terça-feira, 10 de abril de 2018

A CAMINHO


Marabharata. Recontado por Khrisna Dharma. Capítulo Cinco. A CAMINHO - FAZENDO, REPENTINAMENTE, CARIDADES em grandes quantidades, os Kauravas ganharam os favores do povo. Também prepararam várias cerimônias de concessão de reconhecimento e títulos de honra a vários líderes cidadãos. Gradualmente, popularidade deles cresceu. Quando se aproximava a data do festival de Varanavata, Dritarastra fez com que alguns de seus ministros elogiassem a cidade na presença dos pândavas. Obedecendo ao rei, eles mencionaram a beleza do lugar, o clima ameno e o maravilhoso festival que logo seria celebrado. Os jovens pândavas se sentiram atraídos. Vendo que assim reagiam, Dritarastra lhes disse: Tenho ouvido muitos comentários fabulosos sobre Varanavata e suas inúmeras atrações. Normalmente, nós enviamos uma delegação para nos representar no festival, e pensei que, este ano, vocês cinco gostariam de ir. Serão umas férias muito agradáveis. Iudistira imediatamente entendeu o que estava acontecendo. Já notara como os kauravas estavam tentando obter a simpatia do povo com favores e caridades, e agora compreendia por quê. Para ele, era óbvio que algum plano malicioso estava a caminho, mas o príncipe sabia que não poderia fazer grande coisa, pois ele e seus irmãos não estavam numa posição favorável. O rei era simplesmente uma peça nos esquemas de Duriodhana, mas tinha controle sobre o tesouro, o exército e os ministros. Assim, seria inútil e talvez até perigoso confrontá-lo. Escondendo os sentimentos, Iudistira respondeu: Então que assim seja. Acho que vamos nos divertir em Varanavata. Duriodhana extasiou-se quando soube que os pandavas tinham concordado em partir e falou secretamente com um confidente próximo, chamado Purochana, instruindo-o a que fosse para Varanavata logo. Construa uma casa de materiais altamente inflamáveis, mas que pareça perfeitamente norma. Instale os pandavas lá e, quando estiverem bem estabelecidos e abrirem a guarda (...). Duriodhana fez um sinal que indicava fogo. Purochana sorriu e entendeu, ao que Duriodhana complementou: Este mundo e toda a sua riqueza estão sob o meu comando. Você não vai sentir falta de nada. Agora vá e cumpra minhas ordens. Dependo totalmente de você. Purochana juntou alguns artesãos de confiança e logo seguiu para Vara navata. Poucos dias mais tarde, os pandavas se preparavam para partir também. Despediram-se dos anciãos e dos cidadãos tristes, que não queriam que eles viajassem. Apesar dos recentes feitos de caridade dos Kauravas, os gentis pandavas ainda eram os que o povo amava mais profundamente. Muitas pessoas suspeitavam de algum atentado da parte dos kauravas. Enquanto os pandavas subiam em seus carros para partir. Duriodhana ficou ao lado dos irmãos, acenando adeus. Ó filhos de Pandu, que os deuses possam abençoá-los no seu caminho. Que nenhum perigo se aproxime de vocês. E os pandavas, junto com a mãe, saíram da cidade, acompanhados por uma grande multidão. Os cidadãos imploravam aos irmãos que ficassem em Hastinapura, censurando Dritarastra por enviá-los naquela viagem. Mas Iudistira parou o carro, logo depois dos portões da cidade, e se dirigiu ao povo com estas palavras: Caros amigos, Dritarastra é o rei. É nosso pai, preceptor e superior. Temos que obedecer às suas ordens sem questionar. Essa é a lei eterna dada por Deus. Voltem agora para suas casas. Quando chegar a hora, vocês poderão nos oferecer seu apoio. O povo regressou à cidade, hesitante, mas Vidura se aproximou para falar com Iudistira. E lhe falou numa linguagem que só mesmo os dois poderiam compreender. Por meio de seus espiões, o ministro chegara a saber do plano de Duriodhana. Entretanto, da mesma forma que Iudistira, não achava sábio se opor abertamente ao rei. Pegando o braço de Iudistira, sussurrando, disse: O fogo não pode atingir aquele que se esconde num buraco ou no meio da floresta. Mesmo oprimido por inimigos, aquele que domina seus próprios sentidos nunca será vencido. Na verdade, chegará a governar o mundo. Iudistira assentiu, demonstrando que entendera. O ministro kuru, então, abençoou os irmãos e se despediu deles e de Kunti. Quando já estavam a alguma distância da cidade, Iudistira contou à mãe e aos irmãos o que Vidrua lhe tinha dito: Ele confirmou minhas suspeitas. É claro que Duriodhana maquinou um plano para nos matar de alguma forma, aparentemente pelo fogo. Nossos tio nos deu uma pista, por meio da qual poderemos escapar. Apreensivos, eles seguiram para Varanavata e lá chegaram no começo da noite. Um grande número de cidadãos saiu às ruas para saudá-los, felizes por conhecerem os famosos filhos de Pandu. A chegada foi uma festa, com milhares de pessoas dirigindo carros de todos os  tipos, sacudindo bandeiras e tocando música. Os anciãos da cidade  saudaram os irmãos e os levaram ao centro da cidade, onde conheceram Purochana. Este lhes disse que, sob as ordens do rei, estava construindo uma mansão especialmente para a estadia do rei, estava construindo uma mansão especialmente para a estadia deles na cidade. Os irmãos trocaram olhares significativos, mas não disseram. Em duas semanas a mansão ficou pronta, e Purochana lhes apresentou o grande prédio com um sorriso. Tudo foi feito para o conforto de vocês, ó príncipe. Não sentirão falta de nada, e eu mesmo morarei aqui para servi-los melhor. Quando Purochana saiu, Iudistira chegou perto de uma parede e bateu levemente. Esta casa foi totalmente construída com materiais altamente inflamáveis, disse ele aos irmãos. Vocês não sentem o cheiro de òleo e laca? Sem dúvida, o pecador Purochana pretende nos matar pelo fogo. Ele é apenas um instrumento de Duridhana. O grande sábio Vidura nos advertiu adequadamente desse perigo. Bima roncou de raiva. Então vamos logo sair daqui. Já estou farto de Duriodhana! Temos que dar um jeito nele. Iudistira balançou a cabeça. Não, ainda não está na hora. O que podemos cinco fazer contra o estado de Hastinapura, agora efetivamente sob o controle de Duriodhana por intermédio do pai de vontade frágil? iudistira também  rejeitou a sugestão de que deveriam fugir de Varanavata. Se fugirmos, Duriodhana saberá que descobrimos seu plano e enviará um monte de espiões para nos procurar e matar de qualquer forma. O melhor que podemos fazer é ficar aqui, por enquanto. Não devemos mostrar tampouco que sabemos de algo e ser especialmente cautelosos com Purochana. Se ele suspeitar que o descobrimos, fará qualquer coisa para nos destruir. Os pandavas, sempre obedientes ao irmão mais velho, concordaram. Recordando-se das palavras de Vidura, Iudistira disse: Precisamos cavar um túnel sob esta casa. Se ela pegar fogo, poderemos nos abrigar e fugir por ele. Então, Iudistira sugeriu que passassem os dias explorando as áreas circunvizinhas e, quando a oportunidade surgisse para fugirem, já conheceriam os arredores. Dois dias depois de se mudarem para a mansão, que Purochana chamou de "Casa Abençoada", um estranho chegou e quis falar com eles. Sou um mineiro experiente. Foi Vidura quem me mandou aqui, dizendo que vocês me dariam um bom trabalho. Falando na mesma linguagem discreta usada por Vidura quando ele avisara Iudistira, o mineiro lembrou-os daquele incidente. Iudistira, de início desconfiado que aquele fosse outro ttuque de Duriodhana, logo afastou a desconfiança e abraçou calorosamente o mineiro. Que bom vê-lo, senhor! Qualquer amigo de Vidrua é nosso amigo também. Iudistira contou-lhe acerca da casa e do plano de Purochana de queimá-los vivos. O mineiro disse que construiria um túnel da mansão até os bosques mais próximos. Acho que posso terminá-lo em um mês. Também acredito que Purochana vai esperar bem mais que um mês antes de atacar. Naturalmente, quer se assegurar de que vocês  fiquem completamente à vontade. Iudistira concordou, e o mineiro logo começou seu trabalho, cavando num local escondido dentro da casa. Os dias e as semanas iam e vinham, e os pandavas passavam a maior parte do tempo passeando e familiarizando-se com os bosques que cercavam a mansão. Marcaram uma estrada que saia da cidade com pedaços de pano branco, que seriam visíveis à noite. Mais de um mês se passou. Os irmãos e sua mãe pareciam estar claros e à vontade, mas estavam sempre em alerta, esperando a próxima jogada de Purochana. Um deles sempre ficava acordado à noite, atento a quaisquer sons incomuns, e as armas estava sempre  à mão. Percebendo que Purochana não suspeitava de nada e confiava que eles estavam à vontade, Iudistira disse aos irmãos, uma noite: Acho que deveríamos agir agora, antes que Purochana tenha oportunidade. Vamos nós mesmos atear fogo a esta casa, queimando aquele homem falso com ela. O túnel está pronto e já podemos escapar por ele, para que as pessoas pensem que morremos queimados. Iudistira sabia que a notícia de suas supostas mortes logo chegaria a Hastinapura. Assim, eles poderiam viajar por todo o país sem medo de ser perseguidos. Se permanecessem incógnitos, podeiam sair de Varanavata e pensar no próximo passo a ser dado. No dia seguinte, o festival foi celebrado. Kunti preparou grande quantidade de comida para distribuir aos pobres e carentes da cidade. E a Providência Divina fez com que uma mulher e seus cinco filhos chegassem à mansão. Eles comeram quanto quiseram e beram uma grande quantidade de vinho. Logo ficaram bêbados e caíram, adormecidos. Incapaz de despertá-los, os criados os deixaram onde estavam. Quando todos já tinham saído da mansão naquela noite, os pandavas se recolheram. Purochana também fora dormir no lugar de sempre, num quarto perto da porta da saída. Lá fora, caía uma tempestade, e em seus aposentos os pandavas esperavam silenciosamente que Purochana adormecesse profundamente. Então, um a um, eles entraram no túnel, colocando Kunti no meio. Bima esperou até que todos estivessem no túnel; então, pegando uma tocha, ateou fogo à casa, começando pela porta. Depois, correu para o túnel, e dentro de poucos instantes a mansão estava em chamas. Purochana não teve oportunidade de escapar, pois a casa rapidamente se tornou um inferno. Uma multidão de cidadãos, despertos no meio da noite pelos ruídos da conflagração, saiu às ruas. Quando viram a casa dos pandavas cercada de labareda, choraram e gritaram de tristeza. Depois que as chamas diminuíram, eles jogaram água no chão fumegante e entraram nas ruínas. E encontraram os corpos queimados da mulher da tribo e de seus cinco filhos. Acreditando que fossem os restos mortais de Kunti e dos pandavas, lamentaram-se por longo tempo, gritando: Ah, esta é com certeza mais uma maldade do perverso Duriodhana! Sempre invejoso dos primos generosos, ele não hesitou em destruí-los! Com certeza seu pai cego também é cúmplice desse crime; senão, como é que isso poderia ter acontecido? Os cidadãos reconheceram os materiais inflamáveis com que a casa tinha sido construída. Ajudando-os na busca no meio das cinzas, o mineiro se assegurou cuidadosamente de que o túnel não fosse encontrado. E mensageiros foram, então, enviados a Hastinapura para informar os kurus da tragédia. Capítulo Seis. A PRINCESA QUE NASCEU DO FOGO - EM HASTINAPURA, OS MENSAGEIROS DE VARANAVATA trouxeram a notícia da suposta morte dos pandavas. Dritarastra soluçava, triste. Genuinamente triste, pois sua aflição originava-se do sentimento de culpa. Ele segurava a cabeça e chorava: Hoje é que o meu querido irmão Pandu, que vivia por meio dos filhos, morrreu. Este é um dia negro para os kurus. O rei instruiu para que se fizesse uma cerimônia fúnebre. Milhares de cidadãos, chorando, entraram nas águas do rio Ganges para ofertar flores às almas que haviam partido. Lamentavam-se terrivelmente, chamando alto os nomes de Kunti e de seus filhos. Bishma se mostrou particularmente aflito, isolando-se em seus aposentos para chorar sozinho. Duriodhana e os irmãos deram ostensivas demonstrações de tristeza, lamuriando-se sem cessar, mas internamente se rejubilavam. Vidura não se mostrou muito triste, mas sabia que não podia revelar a verdade a ninguém, Até mesmo Bisma, que era favorável aos pandavas, certamente contraria ao rei que eles estavam salvos, e haveria muita perturbação e tensão em Hastinapura. Seria melhor aguardar até que o Senhor revelasse um momento mais oportuno. Os pandavas viveram um tempo em Ekachacra. Apresentando-se como brâmanes, ganhavam a vida pedindo esmolas. De dia, percorriam a aldeia coletando esmolas. Voltavam ao anoitecer e Kunti preparava a refeição, dividindo a comida em duas partes - metade para Bima e metade para todos os outros. Enquanto os pandavas viviam em Ekachacra, um brâmane viajante pernoitou na casa deles e lhes contou histórias que ouvira em suas viagens. Souberam, então, que em breve haveria uma cerimônia de swayamvara na capital do rei Drupada, na qual sua filha escolheria um marido. O brâmane descreveu a filha de Drupada, Draupadi: Essa nobre moça é de uma beleza incomparável. E não nasceu como qualquer mulher mortal. Todos os reis do mundo comparecerão ao swayamvara de Draupadi. Fascinados, os pandavas pediram ao brâmane que lhes falasse mais sobre Draupadi. Esta história começa, na verdade, com o nascimento de Drena, o brâmane respondeu, e tem suas raízes ou relacionamentos entre o grande achária e o poderoso rei Drupada. O brâmane narrou a história do desentendimento entre Drona e Drupada, que os pandavas conheciam tão bem. Eles se mantiveram em silêncio enquanto o brâmane relatava como eles tinham derrotado Drupada. Depois disso, o rei se foi, espumando de indignação. Ele queria se vingar de Drona. Compreendendo que somente outro brâmane poderoso poderia se igualar a Drona e vencê-lo, entrou na floresta para procurar um. Encontrou dois irmãos brâmanes, chamados Yaja e Upayaja. Quando lhes perguntou se poderiam fazer com que tivesse um filho que vencesse Drona, eles aceitaram fazer um sacrifício para esse fim. Drupada e sua esposa se sentaram no momento do sacrifício, observando enquanto os dois irmãos faziam as oferendas ao grande fogo. Então, ante seus olhos atônitos, um jovem surgiu no fogo. Vestido com armadura de ouro, o guerreiro resplandecente imediatamente subiu no carro e circulou por ali, gritando e brandindo o arco. Uma voz celestial anunciou que ele tinha nascido para destruir Drona, e foi-lhe dado o nome de Dristadiúmna. Logo após, uma moça também surgiu do fogo. Com a pele clara como um lótus azul, era linda como a deusa da fortuna. Seus olhos eram escuros e seus cabelos caiam em cachos negros. Emanava uma fragrância doce, tinha a cintura bem fina, seus lábios eram sensuais e seus membros delicados. Ouviu-se novamente a voz celestial: Esta  beleza divina será a melhor das mulheres. Cumprindo o propósito dos deuses, ela provocará a morte de incontáveis guerreiros. O brâmane também lhes contou que Drona, mesmo sabendo que o rapaz tinha nascido para matá-lo, o aceitara o na sua academia e lhe ensinara a ciência das armas. Quando o brâmane terminou de falar, os pandavas ficaram em silêncio. A mente deles viajava até o passado. Sabendo que seu amado guru Drona seria morto, e também escutando a descrição de Draupadi, celestialmente adorável, ficaram pasmos e sentiram que falar, naquele momento, seria supérfluo. Naquela noite, depois que se retiraram para descansar, Kunti falou aos filhos. Vendo que estavam ansiosos, disse-lhes: Nós já vivemos aqui por um longo tempo. Acho que deveríamos agora partir para o reino de Drupada, Panchala. Iudistira concordou. Tanto ele quanto seus irmãos queriam muito ir ao swayamvara de Draupadi. Mas ele se lembrou do aviso de Viasadeva: O rishi nos pediu que o esperássemos aqui até que ele voltasse. No momento em que pronunciou o nome de Viasadeva, o sábio repentinamente apareceu perto deles. Todos logo o reverenciaram, ajoelhando-se a seus pés, e ele disse: Entendi o desejo de suas mentes e vim aqui vê-los. Vocês certamente devem ir a Panchala para o swayamvara de Draupadi. O sábio também disse que Arjuna deveria participar do concurso para ganhar a mão de Draupadi. A princesa é uma noiva e tanto. Na verdade, ela está destinada a se casar com vocês. Iudistira falou: Ó rishi onisciente, iremos logo para Panchala. Viasadeva então se despediu de Kunti e dos irmãos e, no dia seguinte, eles partiram para a cidade de Drupada, Kampilia, a capital de Panchala. Caminhando pelas estradas dia e noite, iam na direção norte. Depois de três dias de viagem, chegaram ao rio Ganges. Já era noite, e andavam iluminados pela tocha que Arjuna carregava. Quando se aproximaram do rio, foram repentinamente interpelados por alguém que lhes gritou de dentro da escuridão. Alto lá! vocês não podem seguir adiante. Sou Angaraparna, um chefe gandarva que está se banhando neste rio. É durante a noite que os seres celestiais como nós usam o rio; os homens devem se banhar somente de dia. Se vocês se aproximarem mais, correrão sério perigo. Sou poderoso e não tolerarei qualquer abuso. Arjuna colocou a tocha em várias direções e finalmente viu o gandarva à sua frente, sentado num carro de ouro. Dando um passo à frente, ele riu e falou: Ó tolo, desde quando o rio Ganges pode ser fechado a qualquer pessoa e a qualquer hora? Isso é totalmente contrário aos princípios religiosos. Só mesmo uma pessoa ignorante ou sem nenhum poder acataria seu aviso. Quanto a nós, não damos a mínima para as suas palavras. Angaraparna ficou furiosos. Imediatamente pegou seu arco e atirou inúmeras flechas, que sibilavam como serpentes venenosas. Arjuna não se perturbou: aparou algumas das flechas com o escudo que tinha numa das mãos e outras com a própria tocha. Sempre rindo, falou: Ó gandarva, não tente intimidar aqueles que são os melhores nas armas. Você está desperdiçando seu tempo. Mas, por ser um ente celestial, lutarei contra você com armas celestiais. Prepare-se para receber a Agneyastra, o míssil do deus do fogo! Elevando a tocha, Arjuna recitou alguns mantras para invocar o poder da arma celestial. Então, atirou a tocha contra Angaraparna. Carregada de poder místico, a tocha explodiu contra o carro do gandarva e o reduziu a cinzas. Atônito, este caiu de cabeça no chão. Arjuna o levantou pelos cabelos, que estavam adornados com guirlandas de flores, e o levou aos pés de Iudistira. A esposa de Angaraparna, chocada, correu até Arjuna e lhe pediu,  de mãos postas, que liberasse o marido. Iudistira sorriu para Arjuna e falou: Ó herói, quem mataria um inimigo que é vencido na batalha, indefeso, de quem lhe tiram a honra e ainda por cima protegido por uma mulher? Deixe-o ir. Arjuna libertou Angaraparna: e sua esposa correu até ele e respingou água em seu rosto. O gandarva se levantou e disse a Arjuna, em voz baixa: Daqui por diante renuncio a meu orgulho, uma vez que fui humilhado por um homem. Ainda assim, considero uma sorte ter conhecido heróis como vocês, que comandam armas divinas. Vocês me devolveram a vida, e desejo lhes dar alguma coisa em troca. Angaraparna, então, concedeu a Arjuna o poder de ver qualquer coisa, assim como sua natureza essencial, que existisse no mundo. Também lhe ofereceu o poder de criar ilusões durante uma batalha. Além disso, ainda lhe darei cavalos que podem  galopar na velocidade do pensamento. Por favor, aceite estes presentes, ó homem sem pecados. Arjuna juntou as mãos e respondeu: Não posso aceitar nada em troca de sua vida. Os Vedas ordenam que não se mate uma pessoa perturbada e, além disso, meu irmão me ordenou que o libertasse. Portanto, este era o meu dever. Livro Mahabharata - Versão Comentada da Maior Epopeia do Mundo. Abraço. Davi.

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