quarta-feira, 21 de maio de 2014

Filme O Gato do Rabino. Parte I.

Na animação  O Gato do Rabino do diretor Joann Star produzido em 2011 é mostrada a temática das religiões monoteístas que são o Cristianismo, Judaísmo e Islamismo que aferradas a conceitos dogmáticos verossímeis a seus próprios interesses fecham-se nas ortodoxias que praticam. Isso é evidenciado nas crenças defendidas com rigor em nome de seu Deus com a própria vida. A fé na doutrina religiosa  (lei) é mais importante que o adepto seguidor. Na animação o rabino judeu tenta superar a recente perda de sua esposa que convenhamos quando esse relacionamento é baseado no amor, companheirismo e cumplicidade é uma situação dificílima. Como sentiu fortemente esta ausência uma crise existencial de caráter espiritual provocou um ceticismo a ponto de culpar Deus indiretamente por suas orações para restabelecer a esposa não terem sido respondidas naqueles dias de conflitos e tristeza interiores. A figura do gato na animação é justificada, pois os cães na tradição judaica são considerados animais imundos bem como os porcos. Assim esses bichos para os judeus ortodoxos não devem ser criados e nem domesticados constituindo a desobediência a esse preceito um pecado. Esse gato era estimado pelo rabino e por sua filha. Mas com a chegada de um papagaio ele teve que dividir as atenções dos seus donos com esta ave e isso o provocava e irritava bastante. Então subitamente olhando para o papagaio pulou em cima dele e o devorou adquirindo a característica de falar. Assim esse gato começou a questionar os valores religiosos que o judaísmo tinha como verdades absolutas para confusão da mente do rabino, dando explicações alternativas fora dos pressupostos da Torá, Talmud e Tanach. Vários aspectos podem ser abordados como componentes do enredo da projeção. Quando o gato pede ao rabino para fazer o bar mitzvah o rito de introdução do jovem judeu na comunidade local onde ele com 13 anos faz pela primeira vez a leitura da Torá na presença da congregação recebendo as credenciais simbólicas de maioridade. Esses questionamento do gato traz a ideia da dispensabilidade desse rito como ofício de iniciação, pois deveria ser estendido a todos inclusive aos animais e não somente aos humanos. Porque o indivíduo precisa formalizar publicamente sua crença para tornar-se um membro de uma comunidade espiritual. O Judaísmo tem dois ritos de iniciação a circuncisão e o bar mitzvah. No Cristianismo temos o batismo nas águas e os sacramentos do pão e do vinho bem como a leitura das Escrituras Sagradas. No Islamismo o egresso é chamado de muçulmano e a partir desse momento deve ler regularmente o Alcorão e as doutrinas normativas contidas na suna e na hadith devendo se tiver condições financeira visitar a cidade sagrada de Meca na Arábia Saudita e se possível beijar a pedra escura sagrada que se encontra dentro da Kaaba a Tenda Negra. Isso é árduo, pois na semana da festa do Hamadan (jejum coletivo) a cidade de Meca é visitada por 3 milhões de fieis muçulmanos. É discutível o conceito de monoteísmo (único Deus) quanto as três religiões que estamos abordando, pois cada uma delas tem seu Deus de características e especificidades diferentes. Para os Judeus ele é Yavé isso no aspecto exotérico (público), pois no misticismo esotérico (oculto) da Cabala Jeová tem 99 nomes e o número 100 é uma combinação de consoantes YHWH que por ser santíssimo é impronunciável por qualquer mortal e segundo os judeus ortodoxos sua menção é pecado de blasfêmia. No Cristianismo Jesus Cristo é a figura central sendo o Deus encarnado que trouxe a redenção substitutiva e a salvação pessoal a todo aquele que crê no filho de Deus. Mas há controvérsias históricas começando nos primórdios do Cristianismo Primitivo com os pais da igreja, pois a deidade de Cristo desde aquela época e ainda hoje é motivo de indagações e esclarecimentos mais profundos e o caminho para a solução dessa questão passa a ser a fé pura e simples, pois não há argumentos lógicos para uma explicação científica. Já os Muçulmanos têm Alá como o Deus Todo Poderoso e não me arrisco a dizer se eles consideram Alá como o mesmo Deus dos cristãos e judeus. Pra mim não há dúvida que os três nomes tem a mesma representação entre as religiões em estudo, mas com competências singularizadas em seus ritos e doutrinas exotéricas e esotéricas. Os muçulmanos compreendem Maomé e Jesus Cristo como profetas de Alá sendo que Maomé tem preeminência na religião Islâmica exotérica e no misticismo esóterico islâmico Sufista. O processo de chegada aos céus do muçulmano é através de virtudes morais e éticas sendo que este lugar de conforto e descanso têm conotação humana e material onde o fiel desfrutará os benefícios da vida terrena que não foram alcançados em vida. A ideia de que política e religião são coisas muitíssimo parecidas é mencionada na animação. O comunista russo que viaja à África com o rabino e o maulá (clérigo muçulmano) com sua ideologia tenta impressiona os dois religiosos expondo opiniões socialistas e comunitárias, conseguindo que os símbolos da foice e do martelo estivessem na bandeira que usaram na viajem para o Continente Africano. Quando as ideologias políticas suplantam os ideais espirituais e de fraternidades humanas instala-se o conflito de interesses que fatalmente por ser irreconciliáveis terminam com a mortes e esse foi o fim do cidadão comunista. O comunismo foi claramente a partir de segunda década do século XX (1917) a "religião" da Rússia apesar de oficialmente ser o Catolicismo Ortodoxo do patriarcado de Constantinopla. O imperialismo socialista destitui a monarquia Ksarista instalando um regime de perseguição, medo, terror e mortes. Judeus e opositores políticos foram aprisionados e enviados para os campos de concentração na Sibéria onde torturas físicas e psicológicas eram aplicadas aos detentos além de exposição a temperaturas negativas de mais de 50ºC despidos de qualquer vestimentas no rigoroso frio siberiano eles definhavam até a morte. É interessante a cena em que o jovem judeu artista (pintor de quadro) da pinceladas em sua tela em pleno ar livre na belíssima natureza das savanas africanas. A representação do belo e da natureza na forma artística trazem uma autonomia do ser integrando-se em harmonia com o mundo visível e invisível. Dos quatro personagens principais (rabino, muçulmano, comunista e o jovem judeu) esse último parece o mais trabalhado em caráter moral e espiritualidade, pois ousou expondo a própria vida conhecer a primitiva tribo africana que supostamente era guardiã da arca da aliança o testemunho vivo e representativo de Jeová com seu povo escolhido. Para sua surpresa foi perseguido pelos gigantes primatas que tinham sua particular maneira de adorar Yavé e junto com sua corajosa esposa milagrosamente conseguiu escapar. Continuo o comentário na parte II. Abraço. Davi.   

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