quinta-feira, 15 de maio de 2014

Sofrimento e Injustiça.

Uma breve reflexão sobre dois temas profundos do pensamento universal que são o sofrimento e a injustiça. Esses tópicos são discutidos por sábios e estudiosos a milênios sem uma unanimidade razoável. Quanto a isso o que podemos fazer é compreender os fatos, pois respostas definitivas para os mesmos dificilmente obteremos. Quando olhamos na rua uma criança maltrapilha, descalça, os cabelos duros, cheirando mau por não tomar banho a dias, esquelética, sem família, faminta, vivendo num ambiente social disfuncional e violento com um olhar distante pedindo esmola nas praças e sinaleiros das grandes cidade, somos tocados, mas logo esquecemos do sofrimento alheio e voltamos a rotina de nossos pensamentos vazios e mesquinhos. A injustiça social é uma das maiores sangrias que expõe a insensibilidade e a indiferença de governos, empresários, comunidades e indivíduos (nós mesmos) com relação aos menos favorecidos, pobres, indigentes e carentes de todos os recursos básico que uma pessoa precisa ter para sobreviver. Usamos o artifício de culpar as autoridades responsável por essa situação, mas não temos coragem de mover um dedo para ajudar a minimizar a vergonhosa e indigna condição que infelizmente muitos dentre nós estão vivendo. Pensemos primeiro no sofrimento humano. Nossa visão é individualista a respeito desse tema pois o enxergamos de uma maneira estanque, desprovido de uma conexão interna (esotérica) e externa (exotérica) mostrada nas circunstâncias de causa e efeito. Nada no mundo macrocósmico e microcósmico acontece aleatoriamente sem uma justificativa plausível. Geralmente em relação ao sofrimento nos damos por satisfeitos com o argumento do determinismo (leis específicas que regram fatos e causas) e conjecturamos foi Deus quem quis assim. O sofrimento é inerente ao indivíduo um processo que todos nós passamos em vida e em alguns casos nas futuras reencarnações, cada um dentro da proporção de seu carma mostrados pelos mérito ou demérito que praticou em sua jornada pela evolução existencial. Devemos reconhecer as atitudes que provocam a involução de nosso ser, pois essas impede-nos que prossigamos para uma espiritualidade manifestada pela pureza e santidade interior, como exemplo temos as situações onde não assumimos nossa responsabilidade e compromisso com a fraternidade mesmo em pequenas coisas. Mateus 10: 42 "E se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhe asseguro que não perderá a sua recompensa". O Mestre nos mostra o ensinamento esotérico (oculto) quanto a receber a recompensa, um simples copo com água fria dado ao próximo torna-nos possuidor do galardão. Precisamos reconhecer esse fato sem inventar uma exegese dogmática espiritualizada que confundirá completamente o princípio do que está sendo dito nesse texto bíblico anterior. Essa narrativa do apóstolo São Paulo a seguir é um claro exemplo da involução da vida um processo de retroação mundano e terrenal  mostrado nos pecados, mazelas e vícios humanos.   Gálatas 5: 19 - 22 "Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acercas das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus". Este suposto fatalismo que julgamos fazer parte das situações de sofrimento são na verdade nossa mesquinhez fazendo "olhos de mercador" agindo negativamente sem um mínimo de esforço para trazer conforto a alma que suporta a dor do abandono físico ou psíquico. Como precisamos aprender de maneira completa e ampla o sentido da fraternidade humana. Em termos práticos podemos visitar os orfanatos onde crianças nos esperam, necessitadas de uma cesta básica, um brinquedo, um livro especifico para os pequeninos, peças de roupas usadas ou novas. Os idosos também precisando de nossas visitas nas casas que os abrigam, levando um sorriso em nossos lábios, um abraço carinhoso no vovó ou na vovô. Eles tem histórias fantásticas de vidas que nos farão dar boas gargalhadas ou quem sabe até possamos chorar de algumas. Será reconfortante e revigorante emprestarmos nossos ouvidos a escutá-los, uma experiência terapéutica  que Madre Tereza de Calcutá (1910 - 1997) viveu ao dizer "Temos que ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade". A injustiça é  outro tema para o qual desviamos nosso olhar, racionalmente procuramos explicar este fato jogando a culpa na natureza humana corrompida. O pecado original é o álibi  que hipoteticamente usamos para justificar as misérias e flagelos da humanidade. Adão e Eva comeram do fruto proibido desobedecendo a ordem divina, assim criamos um arquétipo dogmático para substituir as virtudes humanas dando ênfase na religiosidade polarizada entre a maldade e bondade, nesse modelo espiritualizado enxergamos esse tópico da injustiça sob a luz do materialismo idealista. Gênesis 3: 6 "E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto e comeu e deu também a seu marido, e ele comeu com ela". Temos inúmeros exemplos de injustiça e citarei dois guardando as devidas proporções quanto a não generalização, pois usando este artifício enfraquecemos o argumento. Quando sabemos de crianças que estão trabalhando em condições sub humanas em fazendas de grandes pecuaristas sendo usadas como escravas (para colher frutas ou verduras) é algo revoltante. Temos notícias de doentes que entram com ação no Ministério Publico para conseguirem uma internação num hospital particular para fazerem uma cirurgia de emergência, mas a demora em atender o pedido da justiça infelizmente levam muitos deles a morte, isso é terrivelmente vergonhoso. O idealismo baseado num devaneio leva-nos a cogitar que alguns precisam perder para que outros venham a ganhar, é necessário existirem os ignorantes  para que existam os esclarecidos e chegamos arrogantemente a premissa de que os submissos são a massa de manobra da classe dominante. Nosso conforto material é um dos entraves para não combatermos o câncer da injustiça social. Martin Luther King disse: "A injustiça num lugar é uma ameaça à justiça em todo o lugar". Pondero que uma mudança de consciência seja o primeiro passo para desenvolvermos nossos valores éticos, morais, sociais, culturais e espirituais que possibilitarão um equilíbrio quanto ao senso de justiça. O amor é um dos aspectos da equidade (imparcialidade) para com o próximo. Gálatas 5: 22 " Mas o fruto do espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (domínio próprio). Contra essas coisas não há lei". Virtudes como essas vivenciadas em nosso cotidiano podem ser um caminho para diminuirmos nosso orgulho e repartir com o injustiçado a paz que permeia o nosso coração. Precisamos ter um olhar para a injustiça a partir de nós mesmos e não a partir do outro. Abraço. Davi.   

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