domingo, 8 de junho de 2014

Filme O Mágico de Oz. Parte II.

No comentário da parte I do Filme O Mágico de Oz vimos que L. Frank Baum (1856-1919) no livro que leva o mesmo nome sendo membro de Sociedade Teosófica Americana usou temas e símbologias dessa doutrina para entender a vida humana e seu significado revelado e oculto. Tomarei por base nessas novas observações o filme de 1939 e também o de 2013 para pensar alguns elementos psicológicos, comportamentais e espirituais manifestados nos principais personagens que as duas pelicas trazem como evidencias de arquétipos originários que viajando pelo tempo no inconsciente humano aparecem em nossos conscientes através de sonhos e fantasias que demonstram o outro lado de nossa realidade existencial. Comecemos com a principal personagem (1) Dorothy que vivendo na pacata cidade americana do Kansas numa família humilde de agricultores é querida e amada mesmo sendo filha de criação onde interage com seus pais, tios e amigos de uma maneira harmônica e conciliadora.  Um ambiente familiar saudável proporciona a criança situações de vivencias em que ela consegue ultrapassar o portal do tempo e penetrar nos mundos invisível que estão acessível quando ativamos nosso inconsciente coletivo nos processos do sono e dos sonhos. Dorothy é positivamente inquieta desejando ter experiências que vão além da sua imaginação sonhando com um país onde poderia vivenciar suas fantasia e devaneios. Quando sonhamos com "realidade" e procuramos entrar nessa esfera de otimismo e perseverança pessoal estamos com mais de meio caminho andado para atingirmos nossos objetivos, prova disso é que a descoberta da equivalência massa - energia (E=M.C2) e a descoberta da Lei do Efeito Fotoelétrico que são os pilares da Teoria da Relatividade Geral propostas por Albert Einstein (1879-1955) começaram com um sonho explicado a nível de abstração filosófica, mas que em 29 de maio de 1919 teve sua comprovação científica reconhecida através de um eclipse solar ocorrido nesse mesmo ano. Dorothy sai de casa a procura de espaço para pensar seus dilemas e colocar em ordem seus pensamentos e atravessando uma ponte encontra-se com um suposto mágico ilusionistas e essa situação remete-nos para a procura da identidade consciente num mundo de diversidade simbólica e arquetípica onde queremos nos encontrar conosco mesmo para reconhecer nossa individualidade e singularidade, sendo que essa ponte tem a representação de que há um outro lado atrás da cortina da realidade que deve ser desvelado e encontrado nele os segredos da vida  inconsciente que se manifestam como possíveis verdades de um mundo oculto de que também fazemos parte integrante de suas práticas e representações. A visão de Dorotthy sendo levada dentro do redemoinho é o início da passagem do inconsciente para o consciente coletivo da fantasia onde caberá a ela vivenciar suas verdades que se confrontarão aos eventos que surgirão nesse novo mundo onde não obtemos certeza da realidade e da irrealidade precisando do bom senso para discernir o errado do certo. Em nosso cotidiano muitas vezes perdemos essa consciência de distinção do mundo sensível manifestado pelos nossos sentidos físicos e o mundo insensível que advêm de nossas abstrações cognitivas que não podemos justificar de imediato. O caminho das pedras amarelas em forma espiralada pelo qual Dorothy deve percorrer denota seu processo evolutivo com objetivo de alcançar o gozo pleno do ser completo, mas é demonstrado que para  isso ocorrer as mazelas e vícios da personalidade devem ser abandonados e substituídos pelas ações fraternais e filantropas da individualidade que englobem os humanos nos reinos minerais, vegetais e animais em condescendência e amor. Os amigos encontrados nesse caminho fala o quanto temos que valorizar nosso próximo reconhecendo que não podemos completar nossa carreira e guardar a fé sozinhos, pois estamos integrados aos demais reinos da natureza em conexão de ação e reação onde cada efeito bom ou ruim num determinado lugar produzirá uma causa de igual proporção num outro lugar com a mesma similidade ecológica ou emocional. Dorothy manifesta mais de uma vez o desejo de voltar para sua casa apesar de está num mundo em que ela parece encontrar sua realidade inconsciente, essa apreensão de Dorothy sugere que nossa evolução se processa pelo lado visível e material, mas  principalmente pelo lado invisível onde nossa alma que representa a semente divina originária prossegui seu curso existencial normal após nossa morte. O rápido sono no campo das papoulas podemos imaginar o período das entre vidas onde descansamos num aspecto de recompensa pelos méritos virtuosos que praticamos para com o nosso próximo onde o saldo cármico favorável deu-nos esse privilégio por um tempo considerável, mas a quitação dos demérito viciosos praticados contra nossos semelhantes na encarnação passada serão reparados em nossas futuras vidas. Quando Dorothy entra na Cidade das Esmeraldas com seus amigos vive um processo evolutivo mais apurado onde com um corpo astral e poderes mentais enfrentará as forças malignas do mundo invisível representado pela bruxa má e seus macacos alados. Nesse trecho podemos inferir que os iniciados nos mistérios maiores do ocultismo precisam ter uma vida regrada na pureza e santidade estando preparado para enfrentar os desafios e perigos vindos dos espíritos elementares e almas descarnadas que por não cumprirem seus carmas descarregam suas maldades nas vidas encarnadas que não retificaram adequadamente seus débitos astrais. O Mágico de Oz construi um balão e Dorothy regressa nele para sua casa no Kansas encontrando novamente seu familiares e feliz reconhece que todos a aguardavam tendo certeza que ela um dia voltaria para junto deles. Uma conjectura ocultista sugere que depois de nossa morte a alma individualidade e pessoal sendo imortal buscará um renascimento próximo aqueles da encarnação passada, isso é lógico e compreensivo na medida que temos interesses mentais e emocionais a resolver com essa coletividade em que vivemos anteriormente sendo que essa é uma ideia nascida na antropologia cultural onde os arquétipos sociais inconscientes  buscam se  agregar aos seus semelhantes nos tempos passados para no futuro perpetuarem seus modelos de referência e comportamentos. Algumas obras do famoso antropólogo Claude Lévi Strauss como Pensamento Selvagem e O Cru e o Cozido trazem essas ideia citada acima que a ciência esotérica adaptou a sua doutrina. (2) Totó é o cachorrinho de Dorothy uma figura simbólica pois pensando ocultamente fomos em encarnações passada um animal que em sua existência tem mais formas coletivas e matérias agregadas aos de sua espécie com pouca consciência e quase nenhum senso de individualização sendo assim como alma animal é parte da centelha divina, mas sem abrangência emocional e mental nos outros reinos da natureza precisando sintetizar adequadamente  seu processo evolutivo espiritual. Totó faz a viajam evolucionária da vida com sua dona passando pelas mesmas situações que ela, sendo esse fato uma prova da interação espírito e alma do humano com o animal.  Uma senhora má vai a casa de Dorothy com autorização policial para levar Totó acusando-o de ter mordido um de seus empregados sendo ele por força jurídica entregue com a suposta declaração de ser sacrificado e percebemos nesse incidente o quanto a vida é importante nesse sistema de integração cósmica sendo que não devemos tirar a vida de nenhum ser desde os insetos até os grandes maníferos. São Francisco de Assis (1182-1226) em sua última fase de vida mística e contemplativa vivendo os estigmas do Mestre em seu corpo físico amou e abençoou todos os seres animais, vegetais e minerais sentindo-se parte da natureza manifestada em sua fauna e flora conhecendo a voz de aves e animais instruindo seus seguidores a respeitarem a mãe natureza preservando ecos sistemas e nichos ecológicos. (3). O Homem Espantalho foi encontrado por Dorothy no caminho das pedras amarelas estando preso a um poste de madeira em uma plantação sendo constituído em seu interior de palha e tinha a singular característica de não ter cérebro. Isso é significativo no esoterismo pois a ciência postula que a consciência é uma categoria da cognição  que individualiza o ser fazendo-o alcançar seu processo evolutivo normalmente, mas no caso do Espantalho isso era impossível de ser realizado assim procedendo seu desespero para ter um cérebro. A consciência humana é a fronteira que se abre para o salto maior no ocultismo evolucionário pois as sucessivas encarnações proporcionarão a entrada no portal da perfeição humana seguindo para ser um espírito divino e finalmente a inclusão no Logos Eterno, o sonho do Espantalho era essa nobre realidade existencial. (4). O Homem de Lata ficou assim devido a circunstâncias cármicas onde por casar forçosamente como uma mulher foi alvo da ira de uma bruxa má que o aprisionou em uma mina condicionando-o a perder partes de seu corpo forjando as parcelas amputadas em ligaduras metálicas, além disso foi lhe retirado o coração humano uma parte que presumivelmente é a sede dos sentimentos e emoções. Uma situação que o impossibilitava de vivenciar seu corpo astral ou emocional sendo incapacitado a fazer a pontes de união entre o Rupa (o corpo com forma) denso e compactado e o Arupa (o corpo sem forma) sutil e fluido imprescindível para a continuação do processo evolutivo. Assim a aflição do Homem de Lata tinha proveniência querendo ansiosamente ter um coração humano. (5). O Homem Leão talvez tivesse o mais simples dos problemas dos três amigos pois era medroso e covarde mesmo sendo a autoridade no reino animal. A covardia é um vício que devemos combater com a coragem e vontade de fazermos diferença nessa vida e nas futuras, pois do contrário somos inibidos a correr riscos e consequentemente não fazemos escolhas vivendo uma mesmice e linearidade cotidiana involuindo e retardando nosso progresso espiritual. Para mudar esse quadro de medianidade (mediocridade) devemos assumir uma postura motivacional entusiasmada com objetos definidos nas áreas profissional, familiar e espiritual que ao meu ver são as básicas e que englobam nosso progresso como um todo assumindo nossa parte na contribuição com a fraternidade universal e praticando a filantropia pessoal de cuidado e amor ao próximo naquilo que está a nossa disposição dentro da esfera da pedagogia das virtudes. (6). A Boneca de Porcelana foi encontrada pelo Mágico de Oz em uma aldeia destruída pela bruxa má sendo que ela foi achada no interior de uma bacana com as perninhas arrancadas, ele com uma cola especial juntou as partes separadas e milagrosamente a Boneca voltou a caminhar. Ela assim como Dorothy tinha um forte anseio de encontrar seus familiares que supostamente foram mortos no massacre. Como representante do reino mineral A Boneca tendo vida própria sugere esotericamente que teria atingido uma evolução humana, pois os minerais estão no nível mais baixo da cadeia evolutiva com uma proto consciência e expressando as formas primitivas materiais com uma limitadíssima configuração espiritual apenas contendo o informe fragmento divino que evoluirá para vidas mais sistematizadas e complexas. (7). O Macaco Alado pela semelhança com os humanos pode insinuar ocultamente o anteceder na cadeia progressiva do surgimento do homem como um primata que percorrerá em alguns milhões de anos sua verdadeira expressão de consciência em fluidez onde o espírito pelo processo evolutivo tem precedência sobre a matéria que deificada interage com a individualidade tornando os dois elementos a perfeição que caminha para a fusão com o Logos Divino. Amigos leitores são abstrações filosóficas quase indizíveis e logicamente difíceis de se compreender, mas a tentativa de explicação é válida como um esforço para mensurar aquilo que nossa infinita mente de ouvinte principiante e pesquisador dos mistérios ocultos pode assimilar. (8). O Mágico de Oz é um personagem misterioso nos dois filme onde seu lado humano é evidenciado pelo estereótipo de ilusionista, falsário, impostor, dissimulado e enganador pois na Kansas do início do século XX iludia os humildes habitantes dessa cidade com seu truques e disfarces tanto que um menina cadeirante na plateia impressionada com a encenação da levitação de uma mulher roga a ele que a cure de sua enfermidade, a família dela também crendo que realmente ele poderia realizar a cura lhe suplica e chegando muitas pessoas o pressionam e assim reconhecem que é simplesmente um mentiroso e nesse ínterim ele e seu assistente fogem da turba enfurecida. Fatos como esses se repetem em nossos dias pois os mágicos de Oz disfarçados de homens de Deus estão enganando os humildes fieis do cristianismo em troca da recompensa do reino eterno e sob o pagamento de dízimos e ofertas que engordam as contas bancárias desses supostos pregadores do evangelho cristão. Falo assim com temor e não fazendo generalizações excluindo desse rol depreciável aquele que com sinceridade e amor cristão divulgam as verdades do Cristo com pureza e santidade não esperando indenização nessa vida e nem nas encarnações futuras. Mas  O Mágico de Oz tem o seu lado virtuoso pois no final do enredo construi um balão para que Dorothy e Totó voltem para casa, fala para a Boneca de Porcelana que seus familiares eram os seus amigos que estavam com ela, diz para o Homem Leão que a coragem estava dentro dele e acessando-a venceria todo temor e medo, ao Homem Lata assegura que o coração é uma atitude prática de fraternidade e amor manifestado pela emoção correta e um sentimento ingênuo, ao Homem Espantalho diz que o cérebro é uma questão de consciência espiritual pois muitos humanos têm cérebros não sabendo usá-los apropriadamente, assim a busca do auto conhecimento e da espiritualidade proporciona uma mente saudável aberta a evolução do ser. Daisaku Ikeda (1928-     ) "As pessoas não são nobres desde o nascimento, mas se enobrecem através de suas ações. As pessoas não são medíocres desde o nascimento, mas tornam se assim através de suas ações. Se existe alguma diferença entre as pessoas, então essa diferença está tão somente em suas realizações". Saúde e Abraço. Davi.           

Nenhum comentário:

Postar um comentário