quarta-feira, 4 de junho de 2014

O País das Montanhas Azuis.

(C.022) Amigos leitores que se dão ao préstimo de decifrar aquilo que comumente escrevo sem pretensões de aclamar verdades ou constrangê-los com minhas investigações e pesquisas da ciência oculta. Vocês têm total liberdade para questionar os pressupostos aqui apresentados tirando suas próprias conclusões ou buscando informações mais seguras e confiáveis naquilo que minha superficialidade é manifestada, apesar de buscar uma explicação axiomática as vezes confesso que me perco nos meus raciocínios, mas tenham certeza que procuro ser honesto ao pensar os conceitos da sabedoria antiga e intuo que é um universo vastíssimo onde o acesso dos mistérios maiores é permitido apenas para os iniciados e na minha experiência atual estou longo desse processo e talvez nunca alcance as condições mínimas para vivenciá-los. Acho que os leitores são privilegiados mesmo não tendo um Mestre como interlocutor das doutrinas secretas e apenas conhecendo os mistérios menores que são revelados a principiantes e ouvintes do ensino hermético exotérico como nós, mas existe uma condição para ler alguns desses textos e pensá-los como situações que são realidade no nosso mundo visível e invisível e o requisito para conhecer seu lado oculto que inquieta e importuna a alma e o espírito humano imagino que sejam a coragem e a ousadia para ter a possibilidade de entrar nesse cosmo misterioso que nos cerca por fora e por dentro. Em seus momentos de lazer assistam a Animação Coraline e o Mundo Secreto (2009) do autor diretor Neil Gaiman. O filme conta a história de Coraline Jones uma menina que se muda com sua família para uma enorme casa, mas entediada a garota descobre uma porta secreta que dá acesso a uma outra dimensão bastante similar a sua onde tudo aparenta ser melhor, porém logo descobre que a algo de errado com seus pais alternativos. Caroline descobre que eles são na verdade dois bruxos que aprisionam crianças infelizes comendo suas vidas e capturando seus olhos, desesperada Caroline foge do outro mundo, mas descobre que seus país verdadeiros foram aprisionados pelos pais alternativos e assim terá que contar com sua bravura e sua esperteza para escapar desse mundo cada vez mais arriscado e salvar sua família real. Meu primeiro contato com a Teosofia foi através do livro O País das Montanhas Azuis que tem como autora Helena P. Blavatsky (1831-1891) e o motivo que me levou a esse contato foi um tema que na época final de 2013 mexia comigo que era o silêncio. Kalil Gibran (1883-1931) diz "Aprendi silêncio com os falantes, tolerância com os intolerantes e a gentileza com os rudes. Ainda, por estranho que possa parecer, sou ingrato a esses professores". O budista Tibetano Sogyal Rinpoche (1947-    ) fala "Duas pessoas têm vivido em você por toda sua vida. Uma é o ego, tagarela, exigente, histérico, calculista; a outra é o ser espiritual escondido, cuja silenciosa voz de sabedoria você somente ouviu ou reparou raramente, você revela em si mesmo o silêncio, o seu próprio guia sábio". Essas frases acima mostram como precisamos aprender a ouvir mais que falar, sendo esse ouvir no sentido de escutar, meditar, incutir o pensamento em interação com o outro esvaziando nosso ser interior para compreender a necessidade e individualidade do nosso próximo, pois essa conexão fortalece nosso espírito interior tornando-nos agentes de coesão com o mundo interior e exterior do ser humano. Pra minha surpresa logo na introdução do livro O País das Montanhas Azuis percebi que A Voz do Silêncio era o título de um outro livro da mesma autora, assim a leitura desse primeiro livro proporcionou-me um contato com uma experiência antropológica, coisas que não estamos acostumados a presenciar e nem pensar em culturas e tradições distantes que comumente chamamos de selvagens em desvantagem à nossa civilização, termo esse já estereotipado e sem um eco uníssono entre os sociólogos e antropólogos da pós modernidade. A narrativa passasse nas misteriosas e ocultas montanhas das Terras do Tibete com seus encantos e magias que arrebatam nosso suspiro produzindo medo, espanto, expectativa, coragem, alegria, certezas, dúvidas, enfim, mexendo com nosso interior e nos levando a ponderar sobre a aparência, a realidade e além da realidade. O contexto histórico traz a colonização inglesa na região (1857-1949) como pano de fundo sendo que por mais de cem anos os ingleses estiveram dominando uma extensão região que englobava a antiga Indochina, Tibete, alcançando os extremos da Índia e Paquistão. O dialogo do colonizador inglês com os submissos hindus mostrou o quanto precisamos da tolerância com os desiguais e compreensão nos relacionamentos, pois os ingleses possuindo as armas e o suposto progresso elevavam-se a uma autoridade despótica e inquestionável, mas quando o assunto era espiritualidade e religiosidade ficavam desconcertados e precisados da ajuda dos nativos da terra. A senhora Blavatsky desde a infância mostrava ter um psiquismo  evoluído, pois nessa época tinha experiências de uma acuidade sensitiva acima do normal onde percebia fenômenos e situações que a maioria das pessoas não reconheciam, sendo que esse panorama ocultista perpassou toda sua história. Poderia falar mais sobre os eventos esotéricos que ela viveu, mas perderíamos o foco de nossa narração, assim ela esteve por sete anos na região do Tibete fazendo um trabalho de pesquisa e investigação em relação a cultura, tradição, filosofia e religiosidade dos primitivos povos hindus. Entrou em contato com monges budistas, mestres yogues e líderes hindus e bramanes ouvindo suas histórias e as catalogando tendo também acesso a templos budistas onde averiguava documentos antigos comprovando-os com os relatos ouvidos e  em suas análises teve permissão à importantes documentos relacionados ao Buda sua vida e seu ensino. Esses primitivos povos que viviam nas planícies e montanhas do Tibete tinha sua peculiar maneira de convivência sendo basicamente três tribos os Toddes que eram considerados sacerdotes e adoradores dos búfalos sagrados, os Baddagues que eram submissos aos Toddes tendo-os como deuses e os Kurumbes indivíduos anões tendo formato parecido com duendes que eram a representação das forças malignas, mas tinham medo dos Toddes respeitando-os pois  esses podiam repreendê-los e discipliná-los. Nessas tribos a vaca desempenhava uma função sagrada e sendo adorada como divindade era o elo de ligação entre o terreno e o divino, pra nós ocidentais algo estranho e incompreensivo sendo os Toddes seus sacerdotes e cuidadores. Quando uma delas (vacas) morriam haviam todo um ritual específico para a introdução do animal na futura vida que ela viveria. Os Kurumbes com sua aparência medonha que praticavam maldades temiam as vacas como aquelas que podiam destruí-los. Essas primitivas tribos praticavam rituais e cerimônias próprios de uma religião organizada sendo esse fato impressionante, pois esses nativos segundo pesquisas antropológicas podem ter gerações de nove mil anos conservando os originais arquétipos. Os sacerdotes Toddes evitavam o contato com os colonizadores ingleses e os nativos hindus sendo que a leitura do texto produz uma atmosfera de transcendência onde eles (Toddes) tem uma representação de santidade e pureza como nos iniciados em mistérios ocultos, morando em casa simples mas envoltas em segredos e magia. Essas tribos não tinham uma noção definida de pecado original e desconheciam o antropomorfismo monoteísta onde Deus se encarnou assumindo a forma humana e individualizando seus  atributos, caráter e moralidade bem como desconheciam a personificação do mal e não tinham a menor noção de céu ou inferno, mas não viviam num estado de ingenuidade pois sabiam distinguir o bem do mal. A antropologia tem esse poder de nos transportar para conceitos e argumentos que a princípio tendemos a duvidar ou até não considerar como cientificamente plausíveis, só que nossas conclusões são sempre precipitadas e sem base científicas, mas precisamos ponderar as questões de uma maneira coerente e sensata. A senhora Blavatsky peregrinou no Tibete por alguns mosteiros e conversou com monges e iniciados das ciências ocultas estudando muitos escritos sagrados do Budismo, Hinduísmo e Bramanismo trazendo um legado esotérico das tradições espiritualistas e filosóficas desses povos. A narrativa do livro traz uma visão de estranheza ao leitor sendo esse o meu caso, pois conhecer outras culturas nos põem em confronto com nossos valores e ficamos sabendo que o mundo não se resume ao que pensamos ou falamos, assim em outros lugares pessoas vivem suas crenças e verdades de modo diferente do nosso e isso não significa que elas estejam erradas apenas porque não praticam e não vivem os mesmos conceitos espirituais que os nossos. O filme Seven Years in Tibete, 1997 (Sete anos no Tibete) com Brad Pitt mostra a beleza exuberante dessa incrível região de nossa planeta terra.  Abraço. Davi.          

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