Editor do Mosaico. Nesse último dia do ano, quero agradecer a
presença dos leitores que visitaram o Mosaico lendo os textos postados. Enumero os países que estão conectados: Brasil, Rússia, Estados Unidos, França, Irlanda, Espanha, Alemanha, Ucrânia, Portugal e Guiana. Tivemos
um ano difícil no mundo, e tudo indica que essa nuvem escura continuará sua
projeção pelo planeta Terra. Vários problemas causaram preocupação e medo - a
tensão entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos na questão nuclear. Ameaças
do ditador Kim que apresentou teste com míssil intercontinental capaz de
atingir o território americano - Ilhas Virgens. Isso causou fúria e ira no
presidente americano Trump, que deslocou uma frota de navios nucleares para a
costa da península coreana. A decisão unilateral de Trump de não retificar o
Acordo do Clima, já decidido pelos então ex-presidentes Clinton, Bush e Obama
decepcionou a Comunidade Internacional. Os americanos são os maiores
poluidores do Planeta na emissão de gases tóxicos e metais pesados na
atmosfera. Trump também protagoniza uma decisão controversa e sem base jurídica
ou consenso das nações. Seu suposto arbitramento em tornar Jerusalém a capital
política de Israel. Mais de cem países membros da ONU protestaram contra essa deliberação forçada e sem legitimidade. Nosso país o Brasil, dá sinais de recuperação econômica com a inflação em seu menor nível nos
últimos 30 anos, menos de 3% em 2017. Nossa vizinha, a Venezuela fechará esse ano
com 2.700% de inflação; o país atravessa um inferno astral, onde o desabastecimento se generalizou. Entretanto, nossa nação ainda amarga números negativos com 13%
da população ativa desempregada. Isso representa mais de 30 milhões de pessoas
sem receber salário. A informalidade do sub emprego é a saída de milhares de
brasileiros. Nossa política continua esclerosada, velha, corrupta, carcumida e
desesperançosa. O ano eleitoral de 2018 é uma das maiores incógnitas já vista
em nossa história. Não temos líderes capazes de conduzir a nação, e talvez um
nome populista e "salvador da pátria" poderá encarnar o oportunismo desse vácuo
social. A onda dos governos nacionalistas como tendência global chega ao
Brasil. Isso em nosso atual contexto tem muita representatividade. As mudanças
advindas deste modelo - reforma da Previdência, nova relação trabalho e
emprego, maior influência empresarial no Estado, micro empreendedorismo nos
vários setores econômicos, volatilidade nas relações trabalhistas serão
implantadas; mesmo com os protestos das centrais sindicais. Servidores públicos federais poderão fazer opção pelo Tele Trabalho em casa, abrindo postos às empresas que
alocarão os empregados terceirizados. Precisamos de força, coragem, resiliência, tolerância e consideração para com todos. Além de devoção, dever e gratidão para evoluir nossa espiritualidade. Esses atributos nos darão condições de atravessarmos os próximos três anos, que tendem a mesma característica do ano que termina. MEDITAÇÃO CRISTÃ. A Meditação foi praticada nos primórdios
do cristianismo até o século V aproximadamente com o nome de Oração do
Silêncio. Nesse tempo não havia o rígido controle que a igreja posteriormente
usaria para uniformizar os rituais e cerimoniais dando configuração
eclesiástica ao catolicismo. Nos mosteiros e comunidade isoladas de eremitas os
exercícios espirituais continuavam ativos. A meditação tem o propósito de
interagir com o ser humano de maneira (mente, alma e corpo) integral. Na
perspectiva hindu o homem é constituído de duas partes básicas chamadas de Rupa
(forma) e Arupa (não forma). A teosofia chama essa composição de setenária,
pois o aspecto inferior tem os componentes: corpo físico, etérico, astral ou
emocional e mental (concreto e abstrato). Essa parte é representada por um
quadrado. O aspecto superior tem os componentes: Atma, Budhy e Manas. Essa
parte é representada por um triângulo. Não detalharei esses elementos, agora,
pois fugiria da nossa intenção original, mas o primeiro Atma é considerado a
Consciência Cósmica, o originador de todas as mônadas, chispas divinas
incluídas em nossa atual Raça Raiz. Pormenorizarei um pouco o conceito de
Monada, usado pela Teosofia vindo da filosofia de Gottfried Leibniz
(1646-1716). "As Monadas são consideradas Átomos da natureza, isto é, são
elementos simples que compõem todas as coisas. Cada Monada é, no entanto,
distinguível das outras, possuindo qualidades que variam unicamente por
princípio interno, visto que, enquanto substância pura, nenhuma causa exterior
pode influir em seu interior. Não havendo partes em uma monade, ela possui um
detalhe múltiplo, isto é, envolve uma multiplicidade na unidade. Expressando o
universo sobre um determinado ponto de vista ou seja é dotada de percepção. Uma
Monada não pode exercer qualquer efeito sobre a outra, ocorrendo entre elas uma
acomodação, através de Deus, que ao fazer cada uma, teve em conta todas as
outras. Dado que cada monade tem em si a representação do Universo e da relação
entre todas as monades. Um espírito Absoluto, Deus, pode segundo Leibniz, a
partir do que se passa em cada uma, inferir por mero cálculo o que se passa, o
que se passou e o que se passará em todo o Universo". Manas associa
nossa mente abstrata, defluindo-a da concreta, sendo ela ligada ao inferior
cogita das coisas terrenais e mundanas. A mente abstrata eleva nossos
pensamentos à individualização profusa com o divino, bem tipificado na prática
meditativa. Budhy é o envoltório de Atma formador da centelha divina (Monada)
em todos os seres humanos e não humano. Nosso verdadeiro ser é o Eu Superior
localizado na tríade superior e não na quadratura inferior. Mas o indivíduo
acredita ser o Eu Superior. O processo de desenvolvimento do Eu Superior está
ligado a evolução de nossa consciência que expande-se rumo a evolução. Ir além
do que é humano é entrar no reino dos céus. Mateus 25:34 "(...), vinde
benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo". O corpo causal, aquele que está sob o domínio do
carma, é nossa alma que se expressa na unidade de consciência. Aqui pensamos
uma consciência completa e funcionando em sua normalidade, pois os indivíduos
patologicamente afetados por transtornos psíquicos como a esquizofrenia e
psicose terão suas consciência fragmentadas, impedindo um comportamento
neurológico saudável. A alma nomeia o Eu como embaixador enquanto estamos
encarnados, processo que acontece em todos os nossos renascimentos. Acreditamos
estar a unidade de consciência no mental concreto e devemos ultrapassar essa
muralha que nos limite como prisioneiro de nossos pensamentos. Eles nos
distraem forçando-nos a viver apegados aos desejos e submissos a vontade
terrena. A mente superior é a entrada na vida espiritual como vivência que nos
transforma, a gnose que é o conhecimento esotérico da verdade espiritual. “A
gnose combina mística, sincretismo religioso e especulação filosófica que
diversas comunidades do primeiro século da era cristã, consideradas heréticas
pela igreja, acreditavam ser essencial à salvação da alma”. A função da mente concreta
é olhar para fora do mundo diferenciando os objetos. Isso acaba produzindo a
separatividade alheia ao conhecimento do todo e discernimento das partes,
levando-nos a ignorância e induzindo-nos ao erro. Desse modo tratamos os outros
como outros e não nosso irmão. Deus é cognoscível, que se conhece, e
incompreensível ao mesmo tempo, um paradoxo que não conseguimos explicar
logicamente. Deus não se concebe com a mente concreta, o cogito erga sun, penso
logo existo de René Descartes (1596-1650), ainda é insuficiente à compreensão
do Logos Divino. A mente abstrata que acessa Manas através duma ponte ou fio
dourado chamado Antakarana, saindo de nossa terrena personalidade e entrando em
nossa superior individualidade conhece os mundos espirituais invisíveis. João
14:6 "Disse-lhes Jesus: Eu Sou o caminho a verdade, e a vida. ninguém vem
ao Pai senão por mim". A bíblia deve ser interpretada na linguagem
alegórica. Eu Sou, representa o divino em cada um de nós manifestado no
caminho, verdade e vida. Conhecemos a verdade pela vida que é Atma, o Espírito
Puro. A mente esclarecida, colocada na parte superior de nosso ser, como diz
Romanos 8:6 " (...) a mente posto no espírito é vida e paz". Assim
percebemos como todas as coisas convergem para o centro do Universo. Meditação
tem haver com o esvaziar da mente de todo o pensamento. As rotas e pegadas que
devemos seguir dos grandes seres que atingiram essa meta da comunhão mística
meditativa com o Divino. A meditação é um exercício ou prática que deve ser
periódica onde nos acalmamos, não nos preocupamos e tentamos ouvir nossa
respiração e as batidas de nosso coração. Quando a pessoa corre, o cérebro
entra no sistema de hiperatividade para oxigenar os pulmões. A meditação,
comparativamente, realizada conforme as instruções corretas dispara um
mecanismo de aproximação e vivência espiritual que produz paz e felicidade. A
meditação cristã foi ensinada por Jesus no sermão da montanha. Mateus 6:6
"Mas tu quando orares, entra no teu aposento, quarto, e fechando a tua
porta, ora a teu Pai que está em secreto. E teu Pai que vê em secreto, te
recompensará publicamente". Pesquisas antropológicas culturais mostram que
nos tempos de Jesus as casas na palestina eram modestas e de apenas um cômodo.
Orar ao Pai em secreto num aposento denota a câmara interna do nosso coração. O
Pai que vê em segredo te recompensará; esse galardão é a próprio presença
divina. Aqui fazemos um paralelo com o que diz o Bhagavad Gita "fazer a
ação renunciando aos seus frutos". Algo que como cristãos ainda precisamos
aprender a fazer. A oração do silêncio está incluída na bíblia, mas como seus
argumentos são sintéticos precisamos expandir e entender a sua implicação. A vida típica de um judeu abrangia dentre outros elementos a família,
honra e riquezas. Aqueles buscadores do divino e compromissados em encontrar a
paz, serenidade e quietude iam para o deserto em busca de "solidão".
Eles são chamados pela literatura cristã (Coleção Filocalia) de padres do
deserto. Temos nesse fato uma lição de vida, não basta mudar de lugar para nos
santificarmos devemos dar novo direcionamento à nossa alma. Não adianta fugir para
caverna pois leva-se os problemas dentro dela. O apóstolo Paulo diz em I
Tessalonicenses 5:17 "Orai sem cessar". Isso não é no sentido
literal, mas uma prontidão para termos constantemente atenção para o divino.
Esses padres do deserto buscavam orientação com os Essênios, uma comunidade
espiritual do primeiro século que tinha na gnose a compreensão da sabedoria
divina. Ao olhamos para nós conhecemos a Deus. Essa tradição quando algum
candidato (neófito) se dispunha a entrar na ordem mística, era levado à um poço
d'água pr ver seu rosto. O procedimento continuava quando um dos discípulos
jogava uma pedra dentro do poço impedindo que ele consegue enxergar-se. Após o
discípulo o aquietava falando-lhe que sua mente devia sossegar-se. Os antigos
manuais cristão orientavam que para praticarmos a oração do silêncio (Meditação)
um dos requisitos principais era sentarmos com a coluna reta e enrolarmos a
barba. Aqui uma menção jocosa porque nesse tempo as mulheres não meditavam, mas
hoje todos podemos exercitar essa prática saudável. Infelizmente as comunidades
gnósticas que antes conviviam pacificamente com os cristãos até o século V, com
as mudanças realizadas pelo Concílio de Constantinopla II foram execradas
(abominadas, odiadas) pela igreja, perdendo-se essa salutar prática restrita
apenas ao mosteiro como exercício espiritual de ordens menores mendicantes. O
absurdo da proibição da leitura bíblica nos templos e catedrais nas línguas
nacionais, foi uma das medidas adotadas nesse tempo. apenas franqueada nos
conventos e abadias aos clérigos, cônego e demais eclesiásticos. Além do
problema de falar uma língua e a bíblia escrita em outra, na época a Vulgata,
tradução do hebraico Septuaginta para o latim. Como sabemos com a conversão de
Martinho Lutero (1483-1546) ao cristianismo e a invenção de tipos mecânicos
móveis para impressão por Johannes Gutenberg (1398-1468), a versão da bíblia
cristã espalhou-se nas línguas nacionais da Europa. Uma famosa obra escrita no
século IV por um monge desconhecido da ordem dos Catuchinos chamada A Nuvem do
Não Saber, falava de um Deus envolto numa nuvem, encoberto pela ignorância e
ostentação eclesiástica. São mostrados nos seus 75 capítulo do livro a maneira
de viver uma vida contemplativa e meditativa. Esses conceitos de vida
profunda com Deus, espalharam-se pelos mosteiros influenciando santos e
místicos como Santa Teresa de Ávila (1515-1582) e São João da Cruz (1542-1491).
Duas correntes no catolicismo assumiram essa posição de exercícios espirituais
meditativos os monges Trapistas e os Beneditinos. Os monges trapistas tem
oração na posição centrada. Sentavam-se com a coluna ereta com o propósito de
fazer com que a energia que circula nas costas seja ativada pelos chackas
(centros energéticos no corpo humano). Eles escolhem uma palavra monossilábica
exemplo: luz, paz, amor para que nossa mente seja limpa. Devemos no mantra
invocativo falar a palavra em voz calma só no pensamento. Os monges beneditinos
na invocação mântrica usam uma palavra com quatro sílabas, como exemplo
Mahanata (do grego Vem Senhor!). Esclarecendo essa palavra é traduzida
erradamente por muitos grupos cristãos como Vem Senhor Jesus; no original não
consta o vocábulo Jesus. A repetição do termo escolhido deve ser feita
pausadamente com intervalos periódicos. As duas escolas meditativas sugerem aos
praticante persistência, pontualidade (se possível) e comprometimento com o
exercício espiritual. Atualmente existe a Comunidade Mundial de Meditação Cristã sob a
liderança do monge beneditino Dom Laurence Freemann (1951- ) que faz um
belíssimo trabalho inter-religioso com as tradições orientais de meditação,
incluindo a yoga. É organizado retiro meditativos em vários países ocidentais
com boa assistência e interesse do público cristão, não cristão, leigos e
clérigos. Freemann se encontrou com o Dalai Lama, Tenzin Gyatso (1935- )
em Belfast, Irlanda do Norte, num evento patrocinado pela Comunidade Mundial
Cristã Meditativa recebendo preciosa orientação do Bodhissatwa (encarnação
atual do Budha). A meditação é difícil em níveis, pois estamos voltados para o
mundo exterior; isso produz culpa, crença, trauma, mágoa, ressentimento e baixa
autoestima. Isso nos impede de olhar para dentro, vendo profundo para alcançar
nossa luz interior. Se um cabalista, yogue ou místico consegue adentrar ao
portal da comunhão íntima com o divino, nós também podemos. O mestre Jesus
disse que não somos do mundo em João 17:14,15 "(...) porque não são do
mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tire do mundo, mas sim
que os livre do mal". Algumas sugestões práticas para a vida espiritual. 1.
Compaixão para consigo mesmo, amar o próximo de todo coração. 2. Termos
consciência dos erros do passado, sendo perdoados e responsabilizando-nos de
não comete-los novamente. Mas cientes que isso não significa o cancelamento do
efeito cármico. 3. Ver a face de Cristo em todas as pessoas, sejam elas quem
for. Somos uma expressão divina de luz, amor, paz, alegria. Não temos a
incumbência de mudar o mundo diretamente, mas sim, mudar a nós mesmos. No
hinduísmo temos a meditação Raja Yoga que contem oito estágios para que
alcancemos a iluminação ou Samadhy. Concluo com a proposta de leitura do livro
Relato de Um Peregrino Russo; está disponível na Web (rede mundial de
computadores na internet) em várias línguas. É uma obra fundamental da mística
cristã. O autor é um russo anônimo do século XIX, que narra sua jornada
geográfica e espiritual pelo interior da Rússia, enquanto descobre e pratica a
oração de Jesus. Como auxílio à concentração ele se vale de um rosário cristão
oriental e da leitura da Filocalia (palavra que significa amor e beleza. É um
livro clássico da literatura católica ortodoxa, como uma coletânea de textos de
autores diversos sobre a oração do coração e a oração de Jesus). O peregrino
russo conta a história de um homem que queria aprender a rezar. Ele ouviu certa
vez na bíblia que deveríamos "orar sem cessar". Ele procurou
muitos mestres, e nenhum o satisfez, até que encontrou um monge que lhe ensinou
a oração de Jesus (...). O homem então começou a repetir o nome de Jesus, até
que a oração tomou conta de sua mente e de seu coração. O Peregrino Russo é um
dos grandes clássicos da espiritualidade universal, expondo a convergência de
fundo da oração do peregrino com métodos espirituais análogos em outras
tradições, como o mantra indiano. Abraço. Davi
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