segunda-feira, 14 de julho de 2014

O Que é a Reencarnação.

(C.035) A reencarna é um mistério para muitos porque há uma certa dificuldade de compreender a permanência que existe através de repetidas encarnações sabendo eles que o corpo nasce e morre e se dissolve mas suas mentes estão tão identificadas com o corpo em suas relações e sua ambientação que são incapazes de se dissociar dele pensando em si mesmos como pessoas como corpos de natureza física e portanto não conseguem ver onde neles pode estar o poder de encarnar através de uma vida e outra. A teosofia apresenta uma visão ampliada ao mostrar que o homem não é o seu corpo porque o corpo está continuamente mudando e que o homem não é sua mente porque ele está constantemente a mudar de opinião mas que existe no homem algo permanente que é a sua identidade através de todos os tipos de personificações não houvendo nenhuma mudança em nossa identidade desde a infância até os dias atuais. O corpo mudou o ambiente mudou mas a identidade permanece a mesma e não vai mudar daqui para a frente apesar de todas as alterações no corpo ou na mente ou nas circunstâncias só aquilo que é imutável em nós é real nada que muda é real só o que é real percebe a mudança não podendo ver a mudança. Só o que é constante percebe a mudança apenas o permanente pode perceber a impermanência por menos que o percebamos há algo em nós que é eterno e imutável sendo esta alguma coisa imutável constante e imortal em nós não está distante de qualquer partícula nem de qualquer ser havendo apenas uma vida no mundo à qual nós pertencemos assim como todos os outros seres nós todos viemos da mesma Fonte Única - e não de muitas fontes e estamos trilhando o mesmo caminho para o mesmo grande objetivo. Os antigos diziam que o Eu Divino está em todos os seres mas não brilha em todos pois aquilo que é real é interior e pode ser reconhecido por qualquer ser humano dentro de si mesmo mas todo ser humano precisa da compreensão de que é capaz de brilhar e manifestar o Deus interior ainda que todos os seres o expressem apenas parcialmente se então a Fonte é a mesma em todos os seres – e a fonte é o Espírito Único -  por que há tantas formas tantas personalidades tantas individualizações? A teosofia mostra que tudo isso são desenvolvimentos e  nos movemos, vivemos e temos nosso ser neste grande Oceano da Vida que é ao mesmo tempo Consciência e Espírito entretanto  esse oceano é separável em suas gotas constituintes sendo essa separação realizada por meio do grande processo da evolução mesmo nos reinos abaixo de nós que são da mesma Fonte a tendência a se separar em gotas de consciência individualizada acontece em grau cada vez maior. No reino animal as espécies que estão mais próximas de nós se aproximam da autoconsciência mas nós como seres humanos já chegamos a esse estágio no qual cada um é uma gota constituinte do grande oceano da Consciência assim como acontece com um oceano de água em que cada gota contém todos os elementos do grande todo assim também cada gota constituinte da humanidade - um ser humano - contém em si  todos os elementos do grande universo o mesmo poder existe em todos nós no entanto desde onde nós estamos na escada da existência podemos ver muitos seres abaixo de nós e outros seres maiores acima de nós. A humanidade está agora construindo a ponte de pensamento uma ponte de idéias que conecta o inferior ao superior contudo o propósito da encarnação ou da nossa descida à matéria não é apenas obter mais conhecimento da matéria mas também ajudar os reinos inferiores para que subam até onde estamos sendo nós como deuses para os reinos inferiores então é o nosso impulso que traz a eles felicidade ou sofrimento também é a nossa visão errada do propósito da vida que faz da Natureza algo tão duro  que provoca toda a angústia e as catástrofes que nos afligem em ciclones, tornados [1] , doenças e pestilências de todo tipo assim tudo isso é criado por nós próprios e por quê? Porque há uma sublimação dos reinos  mineral, vegetal e animal em nossos corpos e esses reinos têm vida em si mesmos onde cada célula do nosso corpo tem o seu nascimento, sua juventude, maturidade, decadência, e sua morte e a sua reencarnação nessa conceituação estamos impulsionando cada uma dessas vidas conforme o pensamento a vontade ou sentimento que temos no sentido de ajudar ou de prejudicar os outros assim essas vidas saem de nós para o bem ou para o mal e voltam para seus reinos como boas ou más portanto devido à nossa falta de compreensão da nossa própria e verdadeira natureza e sem ter uma compreensão da fraternidade universal estamos desempenhando mal nossos deveres neste plano e ajudamos imperfeitamente  a evolução dos reinos inferiores.Nós só percebemos a nossa responsabilidade para com eles quando  vemos que todo ser está no seu caminho para cima que tudo o que vive acima do homem foi humano algum dia que todos os seres abaixo do homem serão em um momento futuro elevados ao nível da humanidade quando nós tivermos ido mais além que  todas as formas todos os seres e todas as individualizações são apenas aspectos do Espírito Único então do ponto de vista de que  este Espírito Único e imutável está em tudo - e de que ele é a causa de todo desenvolvimento evolutivo a causa de todas as encarnações - onde está podemos perguntar o nosso poder de carregar de uma vida para outra aquilo que vemos e que sabemos?  Como é preservada a continuidade do conhecimento adquirido através da observação e da experiência?  De que modo a individualidade é mantida como tal? Devemos lembrar-nos de que éramos seres auto-conscientes quando este planeta começou alguns até mesmo eram auto-conscientes quando esse sistema solar começou porque há uma diferença nos graus de desenvolvimento de diferentes seres humanos. Se o planeta e sistema solar começaram em um estado de substância primordial ou matéria nebulosa como diz a Ciência  então devemos ter tido corpos feitos daquele tipo de substância. Naquela substância mais refinada estavam todas as possibilidades de cada grau de materialidade e por causa disso todas as mudanças de matérias gradualmente mais densas ocorreram dentro do verdadeiro corpo da matéria primordial e toda a experiência está dentro desse corpo ocorrendo nosso nascimento dentro desse corpo onde tudo o que nos ocorre está dentro do corpo - um corpo de uma natureza que não muda ao longo de todo o Manvântara [2] sendo cada corpo de substância mais sutil de natureza interna que é o real recipiente do indivíduo nele o indivíduo  vive se move e tem o seu ser e mesmo a grande glória e delicadeza daquele corpo  não é o homem mas apenas a veste mais elevada da Alma. O  Verdadeiro Homem que somos é o Homem que foi é e que sempre será para quem a hora da morte nunca vai chegar - o Homem  pensador o Homem observador - sempre pensando e agindo continuamente sendo a vida uma só e O Espírito é um só a Consciência também é única sendo esses três  um - uma trindade - e nós somos esta trindade assim todas as alterações de forma e substância são produzidas através do Espírito e da Consciência que se expressam nas várias formas de vida. Nós somos este Espírito Único. Cada um de nós se posiciona na vasta congregação de seres neste grande universo vendo e sabendo aquilo que consegue perceber através dos instrumentos que tem nós somos a Trindade - o Pai, o Filho e o Espírito Santo ou na linguagem teosófica somos Atma, Buddhi e Manas. Atma é o Espírito Único que não pertence a ninguém mas a todos Buddhi é a experiência sublimada de todo o passado e Manas é o poder do pensamento o pensador o homem o homem imortal assim não havendo ser humano sem o Espírito e não havendo ser humano sem a experiência do passado mas a mente é o reino da criação, das idéias e o próprio Espírito apesar de todo o seu poder age de acordo com as idéias que estão na mente. Na obra A Voz do Silêncio [ de Helena Blavatsky]  diz "A mente é como um espelho ela reúne poeira enquanto reflete". A mente necessita da sabedoria da alma para afastar o pó pois aquilo que chamamos de mente é apenas um refletor que apresenta conforme a treinamos diferentes imagens assim o Espírito age para o bem ou para o mal de acordo com as idéias vistas existindo o mal no mundo? É o poder do Espírito que o causou e existe o bem no mundo? É o poder do Espírito que o causou porque há apenas um poder contudo a distorção desse poder traz o mal o seu direcionamento correto traz o bem. Devemos abandonar a idéia de que somos seres pobres, fracos e miseráveis que não podem fazer nada por si mesmos enquanto mantivermos essa idéia nunca faremos nada mas temos de adotar a outra idéia - a ideia de que somos Espírito, somos imortais e quando percebermos o que isso significa esse poder irá fluir diretamente em nós e através de nós sem restrições de qualquer tipo salvo aquelas que surgem dos instrumentos que nós mesmos tornamos imperfeitos portanto devemos abandonar a idéia de que somos este corpo físico pobre, miserável, limitado, sobre o qual temos tão pouco controle. Nós não podemos parar as batidas do coração não podemos parar a respiração sem destruir o corpo não podemos interromper a constante dissociação de matéria que acontece nele nem impedir sua dissolução final entretanto algumas pessoas falam de fazer “demonstrações” contra a morte mas seria o mesmo que protestar contra a queda das folhas das árvores quando chegam as rajadas de vento do inverno pois a morte acontecerá sempre e há uma grande vantagem nisso contudo se não conseguíssemos trocar de corpos como haveria qualquer possibilidade de avanço? Será que estamos tão satisfeitos com nossos corpos atuais que não desejamos mudar? Certamente que não pois há apenas uma coisa nesta vida que pode ser preservada permanentemente e esta coisa é a natureza espiritual a grande compaixão divina que podemos traduzir pela palavra “amor”.Nós somos os Eus Superiores reencarnantes que continuarão a renascer até que a grande tarefa à qual nos propusemos esteja concluída sendo essa tarefa  a elevação de toda a humanidade para o estágio mais elevado possível de perfeição numa Terra deste tipo nós encarnamos de tempos em tempos para a preservação do que é correto para a destruição da maldade e o estabelecimento da justiça portanto é para isso que estamos aqui quer saibamos ou não e devemos alcançar um reconhecimento da imortalidade na nossa própria natureza antes de poder libertar-nos da angústia que aflige a humanidade por toda parte nos mantendo em contato e em  sintonia com o grande propósito da natureza que é a evolução da Alma e em função do qual existe todo o universo.[1]  “É a nossa visão errada do propósito da vida que faz da Natureza algo tão duro;  que provoca toda a angústia e as catástrofes que nos afligem em ciclones, tornados...”.   Nesta frase, Robert Crosbie (1849-1919) menciona a relação direta que há entre os pensamentos e as ações da humanidade de um lado e os ciclos geológicos e ecológicos do planeta Terra de outro lado. A humanidade responde de certo modo pela vida mental do planeta.  Cada vez que a vida do planeta decai no plano da mente da humanidade a vida geológica também decai. O  processo é regulado pela Lei dos Ciclos.  Todos os níveis de consciência estão carmicamente interligados e interagem ativamente entre si.  (Nota do editor de www.FilosofiaEsoterica.com .) [2] Manvântara: um período de manifestação do Universo ou de um sistema solar. Cada Manvântara é seguido de um Pralaya ou período de descanso e depois surge outro Manvântara. (Nota do editor de www.FilosofiaEsoterica.com .)O texto acima foi traduzido da obra “The Friendly Philosopher”, de Robert Crosbie,  Theosophy Company, Los Angeles. Primeira edição, 1934, terceira edição, 2008,  416 pp., ver pp. 234 -239. Achei importante e esclarecedor esse texto sobre a Reencarnação um assunto simples mas complexo devido a nossos dogmas acumulados a décadas em nossas crenças assim apenas ouvindo falar sobre o tema nos fechamos e impedimos que a visão filosófica que os antigos cristãos primitivos tinham e compreendiam sem questionamentos pois eram ensinamentos - reencarnação -  exotéricos passados inclusive para as crianças com idades de aprendizagem escolar fazendo parte das doutrinas da Igreja Católica Unificada até o século VI quando no Concílio de Constantinopla II (553) a questão deveria ser revisada dando-se um parecer favorável ou contrário em forma terminativa. O Imperador Romano a época era Justiniano I (482-565) que indiretamente era o chefe da Igreja Cristã Bizantina. O Papa Silvério I (480-557) por simpatizar com a doutrina da reencarnação e não querendo assinar a lei para que ela fosse retirada da ortodoxia clerical oficial foi destituído do cargo e condenado por traição morrendo no exílio deixado sem pão e nem água por inanição. Assim o Imperador para referendar o decreto no Concílio nomeou para Papa Virgílio (537-555) que contrário a imposição do edito por estar sendo feita de maneira política e sem uma avaliação filosófica criteriosa já que a época a maioria dos doutores da Igreja em exegese  aceitavam o ensinamento da reencarnação normalmente dessa maneira Virgílio desobedecendo a ordem do Imperador não compareceu a sessão deliberativa do Concílio que decidiria o veto sobre a doutrina da Reencarnação sendo também deposto acusado de perjuro foi exilado por oito anos e de regresso a Roma morre antes de chegar a cidade então o Colégio de Cardeais sem seu representante máximo decidiram a revelia excluir dos dogmas oficiais da Igreja Católica a doutrina da Reencarnação em 5 de maio de 553 sendo esse mais um triste capítulo da história do Cristianismo que sob ameaças, intrigas e mortes aprovaram uma lei que convinha aos interesses pessoais de alguns Cardeais  e do soberano que representava o Império Romano naqueles dias. É isso amigos leitores. Beijo. Davi.  

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