domingo, 18 de maio de 2014

As Eras Mais Primitivas da Terra e a Teosofia. Parte III.

Estou concluindo minhas observações quanto ao livro As Eras Mais Primitivas da Terra em seu capítulo 13 que diz respeito a Teosofia. Lembrando que estamos tirando alguns trechos e fazendo alguns comentários. (4). As doutrinas e a aliança entre os grandes sistemas religiosos do mundo: o caminho para a manifestação do Anticristo. A partir da página 413 Pember faz poucas referências aos livros da teosofia citando apenas o livro O Caminho Perfeito e começando um ataque aberto ao pensamento teosófico. "Os cristãos que se dão ao trabalho de fazer um reconhecimento no escurecer crepuscular (...) forças hostis estão convergindo de vários quadrantes (...) ficando reduzido em virtude das deserções (...) daqueles que deixam de crer na Bíblia como a única revelação de Deus e no Senhor Jesus como o Único Cristo e Salvador". Pember começa aqui um discurso apocalíptico parecido com as caças as bruxas impetrado pela Santa Inquisição da Igreja Católica onde aqueles que discordassem dos ensinamentos eclesiásticos e não se retratassem deveriam passar pelo Tribunal do Santo Ofício. Os suspeitos eram interrogados para apurar a sua culpabilidade ou não, isso através de métodos que podiam incluir a tortura. Em caso de denúncia o nome do acusado era ocultado e as possibilidades do réu de defesa eram nulas. As sentenças eram lidas em sessão pública e posteriormente marcado o dia da execução também pública. A história testemunha de muitos cristãos e santos que foram mortos nas fogueiras em nome de Cristo e da Santa Igreja Católica. Uma vergonha e blasfêmia que o Papa João Paulo II, Karol Jozét Woytyla (1920-2005) teve a coragem e hombridade de pedir perdão ao mundo por esses horrível e tenebrosos crimes. O trecho acima de Pember epigrafado considero-o, respeitando e honrando o pensamento cristão de exclusivista e estreitante, pois outras tradições e espiritualidades tem formas de redenção e salvação diferenciadas do cristianismo. Nosso Deus é infinitamente maior que as conjecturas que formulamos para provar que aquilo que acreditamos é a única verdade no universo. "Comparando, porém, a Bíblia com velhas mitologias e opiniões de teosofistas modernos, mostramos que todo o sistema de Mistérios  provavelmente foi passado adiante por aqueles anjos caídos". Aqui Pember faz uma acusação grave comparando o sistema de mistérios ocultos tendo origem em demônios. Está claro que essa fala traz argumentos infundados, pois não são apresentados elementos comprovatórios. "Enquanto isso, o cristianismo ainda não teve o mundo sob seu poder como os iniciados o tiveram por tantos século". Essa é uma afirmação duvidosa, pois não é explicado que poder os iniciados tiveram e em que condições eles dominaram o mundo se é que o fizeram e também o sonho de dominação do cristianismo levando suas verdades para todos os continentes, convertendo os incrédulos e pagãos para sua religião é visto como a salvação para todos os selvagem e bárbaros incivilizados. "O título era Philosophumena e estava inserido numa cópia beneditina das obras do religioso grego Orígenes. O estilo, entretanto, não era nem um pouco parecido como o de Orígenes, nem as alusões pessoais se adequam a suas circunstâncias". Essa crítica tentando descredenciar Orígenes (185-254) de Alexandria não procede, pois esse filósofo cristão em suas apologias cita os mistérios esotéricos e os mistérios exotéricos praticando com a comunidade local primitiva a Sabedoria Divina ou Gnose manifestada nos poderes da mente e nas investigações dos mistérios da natureza. Orígenes usava os evangelhos como fonte de exposição dos ensinamentos públicos para os ouvintes e empregava os mesmo como doutrina oculta para os iniciados na senda espiritual. "Assim como os iniciados eram inimigos confessos e perseguidores da igreja primitiva (...) já está começando a soprar um terrível espírito de ódio contra o cristianismo puro, que as vezes chamam de Paulismo". As palavras ditas por Pember não se justificam, pois o cristianismo tem perdido adeptos não pelas críticas exteriores, mas por se vulgarizar deixando-se envolver com ideologias capitalista bem como multiplicando seus rituais e formalismos quase apagando a centelha divina que milagrosamente ainda brilha. "A teosofia ensina a existência do elemento feminino na divindade. As antigas religiões pagãs também (...) a Bíblia é que a última exclui tal ideia rigorosamente". Pember critica um ponto que já é praticado no Cristianismo  através do Advento de Maria a mãe de Deus que introduz o conceito da divindade feminina em seu dogma. Pember parece não querer mencionar este fato, mas é uma ideia inclusive aceita pela sensata ortodoxia católica atual. Na página 418 há esse trecho em Lucas 20: 34-36 "Os filhos desse mundo casam-se e dão-se em casamento, mas os que são havidos por dignos de alcançar a  era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição". Aqui há polêmicas se pensarmos em Gênesis 6: 2 onde se diz. "Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram", assim o segundo texto fala dos filhos de Deus misturando-se as filhas dos homens. Esses filhos de Deus como é entendido entre os estudiosos das ciências ocultas eram híbridos (hermafroditas) de outros mundos possíveis, o que Pember nega. Dessa união foram gerados seres mais evoluídos e resistentes que os da raça passada. "A doutrina de que a mulher é a verdadeira cabeça da criação e que sua atual subordinação ao homem é anormal, um sinal da queda e razão de toda aflição". Esse assunto é profundo e preciso de tempo para desenvolvê-lo e Pember não abre mão dos conceitos bíblicos quanto a eles, mas segundo a astrologia a próxima casa milenar do zodíaco que entraremos será a de virgem que corresponde a mulher guardiã e responsável por impulsionar a evolução em nosso planeta. Na página 420 lê-se o trecho. "Acreditando, como fazemos, que muito da sabedoria primitiva foi comunicada aos anjos caídos, e que estes anjos (...) facilmente decifraram os planos de Deus a partir de (...) usando assim o que descobriram para seus próprios propósitos". Os argumento usados por Pember nessa página concluem que os seres existentes no mundo invisível são anjos caídos a serviço das forças infernais que cooperam com a teosofia. Aqui usou-se o perigoso  artifício da generalização que na maioria dos casos é injusto e não trata com imparcialidade os eventos e situações variáveis, artificializando temerariamente o juízo desejado. "Dessa forma ele (...) uma religião universal que reconhecerá os Messias de todas as nações". Considero sensato esse pensamento se imaginarmos uma redenção temporal e espacial para todos os povos e religiões onde os homens da atual quinta raça raiz estão incluídos num particular e coletivo processo evolutivo cósmico. G. H. Pember (1837-1910) teve uma breve passagem pela Teosofia e por motivos que desconheço resolveu sair e combater abertamente os pressupostos filosóficos da Sociedade Teosófica. Depois de ler este capítulo do livro que citei sou inclinado a reconhecer que Pember foi alguém de um coração puro e de uma mente limpa devotada aos princípios cristãos. Imagino que a era Vitoriana (1819-1901) onde a rainha Vitória da Inglaterra reinou influenciou enormemente o pensamento acadêmico de Pember. Uma época de prosperidade e desenvolvimento em todos os setores da sociedade inglesa. A população duplicou e melhorou sensivelmente sua condição social e no campo espiritual o Movimento Pietista advindo da Reforma Protestante feita por Martin Lutero (1483-1546) trouxe a necessidade de conversão pessoal ao cristianismo, confissão de pecados, experiência religiosa em comunidades e um puritanismo moral exagerado como condição para ser salvo das chamas do inferno entrando no reino de Cristo. Foram dias de austeridade espiritual que incluíam penitências físicas e psicológicas como condição de santidade. Nesta época a sexualidade fora dos moldes bíblicos mesmo entre cônjuges  eram vistas como possessão demoníaca. Sigmund Freud (1856-1939) teve dificuldades para mostrar que histerias e neuroses não eram espíritos imundos incorporados nas damas religiosas da aristocracia ingleses. Os religiosos de então desacreditavam e criticavam da emergente psicanálise preferindo as violentas e expositoras sessões de exorcismo. Esse foi o contexto histórico onde Pember criou sua particular teologia e baseou sua pesada crítica a Teosofia. Parece claro que em nenhum momento ele dialoga com seus párias sobre a Teosofia e no final do século XIX e início do XX haviam renomados teólogos e filósofos como: Soren Kierkegaard, John Henry Newmann, Charles Hodge e outros que ele não foi capaz de citar para alicerçar suas conjecturas. Chego a pensar que esse foi o equivoco de Pember usar sua influência e seu apelo ao argumento de autoridade unipessoal para amparar sem comprovação filosófica e científica seu ponto de vista em relação a Teosofia. Como era de família aristocrata pôde estudar em uma excelente universidade tradicional inglesa e usou essa influencia político religiosa para induzir e propagar sua hipótese como uma verdade dogmática nos corações dos ingleses simples e incultos sem um mínimo de conhecimento da Sabedoria Antiga. Abraço. Davi.         

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