quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

NÃO OLHE PARA CIMA

 

Cinema. Editor do Mosaico. O filme NÃO OLHE PARA CIMA lançado em 9 de dezembro de 2021 do produtor e roteirista Adam Mc Kay causou grande surpresa e despertar do senso crítico nos que assistiram. Um elenco de gabarito nos papeis principais como Leonardo de Capri, Jennifer Lawrence, Ariana Grande e Cate Blanchett. Por trás do roteiro percebemos inúmeras situações reais implicadas com fatos mundiais recentes. O script foi concebido em 2018, assim, tendo um ar profético nas cenas e circunstâncias criadas. Porque há, em grande parte, uma correspondência com o que vivemos hoje no mundo. Essa introdução é para encorajar aos que não viram ainda a pelica. O filme começa no laboratório de uma universidade americana, onde alguns astrônomos pesquisam o espaço sideral. Destaque para uma astrônoma, doutorando, que descobrir um objeto em órbita próximo a terra. Envoltos em cálculos de estrelas, constelações e meteoros que viagem pelo universo. O corpo celeste é avistado bem próximo a terra. Em situações de preocupação mundial, pois em questão de meses, se nada for feito colidira com nosso Planeta. Tem aproximadamente 15 Km de comprimento e toneladas de peso. Seu estrago ao se encontrar com a superfície terrestre é de milhares de vez mais que a bomba atômica lançada na cidade japonesa de Hiroshima na Segunda Guerra Mundial. Uma catástrofe global estava prestes a ocorrer.  Os cientistas assustados fazem de tudo para avisar as autoridades. Surge o entrave de, não serem de universidade famosa, o importantíssimo comunicado ficar sem peso expressivo. Mesmo que tal a gravidade exigisse. O ambiente de polarização política retrata nossa pós-modernidade. Democratas liberais e conservadores nacionalistas se revezam em situações que lhes aprazem. A verdade torna-se um joguete nas mãos de insanos, encarnados no materialismo consumista egoísta capitalista. São moldados a chavões de valores religiosos cristãos. Dizem ter na família a base da comunidade. Acreditam na meritocracia – predomínio das pessoas mais competentes e eficazes. Todavia são intolerantes quanto a outras espiritualidades. Não aceitam a diversidade de gênero. Discriminam outras culturas – negros, indígenas, quilombolas.  Propõem uma hierarquização social permanentes. Seus governos são cheios de apadrinhados e parentes – o chamado nepotismo. Manobras que manipulam realidade a seu interesse próprio individual, empresarial, comercial e industrial. Nada nem um perigo eminente é capaz de mudar os desejos dessas corporações de enriquecerem ilicitamente e covardemente. Nada impede a realização de seus anseios narcisistas. Não se preocupam com os a margem da sociedade – pobres e indigentes – usando os apenas como massa de manobra a seus fins. Como o assunto era de segurança nacional os cientistas foram encaminhados a Casa Branca. No primeiro dia esperaram, porém não foram recebidos pela Presidenta americana. Sendo tratados irrelevantemente por um assessor de Estado. Na conversa com o escalão superior da Presidência não foram levados a sério. Havendo até piadas em relação ao assunto tratado. Quase ridicularizados saíram da audiência decepcionados e preocupados, tal a seriedade da matéria. O tema caiu nas redes sociais viralizando como piada e coisa sem expressividade. Não é assim hoje, tudo vira memes no instagram, whatsapp, facebook, YouTube e outras mídias. A ilusão da coletividade e individualidade vulgariza e menospreza as mais cruéis ocorrências. Passasse a visão do mundo do faz de contas, onde a realidade dá lugar a uma virtualidade fantasiada e estereotipada. Tornamo-nos escravos da tecnologia onde precisamente distinguir o que é fato do que é fake (falso). A ciência posta em dúvida por convicções e crença suspeitas sem nenhum sentido literal ou racional. Os cientistas, tal a gravidade da questão, buscaram fazer ouvir-se em massa pela população. Assim foram convidados a participar de um programa de televisão. Aqueles boçais sem atrativo sério, todavia por seu vazio e desinformação cativa o grande público. Tanto que os apresentadores estavam só preocupados com o pico do ibope entre os telespectadores. A gravidade da situação era o que menos interessava. Foi a saída que nossos protagonistas encontraram.  O resultado foi que se espalhou pelo país como o desenrolar da questão. De um lado uns diziam: olhem para cima – confirmando a veracidade científica. Do outro: não olhem para cima – duvidando do fato comprovado cientificamente da colisão do cometa com nosso planeta. O negacionismo como ideologia crescente. Contesta-se a verdade dos fatos demonstrados cientificamente. Acreditando em mentiras inventadas por interesses políticos, religiosos e empresariais de supremacia social racista. Conhecem uma situação parecida com essa? O coronavírus provocou essa histeria mundial. Até hoje, milhões não acreditam no vírus que já matou no Brasil mais de 640 mil pessoas. Pelo mundo foram mais de 5 milhões de mortes. Aqui em nosso país, hoje, mais de 80% das internações e óbitos pelo coronavírus são de não vacinados. Um apelo aos leitores – tomem a vacina, inclusive a dose de reforço. Isso é fundamental e necessário a preservação de nossa saúde e vida. O enredo traz cenas satíricas, cômicas e palavrões contextualizados da sociedade. O filme tem sido atacado por pastores evangélico cristãos, por segundo eles, corromper a moral e ética social. Dizem que por trás está a mensagem socialista – que prega a coletivização dos meios de produção e distribuição. Mediante a supressão da propriedade privada e das classes sociais. Uma hipótese sem comprovação lógica nem verdade como fundamento. Esses grupos cristãos conservadores querem sempre viver a benesses das elites dominantes. Assim tentam agradá-los de qualquer modo. Mesmo que custe transgredir os mandamentos divinos. A Chefe de Estado americana no filme tem um perfil típico dos governantes conservadores tradicionalistas capitalistas, preocupados com interesse pessoal e de corporações. Tentando perpetuar seu quinhão político incluído num nepotismo familiar. Nesse estado de esquizofrenia coletiva há uma confusão geral. Cada um assumindo sua própria bandeira conforme a influência se revelar caracterizada em suas crenças. Não importando a racionalidade e razoabilidade dos fatos. Por este motivo, a cientista foi rejeita em sua casa por seus familiares por não acreditarem no que ela dizia. O cientista amigo e professor da que fez a descoberta foi rejeitado pela esposa e filhos. Também ele a traiu com a apresentadora do programa de TV que o entrevistou. Nessa circunstância os dois olhando aos céus, viram que o cometa se aproximava do momento da colisão. Nada mais poderia ser feito a não ser esperar a hora fatal. Houve a reconciliação do cientista com sua família, incluindo sua colega de trabalho. Estiveram numa boa comunhão aguardando o desfecho fatal. A política internacional é mostrada quando os americanos, num projeto ambicioso, fabricaram drones gigantes para destruírem o cometa antes da colisão. Inventaram existir nele elementos químicos muitos preciosos a indústria de várias especialidades. Assim, controlariam o mundo global industrializado. Os quase 30 drones nem cosquinha fizesse no gigante que se aproximava. Os malandros da Casa Branca tinham um plano B. Construíram uma espaçonave para levá-los a outro planeta após a vida humana começar a se extinguir na Terra. Aquela ideia de seres humanos viverem em outras órbitas celestes. A grande explosão acontece. E os fugitivos debandam ao espaço. 22.700 anos depois de iniciarem a jornada chegam num outro habitat sideral. Lembra o bilionário sul africano Elon Musk que planeja levar humanos ao planeta Marte. Um projeto que já nasce morto. Não conseguimos até agora, diminuir o efeito estufa nem remediar as catástrofes climática sobre nosso planeta. Tendo a insana ideia de povoar outro. Para igualmente promovermos a mesma destruição. Se continuarmos neste nível de loucura, cavamos nossa própria sepultura. Extinguindo todas as vidas: consciência primitiva mineral, vegetal, animal e humana sobre nossa querida mãe terra. Cumprindo a profecia da "Sexta Extinção" das vidas em nosso astro celeste. Dito pela jornalista americana Elizabeth Kolbert, num livro escrito por ela com o mesmo nome. Sugiro a leitura. Escandalizou meio mundo os passageiros saírem da espaçonave nus. A Presidente americana, ao sair, viu um tipo pré-histórico. Displicente vai ao encontro dele e imediatamente sua cabeça foi tragada pela criatura. Assim terminando o enredo. Essa fantasia final exemplifica o destino destes que a seu bem prazer. Desprezando os menos favorecidos e sacrificando seu bem-estar físico, mental e emocional recebem o demérito futuro. O destino os levou, certamente todos eles, a terem a mesma desventura, serem devorados pelas Quimeras celestes. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário