Gnosticismo.
Por All Onaissi. O VINHO NOVO EM ODRE VELHO. É primordial e absolutamente necessário que cada discípulo
tenha consciência da necessidade de realizar seu trabalho psicológico a partir
da auto-observação, pois se não fizermos isso, estaremos perdendo o tempo
lamentavelmente. E nossa vida deve ser aproveitada ao máximo para que dê frutos
espirituais. O Cristo ensina que há que se “colocar vinho novo em odre novo”.
Esse vinho novo é a sabedoria gnóstica, e o odre novo é a mente purificada com
o trabalho psicológico, para, aí sim, receber o vinho como ensinamento. Se não
fazemos assim, simplesmente haveremos computado como máquinas o ensinamento
gnóstico, para realizar logo comparações com outras informações, estabelecendo
verdades falsas e geralmente deformadas, adulteradas e tergiversadas. É
irrefutável que o trabalho esotérico começa com a rigorosa observação de “si
mesmo” e o fugir deste tipo de trabalho ou buscar desculpas ou evasivas, é
sinal inconfundível de degeneração , ou seja, é impossível uma criação ou
desenvolvimento interior. Desafortunadamente, no mundo das opiniões subjetivas,
diversa teorias pseudo esotéricas servem de rua sem saída para os discípulos
que não trabalham sobre “si mesmos”. O conhecimento deste ensinamento só serve
se o levarmos à prática, à vivência, à compreensão profunda e iluminadora. Mas,
infelizmente, o homem-máquina desenvolve unicamente o lado do conhecimento,
acumulando em seu computador ou subconsciente mais e mais teorias e conceitos,
esquecendo-se do Ser Divino que se encontra dentro de si. Um estudante gnóstico
perguntou: “Há coisas nos estudos gnósticos com as quais estou de acordo e
outras não”. Mas esse estudante se equivoca, porque a Gnosis como sabedoria
transcendental não é para se estar ou não de acordo com ela, senão para comprová-la,
levando à prática o ensinamento do Mestre Samael Aun Weor, para que assim o
Centro de Gravidade de nossas ações seja a consciência e não o ego com seu
subconsciente computadorizado. O trabalho psicológico nos permite ir
estabelecendo uma continuidade de propósitos. É normal que alguém se entusiasme
pelo trabalho espiritual e logo o abandone. Necessitamos mudar com urgência
máxima, para que os germes do homem, desse Cristo Interior em nós, comece a dar
frutos. Só trabalhando sobre “si mesmo”, com verdadeira continuidade de
propósitos, é que poderemos nos converter em homens solares e isso implica
consagrar a totalidade de nossa existência ao trabalho esotérico sobre “si
mesmo”, não nos perdendo nem nos identificando com as diferentes circunstâncias
da vida. Desafortunadamente, essa continuidade de propósitos que nos permite
consagrar a totalidade de nossa existência ao trabalho sobre “si mesmos” é
muito difícil, já que não possuímos a verdadeira individualidade. Somos uma
multiplicidade egóica, e cada eu ou defeito tem seus critérios, projetos,
ilusões. Aqui está o porquê de tantas desculpas, tantas evasivas, tantas
atrações fascinantes para realizarmos o trabalho psicológico que torna quase
impossível a urgência do trabalho interior. Um homem é o que é sua vida. Um dia
de nossa vida é uma pequena réplica desta mesma vida, em sua totalidade. Se o
discípulo não se propuser a trabalhar um primeiro dia sobre “si mesmo”, nunca
poderá mudar nem se autoconhecer. Nossa vida divide-se em dias, meses e anos, e
se não trabalhamos no primeiro dia, ou seja, o aqui e agora, é claro que não
haverá um ponto de partida. Talvez digamos “amanhã”, mas lembre-se: “Não deixe
para amanhã o que pode ser feito hoje”. E: “O ontem não existe mais, o amanhã é
somente uma possibilidade, e a única realidade é o hoje”. Enquanto dissermos
que começaremos amanhã, nunca começaremos. Cada dia é uma réplica ou cópia de
toda a vida. Por quê? Porque todos os dias fazemos o mesmo, na grande maioria
das vezes de forma repetitiva e mecânica: levantamos, tomamos banho, comemos,
saímos à rua, vamos ao trabalho sempre pelo mesmo caminho e da mesma forma,
trabalhamos, nos relacionamos com pessoas sempre com as mesmas reações,
voltamos para casa e dormimos… Se começamos a nos auto-observar e estamos conscientes
no primeiro dia, é lógico que teremos iniciado um verdadeiro desenvolvimento
espiritual, e continuando-o no próximo “hoje”, diariamente, nos permitirá
estabelecer uma continuidade de propósitos, logrando, assim, progressivamente
um CENTRO DE GRAVIDADE SOBRE A NOSSA CONSCIÊNCIA. Com o propósito de trabalhar
sobre “si mesmo” é preciso demarcar o campo de trabalho, não devemos sonhar
preguiçosamente a trabalhar num futuro, ou em esperar uma oportunidade
extraordinária, senão trabalhar hoje, demarcar o trabalho prático para o dia de
hoje, a esse mesmo dia em todos os seus eventos, e a não pensar em termos de
amanhã. Caro leitor, você começou a observar-se no tocante ao dia de hoje,
AGORA, ao dia comum, sempre recorrente, miniatura de um ano e de sua vida
inteira? Todos conhecem este ditado: “A cada dia lhe basta seu afã”. Mas você
tem pensado alguma vez no que significa esse ditado e tem considerado o
contexto sob o qual o Cristo Jesus fez essa observação? Por exemplo, que
sentido tem quando diz “basta”? “Basta”, para quê? Basta trabalhar para o afã
de hoje? Se um homem começa a trabalhar, ainda que seja um pouco, a cada dia,
sobre seus desgostos e penas, e a fazer-se consciente de seus atos recorrentes
diários, começa então a trabalhar praticamente sobre “si mesmo”. Mas é preciso
que conheça seu dia e que você se conheça em relação com seu dia. Há um certo
dia ordinário que cada pessoa experimenta, exceto nos acontecimentos
inusitados. Os eventos do dia ordinário têm certa similaridade recorrente para
cada pessoa. Agora bem, vamos supor que um homem nunca se dá conta deste
particular e nunca observa a “si mesmo” em conexão com os eventos do dia comum.
Então, como pode ocorrer a ele que está trabalhando sobre si e como pode supor
que é possível mudar? A mudança do Ser começa com a troca das reações ante os
verdadeiros incidentes do dia. Isto é o começo de viver a vida de uma nova
maneira, num sentido verdadeiro e prático. Se você se comporta de mesma maneira
todos os dias ante os mesmos eventos recorrentes (ou seja, que se repetem
continuamente), como poderão crer que é possível mudar? Para chegar ao
conhecimento de si, comece a observar sua conduta ante os acontecimentos de um
só dia de suas vida. Observe quais são suas reações, quer dizer, observe suas
reações mecânicas ante todos os pequenos eventos que ocorrem e ante as demais
pessoas; examine o que dizem, sentem e pensam, e como você reage mentalmente,
verbalmente e fisicamente. Então, trate de ver como podem mudar essas reações.
Claro está, se tem a certeza de que SEMPRE SE COMPORTA DE FORMA CONSCIENTE e
racional e que NUNCA ESTÁ EQUIVOCADO, nada mudará em você, porque nunca será
capaz de se dar conta de que VIVE COMO UMA MÁQUINA, absolutamente repetitiva,
uma pessoa mecânica, que sempre diz, sente, pensa e faz uma e outra vez as
mesmas coisas. Mas, quiçá, devido a uma crescente consciência de si, você se dá
conta de que não é uno, de que não é um indivíduo plenamente consciente, senão
que em certo momento é uma pessoa mesquinha, no próximo uma pessoa irritável,
depois uma pessoa benevolente, mais tarde uma pessoa escandalosa ou
caluniadora, depois um santo e logo um embusteiro. Faça o exercício de se
comportar de forma consciente durante uma pequeníssima parte de sua vida,
porque tudo o que fazemos aqui e agora nos afeta para sempre. Um só momento em
que se está bastante consciente para não se comportar mecanicamente, se fez
isso voluntariamente, modificará muitos resultados futuros. Se você aprende,
digamos, um pouco de francês hoje, conhecerá mais amanhã; mas se hoje não faz
nada, amanhã não conhecerá nada. Ocorre o mesmo com o trabalho sobre si. Mas é
preciso trabalhar voluntariamente sobre si e não porque alguém lhe diga que
deve fazê-lo. Trabalhar de má vontade ou para fazer méritos é uma coisa; e trabalhar
sobre si porque há algo que não nos agrada e anelamos mudar, é outra coisa. O
modo como tomamos a vida é equivocado porque a causa do hábito chega a se
petrificar e deste modo torna-se mecânica. Logo, em verdade, como mecânicos e
por isso carecemos de todo sentido verdadeiro do que estamos fazendo e nossos
dias passam de uma estranha maneira não sentida, por exemplo, levamos a cabo os
hábitos mecânicos do dia. Assim, não temos uma verdadeira vida e não recebemos
novas impressões. O “eu”, quer dizer, a máquina, atua. Mas se um homem inicia
seu dia conscientemente, o dia inteiro será diferente para ele. O discípulo
deve chegar a conhecer o que significa trabalhar sobre “si mesmo” e, desta
forma, tomará sua vida como um dia. Deve ver, observar e compreender que é para
ele um dia, e não crer que um dia carece de importância por ser tão habitual e
que o trabalho não tem significado para o futuro ou que o trabalho é algo “que
ainda não tem oportunidade de aplicar a si, porque está ocupado com o trabalho
do dia a dia”. Como você se levanta? Qual seu estado de ânimo no desjejum? O
que é que sempre o transtorna? Etc. Rogo a você, caro estudante, não pensar que
a mudança de si mesmo significa um mero fumar menos ou comer menos. Recorde que
esse trabalho é psicológico. Nossa vida cotidiana, nossa profissão, nosso
negócio, nossa ocupação etc., não são senão um sonho com o qual nos
identificamos. Esta compreensão vem lentamente quando compreendemos melhor o
que significam o sonho e a mecanicidade e por que se diz que a humanidade está
adormecida e que sua vida é mecânica. Para trabalhar sobre si mesmo é preciso
trabalhar sobre a vida cotidiana e então compreenderemos o que significa a
misteriosa frase na Oração do Senhor: “O PÃO-NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE”. A
frase “cada dia”, significa, “O pão substancial” em grego “o pão do alto”. Os
ensinamentos como produto deste trabalho psicológico nos dão o pão para a vida,
a vida psicologicamente vivida, no duplo sentido de ideias e de forças para
fazer frente aos desgostos da vida mecânica cotidiana; nos oferecem “o pão
substancial” e assinala a nova vida que começa em nós mesmos; porque no
trabalho psicológico todos buscamos ser uma nova pessoa, absolutamente
diferente de tudo quanto temos vivido. Agora, ninguém pode alterar sua vida ou
modificar coisa alguma a respeito das reações mecânicas de sua vida cotidiana a
menos que conte com a ajuda de novas ideia e receba auxílio Divino. No trabalho
psicológico não existe nada depreciável. Qualquer pensamento, por
insignificante que seja, merece ser observado do mesmo modo que qualquer emoção
ou reação negativa. Necessitamos preparar os centros inferiores para receber as
ideias e as forças que sempre vêm dos centros superiores (mas não são captados
devido ao pesado estado de sono interno). Mas toda tentativa feita
voluntariamente, para corrigir uma ação negativa ou separar-se dela, todo
intento de recordação de si ante uma dificuldade, todo ato de sincera
observação de si, como quando alguém mente ou se dá demasiada importância devido
à falsa personalidade, ou se deforma a verdade para ferir outra pessoa, ajuda a
fazer as conexões corretas nos centros inferiores e os prepara assim para sua
união com os centros superiores e para receber a ajuda que provém deles. Nesse
trabalho psicológico, o discípulo, ao voltar-se consciente de seus atos
recorrentes, afasta-se dos efeitos mecânicos da vida. De outro modo, estaria
devorado pela mecânica da vida. Se o discípulo se identifica com todos os
eventos da vida prática e esgota suas forças em emoções negativas e em
autoconsiderações e em vão palavrório insubstancial de conversa ambígua nada
edificante, nenhum elemento real pode se desenvolver nele fora do que pertence
ao mundo mecânico. Se nós queremos que algo real cresça em nosso interior, é claro
que devemos evitar o escape das energias psíquicas. Quando temos perda de
energia e não estamos isolados na intimidade, é inquestionável que não
poderemos lograr o desenvolvimento de algo real em nossa psique. A vida
ordinária comum e corrente quer nos devorar implacavelmente, e nós devemos
lutar contra a vida diariamente, devemos aprender a nadar contra a corrente.
Esse trabalho psicológico vai contra a vida, trata-se de algo muito distinto
aos nossos dias, e sem embargo devemos praticá-lo de instante em instante,
então, com isso nos referimos à Revolução de Consciência. www.gnosisonlise.org.br. Abraço. Davi.
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