Islamismo. www.iqaraislam.com. POR QUE JERUSALEM É
SAGRADA PARA OS MUÇULMANOS. A importância de Jerusalém está ligada à mesquita
al-Aqsa que, para a teologia islâmica, é um templo antigo que pode ter sido
construído por Adão ou Abraão. A cidade foi a primeira direção
na qual os muçulmanos oravam e também foi palco da viagem noturna e ascensão,
um grande milagre do Profeta Muhammad. Jerusalém foi conquistada duas
vezes pelos muçulmanos, uma no século VII e outra no século XII. Os
árabes desenvolveram uma identidade bastante ligada à cidade e, quando se
iniciou a ocupação israelense, uma revolta política foi gerada. Jerusalém é conhecida
em árabe pelo nome de Al-Quds e é considerada pelos muçulmanos como a terceira
cidade mais sagrada do Islam, atrás somente das cidades de Meca e Medina.
A importância deste local está ligada à história do Profeta Muhammad e também
dos profetas que o precederam e sua importância foi destacada até mesmo pelo
Mensageiro do Islam. Antes de Meca, a cidade de Jerusalém foi a primeira na qual os
muçulmanos se direcionavam nas orações. O local também foi palco de um grande
milagre ocorrido durante a vida do Profeta Muhammad e, até hoje, há um grande
complexo onde está localizada a Mesquita al-Aqsa e a Mesquita do Domo da
Rocha, que são templos erguidos no local deste marco miraculoso. Por causa da
relevância religiosa, Jerusalém se transformou, nos dias atuais, em um símbolo
político da presença muçulmana e árabe nas terras ocupadas por Israel e seus
cartões postais também foram politizados por causa desses conflitos. Até hoje,
diversas mobilizações ocorrem nesta cidade, que se tornou um importante ponto
de resistência. Os primórdios de Jerusalém. Alguns estudiosos muçulmanos relatam
histórias que, apesar de não serem conclusivas, servem para entender os
primórdios da importância de Jerusalém e especialmente da Mesquita al-Aqsa. O
templo teria sido construído pelo Profeta Adão ou então pelo Profeta Abraão,
mas no tempo deste, já era, ao menos, um ponto conhecido de adoração. Essa narrativa possui
algumas semelhanças com a história da construção da Caaba e
se difere particularmente da Bíblia hebraica e cristã, que diz que o Profeta
Salomão seria o construtor do Templo de Jerusalém. No entanto, um relato do
Profeta Muhammad esclarece que o local era um ponto antigo de adoração e foi
estabelecido pouco tempo depois da mesquita sagrada de Meca. Abu Dharr relatou que
perguntou ao Profeta: "Ó Mensageiro de Allah, qual mesquita foi construída
pela primeira vez na superfície da terra?" Ele disse: "A mesquita
al-Haram (em Meca)." Eu disse: "Qual foi construída em seguida?"
Ele respondeu "A mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém)." Eu disse:
"Qual foi o período de construção entre os dois?" Ele disse:
“Quarenta anos”. Ele acrescentou: "Onde quer que (você esteja, e) o tempo
de oração chegar, faça a oração lá, pois o melhor é fazê-la (ou seja, oferecer
as orações a tempo)" (Sahih Bukhari 3366) Os filhos de Israel deixaram de cuidar da al-Aqsa
quando o Profeta José conquistou um cargo importante no reino do Egito e, na
esperança de alcançar um bem estar material e espiritual, muitos israelitas
partiram para a terra do Faraó. Passado o tempo desde a morte de José, os
descendentes dos imigrantes passaram a ser escravizados e sua opressão só se
encerrou quando o Profeta Moisés os
guiou de volta para sua terra. Após o Profeta Davi estabelecer seu reino em
Jerusalém, ele foi sucedido por seu filho, o Profeta Salomão, que foi quem de
fato reconstruiu o templo e deu início à narrativa contida no livro dos judeus
e cristãos. Após este período, os israelitas ainda foram expulsos de sua terra
pelos babilônios e só puderam retornar por intermédio dos persas. A posse
daquele reino, no entanto, mudaria diversas vezes e, com isso, a al-Aqsa passou
por muitas demolições. Jerusalém e a revelação islâmica. O Islam, por ser uma religião que
aperfeiçoou e concluiu todas as religiões que Deus havia entregue aos homens,
também assumiu a verdade e importância do legado de todos os profetas. Deste
modo, toda a grandeza com a qual Deus honrou Jerusalém é reconhecida por Allah
e Seu Profeta. A cidade se torna ainda mais especial devido ao fato de ser palco de um
dos maiores milagres da história islâmica, a viagem noturna e ascensão do
Profeta Muhammad (Isra e Miraj). Este evento aconteceu em uma noite em que o
Profeta Muhammad dormia próximo à Caaba e foi acordado pelo Anjo Gabriel, que o
levou até um burro com asas chamado buraq, que o levou até Jerusalém em uma
noite, sendo que a viagem normal naquela época demorava cerca de 40 dias. Em Jerusalém, o
Profeta Muhammad se reuniu com todos os profetas predecessores na mesquita
al-Aqsa e guiou todos eles em oração e, após isso, o Mensageiro de Allah subiu
pelos céus, onde chegou ao limite da criação e falou diretamente com Deus. Este
evento foi descrito no Alcorão de maneira especialmente honrosa. Glorificado seja
Aquele que, durante a noite, transportou o Seu servo, tirando-o da Sagrada
Mesquita (em Meca) e levando-o à Mesquita de al-Aqsa (em Jerusalém), cujo
recinto bendizemos, para mostrar a ele alguns dos Nossos sinais. Sabei que Ele
é o Oniouvinte, o Onividente. (Alcorão 17:1). Qibla. Uma das práticas islâmicas mais
conhecidas pelo mundo afora são as cinco orações diárias que são feitas em
direção à Meca, porém, no início da revelação do Alcorão, Deus havia
determinado Jerusalém como qibla, isto é, a referência para as rezas dos
muçulmanos. A direção da oração mudou após a migração dos muçulmanos de Meca para
Medina. Na nova cidade, havia muitos judeus que oravam voltados para Jerusalém
e ficaram muito incomodados em dividir esta direção com os muçulmanos. Por
causa disso, começaram a descredibilizar o Profeta Muhammad e o Islam, dizendo
que eles afirmavam ter uma religião cujas leis substituem as anteriores, mas
rezavam diante da qibla dos judeus. Neste contexto, Deus revelou uma
passagem do Alcorão que mudava a qibla de Jerusalém para Meca: Vimos-te
(ó Mensageiro) orientar o rosto para o céu; portanto, orientar-te-emos até uma
qibla que te satisfaça. Orienta teu rosto (ao cumprires a oração) para a
Sagrada Mesquita (de Meca)! E vós (crentes), onde quer que vos encontreis,
orientai vossos rostos até ela. Aqueles que receberam o Livro, bem sabem que
isto é a verdade de seu Senhor; e Allah não está desatento a quanto fazem.
(Alcorão 2:144). Isso durou algum tempo e há, inclusive, uma mesquita na
cidade de Medina construída durante o período de vida do Profeta Muhammad que
tinha sua qibla voltada para Jerusalém e, pouco tempo depois, os muçulmanos
mudaram esta referência para a cidade de Meca. Por causa disso, este templo
ficou conhecido como al-Qiblatain. Deus estabeleceu Jerusalém como qibla
sabendo das acusações que os muçulmanos sofreriam dos judeus, mas fez isso como
forma de testar quem eram os verdadeiros fiéis: Nós não estabelecemos a
qibla que tu (ó Mohammad) seguias, senão para distinguir aqueles que seguem o
Mensageiro, daqueles que desertam, ainda que tal mudança seja penosa, salvo
para os que Allah orienta. E Allah jamais anularia a vossa obra, porque é
Compassivo e Misericordiosíssimo para com a humanidade. (Alcorão 2:143). A conquista islâmica
de Jerusalém. Em 637, poucos anos após a morte do Profeta Muhammad, seu nobre
companheiro Omar ibn al-Khattab era
o então califa dos muçulmanos e liderou um exército de 40 mil homens na
conquista de Jerusalém contra o Império Romano. Quando adentrou na cidade
sagrada, viu que o local do antigo templo havia se transformado em um terreno
estéril que os romanos usavam como um depósito de lixo. Omar ordenou que o
local fosse limpado e que se estabelecesse novamente uma mesquita no local. Em 692, Abdal Malik
ibn Marwan estabeleceu a segunda mesquita no complexo da al-Aqsa conhecido como
Bait al-Maqdis, a famosa mesquita do Domo da Rocha, que muitos estudiosos
muçulmanos acreditam que está construída no exato local onde o Profeta Muhammad
embarcou em sua viagem pelos céus. No ano de 1099, Jerusalém foi
conquistada pelos cristãos cruzados e milhares de muçulmanos perderam as vidas
neste período, pois os invasores se recusaram a manter prisioneiros. A al-Aqsa
foi transformada em um palácio e o Domo da Rocha em uma igreja, e só foram
recuperados em 1187, quando Saladino conquistou a cidade. Durante oito séculos
seguintes após a conquista, Jerusalém foi uma cidade de convivência religiosa
entre judeus, cristãos e muçulmanos e a mesquita al-Aqsa foi um importante
centro de adoração e de estudos, estudiosos vinham de várias partes do mundo
para aprender e ensinar no templo. Período moderno: Relevância política e
cultural. No início do século XX, o território
palestino era governado pelo Império Otomano, que é reconhecido como o último
califado islâmico da história. A tradição de buscar uma boa convivência
religiosa e de manter o legado intelectual dos centros religiosos foi mantida
até 1917, quando os britânicos entraram no território e o dominaram. Na época que os
britânicos dominaram a Palestina, 90% da população do país era árabe e havia
apenas cerca de 56 mil judeus, sendo que 5% deles eram nativos da região e sua
maioria havia migrado para a região justamente para fugir da perseguição que
sofriam em países europeus. Em 1947, os judeus tinham 6% de terras na
Palestina e, por isso, os palestinos nativos rejeitaram a proposta da
Assembleia Geral da ONU, que na ocasião propôs entregar 54% das terras para
Israel. Isso deu início a uma guerra no ano seguinte, em que Israel dominou 85%
de Jerusalém, enquanto a Liga Árabe Jordaniana assumiu o controle da
Cisjordânia e de 11% da parte oriental de Jerusalém, incluindo a mesquita
al-Aqsa. Em 1967, após uma nova guerra, Israel ocupou a parte oriental de
Jerusalém e ocupou a al-Aqsa, porém, após vários protestos, os israelenses
devolveram o templo ao controle dos muçulmanos. Após este evento, uma lei foi
aprovada proibindo que judeus e turistas orassem na mesquita. Eles também
deveriam entrar no local somente pelo portão do magrebe. Em 1969, um
extremista judeu incendiou o mimbar da mesquita al-Aqsa, construído durante o
reinado de Saladino, que demorou 20 anos para ser reparado. Em 1987, quatro
palestinos foram mortos em um posto de controle em Gaza, o que deu início à
primeira intifada, o movimento pela libertação da Palestina e da mesquita. Em 2000, o
primeiro-ministro israelense Ariel Sharon marchou sobre a al-Aqsa cercado por
1000 soldados, dando início à segunda intifada. Nesta ocasião, diversas
proibições foram impostas aos muçulmanos e, até hoje, homens entre 18 e 50 não
podem orar em determinados horários. Em 2013, um projeto de lei foi proposto
em Israel para que se permitisse a entrada de judeus para orar no local. Forças
de segurança israelenses estão permanentemente no local e frequentemente os
extremistas sionistas causam danos à construção. Entre os palestinos, é grande
o temor de que os ultranacionalistas israelenses consigam demolir a mesquita e
construam no local um templo judaico. Conclusão. A cidade de Jerusalém
e, mais especificamente, a mesquita de al-Aqsa, são importantes para o Islam
desde o primórdio da revelação até os dias atuais. Embora hoje ela se destaque
por sua importância política e cultural, a raiz de sua grandeza consiste no
fato de que Deus estabeleceu ali o segundo templo construído no mundo, depois
somente da Caaba. Nas fontes islâmicas, é dito que a mesquita al-Aqsa pode ter sido
construído por Adão ou Abraão, mas era um local antigo de adoração, muito
anterior ao nascimento do Profeta Salomão, que é referido nas história judaica
e cristã como o construtor do templo de Jerusalém. Jerusalém, depois das
cidades de Meca e Medina, ambas na Arábia Saudita, é considerada a cidade mais
sagrada do Islam. O local, além de carregar o legado de vários profetas
anteriores, também foi palco de um evento milagroso durante a vida do Profeta
Muhammad, que foi a viagem noturna e ascensão do Profeta Muhammad, em que ele
viajou da Caaba até a al-Aqsa junto com o Anjo Gabriel e, em seguida, subiu aos
céus e falou diretamente com Deus. Depois da morte do Profeta Muhammad, a
cidade foi conquistada pelos muçulmanos e, durante muito tempo, ela foi um
local de boa convivência religiosa e de propagação de conhecimento. A
importância da cidade e da mesquita repercutem na influência cultural e
política do povo palestino, que luta até os dias atuais pela liberação de sua
terra da ocupação israelense. www.iqaraislam.com.
Abraços. Davi
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