quarta-feira, 2 de julho de 2014

A Sabedoria Divina da Gnose. Parte III.

(C.029) Pretendo concluir nessa exposição a seguir esse vastíssimo tema da Sabedoria Divina da Gnose que seriam necessário talvez todo um semestre para ficarmos debatendo esse assunto e provavelmente fosse insuficiente esse tempo mas os leitores mais atentos devem ter percebido que trabalhei dentro de uma perspectiva investigativa e de pesquisa pois o tópico exige um especialista em filosofia antiga de preferência com mestrado ou doutorado na área assim minhas limitações acadêmicas devem ter comprometido o desenvolvimento do raciocínio central não alcançando uma concisão e coerências adequados  mas precisava fazer essa tentativa pois é impossível conhecer o Pensamento Teosófico sem uma visão panorâmica da sabedoria antiga advinda dos primeiros pensadores da humanidade que com seus esforços e empenhos buscaram compreender os mistérios da mente humana e os segredos da natureza particularizada na criação divina. Então dando seguimento vamos mais a alguns trechos do livro As Revelações Secretas da Religião Cristã de Annie Besant (1847-1933) que estão na página 26 e 27 posteriormente os comentários. "A mitologia e a Religião Comparada diferem entretanto na maneira de definir a natureza desta origem. A mitologia afirma que a origem comum é uma ignorância comum e que as religiões mais transcendentes são apenas a expressão aperfeiçoada de ingênuas e bárbaras concepções de selvagens - homem primitivos - referentes a sua própria existência e ao mundo que os rodeia. O animismo, o fetichismo, o culto da natureza, o culto do sol tal é a vaga de onde emerge o lírio esplêndido das religiões". Nesse trecho precisamos entender o raciocínio de Besant pois em sua época final do século XIX termos como bárbaros e selvagens ainda eram usados em alusão a civilização primitivas mas hoje a antropologia abandonou esses vocábulos devido a sua forte carga discriminatória e estereotipada não revelando o cerne do conceito sociológico pois se percebe que esses indivíduos primitivos viviam suas tradições e culturas contextualizadas em seu mundo visível e invisível assim sendo perfeitamente coerente a maneira deles se comportarem ante o misticismo e espiritualidade que praticavam. Veja o que Levi Strauss (1908-2009) diz em seu livro O Pensamento Selvagem parafraseando seria os chamados selvagens não são atrasados - menos evoluídos - selvagens nem primitivos apenas operam com o pensamento mítico - magia - que em termos de operações mentais são comparáveis aos pensamentos científicos diferindo quanto a questões do determinismo causal, global e integral para o primeiro e em níveis distintos não aplicáveis uns aos outros no pensamento científico assim o mito e o rito não são simples lendas fabulosas mas uma organização da realidade a partir da experiência sensível enquanto tal. Para explicar a composição do mito Strauss organiza três características principais: 1º. Função explicativa o presente é explicado por algumas ações passadas cujos efeitos permaneceram no tempo. 2º. Função organizativa o mito organiza as relações sociais de parentesco, de aliança, de troca, de sexo, de identidade, de poder etc, de modo a legitimar e garantir a permanência de um sistema complexo de proibições e permissões e por fim, 3º. Uma função compensatória em que o mito narra uma situação passada que é a negação do presente e que serve tanto para compensar os humanos de alguma perde como para garantir-lhes um erro passado sendo corrigido no presente de modo a oferecer uma visão estabilizada e regularizada da natureza e da vida comunitária. O termo animismo aparenta ter sido desenvolvido inicialmente pelo cientista alemão Georg Ernst Staht (1659-1734) por volta de 1720 para se referir ao conceito de que a vida animal é produzida por uma alma imaterial e o antropólogo inglês Edward B. Taylor (1832-1917) em 1871 na obra A Cultura Primitiva redefiniu esse entendimento significando Animismo como a manifestação religiosa imanente a todos os elementos do cosmo - sol, lua, estrelas - a todos os elementos da natureza - rio, oceano, montanha, floresta, rocha - a todos os seres vivos - animais, fungos, vegetais - e a todos os fenômenos naturais - chuva, vento, dia, noite - sendo um princípio vital e individual chamado Anima o qual apresenta significados variados: 1º. Cosmocêntrica que é energia, 2º. Antropocêntrica que significa espírito e 3º. Teocêntrica que representa a alma. Assim consequentemente todos esses elementos são passíveis de possuírem sentimento, emoção, vontade ou desejo e até mesmo inteligência então os cultos animistas alegam que todas as coisas são vivas e todos as coisas tem consciência ou todas as coisas tem Anima. Na antropologia o conceito de fetichismo descreve os sistemas de crenças de índole geralmente animista que atribuem a determinados objetos  propriedades mágicas ou divinas ou que conferem a esses mesmos objetos representações ou transposições de um ser superior cujas características seriam possuidores. Na perspectiva psicopatológica por analogia foi cunhado a expressão fetichismo erótica para definir a tendência  de um indivíduo ao sentir atração sexual por uma parte especial ou particular do corpo ou por um objeto a ele associado assim o fetichismo se refere a atribuição de significado erótico a roupas e objetos que em si mesmo não carregam tal significado sendo que esses objetos perdem o papel acessório que tem na atividade sexual para se converter em ponto focal dela. O Xintoismo - Culto a Natureza - incorpora práticas espirituais derivadas de diversas tradições pré-históricas japonesas, locais e regionais, porém não surgiu como instituição religiosa formalmente centralizada até a chegada do Budismo, Confucionismo e Daodísmo no pais a partir do século VI. O Budismo gradualmente se adaptou no Japão à espiritualidade nativa como por exemplo na inclusão do Kami componente da crença xintoista entre os bodisarvas. As práticas xintoistas foram registradas e codificadas pela primeira vez nos registros escritos históricos do Kojiki - livro mais antigo sobre a história do Japão - e Nihon Dhoki - cronicas Japonesas mais antigas - nos séculos VII e VIII ainda assim esses primeiros escritos japoneses não se referem a uma religião xintoista unificada mas a práticas associadas com as colheitas e outros eventos dos clãs relacionados às estações do ano aliadas a uma cosmogonia e mitologia unicamente japonesas que combinam tradições e espiritualidades dos clãs ascendentes do Japão arcaico principalmente das culturas Yamato (300-710) e Izumo. O Xintoismo caracteriza-se pelo culto à natureza aos ancestrais e pelo seu politeismo com uma forte ênfase na pureza espiritual e que tem como uma de suas práticas honrar a existência de Kami que pode ser definido como espírito, essência ou divindade e é associado com múltiplos formatos compreendidos pelos fieis em alguns casos apresentam uma forma humana em outros animísticas e em outros é associado com forças mais abstratas naturais do mundo - montanhas, rios, relâmpagos, vento, ondas, árvores, rochas - considerado como consistindo de energias e elementos sagrados o Kami e as pessoas não são separadas mas existem num mesmo mundo e partilham de sua complexidade inter relacionada. O Xintoismo moderno apresenta uma autoridade teológica central porém não tem uma teocracia única consistindo atualmente de uma associação inclusiva de santuários locais, regionais e nacionais de variadas significâncias em importância e história que exprimem suas diversas crenças através de práticas e idiomas semelhantes adotando um estilo semelhante no vestuário arquitetura e ritual que data dos períodos Nara - da história do Japão que cobre os anos 710 a 794 - e o período Heian - sendo a última divisão da história clássica do Japão indo dos anos 794 a 1185. "O culto do sol e as formas puras do culto da natureza foram para sua época religiões elevadas extremamente alegóricas  mas sempre apresentando verdades e conhecimentos profundos". No panteão egípcio existem várias divindades que se manifestam sob a forma de falcão. Hórus dono de uma personalidade complexa e intrincada foi a mais célebre de todas elas mas que era este deus em cujas asas se reinventava o poder criador dos faraós? Antes  de mais nada Hórus representa um deus celeste cuja identidade é produto de uma longa evolução no decorrer da qual Hórus assimila as personalidades de múltiplas divindades sendo ele um Deus celeste e uma manifestação do poder do Sol. Era portanto um deus solar que pairava sobre o horizonte assim o deus ficou conhecido desde a primeira dinastia como Horakhti - Hórus do Horizonte - ou da - Terra do Nascimento do Sol - Senhor das duas terras sob cujas asas está o circuito do céu o falcão que irradia luz dos seus olhos sendo exatamente com essas palavras que no tempo dos Ptolomeus descrevia-se Hórus o deus dos espaços aéreos identificados com o faraó .Hórus era o protetor da monarquia sendo a encarnação do faraó. Durante o Antigo Império (2575 AC 2134) o deus Sol era adorado como pai legítimo do faraó reinante criador e todas as leis e entidade de quem emanava toda a autoridade visível. O deus Sol governava nos céus como um soberano divino contrapartida celestial do faraó. Hórus representado pelo falcão era o deus do céu um símbolo da realeza divina e o protetor do faraó reinante sendo um deus vinculado à realeza e que protegia os faraós cujo centro de culto era Hieracômpolis . Desde o Antigo Império o faraó era a manifestação de Hórus na terra ainda que ao morrer transformava-se em Osíris. Durante o Novo Império Hórus foi associado ao deus Sol Rá como Rá Horakty fazendo parte da Grande Enéada e da tríade Osiríaca: Osíris, Ísis e Hórus. Porém conforme foi dito anteriormente Hórus  foi imortalizado  através de diversas representações surgindo por vezes sob a forma solar enquanto filho de Atum Ré ou Geb e Nut ou apresentado pela lenda osírica como fruto do amor entre Osíris e Ísis abraçando assim diversas correntes mitológicas que se fundem e completam em sua identidade. "Essa Sabedoria Divina é chamada  a Gnose a Teosofia e muitos espíritos em diferentes épocas da história do mundo no desejo de melhor proclamar sua crença na unidade das religiões preferiram o nome eclético de Teósofos a qualquer outra designação de sentido mais restrito". Gnose aqui significa literalmente conhecimento em grego indica um tipo especial de percepção cognitiva que corresponde mais ou menos ao conceito oriental de iluminação. Aqui Besant usa a palavra num sentido relativamente mais amplo como o conjunto de ensinamentos que conferem tal iluminação. Teosofia cujas raízes significam Sabedoria Divina originariamente é uma palavra do grego tardio que foi reintroduzida no Renascimento aplicada a Cabala e a correntes esotéricas semelhantes. Depois do século XVII o termo normalmente passou a referir-se aos ensinamentos do visionário alemão Jacob Boheme (1575-1624). Em 1875 Helena P. Blavatsky (1831-1891) e H. S. Olcott (1832-1907) decidiram reviver a palavra ainda uma vez mais para denominar a sua nascente organização a Sociedade Teosófica. Conforme indicado anteriormente Besant identifica a Teosofia como a sua escola de religião comparativa sendo a tese central de que há uma tradição primordial que funciona como raiz e dá origem a todas as religiões sendo extremamente antiga  e aparece na antiguidade clássica mas atualmente os estudos acadêmicos modernos de religião comparada porém simplesmente analisam as diferenças e semelhanças entre as religiões mundiais sem necessariamente supor uma origem comum. Amigos leitores fico satisfeito se tiver conseguido passar pelo menos em relance um fleche dos primórdios da Sabedoria Antiga que supondo deu origem a Sabedoria Divina como o caminho do conhecimento para entrarmos na Senda Espiritual e procurando pela pureza, santidade, contemplação, meditação e auto conhecimento a segunda via de acesso à essa Senda Espiritual venhamos a evoluir progressivamente reparando nossos carmas com virtudes humanas elevadas chegando as encarnações sucessivas com o aprendizado necessário para sermos Homens Perfeitos. Abraço. Davi.

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