Mitologia hindu. NO DECORRER DOS
SÉCULOS, muitos deuses têm sido identificados com VISHNU nas formas humanas e
animal. Essas figuras não adquiriram o caráter de uma manifestação, mas o de
uma encarnação. Sempre que o mundo esteve em perigo devido às ameaças das
forças do mal em sobrepujarem os deuses, VISHNU desceu do céu e encarnou-se na
Terra. São dez as principais encarnações (avatares) que aconteceram e que ainda
acontecerão em períodos sucessivos.
MATSYA, homem-peixe, é a
primeira encarnação. MATSYA tem quatro braços e, como atributos, a roda, a
buzina, o bordão e a flor de lótus, assim como todos os outros Avatares. MANU, o
ancestral do gênero humano, recebeu de um peixe a missão de construir um barco,
pois um dilúvio deveria inundar a terra. Quando isto se deu, a arca foi puxada
por um grande peixe, levando dentro um casal de todas as espécies vivas. O
peixe também salvou os Vedas das mãos do demônio Hayagriva.
KURMA, o homem tartaruga, é a segunda
encarnação. Naqueles tempos, deuse e demônios viviam em constantes lutas e, em dado
momento, os demônios tornaram-se tão fortes que os deuses se viram ameaçados de
perder seus poderes. Foi então que VISHNU aconselhou-os a bater o oceano de
leite até que virasse manteiga, de forma que o amrita (néctar da imortalidade)
ficasse acumulado na tona, proporcionando aos deuses a invencibilidade. A
montanha Mandara foi usada como batedeira mas, antes que ela desaparecesse no
leio do oceano solidificado, VISHNU transformou-se em tartaruga para que com
seu casco pudesse suportar a montanha. VARAHA, a terceira encarnação,
é um homem com cabeça de um javali. Ás vezes, é retratado só como animal.
Segundo um dos mitos do Dilúvio que é, ao mesmo tempo, a história de um novo
ciclo da criação, um demônio raptou a deusa da terra, Prithivi, e escondeu-a
no fundo do oceano. VISHNU assumiu a forma de um javali gigante, mergulhou
no oceano e lutou contra o demônio, derrotando-o. Trouxe a deusa para a
superfície e ajudou-a a recuperar sua capacidade de abrigar todas as criaturas
vivas, criando continentes e esculpindo montanhas.
NARASIMHA, a quarta encarnação, é metade homem
e metade leão. Um porteiro de VISHNU deixou-o enraivecido e, por isso, foi
condenado a viver o resto de sua vida como um demônio. BRAHMA, entretanto,
concedeu-lhe um benefício especial, ou seja, ele não seria ferido por qualquer
arma, homem ou animal, durante o dia ou durante a noite, a céu aberto ou
abrigado. Ele tornou-se tão cheio de si que começou a dificultar as vidas dos
deuses. VISHNU resolveu intervir. Na forma de um homem com cabeça de leão (nem
animal, nem homem), escondeu-se atrás de um dos dois pilares à entrada da
morada do demônio Hiranyakasipu, agarrou-o ao crepúsculo (nem dia, nem noite)
na soleira da casa (nem fora, nem dentro) e malhou-o com suas garras
(desarmado).
VAMANA, a quinta encarnação, é a primeira que
se apresenta com forma humana por inteira, embora tenha sido a de um anão. O
neto de Hiranyakaipu, Bali, apoderou-se dos três mundos e baniu os deuses do
céu. Estes pediram a ajuda de VISHNU que imaginou um plano. Aproximou-se do rei
Bali disfarçado em anão, solicitando ao mesmo que lhe cedesse um terreno,
medindo apenas três de suas passadas, onde ele pudesse meditar. Bali concordou
e, imediatamente, o anão transformou-se no gigante Trivikrama. Uma passada cercou
o céu; a segunda, a Terra, e, quando percebeu que a terceira iria cercar o
interior da Terra, Bali cedeu e pediu auxílio a VISHNU que o empurrou para lá,
tornando-o rei dessas paragens. Vamana é retratado com dois braços, carregando
um guarda-sol e, por vezes, um jarro de água e/ou um livro. Seu cabelo é longo,
geralmente preso no alto da cabeça, e suas vestimentas consistem de uma tanga
ou de uma pele de antílope.
PARASHURAMA, ou seja, RAMA com um
machado, é a sexta encarnação. Dessa vez, VISHNU assume forma humana total. A
história de Parashurama data da época do conflito prolongado existente entre as
duas castas mais altas: a dos sacerdotes ou brâmanes e a dos guerreiros ou
xátrias. O sacerdote Jamadagnya tinha uma vaca que podia satisfazer pedidos. O
rei, que cobiçava o animal a qualquer preço, roubou-o. Como desforra,
Parashurama, o filho do sacerdote, assassinou o rei que, por sua vez, foi
vingado por seu filho, que matou o sacerdote. O episódio resultou em uma
terrível guerra entre Parashurama, o brâmane, e os xátrias a qual, após vinte e
uma batalhas, culminou com a vitória de Parashurama. O jovem sacerdote é
retratado com duas ou quatro mãos. Tem o cabelo preso como um asceta. Em uma
das mãos sempre leva o machado de guerra e nas outras, quando possível, espada,
arco e flechas.
RAMA, também conhecido por RAMACHANDRA, é a
sétima encarnação. Retratado como um jovem rei com dois braços, levando sempre
consigo arco e flechas, está frequentemente acompanhado da esposa, Sita (uma
encarnação de Lakshimi). É o herói da obra épica Ramayana. Ele e Sita são
vistos como símbolos da incorruptibilidade, da honestidade, da lealdade e da
docilidade. Tornaram-se o tema de inúmeras peças, danças e, ultimamente, até de
filmes e histórias em quadrinhos.
KRISHNA, a oitava encarnação de VISHNU, é
considerada como a mais importante, sendo adorada por milhões de pessoas como a
de um deus por legítimo direito. o nome KRISHNA já era encontrado nos
Upanishads (um dos livros sagrados hindus). Mais tarde surgem no Mahabharata
histórias detalhadas sobre o herói KRISHNA. Os Purunas, especialmente o
Bhagavata Puruna, contêm um relato exaustivo da vida de KRISHNA, dividido em
inúmeros contos pitorescos que falam de sua força excepcional. KRISHNA
tornou-se um belo rapaz e, por algum tempo, dedicou-se, alegremente, aos
folguedos com as gopis, meninas que tomavam conta das vacas. Nas noites de
outono ele as encantava com sua flauta maravilhosa e dançava com elas ao luar.
Radha é a mais importante das esposas de KRISHNA. O amor entre eles e a devoção
de Radha, tornaram-se com o tempo uma alegoria para o amor entre o deus KRISHNA
e seus seguidores. KRISHNA e Radha incorpora o princípio tântrico dos dois
aspectos do divino (masculino e feminino) que, juntos formam o Uno. Além das ilustrações
de KRISHNA como criança, o deus é retratado de muitas outra maneiras. Sua pele,
na maioria das vezes, é azul. Geralmente sua perna direita está cruzada diante
da esquerda, com os dedos dos pés tocando o chão. Da mesma forma, há outras
dançando sobre as muitas cabeças da serpente Kaliya após tê-la derrotado. Em
outra, ele monta Garuda. E as duas representações mais conhecidas são as de
KRISHNA com Arjuna, em sua carruagem e a de KRISHNA, jovem tocando flauta.
BUDA, é tido no Hinduísmo como a nona encarnação
de VISHNU, a qual data do período em que o Budismo ganhou uma maior
popularidade, particularmente entre as castas inferiores. Personificado em
BUDA, pregou uma nova doutrina, ensinando que todos os homens poderiam
livrar-se da roda do renascimento através de atitudes interiores corretas e,
desde então, esses conceitos foram se introduzindo no Hinduísmo. BUDA está
sentado em um pedestal de lótus, absorto em profunda meditação. Tem, como
característica, o cabelo curto, crespo, com um birote (penteado que reúne os
cabelos no cocuruto da cabeça) no alto, e os lóbulos das orelhas são longos,
assim se mostram em todas as manifestações de BUDA. Sua vestimenta amarela é
simples e ele não usa qualquer adorno.
KALKI, é a última encarnação, a
qual ainda não aconteceu na Terra. Ao findar-se a presente era de Kali, a
humanidade será envolvida pelas trevas, os valores morais desaparecerão, a
confusão e o caos estarão generalizados. Será, então, a hora de VISHNU voltar
na forma de Kalki, brilhando como um cometa no céu para, com a restauração do
Dharma, a lei da justiça, salvar a raça humana. Uma nova era terá lugar,
prometendo um período de pureza e de paz, e Kalki retornará ao céu.
www.eli-espacoyoga.blogspot.com.br. Abraço. Davi.
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