Mitologia.
Texto de Thomas Bulfinch (1796-1867). Capítulo Um. INTRODUÇÃO. AS RELIGIÕES DA ANTIGA GRÉCIA E ROMA encontram-se extintas. As chamadas “DIVINDADES DO
OLIMPO” não encontram sequer um único adorador entre os mortais, e já não
pertencem à área da Teologia, mas à literatura e ao bom gosto. E aí
permanecerão, pois se encontram tão profundamente conectadas ao que há de
melhor na poesia e na arte, antiga e moderna, que jamais cairão no
esquecimento. Propomo-nos a contar passagens alusivas a essas divindades, que
chegaram até nós pelos antigos, e às quais se reportam poetas, ensaístas e
oradores modernos. Dessa maneira, nossos leitores poderão desfrutar as mais
encantadoras ficções que a fantasia já criou e, ao mesmo tempo, ter acesso a
informações indispensáveis a todo aquele que gostaria de ler com inteligência a
elegante literatura de seu próprio tempo. Para melhor compreendermos essas
passagens, necessário se faz que nos familiarizemos com a ideia de estrutura do
Universo que prevalecia entre os gregos – o povo de quem os romanos, e outras
nações por meio de Roma, receberam sua ciência e religião. OS GREGOS
acreditavam que a Terra fosse plana e redonda, e que seu país ocupava o centro
da Terra, tendo como ponto central o MONTE OLIMPO, a MORADIA DOS DEUSES, ou DELFOS,
tão famosa por seu oráculo. O disco circular da Terra era atravessado de Leste
a Oeste e dividido em duas partes iguais pelo Mar, como chamavam o Mediterrâneo,
e sua continuação, o Mar Negro, os únicos mares que conheciam. Ao redor da
Terra corria o Rio – Oceano, cujo curso seguia do Sul para o Norte na parte
Ocidental da Terra, e na direção oposta na parte Oriental. Seu curso constante,
de correnteza equilibrada, não era perturbado por chuvas pesadas ou
tempestades. O mar e todos os rios do planeta recebiam dele suas águas. O lado
Setentrional da Terra era supostamente habitado por uma raça feliz, chamada de
hiperbóreos, que viviam numa felicidade eterna e em permanente primavera para
além das montanhas majestosas, de cujas cavernas sopravam os cortantes ventos
do Norte que faziam tremer de frio os habitantes da Hélade – GRÉCIA. Seu país
era inacessível por terra e por mar. Viviam livres de doenças, da velhice, do
trabalho e da guerra. O poeta Moore nos deixou a Canção de um hiperbóreo, que
assim começa: “Venho de uma terra banhada pelo sol, onde jardins dourados
resplandecem, onde repousam bonançosos ventos do norte, Que por lá jamais
sopraram”. Na parte meridional da Terra, próximo da corrente do oceano, vivia
um povo tão feliz e virtuoso quanto os hiperbóreos: os etíopes. Eram tão
favorecidos pelos deuses que estes, às vezes, se dispunham a deixar suas
moradas no OLIMPO para compartilhar seus sacrifícios e banquetes. No lado
ocidental da Terra, às margens do Rio – Oceano, havia um lugar venturoso
conhecido como os Campos Elísios, para onde os mortais privilegiados pelos
deuses eram transportados, sem ter provado o sabor da morte, a fim de
desfrutarem as bem-aventuranças da imortalidade. Essa região feliz era também
conhecida como os Campos Afortunados ou Ilhas Abençoadas. Como vemos, os gregos
das primeiras eras sabiam muito pouco ou quase nada sobre a existência de
outros povos além daqueles que habitavam as regiões a Leste e ao Sul do seu
país, ou perto do litoral do Mediterrâneo. A imaginação deles povoava de
gigantes, monstros e feiticeiros toda a parte Ocidental do mar, enquanto
colocava em volta do eixo terrestre, que certamente consideravam de extensão reduzida,
nações que desfrutavam privilégios especiais dos deuses, que as abençoavam com
prosperidade e longevidade. Supunha-se que a Aurora, o Sol e a Lua nasciam do
lado Oriental do oceano, e que caminhavam pelo ar, iluminando deuses e homens.
Também as Estrelas nasciam e se punham na corrente do oceano, exceto as que
formavam a constelação de Ursa e outras próximas. Ali, o deus-Sol embarcava num
bote alado, o qual o conduzia pela parte setentrional da Terra até nascente, de
onde voltaria a subir. Milton, em Comus, faz alusão a essa crença: “Eis que o
carro dourado do dia. Tem seu suave eixo de ouro. Mergulhado na corrente do
Atlântico. É o Sol se pondo, emitindo seus raios luminosos. Para cima da
escuridão polar. Em direção a outro alvo. Para depois repousar no Oriente”. A
MORADA DOS deuses era o topo do monte Olimpo, na Tessália. Um portal de nuvens,
vigiado pelas deusas chamadas Estações, se abria para dar passagem aos imortais
a caminho da terra e par recebê-los em seu regresso. Os deuses possuíam moradas
separadas. Mas todos compareciam ao PALÁCIO de JÚPITER, quando convocados, onde
também se apresentavam os deuses que costumavam morar na terra, nas águas, ou
debaixo da terra. Era também no grande salão do palácio do REI DO OLIMPO que os
deuses se deliciavam com ambrosia e néctar, sua comida e bebida. O néctar era
servido pela adorável deusa Hebe. Ali tratavam de assuntos relativos ao céu e à
terra. Enquanto bebiam o néctar, entretinham-se ao som dos acordes musicais da
lira de Apolo, deus da música, tendo por acompanhamento a voz afinada das
MUSAS. Quando o Sol se punha, os deuses se retiravam para dormir em suas
respectivas moradas. Os seguintes versos da Odisseia mostram como Homero
concebia o OLIMPO: “Tendo dito isso, MINERVA, a deusa dos olhos celestiais,
Subiu até o OLIMPO, a pretensa eterna MORADA DOS deuses, E lugar jamais
perturbado por chuvas, tempestades ou neves, Onde o céu de um dia claro
resplandece, sem nuvens, Onde os habitantes desfrutam um regozijo eterno”. As
túnicas e outras peças do vestuário das deusas eram tecidas por MINERVA e pelas
três Graças, e tudo que fosse de natureza sólida era feito de metais variados.
VULCANO era arquiteto, ferreiro, armeiro, construtor e carruagens e artista de
todas as obras do OLIMPO. Construía as MORADA DOS deuses com bronze.
Confeccionava para eles sapatos de ouro, com os quais podiam andar sobre as
águas e sobre o ar e mover-se de um lugar para o outro na velocidade do vento
ou até mesmo do pensamento. Também calçou de bronze os corcéis (cavalos) celestiais,
que puxavam as carruagens dos deuses pelo céu ou sobre as águas do mar. Era
capaz de dar movimento próprio a tudo que inventava. Desse modo, as trípodes
(cadeiras e mesas) podiam deslocar-se para dentro e para fora dos salões
celestiais. Chegou a dotar de inteligência as servas de ouro que fez
especialmente para servi-lo. JÚPITER ou Jove (ZEUS), embora chamado de pai dos
deuses e dos homens, teve um princípio. Era filho de SATURNO (CRONO) e REIA
(Ops), que pertenciam à RAÇA DOS TITÂS, filhos da Terra e do Céu, que surgiram
do CAOS, sobre o qual falaremos mais detalhadamente no próximo capítulo. Existe
uma outra cosmogonia, isto é, história da criação, segundo a qual a Terra,
ÉREBO e o AMOR foram os primeiros seres. O AMOR (EROS) nasceu do ovo da Noite,
que flutuava no CAOS. Com sua flecha e sua tocha atingia e animava todas as
coisas, gerando vida e alegria. SATIRMP e REIA não eram os únicos TITÃS.
Existiam outros, cujos nomes eram OCEANO, HIPERION, JÁPETO e OFION, do sexo
masculino. TÊMIS, MNEMÓSINA e EURÍNOME, do sexo feminino. Esses eram os deuses
primitivos, cuja soberania, mais tarde, foi transferida para outros deuses.
SATURNO cedeu lugar a JÚPITER, OCEANO a NETUNO e HIPERION a APOLO. HIPERION era
o pai do Sol, da Lua e da Aurora. É, portanto, o deus-Sol original, e é sempre
descrito com beleza e esplendor, mais tarde atribuído a Apolo. Shakespeare
(1564-1616) diz: “As madeixas encaracoladas de HPERION são, do próprio JOVE, a
fronte”. OFION e EURINOME reinaram no OLIMPO até terem sido destronados por
SATURNO e REIA. John Milton (1608-1674) refere-se a eles no Paraíso Perdido.
Conta ali que os pagãos parecem ter tido algum conhecimento sobe a tentação e a
queda do homem narradas em Gênesis 3,1-24. “E fábulas contavam como a serpente,
a quem chamava OFION, com EURÍNOME (a usurpadora Eva, talvez) Foram os
primeiros a reinarem no elevado OLIMPO, donde foram expulsos por Saturno”. As
descrições atribuídas a Saturno não são muito coerentes. Para alguns, o seu
reinado foi considerado a idade áurea da inocência e da pureza. Porém, para
outros, ele é descrito como um monstro que devorava seus próprios filhos.
JÚPITER, contudo, escapou a esse destino, e quando cresceu casou-se com MÉTIS
(Prudência), a qual preparou uma porção para SATURNO, que o fez vomitar os filhos
que engolira. Júpiter, juntamente com seus irmãos e irmãs, revoltou-se contra
Saturno e seus irmãos, os TITÃS. Os TITÃS foram derrotados. Alguns deles foram
aprisionados no Tártaro e os demais receberam outros tipos de castigo. ATLAS
foi condenado a sustentar o céu em seus ombros. Uma vez Saturno destronado,
Júpiter e seus irmãos, NETUNO (Poseidon) e PLUTÃO (Dis), dividiram entre si os
domínios. Júpiter ficou com o céu; NETUNO, com o oceano; e PLUTÃO, com o reino
dos mortos. A Terra e o OLIMPO eram propriedades comuns. JÚPITER tornou-se rei
dos deuses e dos homens. Sua arma era o trovão, e usava um escudo chamado
égide, feito por VULCANO. A águia era sua ave favorita, e carregava os seus
raios. JUNO (Hera) era a esposa de Júpiter e a rainha dos deuses. ÍRIS, a deusa
do arco-íris, era sua serva e mensageira. O pavão era sua ave predileta.
VULCANO (Hefesto), o artista celeste, era filho de JÚPITER e de JUNO. Nascera
coxo, e sua mãe ficou tão desgostosa ao vê-lo que o atirou para fora do céu.
Outra versão diz que Júpiter dera-lhe um pontapé, por ter tomado partido da mãe
numa briga entre eles. Sendo assim, a deficiência de VULCANO seria consequência
da queda, a qual demorou um dia inteiro, terminando na ilha de Lemnos, que daí
em diante, para ele, passou a ser considerada sagrada. John Milton refere-se a
essa versão no livro I de Paraíso Perdido: “Caiu, desde o amanhecer até o
meio-dia, E do meio-dia até o anoitecer, Um dia de verão; E com o pôr do Sol,
Caiu do zênite, qual estrela cadente, Sobre Lemnos, a ilha egeia”. MARTE
(Ares), o deus da guerra, era também filho de JÚPITER e de Juno. FEBO (Apolo),
o deus dos arqueiros, da profecia e da música, era filho de Júpiter e de
Latona, e irmão de DIANA (Ártemis). Febo era o deus do Sol, assim como Diana,
sua irmã, era a deusa da Lua. VÊNUS (Afrodite), a deusa do amor e da beleza,
era filha de Júpiter e de Dione. Uma outra versão diz que VÊNUS nasceu da
espuma do mar. Zéfiro a fez flutuar sobre as ondas até a ilha de Chipre, onde
foi acolhida e vestida pelas Estações e depois conduzida à assembleia dos
deuses. Todos ficaram encantados com sua beleza, e a pediram em casamento.
JÚPITER concedeu-a a VULCANO, em sinal de gratidão pelo serviço que este
prestara, forjando os raios. Dessa maneira, a mais bela das deusas ficou sendo
a esposa do menos favorecido dos deuses. Vênus possuía um cinturão bordado,
chamado cestus, o qual tinha o poder de inspirar amor. Suas aves favoritas eram
os cisnes e os pombos. As plantas consagradas a ela eram a rosa e o mirto.
CUPIDO (Eros), o deus do amor, era filho de VÊNUS, e seu companheiro constante.
Armado com arco e flechas, atirava as flechas do desejo no coração dos deuses e
dos homens. Havia, também, uma divindade conhecida como ANTEROS, algumas vezes
apresentada como o vingador dos desprezados do amor e, outras vezes, como o
símbolo do amor recíproco. Contava-se a seguinte lenda a seu respeito: Vênus
foi queixar-se a TÊMIS que seu filho Eros continuava sempre criança. TÊMIS
disse a ela que isso ocorria porque Eros se sentia sozinho. Se tivesse um
irmão, cresceria rapidamente. Pouco depois nasceu ANTEROS, e Eros imediatamente
começou a crescer em estatura e força. MINERVA (Palas Atena), a deusa da
sabedoria, nasceu de Júpiter, sem ter tido mãe. Saiu da cabeça dele,
completamente armada. Seu pássaro favorito era a coruja. A planta a ela
dedicada era a oliveira. Lord Byron (1788-1824), em A Peregrinação de Childe
Harold, assim se refere ao nascimento de Minerva: “Podem tiranos somente ser
conquistados por tiranos? E pode a liberdade encontrar algum discípulo, algum
vencedor. Como Colúmbia viu soerguer a armada e imaculada Palas? Ou devem tais
mentes ser nutridas na aridez. Profunda de uma floresta desmatada, em meio ao
brado das cataratas, onde a Natureza sorridente amamenta um infante Washington?
Será que a Terra não possui mais tais sementes em seu seio, Nem a Europa em sua
orla? MERCÚRIO (Hermes) era filho de JÚPITER e de MAIA. Era o deus do comércio,
das lutas e outros exercícios olímpicos, e até mesmo do furto. Enfim, tudo que
demandasse habilidade e destreza. Era o mensageiro de Júpiter, e usava capacete
e calçados alados. Trazia nas mãos um bastão entrelaçado com duas serpentes,
denominado caduceu. Atribuía-se a MERCÚRIO a invenção da lira. Tendo um dia
encontrado uma tartaruga, pegou seu casco, perfurou as extremidades opostas,
passou cordas de linho através desses orifícios, e o instrumento estava
completo. Possuía nove cordas, em homenagem às nove musas. Mercúrio deu a lira
a Apolo, recebendo em troca o caduceu. CERES (Deméter) era filha de SATURNO e
REIA. Teve uma filha chamada PROSÉRPINA (Perséfone), que mais tarde se tornou
esposa de Plutão e rainha do reino dos mortos. CERES era a deusa da
agricultura. BACO (Dionísio), deus do vinho, era filho de Júpiter e de SÊMELE.
Representava não apenas o poder embriagador do vinho, mas também suas
influências benéficas na sociedade, de maneira que era considerado legislador,
promotor da civilização e amante da paz. As MUSAS, deusas da música e da
memória, eram filhas de JÚPITER e MNEMÓSINA (Memória). Eram nove, e a cada uma
delas era destinado um ramo especial da Literatura, da Ciência e das Artes.
CALÍOPE era a musa da poesia épica. CLIO, da história. EUTERPE, da poesia
lírica. MELPÔMENE, da tragédia. TERPSÍCORE, da dança e do canto. ÉRATO, da
poesia amorosa. POLÍMNIA, da poesia sacra. URÂNIA, da astronomia. E TALIA, da
comédia. As três Graças eram as deusas dos banquetes, das danças e todo tipo de
entretenimento e arte. Assim descreve Herbert Spencer (1820-1903) as atividades
das três Graças: “Ao homem, ofertam os dons graciosos. Que enfeitam o corpo e
ornamentam a mente, Para torna-lo belo e sedutor, Para dotá-lo de boas maneiras
e nobreza, De imagem atraente e gestos elegantes. Enfim, da arte da
civilidade”. Também as Moiras eram três: CLOTO, LÁQUESIS e ÁTROPOS. Seu ofício
consistia em tecer o fio do destino humano. Eram armadas com tesouras, com as
quais tinham o poder de cortar esse fio quando bem quisessem. Eram filhas de
TÊMIS (Lei), que se sentara ao lado de JÚPITER, em seu trono, para dar-lhe
conselhos. As ERINIAS, ou FÚRIAS, eram três deusas que puniam secretamente, com
ferroadas, os crimes daqueles que burlavam ou desafiavam a lei. A cabeça delas
era coroada de serpentes. Tinham aspecto terrível e estarrecedor. Chamavam-se
ALECTO, TISIFONE e MEGERA. Eram também conhecidas como as EUMÊNIDES. NÊMESIS
era também deusa da vingança. Representava a ira legítima dos deuses, em
particular para com os soberbos e insolentes. Pã, cuja morada favorita era a
Arcádia, era o deus dos rebanhos e dos pastores. Os sátiros eram divindades dos
bosques e dos campos. Acreditava-se que possuíam o corpo coberto de pelos
consistentes, pequenos chifres na cabeça, e pés semelhantes a pés de cabra.
Momo era o deus do riso, e Plutão, o deus da riqueza. DIVINDADES ROMANAS. As
divindades citadas até agora são gregas, embora também aceitas pelos ROMANOS.
As que seguem são as DIVINDADES peculiares à MITOLOGIA ROMANA. SATURNO era uma
antiga divindade italiana. Já se tentou identifica-lo como o deus grego CRONO,
acreditando-se que, depois de destronado por JÚPITER, teria fugido para a
Itália, onde reinou durante a chamada Idade do ouro. Em memória ao seu reinado
benéfico celebravam-se, anualmente, durante o inverso, as festividades
denominadas saturnais. Nessa ocasião, todos os negócios públicos eram
suspensos, as declarações de guerra e as execuções de criminosos, adiadas, os
amigos trocavam presentes entre si e concediam aos escravos uma espécie de
liberdade momentânea. A eles era oferecida uma festa, na qual sentavam-se à
mesa e eram servidos por seus próprios senhores, a fim de representar a
igualdade entre os homens, pois no reinado de SATURNO todos os bens naturais
pertenciam a todos igualmente. FAUNO, neto de SATURNO, era adorado como deus
dos campos e dos pastores, e também como um deus profético. O plural do seu
nome, faunos, era empregado para denominar as divindades brincalhonas,
semelhantes aos sátiros dos gregos. QUIRINO era deus da guerra. Era
identificado como RÔMULO, o fundador de Roma, o qual foi exaltado depois de sua
morte, sendo levado para um lugar entre os deuses. BELONA era a deusa da
guerra. TERMINUS era o deus das fronteiras. Sua estátua era representada
simplesmente por uma pedra ou poste, fincados no chão para demarcar os limites
territoriais. PALES era a deusa do gado e das pastagens. POMONA era a deusa das
árvores frutíferas. FLORA, a deus das flores. LUCINA, a deusa incumbida dos
nascimentos. VESTA (a Héstia dos gregos) era a divindade que presidia as piras
públicas e particulares. Uma chama sagrada ardia permanentemente em seu templo,
a qual ficava sob a guarda de seis sacerdotisas virgens, as vestais. Como se
acreditava que a segurança da cidade estava diretamente relacionada à
conservação dessa chama, qualquer negligencia das vestais era punida severamente.
Caso a chama se apagasse, deveria ser reacendida pelos raios de Sol. LÍBER era
o nome latino de BACO. MULCIBER, o de VULCANO. JANO era o porteiro do céu. Era
ele o responsável pela abertura do ano, sendo o primeiro mês nomeado em sua
honra. Era a divindade guardiã das pastagens, começos e finais, e por isso
mesmo é geralmente representado com duas caras, pois todas as portas se abrem
para os dois lados. Seus templos em Roma eram numerosos. Em tempos de guerra os
portões do templo principal permaneciam abertos; em tempos de paz, eram
fechados. No entanto, só permaneceram fechados uma vez, entre o reinado de Numa
Pompílio e o de Augusto. Os penates eram os deuses responsáveis pelo bem-estar
e prosperidade das famílias. Seu nome vem de PENUS, a despensa, que a eles era
consagrada. Cada chefe de família era o sacerdote dos penates de sua própria
casa. Os lares eram também deuses domésticos, mas diferiam dos penates por
serem considerados espíritos de mortais divinizados. Os lares de uma família
eram as almas dos antepassados a proteger os descendentes. As palavras lêmure e
larva correspondiam aproximadamente ao que chamamos de fantasma. Os romanos
acreditavam que todo homem tinha o seu GÊNIO e toda mulher a sua JUNO, isto é,
um espírito que lhes dava a vida e que os protegia durante toda a existência.
Nos dias de aniversário, os homens faziam oferendas ao seu GÊNIO e as mulheres,
à sua JUNO. Assim, se refere um poeta moderno a algumas dessas divindades
romanas: “PAMONA ama o pomar. E LIBER ama a vinha. E PALES ama o estábulo,
feito de palha e aquecido pelo calor da respiração do gado. Entre o jovem e a
donzela apaixonada, Sob o luar de marfim de abril, Sob a sombra de um
castanheiro”. Esse trecho está em Macaulay, Profecias de Cápis. O Livro da
Mitologia. Abraço. Davi.
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