domingo, 18 de maio de 2014

As Eras Mais Primitivas da Terra e a Teosofia. Parte II.

Prosseguindo em meu comentário sobre o livro As Eras Mais Primitivas da Terra veremos alguns tópicos a partir da página 402. Lembrando que o tema desse capítulo é a Teosofia. "Contudo, apesar de transformar-se em espírito puro ou Deus, o indivíduo retém sua individualidade. Por isso, ao invés de todos os seres finalmente fundirem-se no Um, o Um se torna muitos". Aqui Pember entende que a doutrina teosófica nega a trindade divina. O estudo de religiões comparadas mostram que algumas delas em maior ou menor grau tem sua trindade divina. Isso é evidenciado no Hinduísmo com Brahma, Vishnu e Shiva. Na tradição Egípcia temos Hórus, Osíres e Ísis. A divindade Babilônica era constituída de Istar, Sin e Shamash. Esse tema é controversa mesmo nas religiões monoteístas (Cristianismo, Islamismo e Judaísmo), pois há variações quanto a deidade do Filho e uma suposta representação feminina nesse âmbito. O Budismo é considerado uma religião não teísta isso é afirma a existência de Deus e sua ação providencial no mundo, mas não O concebe como pessoalidade manifestada por atributos humanos. Não é o momento de falarmos detalhadamente sobre esse assunto e fugiria do tema principal. Pember cita Gênesis 3: 5 "E serei como Deus" insinuando negativamente que o ensinamento teosófico enxerga Deus em tudo e em todos. É estranho esse posicionamento, pois o próprio Mestre citou o Salmos 82: 6 "E eu disse sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo". Na página 404 é falado. "Desde que o príncipe deste mundo aparentemente determinou que já havia chegado a hora de conseguir a mesma unanimidade em seu reino humano (...) propagar essa filosofia evolucionária em terra". O argumento aqui é que a filosofia teosófica baseada nas tradições orientais são do diabo e estão arquitetando um plano maligno para tomar de assalto toda a terra. Apesar da Sociedade Teosófica ter mais de 100 anos de existe (1875) os adeptos não passam de 30.000 em todo o mundo incluindo mais de 800 brasileiros. Por causa do livre pensamento e tolerância religiosa a S.T. sofre ataques e censuras. Se a obra de Deus é mensurada por quantidade numérica essa generalização não se aplica nesse caso particular. No trecho que se segue Pember furta-se a confrontar os argumentos da teosofia com refutações racionais e lógicas usando na contradita um dogmatismo aleatório e sem base científica, pois critica claramente a doutrina da reencarnação citando São João 21: 22 "Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa", esse texto segundo a teosofia tem implicações relacionadas a novos nascimentos. Pember se escandalizaria ao ler na Cabala no livro Zohar o Salmos 19: 7 "A lei da Torá é perfeita e faz voltar a alma". A alma humana volta a terra renascendo em diversas formas dependendo da retificação ou reparação que terá que fazer, pode vir como um mineral, vegetal, animal ou outro humano. Pember insiste em não dialogar com outras tradições espiritualistas. "O Senhor Jesus é descrito por São Paulo como o Capitão da nossa salvação (Hebreus 2: 10), aperfeiçoado por meio do sofrimento". Isso é verdade, mas São Paulo como iniciado na seita dos fariseus em seu passado no judaísmo deve ter entrado em contato com a tradição mística da cabala, mas resolveu omitir esse conceito (reencarnação) para que fosse enfatizado o emergente cristianismo. "Qualquer que seja o sexo da pessoa fisicamente, cada indivíduo é dualista, composto de exterior e interior". Esse fragmento foi bastante criticado por Pember, mas parece que ele desconhecia as apologias de Platão (428 AC 348) quanto a criação do primeiro homem, pois no pensamento desse filósofo andrógino o Adão do Jardim do Éden tinha conjuntamente dois sexo o andro (homem) gyno (mulher), portanto era um hermafrodita. O misticismo da Cabala judaica relata uma história bem semelhante e Adão recebe o nome de Kadmo. O arquétipo do antropos o homem primordial. Conta o mito que Zeus dividiu andrógino e assim puderam se reproduzir livremente. Esse conceito da androgenia foi importante para a fundamentação e desenvolvimento das nascente ciências da psicologia e psicanálise no final do século XIX quanto ao entendimento da sexualidade humana. Na página 410 há um lindo período que diz: "Tal afirmação nos prepara para a declaração de que o Cristianismo não é um rival do Budismo (...) sendo ambos parte de um contínuo e harmonioso". Uma frase tolerante e condescendente que eu queria que estivesse sido escrita por Pember nesse capítulo. "Aqueles que buscam unir Buda a Jesus são do celestial e superior. Os que se opõem são do astral e inferior. Entre os dois hemisférios, encontram-se o domínio e a fé do Islamismo (...) como o cordão umbilical uni-los". Evidentemente que o texto acima guardando as devidas proporções está sem aplicação prática hoje, mas mostra o anseio de que um dia as barreiras filosóficas e doutrinárias deem lugar a aceitação, compreensão e respeito à tradição e ponto de vista do outro. "Nas palavras de encerramento deste parágrafo, o leitor notará uma tentativa dissimulada de tornar nula a promessa da volta do Senhor". O primeiro fundamento da teosofica é a fraternidade universal expressa pelas virtudes humanas direcionadas ao próximo bem como o cuidado e amor para com a natureza em seus variados reinos. O segundo é a tolerância e respeito para com os dogmas e tradições de todas as religiões sejam monoteístas, politeísta e não teistas. Assim a promessa da volta do Senhor no Cristianismo ou o advento do Messias no Judaísmo são verdadeiros no contexto doutrinário de ambas. É lamentável que muitos de nós cristãos estamos mais interessados na vinda do anti Cristo sendo de proporções realmente mundiais como os teólogos imaginam que na própria volta do Senhor Jesus. "Tanto espiritualistas quanto teosofistas, porém, têm uma aversão especial a essas doutrinas (vinda do anti Cristo e volta do Senhor) e estão ávidos por invalidar, por meio de explicações, qualquer Escritura que se refira a elas". Os argumentos de "autoridade" usados por Pember enfraquece suas hipóteses, mas impressionam o leitor menos esclarecido, pois em nenhum momento dialoga ou cita alguns de seus párias para confirmarem ou discordarem de seus pressupostos sobre esse tema da teosofia. Concluiremos o assunto na terceira parte. Saúde. Davi.     

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