segunda-feira, 2 de abril de 2018

AS CASAS ASTROLÓGICAS 1 E 7


Astrologia. Texto de Ricardo Lindemann. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios. Capítulo 12. AS CASAS ASTROLÓGICAS 1 E 7. Vamos agora estudar as CASAS ASTROLÓGICAS ou o SISTEMA DE DOMIFICAÇÃO. Assim como existem os DOZE SIGNOS DO ZODÍACO TROPICAL no céu, também existem, por correspondência, DOZE CASAS NA TERRA. O ZODÍACO TROPICAL surge do movimento relativo entre a Terra e o Sol, conforme podemos ver no Diagrama AS QUATRO ESTAÇÕES segundo Nicolau Copérnico (1473-1543), que explica o ciclo anual das QUATRO ESTAÇÕES. Nele podemos ver duas linhas ou eixos, uma apresenta duas situações extremas que, no Hemisfério Norte, representariam respectivamente o início do inverno, em 21 de dezembro e o início do verão, em 21 de junho, chamada a linha dos Solstícios, e a outra linha, a dos Equinócios, quando a duração do dia e da noite são iguais porque a projeção do Sol nos dias 21 de março e 23 de setembro está exatamente sobre o equador. Essa linha dos Equinócios, indica o começo do ZODÍACO no início de ÁRIES, passando também pelo polo oposto no início do signo de LIBRA. Portanto, o ZODÍACO TROPICAL é determinado por essas duas linhas; alinha dos Equinócios que determina o início do ZODÍACO que se projeta no equador; e a linha dos Solstícios, ou do verão e o inverno, que caracteriza as situações extremas ou de maior e menor luminosidade, projetando as linhas dos Trópicos de Câncer e Capricórnio. A palavra Equinócio quer dizer: noite igual, subentendendo o dia com duração igual à noite. Tal situação ocorre nos inícios da primavera e do outono, onde nós temos a situação equilibrada de mesma duração entre o dia e a noite. Por correspondência desse ciclo anual das QUATRO ESTAÇÕES, que determina os 12 SIGNOS DO ZODÍACO TROPICAL, temos o giro de rotação da Terra em torno do seu próprio eixo. E a determinação das doze CASAS ASTROLÓGICAS, a partir dos quatro quadrantes determinados pelo cruzamento da Linha do Horizonte com a Vertical do lugar. Quando o Sol, em seu movimento aparente no céu, cruza estas linhas ao longo do dia, determinam-se os seus quatro períodos, a saber: madrugada, manhã, tarde e noite. Então, se os 12 SIGNOS são determinados pelo movimento da Terra em torno do Sol, as DOZE CASAS são determinadas pelo movimento da Terra em torno de si mesma, e ela fixa sua definição a partir da Linha do Horizonte e da Vertical do lugar em que a pessoa nasce. Vamos supor, que aqui nós tenhamos desenhado um círculo que represente o planeta Terra, então a tangente que passa apontando a direção Oriental é o horizonte daquela localidade tangenciada, e vai separar o que é visível do que é invisível. O que está acima do horizonte é visível, evidentemente, o que está abaixo da Linha do Horizonte é invisível. Dessa forma, a linha do Horizonte Oriental tocará o ZODÍACO TROPICAL no céu num ponto no Leste, que seria o SIGNO ASCENDENTE, porque nós temos a impressão de que o céu está subindo no Oriente, quando na verdade é a Terra que ali no seu giro está descendo. Ao girar em torno de si mesma ela afunda no Oriente, e nós temos a impressão de que o céu está nascendo ou se desprendendo. Portanto, aquele SIGNO que se encontra no Horizonte Oriental, no instante do nascimento, é chamado de SIGNO NASCENTE OU ASCENDENTE. A partir dele até, aproximadamente, a partir de 30º abaixo da Linha do Horizonte, situa-se a chamada CASA 1. Se dividirmos cada um desses quatro quadrantes em três partes, teremos as 12 CASAS ASTROLÓGICAS. Desta forma, as DOZE CASAS ASTROLÓGICAS são uma espécie de ZODÍACO TERRESTRE, se bem que essa expressão é usada às vezes também para o ZODÍCO TROPICAL, o que poderia gerar confusão de nomenclatura para o principiante. Assim, no Homem Celeste, como nós chamamos o ZODÍACO TROPICAL no céu, temos os DOZE SIGNOS e a correspondência entre os dois seria como se esse homem se encontrasse nessa posição e esta seria a linha dos Equinócios passando por sua cabeça, enquanto a outra seria a linha dos Solstícios. E dessa maneira a CASA 1 corresponde de certa forma à cabeça, a primeira parte do corpo que nasce, e onde se define também o momento do nascimento pela primeira respiração. Então, o instante do nascimento determina o SIGNO ASCENDETE. Plutarco (46-120) já dizia que o Sol dá aos homens a razão, a Lua as paixões e a Terra o corpo, então, nós teríamos que o SIGNO onde o Sol se encontra dá a tendência mental, o SIGNO onde a Lua se encontra dá a tendência emocional e o SIGNO onde a Linha do Horizonte Oriental também chamado de SIGNO ASCENDENTE se encontra dá a característica física. Vamos agora começar a descrever algumas dessas 12 CASAS ASTROLÓGICAS. O Sol vai ocupar a CASA 1, em média entre as quatro e as seis horas da madrugada. É o período que antecede ao nascimento do Sol e está relacionado ao nascer da VIDA, ao nascer do dia, à primeira respiração que cria a existência separada e independente. Então, os planetas que vão ocupar essa CASA 1 do MAPA ASTRAL serão o tipo de personalidade que a pessoa terá. Assim, além do SIGNO ASCENDENTE, cada planeta que se encontrar na CASA 1 dará um colorido, uma subtônica, um acréscimo de traços com temperamento específico. Por isso, a palavra HORÓSCOPO significa observação da hora do nascimento, e mais especificamente, é uma espécie de foto do céu, também chamado de MAPA ASTRAL. A professora Emma Costet de Mascheville (1903-1980) definia as DOZE CASAS como uma espécie de ZODÍACO humano ou uma irradiação do instante do nascimento. Assim, a CASA 1 caracterizaria uma irradiação de exteriorização. Quando a pessoa nasce ela passa a existir, verbo que etimologicamente significa ESTAR FORA, passa a projetar-se no mundo, a vir à luz. Essa pessoa estruturada assim é o que nós chamamos em geral de personalidade, do latim personus, que está relacionado à ideia de onde vem o som, e portanto, era o nome das máscaras que se usavam no teatro greco-romano, simbolizando o papel que eles estavam executando naquela peça. Essa máscara tinha embutida uma espécie de concha acústica amplificadora, lembrando que na época não havia microfones nem alto-falante para ampliar o som, de modo que todos pudessem ouvir melhor a fala do respectivo ator. Os antigos gregos tinham a ideia de que o ator deveria esconder seu rosto para que as influências dos pensamentos daqueles que assistissem à peça não ficassem associadas ou atingissem o ator. Por isso, a máscara simbolizava o papel que estava sendo executado como algo diferente do ator que por detrás dela se encontrava. E além de tudo, personus, de onde vem o som, porque era uma espécie de concha acústica que ampliava o som da voz do ator. Assim, de certa forma, os planetas da CASA 1 são aqueles que caracterizam mais especificamente a irradiação de personalidade. Nós podemos relacionar também a PRIMEIRA CASA ao corpo físico que nasceu naquele momento. Aquela parte do céu que começa com o SIGNO ASCENDENTE, que se desprende da Terra no mesmo instante em que a criança nasce e se desprende do corpo da mãe, por isso se associava, já desde os tempos de Plutarco, o corpo físico com o SIGNO ASCENDENTE pelo princípio da correspondência. O nascer está basicamente associado à primeira respiração, quando nós nos tornamos biologicamente independentes do corpo da mãe e, portanto, é muito comum também associar ao primeiro choro ao momento do nascimento em que pela primeira vez o ar penetra nos pulmões da criança recém-nascida. Essa ideia física de identificação com o corpo gera o que nós chamamos de eu. Quando uma pessoa apresenta sua Carteira de Identidade, frequentemente nos surpreendemos que a fotografia não corresponde exatamente àquelas imagens que a identificamos. Além disso, se formos ver o nome, na verdade a própria pessoa não o escolheu, foram os pais que o escolheram para ela. Da mesma forma, o lugar em que ela nasceu, todas essas circunstâncias do seu nascimento, a data, etc., são fatores que nós podemos até atribuir ao karma. Mas aquela personalidade, especificamente, não escolheu. Nós podemos até atribuir a ideia de que foi escolhido em encarnações anteriores por outras personalidades. A nova personalidade surgiria, então, como resultado de escolhas antigas, mas de qualquer maneira, a ideia de identificar-se com o corpo que vem à luz ou se exterioriza no momento do nascimento, está associada a CASA 1. Ou esta primeira região logo abaixo do Horizonte Oriental ou SIGNO ASCENDENTE, até aproximadamente 30º. Podemos verificar que as pessoas que nascem entre as quatro e as seis horas da madrugada terão provavelmente o Sol neste setor angular da Casa 1, e possuirão um temperamento mais exuberante, mais autoconfiante. Elas geralmente têm uma personalidade muito magnética, carismática, às vezes podem ser atores, ou eventualmente também modelos. Pois apresentam um certo magnetismo de liderança e muitas vezes um corpo exuberante pode dar alguma aptidão também atlética. Por outro lado, depois dessa ideia do EU surgirá a CASA 2, que é a ideia do MEU, as extensões do corpo. As extensões do corpo são as suas posses, até mesmo coisas como as nossas roupas que não são tão fáceis de trocar com outra pessoa porque podem não servir. Ou como a escova de dentes, que talvez nós não queiramos trocar com outra pessoa, e aquele sentido de MEU vai surgindo a partir da identificação com o corpo e com o EU. Os Yoga Sutras de Patanjali, no qual se baseia toda a filosófica do Yoga, já há 2600 anos atrás, definia, exatamente, que Avidya, a ignorância ou a falta de autoconhecimento é a causa de todos os males, “Avidya é tomar o não eterno, impuro, mal e não atman como sendo o eterno, puro, bem e atman, respectivamente”. Ou seja, uma confusão entre o não eterno e o eterno, entre o impuro e o puro, entre o mal e o bem e entre o não espírito e o espírito. Dessa forma, a falta de autoconhecimento abre espaço para nos identificarmos com o corpo, “Asmita é a identificação ou mistura, por assim dizer, do poder da consciência com o poder da cognição”. Porque nos sentimos identificados através dos sentidos que são a expressão do poder da cognição por meio do corpo, e assim associamos a corporeidade à ideia de EU, e a partir de então tendemos a nos afastar, eventualmente, da nossa natureza espiritual. A polaridade oposta da CASA 1 É A CASA 7, conforme a teoria de Luz e Sombra, ou na sua expressão hermética, que é o PRINCÍPIO DA POLARIDADE. Por isso vamos estudar também as CASAS por eixos ou POLARIDADES. Dessa forma, se a CASA 1 gira em torno do EU, que é a identificação como o corpo, a CASA 7, em contraposição relaciona-se com o TU. A CASA 7 começa, exatamente, no Horizonte Ocidental, ou o que nós chamamos em geral de Oeste ou Poente, estendendo-se até aproximadamente 30° acima do Horizonte Ocidental, sendo, portanto, a primeira acima do Horizonte. Portanto, se a pessoa, por exemplo, nascer aproximadamente entre as 16 e as 18 horas, muito provavelmente ela terá o Sol na CASA 7, que é a CASA do TU, a CASA do casamento, a CASA das associações e do relacionamento. Vejam que quanto mais eu me dedicar a MIM MESMO, eventualmente, menos tempo eu tenho para me dedicar para a minha ESPOSA e vice-versa. Se a ESPOSA se dedica muito aos SEU CORPO e a SI MESMA, muitas vezes ELA não encontra tempo para DEDICAR-SE ao MARIDO. Por outro lado, a MULHER que  não sabe CUIDAR de SI MESMA pode ter um MARIDO menos atraído por ELA, é uma compensação estranha, mas nós precisamos encontrar um equilíbrio entre o EU e o TU. Ou se preferirem, entre o CORPO e a dedicação a SI MESMO por um lado, e o CASAMENTO e a dedicação ao CÔNJUGE por outro lado. Então, a CASA 7 representa o CASAMENTO e as associações enquanto célula estrutural da sociedade e, portanto, representa o início do nascimento para o coletivo, ou para tudo que está acima do Horizonte. Por outro lado, a CASA 1 representa o nascimento do indivíduo, da personalidade e de tudo que está abaixo do Horizonte. A Linha do Horizonte, por assim dizer, separa o sentido de EU e TU, ou o que está dentro de MIM e o que está fora de MIM. A personificação da Terra como sendo o corpo, dada por Plutarco, que “O Sol dá aos homens a razão, a Lua as paixões e a Terra o corpo”. Faz com que a pessoa se imaginando como sendo a Terra, particularmente a CASA 1 logo abaixo do Horizonte, lembrando que a Linha do Horizonte separa o EU do TU, projete o que está fora da Terra. Ou seja, acima do Horizonte, passa a ser TU, o outro, a coletividade, particularmente a CASA 7, logo acima do Horizonte. Então, o sentido de DENTRE e FORA é um dos grandes fatores de identificação com o nosso CORPO. Por exemplo, se eu tomo um copo d’água, pergunta-se: esta água já está no meu corpo? Ou a partir de que momento ela passa a fazer parte do meu corpo? Quando ela é engolida? Quando ela chega no estômago? Enfim, eu posso bochechar a água ou escovar os dentes e pôr a água para fora, ou pode haver outras reações, se a pessoa vomitar, etc. Portanto, é difícil definir precisamente a partir de que momento a água passa a fazer parte do meu corpo, e nós já sabemos que 70% do nosso corpo é constituído de água. E a partir de que momento a água não faz mais parte do rio de onde ela veio? E se nós temos um poço artesiano próximo à margem do rio, qualquer produto que entra no rio imediatamente contamina também o poço. Então, até que ponto o meu corpo faz ou não parte daquele rio. Até que ponto a água está no rio ou foi assimilada ao meu corpo. Esse conceito é complexo; por exemplo, se houver um micro organismo, ele está dentro do meu estômago, ele passa até pelo intestino, ele entra na corrente sanguínea, eu posso ter febre. Enfim, onde o corpo começa e onde o corpo termina? Essa é a nossa pergunta. Podemos notar que há uma contínua interação entre todas as forças da Natureza, e é difícil dar essa determinação porque ela é criada pela mente. O que nós temos num corpo se tiramos uma chapa de raio X, na verdade, é como uma nuvem atômica, e os raios X penetram os vazios, interatômicos e intermoleculares e nos dão a descrição dos contornos das configurações principais dos ossos e outros órgãos, sem que a gente tenha que abrir o corpo para vê-lo por dentro. Isso é possível justamente porque os raios passam por esses vazios e nós não somos tão sólidos e impermeáveis como poderíamos imaginar. Essa é uma das grandes ilusões que a filosofia Oriental chama de Maya, ou seja, a ideia de que nós pensamos que conhecemos as coisas, quando na verdade não as conhecemos. Na verdade, nós não conhecemos nem sequer o nosso próprio corpo, com o qual costumamos estar profundamente identificados. Portanto, se carecemos de AUTOCONHECIMENTO até no nível físico, será que realmente podemos imaginar quanto nos falta de AUTOCONHECIMENTO nos níveis emocional, mental e espiritual? Esse sentido da ilusão do corpo faz com que se produza também uma outra ilusão, a das posses do corpo, que está relacionada com a CASA 2, a CASA DO “MEU”. Assim como a CASA 7 está relacionada com o CASAMENTO e as ASSOCIAÇÕES. A CASA 8 passa a ser a CASA DAS POSSES COLETIVAS, ou se quiserem a CASA da administração do NOSSO. De certa forma, às vezes, a CASA 8 é também chamada de CASA DA MORTE, porque o EU tem que morrer um pouco para que a CASA 7 possa se estruturar. AS CASAS vão logicamente se desenvolvendo por correlação com os SIGNOS DO ZODÍACO. Então a CASA 1 tem correspondência com ÁRIES, dá o sentido de individualismo na personalidade. A CASA 2 está relacionada com o TOURO e, portanto, com o sentido de acúmulo. Convém lembrar aqui que o TOURO rege, basicamente, o pescoço, a garganta, onde fica a tireoide. Ela é a glândula  que organiza todo o metabolismo do corpo e, portanto, quanto de energia ou matéria vai ser acumulada, energia acumulada em forma de matéria como gordura. A pessoa poderá assim ser mais ou menos gorda, de acordo como o funcionamento da própria tireoide, como se o SIGNO de TOURO representasse essa intenção de acumular energia, acumular posses, acumular como se fosse uma despensa num armazém, alguma reserva para dias mais difíceis. Podemos verificar que a CASA 1 está relacionada a essa ideia do CORPO, onde ele começa, onde ele termina, o que faz parte dele e o que está fora dele. Ele tem uma zona de penumbra, ou de extensão que são as suas posses, mas é importante perceber como todas essas coisas são, na verdade, criadas pela mente, porque nós não conhecemos de fato o nosso corpo. Nem percebemos, por exemplo, que a cada sete anos todos os ÁTOMOS DO CORPO são substituídos, por isso que a ideia RELIGIOSA DA RESSURREIÇÃO da carne, do ponto de vista literal, é MUITO COMPLICADA, porque vai haver uma disputa pelos átomos no dia do juízo. Dirão alguns, aquele átomo ficou sete anos comigo, ou cinco com o outro, ou três com o outro, quem tem direito a ficar com aquele átomo por toda a ETERNIDADE? É bom lembrar que o mesmo átomo é reciclado e passa por diferentes CORPOS. Costumo fazer essa reflexão porque nós nem sempre temos claramente a ideia do que seja o nosso CORPO FÍSICO. Assim, a CASA 7, como é a antítese do CORPO FÍSICO, e a CASA DO TU, é a CASA DO OUTRO, do relacionamento, da cooperação, da participação compartilhada com um propósito ou interesse funcional comum. Essa é a base do surgimento de toda a VIDA COLETIVA, seja pelo CASAMENTO propriamente dito, seja como uma ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, o raciocínio basicamente é o mesmo. Sabemos que a palavra cônjuge está ligada ao radical sânscrito yuj. Pelo indo-europeu há uma ideia de fonte comum, nesses radicais que são também comuns ao latim, assim cônjuge também no espanhol é até escrito com y, yuj é o radical onde vem a palavra YOGA, yuj quer dizer unir, YOGA quer dizer UNIÃO. Assim também o jugo é exatamente a maneira como se atam dois animais na canga para puxar o carro. Essa ideia de conviver e compartilhar uma unção buscando um objetivo comum aparece assim na CASA 7, em contraposição à CASA 1, que é a CASA DA PERSONALIDADE, a CASA DO EU. Aos poucos nós vamos sentindo também a necessidade de refletir sobre a questão, de que toda vez que um planeta cruza a PRIMEIRA CASA, de certa forma, ele produz, relativamente, um sentido de renascimento, ele produz um novo ciclo que ali principia. Por analogia, assim como ÁRIES corresponde ao primeiro SIGNO e LIBRA ao sétimo, são SIGNOS de início de ESTAÇÃO, e portanto, são chamados SIGNOS CARDINAIS. Assim também chamamos as CASA 1 e 7 de CASAS ANGULARES, aquelas que iniciam os QUADRANTES. Além destas, a CASA 2 e a CASA 7 são já CASAS SUCEDENTES, porque elas vêm logo depois de uma CASA ANGULAR. Então, na CASA 2, teremos ideia de domínio, de posse, de propriedade e de uso. As POSSES surgem como uma certa extensão de EU, mas na verdade, se analisarmos a partir da FILOSOFIA PLATÔNICA, o motivo que dá sentido à posse é exatamente o uso que dela se faz. Existe, por exemplo, um dos conceitos que progressivamente tem sido usado, de alguma maneira, até na questão da reforma agrária, que se as terras não são produtivas. Se elas não estão sendo devidamente utilizadas, o sentido da sua posse começa a se descaracterizar. Talvez até como origem filosófica dessa ideia, nós vamos encontrar em Platão que o que dá sentido à propriedade, é o uso que dela se faz, conforme encontraremos em A República. E por isso, a CASA 2 é uma extensão do EU e é, portanto, a CASA do “MEU”, das posses, das propriedades, do dinheiro enquanto que a CASA 7 está relacionada com a CASA DO “NOSSO”, as posses coletivas como, eventualmente, aprofundaremos no próximo capítulo. É porém importante citar a ideia de Platão que subentende que o propósito do SER é que dá sentido ao TER. Qual é aquela missão, o sentido daquela encarnação? Afinal, no momento do nascimento nós tomamos o CORPO para realizar alguma coisa. Do ponto de vista da ASTROLOGIA, nada acontece por acaso. Então existe um sentido nesse processo e esse sentido é aquele que atrai a ALMA ao momento do seu NASCIMENTO. Nós poderíamos até citar aqui a ideia de que no momento do NASCIMENTO ou mesmo antes já se delineia toda uma tendência de VIDA, conforme Platão menciona em A República sobre a questão da ESCOLHA DAS VIDAS: “Essa é a palavra da virgem Láquesis (que cantava as coisas passadas), filha da Necessidade. ALMAS EFÊMERAS, eis que começa para vós um novo ciclo de VIDA MORTAL. Não é o fado que vos escolhe, e sim vós que escolheis o vosso fado”. Ou seja, o vosso destino, quer dizer que no momento próprio segundo o SIGNO ASCENDENTE, ela recebe em Nêmesis, que é talvez a ideia de destino na Grécia. Equivalendo a de KARMA MADURO no Oriente, sendo o KARMA também conhecido como lei de ação e reação. “Que o primeiro indicado pelo sorteio seja o primeiro a eleger o seu gênero de VIDA, ao qual ficará inexoravelmente unido. A VIRTUDE é livre, cada um participará mais ou menos dela conforme a estima ou o menosprezo em que a tiver. A responsabilidade é de quem escolhe: DEUS está inocente nisso”. Vejam que, então, o que traz aquela alma ao nascimento, aquele chamado da “música das esferas”, para citar a expressão pitagórica, aquelas vibrações que os planetas ao girar, segundo a vidão de Pitágoras (570-495), em esferas de cristal, emitiriam um som, como quando nós emitimos ao passar o dedo na borda de um cálice de cristal. Nós podemos até combinar cálices diferentes com quantidades d’águas distintas e produzir música. Cada ASTRO ao girar produziria um certo som, isso é a versão pitagórica da irradiação de energia, enquanto que a esfera de cristal seria o símbolo da órbita. Os antigos gregos não tinham uma linguagem técnica como a nossa, eles tinham uma linguagem poética, pois o que movia aquela cultura, o próprio eixo central da cultura grega, era a BELEZA. Então nós temos aqui a ideia de que a parca do passado que era Láquesis, representando o nosso próprio passado, onde nós escolhemos o presente, o corpo que nós passamos a merecer, é assim visto como consequências de escolhas do nosso passado. Essa pelo menos era a visão grega da ASTROLOGIA, mais particularmente de Pitágoras. Por isso nós citamos a respectiva passagem que “responsabilidade é de quem escolhe: DEUS está inocente nisso”, e a escolha é feita sempre no passado, pois o presente é a consequência do passado, embora haja um importante espaço para o LIVRE-ARBÍTRIO, como consideraremos em outro capítulo próprio. No presente, nós estamos assim escolhendo o nosso futuro. Vamos refletir sobre essa ideia de que colheremos aquilo que na verdade semeamos, ela também é bíblica, conforme dizia São Paulo: “Não vos enganeis por que de Deus não se zomba, tudo o que o homem semear; isso também ele colherá”. E assim essa ideia do KARMA, essa ideia da ação e reação é um dos princípios básicos das origens da ASTROLOGIA nas ESCOLAS DE MISTÉRIOS. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios. Abraço. Davi  

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