domingo, 13 de julho de 2014

A Morte. Parte II.

(C.034) Estamos dialogando com o escritor australiano Charles W. Leadbeater (1854-1934) que escreveu o artigo que abordaremos a seguir e recordando na parte I vimos um pouco de sua trajetória histórica e em que contexto social e espiritual participou contribuindo com seu legado produzido por sua experiência ao longo do tempo sendo as mudanças de opinião uma constante em sua vida mas fica claro que sua passagem pela Sociedade Teosófica deixou-lhe marcam profundas que carregou até o fim de seus dias pois a partir dessa experiência direcionou e embasou todos os seus escritos posteriores então comecemos. "Um dos resultados práticos mais importantes de uma profunda compreensão da verdade teosófica é a completa mudança que ela necessariamente provoca em nossa atitude com relação à morte. Não podemos calcular a vasta quantidade de dor verdadeiramente desnecessária de terror e de miséria que a humanidade em conjunto tem sofrido devido simplesmente à sua ignorância e superstição com respeito a este assunto chamado morte. Há entre nós uma quantidade enorme de crenças falsas e tolas a esse respeito que causaram um mal indizível no passado e que estão causando um sofrimento indescritível atualmente sendo sua erradicação um dos maiores benefícios que se poderia oferecer à espécie humana assim esse benefício é imediatamente conferido pelo conhecimento teosófico àqueles que por causa do seu estudo de filosofia em vidas passadas acham-se agora capazes de aceitá-lo. Ele imediatamente retira da morte todo o seu terror e muito da sua dor e nos permite vê-la em sua verdadeira proporção entendendo o seu lugar no esquema da nossa evolução enquanto a morte é considerada o fim da vida como um portal para um país sombrio amedrontador e desconhecido não é sem razão que seja considerada com muito temor senão com inegável terror uma vez que apesar de todo ensinamento religioso em contrário tenha sido essa a visão universalmente adotada no ocidente muitos horrores terríveis surgiram em torno da morte tendo-se tornado assuntos usuais aceitos às cegas por muitas pessoas que deveriam ter melhor compreensão sobre os mesmos assim toda a horrível parafernália lúgubre relativa ao luto não representa mais que um anúncio da ignorância de grande parte das pessoas. O homem que começa a entender o que significa a morte de imediato deixa de lado toda essa falsa aparência por considerá-la infantil pois o ato de chorar a morte de um amigo simplesmente porque envolve para si mesmo a dor de uma aparente separação torna-se logo que reconhecido uma mostra de egoísmo não podendo deixar de sentir a angústia da separação temporária mas pode evitar que a sua própria dor se torne um empecilho para o amigo que morreu. O homem que começa a entender o que significa a morte sabe que não precisa haver temor ou pesar pelo falecimento caso ocorra com ele mesmo ou com aqueles a quem ama já acontecendo com todos eles tantas vezes antes que nada há de incomum nisso mas em vez de representá-lo como uma terrível rainha dos horrores seria mais apropriado e mais sensível simbolizá-lo como um anjo empunhando uma chave dourada para nos admitir nos reinos gloriosos da vida superior. Esse homem compreende de maneira muito definida que a vida é contínua e que a perda do corpo físico nada mais é que deixar de lado uma vestimenta o que de modo algum modifica o homem real que é o usuário da vestimenta vendo que a morte é simplesmente uma promoção de uma vida que é mais de cinquenta por cento física para outra que é totalmente astral e portanto muitíssimo superior. Assim para si mesmo ele com toda a sinceridade lhe dá as boas vindas e quando diz respeito aqueles a quem ama imediatamente reconhece a grande vantagem que é para eles embora não possa deixar de sentir uma certa ponta de lamento egoísta por estar temporariamente separado dele mas ele também sabe que essa separação é só aparente e não real sabendo que os assim chamados mortos estão ainda próximos a ele e que basta livrar-se temporariamente do seu corpo físico durante o sono para estar lado a lado com os mesmos e conversar com eles como fazia antes. O homem que começa a entender o que significa a morte vê de maneira clara que o mundo é uno e que as mesmas leis divinas regem a sua totalidade seja ele visível ou invisível à visão física consequentemente ele não tem qualquer sentimento de nervosismo ou estranheza ao passar de uma parte para a outra e nenhum tipo de incerteza quanto ao que irá encontrar do outro lado do véu assim a totalidade do mundo invisível está tão clara e completamente mapeada para ele pelo trabalho dos investigadores teosóficos que este se torna tão bem conhecido quanto a vida física desse modo ele está preparado para adentrá-lo sem hesitação quando quer que possa ser melhor pra a sua evolução. Para detalhes mais abrangentes dos vários estágios dessa vida mais elevada devemos remeter o leitor aos livros especialmente direcionados a esse assunto aqui basta dizer que as condições pelas quais o homem passa são precisamente aquelas que ele preparou para si mesmo sendo os desejos e pensamentos que ele incentivou dentro de si durante a sua vida terrena tomam forma como entidades vivas definidas pairando à sua volta e reagindo sobre ele até que a energia que ele armazenou dentro delas se esgote. Se tais pensamentos e desejos tiverem sido poderosa e persistentemente maus os acompanhantes assim criados podem ser deveras terríveis mas felizmente tais casos formam uma diminuta minoria entre os habitantes do mundo astral entretanto o pior que o homem comum geralmente provê para si mesmo após a morte é uma existência inútil e insuportavelmente tediosa destituída de todo interesse racional a sequência natural de uma vida desperdiçada em auto indulgência, trivialidades e diz que me diz que aqui na terra. A esse tédio sob certas circunstâncias pode-se juntar um efetivo sofrimento se o homem em sua vida física permitiu que um forte desejo físico se impusesse a ele um exemplo tornando-se escravo de vícios como avareza, sensualidade ou embriaguez ele preparou para si muito sofrimento expiatório após a morte pois ao perder o corpo físico ele de modo algum perde seus desejos e paixões permanecendo tão vivos quanto antes ou melhor eles se tornam ainda mais ativos quando não têm mais as partículas pesadas da matéria densa para pôr em movimento. O que ele perde é o poder de satisfazer essas paixões de modo que elas permanecem como desejos torturante, atormentadores não satisfeitos e sem possibilidade de satisfação contudo ver-se-á que isso se torna um verdadeiro inferno para o desafortunado embora temporário uma vez que com o passar do tempo tais desejos devam se auto consumir despendendo sua energia no próprio sofrimento que produzem sendo um destino terrível é verdade todavia há dois pontos que temos de reter na mente com relação a esse aspecto primeiro que o homem não apenas se impôs isso mas que ele próprio determinou a sua duração e intensidade permitindo a esse desejo alcançar uma certa força durante a sua vida na terra e agora deve enfrentá-lo e controlá-lo. Se durante a vida física ele fez esforços para reprimir ou resistir a esse desejo terá agora tanto menos dificuldade em sobrepujá-lo criando para si o monstro contra o qual tem de agora lutar qualquer que seja a força que o seu antagonista possua é justamente de fora mas é simplesmente obra sua segundo o sofrimento que ele desse modo se impõe é para si a única maneira de escapar todavia se lhe fosse possível evitá-lo e atravessar a vida astral sem esse desgaste gradual dos desejos inferiores qual seria o resultado? Obviamente ele adentraria sua próxima vida física inteiramente sob o domínio dessas paixões seria um alcoólatra nato, um sensualista, um avarento e muito antes de ser possível ensinar-lhe que deveria tentar controlar tais paixões elas teriam se fortalecido demais para serem controladas mas elas o teriam escravizado corpo, alma e assim uma outra vida seria desperdiçada outra oportunidade seria perdida desse modo entrando num círculo vicioso do qual parece não haver escapatória e sua evolução seria retardada indefinidamente. O esquema divino não é imperfeito assim pois a paixão se exaure durante a vida astral e o homem retorna à existência física sem ela sendo verdade que a fraqueza mental que permitiu dominá-lo ainda está lá verdade também que para essa nova vida astral ele construiu para si um corpo astral capaz de expressar exatamente as mesmas paixões que anteriormente de modo que não seria difícil para ele voltar à sua antiga vida prejudicial mas o Ego Superior ou o Eu Superior sendo a alma individual imortal teve uma lição terrível e certamente fará todo esforço pra evitar que sua manifestação inferior repita aquele mesmo erro de novamente cair sob o domínio daquela paixão possuindo os germes daquela paixão dentro de si mas se fez por merecer bons e sábios genitores estes ajudarão a desenvolver o que de bom há nele e a evitar o mal assim os germes permanecerão sem dar frutos e atrofiarão sendo que na vida seguinte após essa eles não mais aparecerão dessa forma lentamente o homem vence seus defeitos e desenvolve virtudes para substituí-los. (Abro uma exceção nesse momento e parabenizo todos os leitores alemães pela extraordinária conquista do Campeonato Mundial de Futebol Fifa 2014 pela Seleção Alemã aqui no Brasil 13 de julho derrotando a guerreira Seleção da Argentina nos minutos finais do segundo tempo da prorrogação por 1 a zero sendo agora quatro títulos mundiais 1954, 1974, 1990 e 2014 inquestionavelmente foram os melhores com todas as honrarias e méritos parabéns). Por outro lado o homem que é inteligente e prestativo que compreende as condições dessa existência não física e que cuida de se adaptar a elas e fazer delas o melhor descobrindo e descortinando ante ele uma vista esplêndida de oportunidades tanto para a aquisição de conhecimento novo quanto para a execução de trabalho útil descobrindo também que a vida além desse corpo denso possui uma nitidez e brilho diante dos quais todas as alegrias terrestres são como o luar ante a luz do sol e que através do seu conhecimento claro e sua calma confiança o poder da vida eterna brilha sobre todos ao seu redor podendo tornar-se um centro de paz e alegria inexprimível para centenas de seus semelhantes e pode fazer mais bem em poucos anos daquela existência astral do que jamais poderia ter feito na vida física mais longa. Ele está ciente também de que diante dele encontra-se um outro estágio ainda maior dessa maravilhosa vida post mortem assim como por seus desejos e pensamentos inferiores ele construiu para si o ambiente de sua vida astral da mesma maneira construiu com pensamentos elevados e aspirações mais nobres uma vida no mundo celeste pois o céu não é um sonho mas uma das realidade viva e gloriosa não é uma cidade distante além das estrelas com portões de pérolas e ruas de ouro reservada para a habitação de uns poucos favorecidos mas um estado de consciência pelo qual todo homem passará durante o intervalo entre suas vidas na terra não sendo um lugar de moradia eterna verdadeiramente mas uma condição de indescritível felicidade que se estende através de muitos séculos e não só isso pois embora contenha a realidade que permeia todas as melhores e mais espirituais ideias de céu que foram propagada em várias religiões não deve de modo algum ser considerado somente a partir desse ponto de vista. É um reino da natureza que é de extrema importância para nós um mundo vasto e esplêndido de intensa vida no qual estamos vivendo agora como nos períodos entre as encarnações físicas mas nossa falta de desenvolvimento e as limitações que nos são impostas por essa veste de carne que não nos permitem compreender completamente que toda a glória mais elevada do céu está a nossa volta aqui e agora e que as influências que emanam daquele mundo estão sempre agindo sobre nós basta que as entendamos e recebamos assim por mais possível que parecer ao homem comum essa é a mais plena das realidades para o ocultista mas para aqueles que ainda não compreenderam essa verdade fundamental podemos apenas repetir o conselho do instrutor budista "não reclame nem chore nem ore porém abra os olhos e veja que toda luz  está ao seu redor se você simplesmente retirar a venda dos olhos e olhar perceberá que é tão bela, tão maravilhosa, tão além do que qualquer homem possa ter sonhado ou suplicado e está ai para todo o sempre". Quando o corpo astral que é o veículo do pensamento inferior e do desejo gradualmente se desgasta e é deixado para trás o homem vê-se residindo naquele veículo superior de matéria mais refinada a que temos chamado corpo mental sendo esse veículo capaz de responder as vibrações que lhe chegam vindas da matéria correspondente no mundo externo a matéria do plano mental pois acabou o seu tempo de purgatório e a parte inferior de sua natureza exauriu-se permanecendo apenas os pensamentos e as aspirações superiores que ele desenvolveu durante a sua vida na terra. Esses amontoam-se criando uma espécie de concha a sua volta de modo que ele é capaz de responder a certos tipos de vibrações nessa matéria mais refinada onde esses pensamentos que o cercam são os poderes pelos quais ele atrai a riqueza do plano celeste sendo esse plano mental um reflexo da Mente Divina um armazém de extensão infinita do qual a pessoa que está desfrutando do céu é capaz de extrair somente aquilo que está de acordo com o poder de seus próprios pensamentos e aspirações gerados durante as vidas físicas e astral. Todas as religiões falam da bem aventurança do céu todavia poucas colocaram diante de nós com clareza essa ideia pioneira que explica racionalmente como tal felicidade é possível igualmente para todos que é realmente a chave mestra da concepção o fato de que cada homem cria o seu próprio céu pela seleção dos inefáveis esplendores do pensamento do próprio Deus assim um homem decide por si mesmo tanto a extensão quanto o caráter da sua vida celeste pelas causas que gera durante sua vida terrena portanto ele não pode obter senão exatamente aquilo que mereceu e exatamente a qualidade de alegria que melhor condiz com as suas idiossincrasias por conseguinte  um mundo no qual todo ser devido ao fato de sua consciência estar ali deve estar desfrutando a mais elevada bem aventurança espiritual que seja capaz vivendo num mundo cujo poder de resposta à sua aspiração é limitado apenas pela sua capacidade de respirar". Essa foi a exposição de Leadbeater sobre esse tema que sempre nos inquieta quando ponderamos sobre ele mas aqui se percebe a morte como uma extensão da vida sendo um reflexo daquilo que praticamos de virtudes e vícios na encarnação atual. Abraço. Davi. 

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