérico é adquirido pelo esforço do discípulo que deseja viver uma experiência profunda com o Eterno para ser um instrumento da fraternidade humana e espiritual. O elemento feminino na obra de Nee é de especial importância, pois a leitura dessas duas senhoras mística (Madame Guiom e Dora Yu) causou-lhe uma forte impressão manifestada nos seus escritos onde as evidencias machistas são mínimas mesmo contrariando as Sagradas Escritas Cristãs que colocam a mulher numa posição inferior (submissão) em relação ao homem sendo esse no extrato familiar o cabeça. Essa ideia é preciosa em Nee, pois os Budistas tinham na Lei do Dahma a sustentação da hierarquia dos extratos sociais rígidos onde a mulher nunca e de nenhuma maneira seria superior ao homem, assim Nee sugere fazendo uma leitura oculta de algumas de suas obras uma igualdade social e espiritual entre os sexos guardando devidamente as proporções nos ensinamentos exotéricos da religião cristã.   Vamos agora meditar num texto do livro Doze Cestos Cheios volume I de Watchann Nee para pensarmos a frase de nosso tema que diz: Quando Deus faz calar o homem. Mateus 17: 1-4 "Seis dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João seu irmão e os conduziu em particular a um alto monte. E transfigurou-se diante deles, e o seu rosto resplandeceu como o sol. e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com eles". Os três discípulos mencionados eram os mais chegados ao Mestre e recebiam os ensinamentos ocultos sendo iniciados nos mistérios da Sabedoria Divina. Marcos 17: 7 "Mas ide dizei aos seus discípulos e a Pedro". Esse discípulo (Pedro) esteve em momentos de convivências singulares com o Mestre aprendendo por repetição as doutrinas exotéricas mostrando sem reservas sua natureza humana viciosa e pecadora um sinal de que estava aberto a ser aperfeiçoado pela disciplina moral e ética do evangelho. Num momento crucial do ministério do Mestre ele o traiu negando-o por três vezes. Mateus 26: 74 "Então começou ele (Pedro) a praguejar e a jurar dizendo: não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou". Atire a primeira pedra quem nunca teve uma atitude de traição para com o Mestre. O discípulo Tiago é mencionado poucas vezes nas Sagradas Escrituras dentre elas a referência em Atos 1: 13 "E entrando subiram ao cenáculo onde moravam Pedro, Tiago e João", não existe coerência quanto aos Tiagos na Bíblia, pois ora a referencia é ao filho de Alfeu  ora é ao filho de Zebedeu. Um outro Tiago fala da verdadeira religião bem diferente dessa que estamos acostumados a ver as pessoas frequentarem não sendo um lugar físico e desprovido de formas e rituais até não tendo um corpo de ensinamentos é o que se depreende desse texto de Tiago 1: 26. 27 "Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração a religião desse é vã. A religião pura e imaculada para com Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações e guarda-se da corrupção do mundo". João é o discípulo amado que encostava seu rosto ao peito do Mestre João 21: 20 "E Pedro voltando-se viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, (João) e que na ceia se recostara também sobre o seu peito e que dissera: Senhor quem é que há de te trair? Talvez dos três que estamos falando seja (João) o mais místico e profundamente envolvido nos mistérios maiores da espiritualidade cristã principalmente em suas revelações  colocadas de forma exotérica no último livro do Novo Testamento que leva sua assinatura. Nessa narrativa do Apocalipse de João os elemento mitológicos gregos e arquétipos de antigas civilizações Caldéias e Babilônicas se misturam as tradições místicas dos antigos Egípcios, pois as visões trazem formas de animais alados, tronos descendo dos céus, cidades encantadas e vivenciadas na fantasia, monstros que emergem do mar, cavalos de cores diferentes representando situações que ocorrem na terra, um dragão que ao invés de soltar fogo pelas narinas despeja uma grande quantidade de águas sobre a terra e outras figuras lendárias e quimeras vistas nos primórdios do inconsciente humano como construtores da consciência temporal universal. Um riquíssimo simbolismo que precisa ser estudado com profundidade pela ciência oculta para que compreendamos por argumentos lógicos e filosóficos esse panorama que envolve o esoterismo do relato espiritual cristão. Voltando ao texto de Mateus 17: 1-8 "Um alto monte" representa o cuidado do Mestre para com os mistérios ocultos, pois apenas os iniciados têm condições mentais para ouvi-los, compreendê-los e presenciá-los. "Transfigurou-se diante deles", o Mestre como um Iluminado dispunha de seu corpo astral e mental como lhe aprouvesse não estando aprisionado a casca da personalidade humana que se desintegra após a morte, mas podia se teletransportar ou se desmaterializar assumindo outra forma já que em sua substância divina o espírito tinha preeminência sobre a matéria, assim o resplendor do rosto como sol e as vestes tornando-se brancas como a luz são provas desse pressuposto. Se pensarmos que o branco é originalmente todos os photons coloridos  da luz agregados o Cristo é a Verdadeira Luz que emana do universo. O aparecimento de Moisés e Elias no texto é misterioso, mas podemos tentar explicar a luz da ciência esotérica quando pensamos que Moisés não teve seu túmulo revelado a nenhum mortal isso é dito em Judas 9 "Mas o arcanjo Miguel quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés",  insinuando a ideia de que ele ainda esteja entre os humanos em seu corpo astral viajando pelas correntes magnéticas e cósmicas ajudando e cooperando com os que laboram na fraternidade universal e num sentido estrito cuidando de seu povo (Judeus) aqui na terra. Elias é um caso peculiar pois segundo as tradições do Antigo Testamento foi arrebatado aos céus num carro de fogo II Reis 2; 11 "E sucedeu que indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro e Elias subiu ao céu num redemoinho". A alegoria da carruagem de fogo está na simbologia de inúmeros arquétipos mitológicos antigos, assim partindo do princípio que a cena não é literal mas alegórica podemos inferir que esse fato é um devaneio ou fantasia, mas isso não elimina o sentido oculto e místico da cena que o versículo nos apresenta, pois Elias mesmo morto (sendo homem) teve seu corpo transportado para uma outra dimensão e num corpo sensível não mais propenso as variações da densidade e compactação material aparece em lugares que sua natureza de iniciado nos mistérios ocultos o chama para assumir uma postura de Mestre e Profeta. A sugestão de Pedro para que "três tabernáculos" fossem feitos é lógica, pois conhecedor das tradições de seu povo e reconhecendo a importância do legado espiritual e moral desse dois personagem onde um representava (Moisés) a lei divina ou Torá  no seu aspecto de revelação e do ocultismo além de sua oralidade transmitida a toda a comunidade judaica por gerações desde as crianças até aos idosos sendo que os muitos milagres que Moisés realizou deveriam está bem vivos na mente de Pedro. Coisas como transformar a água em sangue, fazer com que seu cajado se tornasse uma víbora, fazer surgir nuvens de gafanhotos, fazer romper chuva de pedra, abrir o mar vermelho, ver uma árvore pegando fogo sem se consumir só um iniciado nos mistérios maiores poderia ser usado por Deus com tais poderes. O outro personagem era a corporificação (Elias) das Profecias que na cultura de seu povo tinha a esfera exotérica  como revelação e o âmbito esotérico como oculto acessado pelos  buscadores já iniciados nesse processo de contato com o mundo invisíveis. As profecias eram tradições que vivenciavam um forte ocultismo tal seu poder de penetração nos mistérios da natureza e as investigações e comprovações de fenômenos mentais realizados pelos profetas místicos, assim como Elias  fazendo milagres onde fogo caia do céu, profetizou uma grande seca que assolou a terra de Israel, com sua capa abriu o rio Jordão, aumentou o azeite e farinha da viúva, deu vida ao filho da viúva, destruiu o altar de Baal, decretou o fim de uma seca e outros eventos. Esses fatos acima mostram que o discípulo Pedro tinha uma compreensão ainda litúrgica dos ensinamentos ocultos do Mestre, pois em sua lógica apesar de inteligível era uma metade para a iniciação nos mistérios sendo que precisava aprender o ensino esotérico do coração, lição que o Mestre ensinou a ele e a seus companheiros que estavam no monte. "Este é meu Filho amado em quem me comprazo a Ele ouvi". O Jesus Cristo e o Cristo Jesus são a meu ver o mistério dos mistérios na religião cristã, pois a argumentação lógica quanto a encarnação de Deus supera os limites da mente humana sendo impossível para nós penetrarmos nesse profundo e inexplorado oceano da natureza divina humana. Só esse pressuposto é suficiente para percebermos que o Cristo é incomparável e imensurável em altura e profundidade, largura e comprimento sendo esse conceito visto por João em seu evangelho quando disse: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho Único recebe de seu Pai cheio de graça e de verdade". A encarnação do Logos Divino é um grande mistério que até agora se passaram dois mil anos e ainda não foi devidamente esclarecido pelo cristianismo e imagino que mais dois milênios não serão suficientes para uma total compreensão, assim podemos conjecturar sobre esse fato tão inquietante e pondero que no ensinamento oriental o Logos Divino representado aqui pelo Cristo Deus é a última manifestação da evolução espiritual. Um estágio de desenvolvimento e maturidade cósmica só alcançado por esse Cristo Iluminado e Puríssimo em Santidade e Verdade. No esoterismo cristão podemos inferir que Elias e Moisés conseguiram um nível que poucos homens iniciados nos mistérios ocultos alcançaram que é o de Mestre da Sabedoria Divina, mas o Cristo Encarnado ultrapassou esse portal da sabedoria divina tornando-se um Homem perfeito, Um Espírito Eterno e finalmente Um Logos Divino, a consciência infinita que tudo abarca e tudo concebe perscrutando com sua onisciência um saber absoluto e totalizante, percebendo pela sua onipresença tudo e todos sem limites de tempo ou espaço e exercendo sua onipotência em todos os mundos existentes os visíveis e os invisíveis. Assim Pedro (e nós também) e seus amigos compreenderam que a voz do Mestre fala em nosso espírito nos mostrando o verdadeiro caminho da evolução espiritual sendo essa voz a que devemos dar preeminência em nossa escuta pessoal. Mateus 17: 6-7 "E os discípulos ouvindo isso caíram sobre seus rostos e tiveram grande medo. E aproximando Jesus tocou-lhes e disse: levantai-vos e não tenhais medo".  Abraço. Davi. 

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