Cristianismo.
www.chamada.com.br. Texto de Rolf
Honeisen. O TEMOR A DEUS COMO FONTE DE VIDA. Na sociedade ocidental o temor a
Deus está desaparecendo rapidamente. Isso traz consequências: sem temor a Deus
falta a condição decisiva para o êxito da comunidade. “O temor do Senhor é
fonte de vida, e afasta das armadilhas da morte.” — Provérbios 14,27. Deus
é o princípio e o fim! Tudo inicia com Deus e tudo termina com Deus. Ele chamou
o Universo e nossa Terra à existência. Através do estudo da Criação, o homem
adquire a noção que há um Criador com infinita grandeza e poder por trás de
tudo. “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu
eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo
compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são
indesculpáveis” (Romanos 1,20). Por ter sido criado por Deus, o homem é
responsável. Tudo o que o homem pode reconhecer de Deus é encontrado na Criação
e através da sua consciência (ver João 1,9). Pisar em um ouriço-do-mar causa
uma dor imensa. No entanto, quem de outro modo daria atenção para um
ouriço-do-mar? Os cortes transversais em seus espinhos mostram o seu conteúdo.
Sob o microscópio ele se revela como se fossem estrelas reluzentes. Os espinhos
são complexamente elaborados. Sua formação varia com a espécie. Eles são
complexos, belos, úteis e com design perfeito. Eu mostrei fotos dos espinhos de
ouriços-do-mar para pacientes de uma clínica para tratamento de deficientes
mentais. Após a apresentação, um homem cadeirante permaneceu no local. Percebi
em seu olhar que ele ficou impressionado em sua consciência com a imagem de um
milagre da Criação. A noção a respeito do Deus invisível havia sido despertada
nele. Esse homem, que vivia há muitos anos nesse lar e que, sob a ótica humana,
não tinha perspectiva alguma de mudança, viu uma nova luz no horizonte. Assim,
conversei com ele sobre início e fim, sobre Céu e inferno e sobre o caminho que
conduz a Deus – Jesus Cristo. Pessoas tementes à Deus vivem sob princípios de
Deus em muitas áreas, mesmo sem conhecê-los adequadamente. Elas são abençoadas
mesmo não estando em um relacionamento pessoal de fé com Deus. As regras de
Deus para a vida têm efeito preservador. Acima de tudo, na área da proteção à
vida, nas questões desde o aborto até à eutanásia, pessoas tementes à Deus têm
uma posição firme e clara. Elas agem de acordo com sua consciência e dizem:
“Assim não dá”. O temor a Deus no sentido correto conduz ao respeito das ordens
dadas por Deus, até nos mínimos detalhes. Deus trata sua ordem com a mesma
seriedade como trata as Suas promessas. Eu não administro meus relacionamentos
e propriedades a bel prazer, mas no “temor do Senhor”. Qual é o efeito do temor
ao Senhor, como ele se torna visível? “Quem tem os meus mandamentos e lhes
obedece, esse é o que me ama” (João 14,21a). Não é o autoconhecimento, mas o
temor a Deus que conduz à vida. Um olhar sobre a sociedade ocidental, porém,
mostra que o temor do Senhor está desaparecendo e que, ali onde ele ainda
existe, é combatido ativamente. Na Alemanha, no estado de Nordrhein-Westfalen,
o partido Die
Linke (A Esquerda) quer retirar da Constituição a frase: “Temor a Deus
como alvo da educação”. Os livres-pensadores e ateus colocam de lado o resto do
temor a Deus e proclamam: provavelmente não existe nenhum Deus. Essa rejeição
aberta está abrindo um caminho com diversas consequências para a sociedade. Sem
temor a Deus falta a condição para afastar “as armadilhas da morte”. Numa
sociedade sem temor a Deus cresce justamente o contrário de paz e respeito. O
que aumenta é o cinismo, o egoísmo e a violência. A expressão “temor do Senhor”
aparece muitas vezes na Bíblia. No Antigo Testamento consta a palavra yi’rah, no
Novo Testamento aparece phobos e significa medo e
temor. Pode ter tanto o sentido positivo como negativo. Negativo aonde o medo
diante do pecado e perdição não encontra saída e a figura divina se restringe à
ira de Deus, que condena e executa. O temor a Deus se torna positivo quando
revela pecado e perdição e, ao mesmo tempo, leva para a saída, para a solução,
leva ao Salvador e à fé. O temor a Deus então se transforma na fonte de vida
quando inclui o amor de Deus. O abrangente amor de Deus não nos mantém
aprisionados ao medo. O apóstolo João escreveu: “Dessa forma o amor está
aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque
neste mundo somos como ele. No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor
expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está
aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1João 4,17-19).
A graça e o amor de Deus transformam o medo diante do onipotente em veneração e
sinceridade. Por isso o temor a Deus é uma fonte de vida central numa sociedade
e também numa igreja cristã. Quanto ao assunto de relacionamento mútuo na
igreja, Paulo nos ensina: “Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo”
(Efésios 5,21). Na literatura da sabedoria bíblica, no livro de Provérbios,
lemos: “O temor do Senhor é fonte de vida, e afasta das armadilhas da morte”
(14,27). “Afastar” tem o significado de “eu me desvio de um caminho no qual
estou andando”. Nessa passagem, sem dúvida, está em jogo a questão da morte
eterna e da vida eterna. Isso, todavia, inclui também as “pequenas mortes” dos
nossos relacionamentos cotidianos. Tudo inicia com Deus e tudo termina com
Deus. Quando falamos em Deus, o Pai, estamos falando do onipotente, onisciente
e maravilhoso Criador dos Céus e da Terra. Quando falamos em Jesus – idem! Deus
não apenas sabe de cada fio de cabelo em minha cabeça, mas também de cada passo
que eu dou. Ele sabe como e por que permite algo e quanto tempo permanece
determinada situação. Será que eu tenho tanto temor a Deus, tanta veneração a
Deus e tanta confiança que eu sou capaz de acreditar nisto? Era a época antes
do Natal de 1945, em algum lugar na Alemanha. Enquanto os filhos esperavam
alegres pela comemoração do Natal, a mãe deles vivia numa sequência de altos e
baixos, entre esperança e medo. Ela ainda não havia recebido notícias do seu
marido. Ele havia sido aprisionado na Rússia. Ainda estaria vivo? Ele voltará
para casa? Na véspera de Natal ouviu-se a campainha da porta. O carteiro veio
entregar a correspondência. A mãe lia a carta enquanto as crianças brincavam
eufóricas – de repente, porém, elas silenciaram. A mãe estava sentada à mesa,
estremecendo. As suas lágrimas caíam sobre a carta aberta sobre a mesa. Seu
marido havia morrido na prisão, no dia 15 de outubro. As crianças se agarraram
à mãe. Houve um silêncio mortal. Finalmente, um dos filhos perguntou: “Mamãe,
agora o Natal será cancelado? A mãe fica perplexa, mas então, com um
sobressalto, diz: “Não, agora comemoraremos mais do que nunca” A mãe organizou
as comemorações de Natal para os filhos porque o Salvador veio ao mundo. O
temor a Deus se transforma em fonte de vida. Ele faz reconhecer que Deus não
perdeu o controle. O Filho de Deus nasceu em meio à perdição da nossa era, para
nos libertar das amarras mortais. Ele fez por nós o que éramos incapazes de
conseguir: o Filho de Deus, com o Seu sangue, pagou nossa culpa perante Deus.
Através da fé recebemos a graça. Podemos amarrar nossa vida a Jesus e ter uma
nova vida através do Seu poder, e isso diariamente. Não sou mais eu quem vive,
mas Cristo vive em mim! – “Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse Deus:
‘Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo’” (2 Coríntios 6,16). Em nossos dias observamos um ataque maciço contra as
ordens de Deus sobre o casamento e sobre a paternidade e maternidade. É
claramente perceptível como o diabo anda ao redor, procurando qual o próximo
casamento que ele consegue tragar, qual o próximo relacionamento que ele
consegue destruir, qual o próximo coração de um homem, mulher ou criança que
ele consegue ferir. Os ataques ocorrem em todas as frentes e são apoiados desde
a mídia até o cinema. O ataque tem dimensões globais. Também os cristãos são
arrastados para as armadilhas fatais através de suas insinuações de que
romantismo, paixão e sexo com alternância de parceiros trazem satisfação de
vida. No entanto, não estamos expostos vulneravelmente a esses ataques. Uma
força essencial disponível é a do temor ao Senhor. José foi vendido para o
Egito e foi levado do mercado de escravos à casa de Potifar, um dos mais
importantes funcionários do Faraó. José vivia em veneração diante de Deus e
Deus abençoou seu procedimento. Não devemos achar, porém, que por isso ele não
tivesse as necessidades e emoções masculinas típicas. Além disso, por ser de
boa aparência, a mulher de Potifar lançou o olhar sobre ele. Certo dia ela o
convidou explicitamente para que ele dormisse com ela. A tentação não estava na
“telinha”, mas estava palpável diante dele. Com que justificativa José rejeitou
a mulher de Potifar, que não o convidou apenas uma vez, mas diariamente? Ele a
rejeitou com as palavras: “Como poderia eu, então, cometer algo tão perverso e
pecar contra Deus? (Gênesis 39,9c)”. José tratou a situação a partir da sua posição
de relacionamento com Deus. Ele considerou que sair da linha seria
primeiramente um murro no rosto de Deus! O seu temor a Deus o ajudou a vencer.
Dessa maneira, José honrou a Deus e foi honrado por Deus, e salvou o seu povo
na crise de fome. A Bíblia ensina: “Aquele que teme o Senhor possui uma
fortaleza segura, refúgio para os seus filhos” (Provérbios 14,26). De onde Noé
conseguiu reunir forças para construir um gigantesco cargueiro numa região seca
e em meio à zombaria do mundo? Encontramos a explicação no Novo Testamento, em
Hebreus 11,7. Ele construiu sua arca “pela fé” e “movido por santo temor”.
Desse modo ele salvou a sua família e, ao mesmo tempo, a humanidade. A
abençoada consequência para Noé foi que ele recebeu graça, e o melhor: Deus
firmou uma aliança com ele, Deus o transformou em parceiro na aliança! O que
proporciona a força de viver para uma pessoa? Uma aliança com Deus, um firme
relacionamento com Jesus Cristo. Ele nos concede a força para termos autoridade
sobre as situações em nossa vida. “Não inveje os pecadores em seu coração;
melhor será que tema sempre o Senhor. Se agir assim, certamente haverá bom
futuro para você, e a sua esperança não falhará” (Provérbios 23,17-18). A
atmosfera das primeiras igrejas cristãs estava impregnada pela vida no temor ao
Senhor. A bênção resultante foi paz, força e crescimento. “A igreja passava por
um período de paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela se edificava e,
encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número, vivendo no temor do Senhor” (Atos
9,31). Acrescento mais uma passagem de Provérbios: “A recompensa da humildade e
do temor do Senhor são a riqueza, a honra e a vida” (22,4). O temor a Deus está
diretamente ligado à bênção. A vida espiritual sem temor a Deus leva à
indiferença. Crescimento, fé e santificação somente prosperam em uma atmosfera
de temor de Deus. O apóstolo Paulo escreveu: “Amados, visto que temos essas
promessas, purifiquemo-nos (...) aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2
Coríntios 7,1). Para viver em humildade, com temor a Deus, é necessário ter
disposição. Somente deste modo é possível permanecermos no processo de
transformação. Assim conseguimos ingressar na riqueza de Deus. A vida de um
cristão não se resume apenas a sorrisos piedosos e atitudes adequadas. Trata-se
de honrar a Deus! Para tanto, é necessário ter uma vida no temor ao Senhor e
desviar-se do mal. Desta maneira permanecemos no caminho com Deus. Não para
nossa salvação, porém em gratidão pela nossa salvação. Quem não conhece o poder
de Deus, por não saber o que é o verdadeiro temor a Deus, poderá ser ajudado
através de uma oração sincera: “se clamar por entendimento e por discernimento
gritar bem alto; se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la
como quem busca um tesouro escondido, então você entenderá o que é temer o
Senhor e achará o conhecimento de Deus” (Provérbios 2,3-5). O Céu e a Terra se
unem no coração da pessoa que teme a Deus. Deus utiliza pessoas individualmente
para construir o Seu reino. Um exemplo: as parteiras Sifrá e Puá. Elas não
obedeceram às ordens governamentais de matar todos os meninos recém-nascidos.
De onde elas tiraram forças para abandonarem a sua costumeira segurança? Elas
tinham – de acordo com Êxodo 1,17 – temor a Deus, por isso não obedeceram ao
rei do Egito e deixaram os meninos com vida. O temor a Deus é sabedoria.
Sabedoria de Deus significa desviar-se do mal (ver Jó 28,28). Isto significa
que é importante, também no futuro, defender alguma posição impopular e não
acompanhar algumas coisas que não devem ser feitas, pois “o temor do Senhor é
fonte de vida, e afasta das armadilhas da morte”. “Sifrá” significa beleza e
“Puá” significa brilho. Essas duas mulheres trouxeram luz para um mundo
escurecido porque tinham temor a Deus. Os cristãos também têm essa tarefa – ser
luz para o mundo e fazer resplandecer o brilho de Deus na escuridão da morte. —
Rolf Höneisen. www.chamada.com.br.
Abraço. Davi
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